Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
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Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caros Confrades,
Numa obra sobre Figueiredos escrita por um familiar em 1949 (ver http://www.biblioteca-genealogica-lisboa.org/livro.php?id=5397), vêm transcritas em Notas, na última página, as cartas de armas de Manuel Castanho de Figueiredo e de Jerónimo de Figueiredo da Cunha, tal como constam na obra "Brasões Inéditos", de José de Sousa Machado, o que confirmei e repito aqui:
Nota nº 1
Brazões Inéditos, de José de Sousa Machado, pág. 113, No. 350.
"MANUEL CASTANHO DE FIGUEIREDO, morador em Aveiro, filho de Alvaro Castanho e de sua mulher Isabel de Figueiredo; neto, pela linha materna, de Fernão Dias de Azurara e de Maria Luiz de Figueiredo e bisneto de Luiz Annes de Figueiredo e Maria Annes Figueirôa".
FIGUEIREDOS. D. Uma brica de prata, carregada de -J- preto. B. P. 27 de julho de 1607 (L. 1o. fl. 229).
Nota nº 2
Brazões Inéditos, de José de Sousa Machado, pág. 82, No. 255.
"JERÓNIMO DE FIGUEIREDO E CUNHA, morador na vila de Goes, filho de Alexandre de Figueiredo Perdigão e de sua mulher Felipa da Cunha Perdigão; neto, pela linha paterna, de António Rodrigues Barreto, capitão-mór de Goes, e de sua mulher Felicita Duarte de Figueiredo, que era filho de António Perdigão e de sua mulher Joana Luiz; neto, pela linha materna, de Jerónimo de Figueiredo e Cunha e de sua mulher Isabel Gomes e bisneto de Pedro de Figueiredo e de sua mulher Felipa da Cunha de Figueiredo, irmã inteira de Manuel Castanho de Figueiredo a quem se passou brazão dos Figueiredos (No. 350) terceiro neto, por esta linha, como consta do referido brasão, de Alvaro Castanho e de sua mulher Isabel de Figueiredo; quarto neto de Fernão Dias de Azurara e de Maria Luiz de Figueiredo; quinto neto de Luiz Annes de Figueiredo e de Maria Annes Figueirôa, vila de Aveiro".
FIGUEIREDOS. D. Meia brica de prata com almofada azul. B. P. 12 de março de 1685. (L. 3o. fl. 469 v.).
Conforme descrições acima, a carta de armas do segundo armigerado (Jerónimo de Figueiredo e Cunha) faz referência à do primeiro, que era seu tio-bisavô, pelo que, para melhor compreensão da questão que levanto, junto apenas a ascendência do segundo, mas restringida às pessoas referidas na respectiva Carta de Armas, a saber:
* Geração 1
o 1 - Jerónimo de Figueiredo e Cunha, FCA ca 1649-
* Geração 2
o 2 - Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, Capitão-mor de Góis ca 1598-1653
o 3 - Felipa da Cunha (de Figueiredo) ca 1610-1688
* Geração 3
o 4 - António Rodrigues Barreto, senhor do morgadio da Capela ou de S. José em Góis †
o 5 - Felicita Duarte de Figueiredo †1646
o 6 - Jerónimo de Figueiredo da Cunha, Sargento-Mor na Guerra da Aclamação ca 1585-
o 7 - Isabel Gomes (de Abreu) †
* Geração 4
o 8 - Pedro Rodrigues Barreto †
o 9 - Joana Luiz †
o 10 - António Perdigão (da Costa Vilas-Boas), em estudo
o 11 - Isabel Duarte (de Figueiredo)
o 12 - Pedro de Figueiredo †
o 13 - Felipa da Cunha de Figueiredo ca 1565 - (irmã do 1º armigerado Manuel Castanho de Fig.do)
* Geração 5
o 26 - Álvaro Castanho da Cunha, FCR †
o 27 - Isabel de Figueiredo ca 1545-
* Geração 6
o 54 - Fernão Dias de Azurara, FCR
o 55 - Maria Luís de Figueiredo ca 1530-
* Geração 7
o 110 - Luís Anes de Figueiredo, FCR 1500..1505-
o 111 - Maria Anes Figueiroa
O armigerado Jerónimo de Figueiredo e Cunha, embora tivesse ascendência Figueiredo por ambos os progenitores, parece evidente que destacou a ascendência materna para efeitos da obtenção da Carta de Armas, nomeadamente, porque nessa linha já tinha havido um tio-bisavô (o 1º armigerado) com CBA atribuída.
