Homenagem
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Homenagem
D. Luis Braamcamp Sobral - Um País Mais Pobre…
No passado sábado, dia 16 de Setembro de 2006, Portugal ficou mais pobre. Não por ter desaparecido mais um, dos cerca de 10 milhões que as estatísticas dizem sermos, mas porque morreu o Senhor D. Luís Braamcamp Sobral, um Amigo, é verdade, mas não é só por o ter sido que me refiro a uma perda para Portugal.
É pela sua bonomia, mas também firmeza, a convicção de antes quebrar que torcer, a disponibilidade até ao sacrifício, o enorme sentido de humor, o sentido de justiça, a capacidade de doação pessoal, na vida privada, como nas actividades políticas, o seu enormíssimo bom senso, que o tornava capaz de separar sempre o essencial do acessório, que se tornou referência incontornável no meio monárquico e que deixa saudades, como grande Português antigo!
Fiel às suas convicções e à sua palavra soube sempre, quer na génese da organização dos hoje já rotineiros “Jantares dos Conjurados”, quer mais tarde – e não por acaso – como Presidente da Direcção da Real Associação de Lisboa, colaborar com toda a gente, criar um excelente ambiente de trabalho e espírito de equipa, sem que isso o impedisse de chamar a atenção quando discordava ou de, com o seu prudente conselho, moderar os ímpetos dos seus mais jovens colaboradores, sempre que os assuntos em debate lhe suscitavam riscos evitáveis. Deixava-se, porém, contagiar pelo entusiasmo dos outros, sempre que compreendia que certas decisões eram concretizáveis. A título de exemplos, recordo as visitas com que passámos a comemorar os nossos aniversários ou a realização das semanas monárquicas, que entretanto caíram, com as novas Direcções.
Porque é para monárquicos que dirijo este doloroso epitáfio, é justo recordar que foi ele o escolhido entre nove pessoas reunidas numa sala em 1989 para primeiro Presidente da Direcção de uma Real Associação que só existia na cabeça de alguns, que no rescaldo da revolução de Abril de 74, não encontravam um espaço político e de convívio, desacreditada que estava a Causa Monárquica, depois de anos de colaboração com o regime deposto e que também se não identificavam com o programa estritamente ecológico do PPM desse tempo.
E foi preciso muita tenacidade e bom senso para do quase nada e sem meios alguns, ter sido possível não só criar a Real Associação de Lisboa, como alargar a mensagem a todo o País e finalmente criar a Causa Real, como federação de todas as Reais Associações.
Durante seis longos anos de intenso trabalho mas também de animado e são convívio, tudo isto ficou feito e a funcionar, bem como uma sede e um boletim informativo, que trimestralmente dava conta a todos os associados do que se ia construindo.
Por cansaço e doença passou depois a Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, cargo que desempenhou com a dignidade e a seriedade de sempre e em estreita colaboração com os demais órgãos sociais, com quem nunca se negou a compartilhar conselhos e conhecimentos.
Membro por inerência do Conselho Consultivo da Real, foi eleito pelos restantes membros seu Presidente, cargo que deixa vago.
Deus permita que, de onde está, continue a ajudar-nos na nossa caminhada, agora já privados da sua sabedoria, da sua amizade e das suas límpidas gargalhadas.
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