Portanto, a estar certa esta análise, tudo indica que pedindo CBA de Figueiredos pela linha da mãe (3) e do avô materno (6), outro Jerónimo de Figueiredo da Cunha, lhe assentariam muito bem as armas que foram dadas ao tio-bisavô (armas plenas de FIGUEIREDO tendo por diferença uma brica de prata que poderia ser carregada com um -J- preto (que é a primeira letra do nome do armigerado), em vez das armas que lhe foram dadas segundo a obra "Brasões Inéditos".
Por outro lado, o 1º armigerado, Manuel Castanho de Figueiredo, irmão da bisavó Felipa da Cunha de Figueiredo (13) do 2º armigerado, tendo pedido armas de Figueiredos pela linha da mãe (27) e da avó materna (55), penso que lhe assentariam melhor as armas dadas ao Jerónimo (armas plenas de FIGUEIREDO tendo por diferença meia brica de prata com almofada azul), do que aquelas que lhe foram dadas, segundo a obra "Brasões Inéditos", embora pense que deveria ser uma brica e não meia brica.
Portanto, parece haver uma evidente troca das armas atribuídas a estes dois armigerados familiares, segundo a obra "Brasões Inéditos". Como não parece lógico que o Rei de Armas da altura tivesse errado em ambos os casos, estou em querer que se terá tratado de um erro do autor José Sousa Machado ou de quem lhe forneceu os dados, mas como não sou especialista em heráldica, muito gostaria de ter a opinião dos confrades que dominem melhor esta temática.
Ficando desde já agradecido por qualquer resposta, deixo os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Ângelo
Percebo perfeitamente a sua questão.
De facto a diferença "brica carregada com J" deve indicar que as arma provêm do avô materno cujo nome próprio começaria por J (Jerónimo) - não do nome do armigerado que no caso era o mesmo do avô - e a "meia brica de prata com almofada azul" indicariam a proveniência das armas pela avó materna, o que só se aplicaria ao primeiro (Manuel).
Abraço
Rui
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Resposta de António Taveira - RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos ?
Caro Rui,
Agradeço a resposta.
Aparentemente, pelo que diz o Armando de Matos no seu Manual de Heráldica Portuguesa, faz mais sentido que a haver uma brica carregada com uma letra, esta seja a 1ª letra do nome próprio do armigerado que solicitou as armas (ver http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=10340).
Pelo interesse que possa ter para outras pessoas, deixo aqui a resposta que o Confrade António Taveira me deu directamente:
... Estou de acordo consigo. Não tenho comigo os brasões inéditos. Tenho-o no Porto e hoje vim ao Douro. No entanto, se não estou em erro, o livro baseia-se numa listagem antiga de registo de brasões, que se terá extraviado, em data incerta, da Torre do Tombo. O que, à partida, limita muito a possibilidade de erro...
No entanto, neste caso estou em crer que haverá "gato". Mas não me parece que haja "troca".
Jerónimo de Figueiredo e Cunha, neto materno de uma senhora cujo pai era Figueiredo, deveria ter por diferença uma meia brica num coxim. Aqui não parece haver engano.
Por sua vez, no caso de Manuel Castanho de Figueiredo deverá haver erro na diferença. Só se compreende a brica se o direito às armas lhe viesse pelo avô materno. O que não é manifestamente o caso ...
Ainda tenho alguma dúvidas, quando há mais que uma linha do mesmo apelido, mas vou esperar por mais opiniões.
Abraço,
Angelo
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Ângelo da Fonseca,
O Dr. José Machado na página VII diz : Nos" Brasões Inéditos" apenas nos pode ser exigida a responsabilidade do extracto, e essa acceitamo-la sem hexitações e de boa vontade.
Realmente o autor diz que a obra é uma transcrição de um precioso manuscrito e portanto os textos não são dele e ainda por cima teve a colaboração do Dr Álvaro de Azeredo também um especialista em Heráldica e Genealogia.
Esta obra foi muito discutida nos meios bracarenses da época e agora desconheço onde param esses " três grossos volumes in fólio". A viúva do Dr. José Machado vendeu um (?) espólio à Biblioteca Municipal do Porto. Já o consultei e não encontrei esses volumes.
Cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Ângelo
Se tiver acesso ao "Armas e Troféus" S8 Tomo 2 de 1998 tem um artigo sobre diferenças que pode ajudar.
rUI
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Vasco Briteiros,
Muito lhe agradeço a sua resposta, com a origem da informação vinculada pela obra "Brasões Inéditos". Há alguns dias atrás, o Confrade José Caldeira avisou-me dessa origem, mas a sua informação completa muito bem o pouco que já sabia.
Por isso e por cautela, é que eu escrevi "estou em querer que se terá tratado de um erro do autor José Sousa Machado ou de quem lhe forneceu os dados". Como se compreenderá, o meu objectivo não é encontrar algum culpado, mas sim, confirmar se há erro ou não nas armas indicadas pela referida obra no caso daqueles dois armigerados familiares (tio bisavô e sobrinho bisneto).
A mim, que não sou entendido na matéria, pareceu-me que trocando as armas indicadas para cada um, ficava um quadro muito mais correcto face às genealogias dos armigerados (que tanto quanto possível já confirmei estarem certas), e às "normas" da heráldica enunciadas por Armando de Matos no seu Manual de Heráldica Portuguesa (ver http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=10340).
Já agora, se não abusar do seu tempo, pedia-lhe a sua opinião sobre o problema heráldico propriamente dito.
Melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Rui,
Agradeço a nova informação.
Entretanto, o Confrade António Taveira, que tinha tido uma cansativa viagem para o Douro, já me respondeu de novo, dizendo:
"Estou em crer que tem toda a razão. As diferenças estão trocadas.
O Jerónimo de Figueiredo, neto materno de outro, teria recebido por diferença uma brica com um J.
Já o Manuel Castanho, neto materno de uma senhora cujo pai era Figueiredo, uma meia brica em coxim."
Assim, parece que a minha análise tinha consistência para andar, o que, não sendo especialista, me deixa satisfeito :-).
Abraço,
Ângelo
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Ângelo da Fonseca,
Sou um simples autodidacta de Heráldica e como tal encontrei por vezes casos para os quais não achei uma regra bem definida.
O Confrade Rafael Carvalho tem uma resposta adequada no link que citou. Não posso adiantar mais do ele escreveu.
A minha intervenção sobre a obra do Dr. José Machado era só para lembrar que, em face do que li sobre ele,era um pessoa muito "sábia" em Genealogia e Heráldica. Era notável a sua seriedade na interpretação dos documentos genalógicos, como por exemplo a apreciação que fez sobre o Memorial do Marquez de Montebelo e a interpretação e justificação sobre a primogenitura dos Azevedos de S. João de Rei, etc. Não o conheci, mas dedico uma consideração especial à sua memória.
Melhores cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Vasco Briteiros,
Também não conhei o Dr. José de Sousa Machado, mas estou inteiramente de acordo com a sua consideração "póstuma" por ele, tanto mais que, como disse, foi um estudioso de Genealogia e Heráldica de notável seriedade.
Independentemente da valia das obras e dos seus autores, penso ser de todo o interesse que os leitores ao darem conta de gralhas ou erros as comuniquem aos autores e, caso estes já não estejam entre os vivos, que as divulguem, para ser avaliadas pelos "especialistas" e depois, caso se confirmem, se evite dessa forma a propagação do erro.
No caso presente, embora já tivesse lido há anos a obra sobre Figueiredos onde vinham descritas as armas dos dois armigerados familiares, só recentemente dei conta do erro, em leitura mais atenta por serem meus colaterais. Infelizmente, foi tardiamente que o assunto veio ao domínio público, e parece confirmar-se a troca de armas, pois já não foi a tempo de evitar que o erro se propagasse na bela obra de Nuno Borrego sobre CBAs.
Pelo menos fico de conciência tranquila e irei corrigir a informação no site que dedico aqueles e outros Figueiredos.
De qualquer forma, deixo-lhe os meus sinceros agradecimentos, pela participação no tópico.
Melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Caro Ângelo da Fonseca,
Gostei de trocar estas mensagens consigo. Lamento não ter podido ajudar.
Cumprimentos,
Vasco Briteiros
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Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Rui,
Na obra CBAs de Nuno Borrego (Vol. I), vem uma transcrição completa da CBA que foi atribuída ao Jerónimo de Figueiredo e Cunha, que segundo nota do autor vinha no processo de justificação de nobreza dum João de Figueiredo Barreto Perdigão Villas-Boas, IAN/TT, Maço 16, N." 39, fls. 11-13.
Embora sem reflexo na minha análise, verifiquei que o processo é de um Joaquim em vez de João, como se pode ver em http://digitarq.dgarq.gov.pt/DetailsForm.aspx?id=4677857, aliás, também referido como Joaquim no Sanches Baena (CBA de 27/9/1823, nº1318).
O mais curioso é que nesta transcrição completa de duas páginas, o erro das armas atribuídas ao Jerónimo mantém-se, como poderá ver na transcrição seguinte:
JERÓNIMO DE FIGUEIREDO E CUNHA, recebeu a seguinte Carta [138]: "Portugal Rei
de Armas Principal nestes Reinos e Senhorios de Portugal do muito alto e
muito poderoso Senhor Rei Dom Pedro segundo do nome Nosso Senhor, por graça
de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, d' aquém e d' além mar em África,
Senhor de Guiné e da Conquista, Navegação, Comércio da Etiópia, Arábia,
Pérsia e da índia &c. Faço saber aos que esta minha carta de certidão de
Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia digna de fé e crença virem, que por
parte de Jerónimo de Figueiredo e Cunha, morador na Vila de Góes, comarca da
cidade de Coimbra, me foi feita petição por escrito dizendo nela que pela
sentença junta, dada no Juízo da Corte do Cível sobre a habilitação de sua
nobreza e limpeza de sangue de sua geração, se mostrava ser filho legítimo
de Alexandre de Figueiredo Perdigão, já defunto, e de sua mulher Filipa da
Cunha de Figueiredo; e neto pela parte paterna de António Rodrigues Barreto,
Capitão-Mor que foi na dita vila, e de sua mulher Felicita Duarte de
Figueiredo, e bisneto por esta parte de Pedro Rodrigues e de sua mulher
Joana Luís, e pela da dita sua avó é outrossim bisneto de António Perdigão e
de sua mulher Isabel Duarte, moradores que foram na dita vila; e pela parte
da dita sua mãe é neto de Jerónimo de Figueiredo e Cunha e de sua mulher
Isabel Gomes, e bisneto por esta linha de Pedro de Figueiredo e de sua
mulher Filipa da Cunha de Figueiredo, a qual era irmã de inteira de Manuel
Castanho de Figueiredo, o qual tinha Brasão de Armas da família de
Figueiredos donde descendia, e por ele se mostrava ser ele suplicante
terceiro neto de Álvaro Castanho e de sua mulher Isabel de Figueiredo, e
quarto neto de Fernão Dias de Azurara e de Maria Luísa de Figueiredo e
quinto neto de Luís Anes de Figueiredo e de Maria Anes de Figueiroa,
moradores que todos estes foram na vila de Aveiro. Os quais pais, avós e
mais ascendentes foram pessoas nobres e como tais se trataram sempre à Lei
da Nobreza com suas armas, cavalos, criados e mais gente de seu serviço, e
tiveram nas terras de suas moradas os mais nobres e autorizados cargos da
República, e o dito seu avô materno foi duas vezes procurador de Cortes da
dita vila de Aveiro, e todos eram cristãos-velhos sem raça alguma de mouro,
judeu ou mulato, nem de outra infecta nação, e que ele suplicante se tratava
também da mesma maneira como os ditos seus avós, e servia também os cargos
honrosos e nobres da terra onde vivia, sendo dos principais dela, e
descendia da parte da dita sua mãe e avós maternos da nobre família dos
Figueiredos, e por tal estava julgado pela dita sentença. Pelo que me pedia
que pela memória dos ditos seus progenitores se não perder, aumento e
conservação de sua nobreza e fidalguia, lhe mandasse passar seu Brasão de
Armas, que de direito à dita família pertencem, para delas livremente poder
usar como coisa sua própria, nos actos nobres e honrosos, e gozar dos
privilégios e honras a elas concedidos, e receberia mercê. A qual petição
sendo-me apresentada
[138] IAN/TT, Feitos Findos, Processos de Justificação de Nobreza, João
de Figueiredo Barreto Perdigão Villas-Boas, Maço 16, N." 39, fls. 11-13
com o dito Brasão de que nela faz menção, e sentença, o que tudo visto por
mim se mostrava uma e outra coisa passar na verdade o referido na sobredita
petição, de que depunham testemunhas nobres de duas justificações tiradas
nas ditas vilas de Góes e Aveiro, judicialmente, ambas inclusas na dita
sentença, como também do dito Brasão de Armas que reconheceu por verdadeiro,
mandado passar pelo Rei de Armas Portugal que então era, e a dita sentença
foi dada pelo Doutor José de Basto Pereira de Torres, Desembargador e
Corregedor dos Feitos e Causas Cíveis desta Corte e Casa da Suplicação, em
que julgou ao suplicante por filho e neto dos sobreditos, e por descendente
da dita geração dos Figueiredos, e lhe pertencer o Brasão e privilégios
dela, e foi tirada do processo por ordem de Sua Majestade e passada pela
Chancelaria, e fica com o dito Brasão no Cartório da Nobreza do Escrivão
dela, que esta subscreveu. Em virtude e cumprimento da qual provi e busquei
os livros do registo da nobreza das Armas dos Nobres e (antigos) Fidalgos
deste Reino, e neles achei assentadas e registadas as Armas da muito nobre
e antiga família dos Figueiredos, que neste Reino são seus descendentes
Fidalgos de geração e Cota de Armas, e nesta lhas dou divisadas e
iluminadas com o metal e cores que a elas pertencem, conforme a Armaria.
A saber: Um escudo posto ao balon, com o campo sanguínho e nele cinco folhas < - - - - - - - ver aqui
de figueira verdes em sautor, nervadas e perfiladas de ouro, e por diferença
meia brica de prata com uma almofada azul. Elmo de prata aberto guarnecido
de ouro. Paquífe do metal e cores das Armas, e por timbre dois braços de
leão vermelhos em aspa com uma folha de figueira cada um nas mãos. E porque
estas são as Armas que à dita linhagem pertencem lhas dei e ordenei aqui com
o poder e autoridade de meu muito nobre e real ofício que para isso tenho,
para delas usar e gozar com acto e prerrogativa de sua nobreza e fidalguia,
e com elas poderá entrar em batalhas, campos, duelos, reptos, desafios,
justas e torneios, e exercitar os mais actos de guerra e paz que lícitos e
honestos forem, e trazé-las em seus reposteiros, firmais, anéis, sinetes e
mais coisas do seu serviço, donde licitamente estejam, segundo à nobreza
delas é devido, e pô-las nos portais de suas casas, quintas, capelas e mais
edifícios, e deixá-las sobre sua própria sepultura, e finalmente se poderá
servir, honrar e aproveitar delas como suas que são e à sua nobreza e
fidalguia convém. Pelo que requeiro a todos os Desembargadores, Corregedores,
Provedores, Ouvidores e Juizes e a todas as mais Justiças de Sua Majestade,
da parte do dito Senhor e da minha lhes peço muito de mercê, por bem do
ofício da nobreza que tenho, deixem trazer, lograr e possuir ao suplicante
Jerónimo de Figueiredo e Cunha as ditas Armas, e com elas gozar de todos os
privilégios, graças, honras, favores, isenções, mercês e mais liberdades às
ditas armas concedidas, e de que gozam e devem gozar os nobres e antigos
fidalgos de geração e Cota de Armas, e mando a todos os oficiais da nobreza,
como Juiz que sou dela, Reis de Armas, Arautos e Passavantes, o cumpram e
façam inteiramente cumprir e guardar como se nesta contém e pela sentença
está julgado, determinado e mandado. Em fé do que lhe mandei passar a
presente, por mim assinada com o sinal de meu ofício de que uso nos Brasões.
Dada nesta Corte e sempre nobre e leal cidade de Lisboa, aos doze dias do
mês de Março do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
seiscentos e oitenta e cinco anos. Francisco Mendes a fez pelo Capitão
Francisco Luís Ferreira, Escrivão da Nobreza destes Reinos e Senhorios de
Portugal por Sua Majestade. P. Rei de Armas P. E eu Francisco Luís Ferreira
o fiz escrever e subscrevi. Fica registado no livro do registo que
presentemente serve, a folhas cento e cinquenta e nove até folhas cento e
sessenta e uma".
Abraço,
Ângelo
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RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Obrigado pela mensagem e tão grande transcrição.
Quem era o João/Joaquim que justificou a nobreza?
Abraço
Rui
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RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Rui,
A transcrição/digitalização foi-me enviada há anos pelo parente JFB, mas havia-me esquecido dela e encontreia agora em trabalhos de "backup" dum PC antigo com problemas.
O João/Joaquim pertencia a um ramo que foi para Arganil e penso que actualmente ainda há por lá descendência, mas quem me deu os elementos foi o confrade e parente José Caldeira, que estuda aquela zona. O Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas casou a 26.04.1790, em Celavisa, com a prima Rita Leonor de Figueiredo Perdigão e Cunha, n. 24.09.1765 na mesma vila.
Utilizando um filho deles, José Joaquim, a ligação ao Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão é a seguinte:
•Geração 1
◦1 - José Joaquim de Figueiredo Perdigão Amaral de Vilas-Boas 1799-
•Geração 2
◦2 - Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
◦3 - Rita Leonor de Figueiredo Perdigão e Cunha 1765-
•Geração 3
◦5 - Joaquina Luísa de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
◦7 - Rita de Figueiredo Perdigão e Cunha
•Geração 4
◦10 - José de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
◦14 - Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão 1685-
•Geração 5
◦29 - Inês de Figueiredo Barreto Perdigão ca 1650-1711
•Geração 6
◦58 - Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, Capitão-mor de Góis ca 1598-1653
Portanto o armigerado Jerónimo da Cunha Figueiredo (filho do Alexandre) era tio-bisavô do Joaquim de Figueiredo que teve CBA em 1823.
Usando o ramo dos Figueiredos de Aveiro, encontrei os seguintes armigerados:
- João de Figueiredo CBA de 8/10/1528, nº1151, Sanches de Baena (com armas novas)
- Simão de Figueiredo, CBA de 3/4/1535, nº 2291, Sanches Baena (filho do 1º)
- Manuel Castanho de Figueiredo, CBA de 27/7/1607, nº 350, José Sousa Machado (trineto do 1º)
- Jerónimo de Figueiredo da Cunha, CBA de 12/3/1685, nº255, José Sousa Machado (6º neto do 1º)
- Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão de Villas Boas, CBA de 27/9/1823, nº1318, Sanches Baena (9º neto do 1º)
A propósito, reactivei o site de Figueiredos de Góis e S. Miguel de Poiares em http://aqf-figueiredos.eu5.org , pois o anterior servidor de alojameno havia terminado os serviços há mais de um ano. Aqui não estão todos os que referi acima, que poderá ver no meu site de família.
Por agora é tudo.
Abraço,
Ângelo
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Correcção - RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Rui,
Detectei um erro na minha informação, que passo a corrigir.
Por ter havido mexidas na função de cálculo de parentesco do programa que usei para obter a ligação do José Joaquim de Figueiredo Perdigão Amaral de Vilas-Boas ao Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, só saíu completa a via materna (a mais curta), pelo que repito agora a ligação com acrescentos à mão na via paterna, a saber:
* Geração 1
o 1 - José Joaquim de Figueiredo Perdigão Amaral de Vilas-Boas 1799-
* Geração 2
o 2 - Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
o 3 - Rita Leonor de Figueiredo Perdigão e Cunha 1765-
* Geração 3
o 5 - Joaquina Luísa de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
o 7 - Rita de Figueiredo Perdigão e Cunha
* Geração 4
o 10 - José de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas-Boas †
o 14 - Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão 1685-
* Geração 5
o 20 => 14
o 29 - Inês de Figueiredo Barreto Perdigão ca 1650-1711
* Geração 6
o 41 => 29
o 58 - Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, Capitão-mor de Góis ca 1598-1653
o 59 - Felipa da Cunha (de Figueiredo) ca 1610-1688
* Geração 7
o 82 => 58
o 83 => 59
Portanto, o armigerado Jerónimo da Cunha Figueiredo (irmão da Inês e ambos filhos do Alexandre) era tio-trisavô do Joaquim de Figueiredo (2) que teve CBA em 1823, e não tio-bisavô como havia indicado, sendo que simultâneamente era tio-bisavô da Rita Leonor (3) mulher do referido Joaquim de Figueiredo. Pela mesma razão o Joaquim de Figueiredo era 10º neto (e não 9º) do João de Figueiredo c/ CBA de 8/10/1528.
Antigamente, o programa mostrava aquilo que indiquei agora manualmente, mas agora mostra em separado as duas ascendências e quando pedimos o Sosa-Stradonitz da ascendência completa só mostra o parentesco mais forte, que me induziu em erro.
Agora é que parece estar tudo correcto.
Abraço,
Ângelo
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Correcção - RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Obrigado Ângelo
Lá vamos enriquecendo nosso conhecimento dos familiares (colaterais).
Abraço
Rui
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Correcção - RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Rui,
Mesmo sem senha, pode ver o que referi em : http://gw0.geneanet.org/aqf?lang=es&em=R&ep=jose+joaquim+de+figueiredo+perdigao+amaral+de&en=vilas+boas&m=NG&select=input&fn=Alexandre+Barreto+de+Figueiredo&sn=Perdigão&v=&et=A (se aparecer cortado use o copy/past do endereço).
Como disse, os armigerados são todos colaterais excepto o mais antigo, João de Figueiredo, que será antepassado, mas é o único que não é totalmente seguro. De facto, o Gaio dá o Luís Anes de Figueiredo filho do Gonçalo de Figueiredo, bispo de Viseu (como vem aqui no Geneall), que é uma impossibilidade por estarem afastados mais de 150 anos. O MAS inclina-se para que o Luís Anes de Figueiredo seja filho do armigerado João de Figueiredo (ttº Fig.do de Aveiro em AV), mas ainda não consegui documentar a situação.
Abraço,
Ângelo
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Correcção - RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Ângelo
O patronímico também assim aponta pelo que o MAS não deve andar longe da verdade.
Vou por nos pendentes/investigação.
Rui
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Correcção - RE: Propagação do erro nas armas do Jerónimo na obra CBA de Nuno Borrego
Caro Ângelo
Ao contrário do Gaio que dá 9 filhos a D. Gonçalo de Figueiredo outros como o Dr Frutuoso apenas lhe referem 4 (um filho e três filhas):
Fernão Gonçalves de Figueiredo
Inês Gonçalves de Figueiredo
Maria Gonçalves de Figueiredo
Brites Gonçalves de Figueiredo
de todos eles ficando ilustre descendência (Figueiredo, Soares de Albergaria, Condes de Marialva, Lemos, etc)
Rui
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Fiiação de Luís Anes de Figueiredo - RE: Correcção ...
Caro Rui,
Pelo interesse que possa ter quer para a filiação do Luís Anes de Figueiredo quer para a tal diferença do J nas armas do Jerónimo de Figueiredo e Cunha, veja esta resposta do António Taveira:
"Como já lhe disse, parece-me altamente provável que o J na brica, por diferença, se deva à 1.ª letra no nome do armigerado. Não sendo de excluir totalmente que se pudesse dever ao homónimo avô materno, por onde lhe vinha o "direito" às armas.
O que me disse hoje ao telefone, que armas de outro neto do mesmo avô não se destinguiriam deste, não é verdade. Nada obigava a que a diferença fosse uma letra, qualquer que ela fosse, ou outro símbolo - merleta, trifólio, besante, crescente, etc ... A partir do momento que aquele neto recebeu aquelas armas, outros receberiam outras diferentemente diferenciadas. No entanto, sem grande receio de errar, afirmaria que o J é uma referência ao seu nome próprio.
Sobre Luis Anes de Figueiredo nada sei. No século XVI o "patronímico" de pouco serve para determinar o verdadeiro nome próprio do pai. Deverá tentar consultar a documentação primária - e, sabendo a área geográfica de inserção familiar, os tombos monásticos poderão ser uma fonte preciosa. É uma coincidência ele e a mulher serem ANES. Ele dito FIGUEIREDO, ela FIGUEIROA, apelidos com armas tão similares. Não haverá aqui algum acrescentamento apócrifo de apelido ao nome? Valeria a pena confirmar estes nomes na citada documentação".
Só é pena eu estar longe das possíveis fontes, e o Rui já não estar por Coimbra :-).
Abraço,
Ângelo
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Fiiação de Luís Anes de Figueiredo - RE: Correcção
Caro Rui,
Nas Ascendências Visienses (séc. XIV a XVIi) os Figueiredos foram bem dissecados pelo Manuel Abranches de Soveral. Em relação aos filhos do Bispo de Viseu o autor só considera o Fernão, a Inês e a Brites. Para além dos nobiliários clássicos, de Alão e Gaio, o MAS teve em conta nobiliários mais antigos e credíveis (APT, BS, FA, GC, MA, etc.), a par de investigação própria, pelo que sigo de perto os Figueiredos desta obra.
Mas todas as pistas são bem vindas !
Abraço,
Ângelo
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Correcção da transcrição do texto da CBA nº 255 em Brasões Inéditos
Caros Confrades,
Detectei um erro na transcrição da nota 2, relativa à CBA No. 255 em Brasões Inéditos de Jerónimo de Figueiredo e Cunha, sendo que onde escrevi Felipa da Cunha Perdigão como mãe do armigerado, deveria ter escrito Felipa da Cunha Figueiredo.
Embora sem reflexo na questão de fundo que coloquei, era de toda a justiça reparar a gralha que era estranha ao autor da obra em referência.
Na transcrição completa que fiz da mesma CBA tirada do vol. II de CBAs de Nuno Borrego (http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=323460) a dita mãe vem como Felipa da Cunha de Figueiredo, o que penso ser mais correcto, embora nos assentos paroquiais apareça quase sempre como Filipa da Cunha, apenas.
Cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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A propósito da diferença com letra J nas armas do Jerónimo de Figueiredo e Cunha
Caro Rui,
Entretanto, houveram mais alguns desenvolvimentos deste assunto, que aqui deixo, pelo interesse que possam ter para outros confrades:
O parente e confrade JFB informou-me de uma carta de armas, que também vem no Nuno Borrego, de um armigerado das Ilhas que teve armas de Machado pela mãe e avô materno, onde aparece uma diferença com a letra I, sendo que apenas a mãe tem um nome começado por essa letra (Inês), exemplo que vem baralhar as ideias já aqui referidas.
O confrade António Taveira também tem continuado a averiguar o assunto, e verificou outros exemplos de armas em Brasões Inéditos que parecem não seguir as "regras" que já aqui referimos, situação que o confrade Vasco Briteiros também já aqui havia indicado (http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=323119).
O António Taveira suspeita agora que possa não havido troca dos brasões e continua a fazer averiguações que depois me dirá do que concluíu.
Portanto, parece estarmos cada vez mais longe de uma "ciência exacta".
Abraço,
Ângelo
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Cartas de Armas de Figueiredos trocadas em Brasões Inéditos de José de Sousa Machado ?
Boa tarde caros confrades,
Gostaria de pedir, se possível, que me enviem via email un scan do brasão de António Silveira de Lacerda, carta de brasão de 15.11.1668 (B. I., 69).
Com os melhores cumprimentos,
Prof. Renan Souza Cardenuto
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