Filho de um padre
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Filho de um padre
Boa tarde,
Aquando do baptizado de uma criança cujo pai era padre, o que é que aparecia no assento de nascimento desta criança ? Apenas o nome do pai ? Referência a que este era padre ? Pai incognito ?
Era ainda possivel que alguem que fosse pai, embora não casado, fosse mais tarde ordenado padre ?
Estou a referir-me ao Séc. XVII.
Obrigado,
Paulo Vilar
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RE: Filho de um padre
Tenho um caso desses entre os meus antepassados (minha bisavó) em que a criança foi registada como filha de pais incógnitos e, posteriormente perfilhada pela mãe embora no assento nada refira tratar-se da mãe biológica como era o caso.
Outa situação - irmã mais nova da primeira - já foi baptizada como filha natural (ou ilegítima) de "nome da mãe" e neta materna de "nomes dos avós maternos".
Estas situações referem-se ao séc. XIX
Luis Figueira
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Filho(a) de um padre
Podia aparecer o padre (literalmente "pai") como padrinho, como mandante ou coadjutor de um outro padre celebrante, com a madrinha a ser uma irmã ou uma sobrinha do padre, com maior ou menor 'cortina de fumo' na redacção do registo para "dizer, não dizendo" ou "não dizer, dizendo".
Um exemplo curioso num registo de crisma de Alcafache de 1638: no rol de meninos e meninas dos diferentes lugares, todos seguidos dos nomes dos pais ou das mães (em caso de viuvez ou de mães solteiras), aparecem às tantas duas ou três meninas oriundas da mais humilde aldeia da Freguesia, e ao lado "do Abade" ... Ops!! Mas imediatamente a seguir, com outra letra, alguém (provavelmente um Padre Visitador) acrescentou "sobrinhas" ... Uff!!
Eu acredito que fossem mesmo filhas do Abade, embora ainda não tenha descoberto os seus registos de baptismo.
Mas há muitos processos de "Legitimações" à sua espera na TT para o século que aponta, ordenados alfabeticamente e recolhidos em lívros Índice muito facilmente consultáveis na Sala Geral, de acesso simples. Quando tiver tempo (que nunca temos) ...
Como vê, é preciso muitas vezes interpretar o que se lê. E as normas eram muitas vezes quebradas ou torcidas.
Cumprimentos. VF
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RE: Filho de um padre
“A 16 de Maio de 1675 baptizei Maria filha de Francisca Rebella, solteira, foram padrinhos Domingos Monteiro de Alvergaria e Maria Carvalha filha de António Carvalho de Moreira, deu por pai Luis Pinto filho de Margarida Teixeira...”
Luis Pinto (Cardoso) era padre e teve, pelo menos, mais três filhos, sendo um de outra mossa solteira.
Cumprimentos
Fernanda Maria Ribeiro
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RE: Filho de um padre
Sou bisnteo de um padre que teve (pelo menos) quatro filhos.
O primeiro, o meu avô, está registado pelo próprio pai, mas como "filho de pai icógnito e de (nome da mâe), casada, etc... Já a filha mais nova está registada como "filha de mãe icógnita e de (nome do pai), na qualidade de pároco desta freguesia". Deu-se a entender que o padre adoptou a criança abandonada
AntónioPereira
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RE: Filho de um padre
Bom dia,
Obrigado pelas respostas dadas.
No meu caso o que acontece é o seguinte: tenho uma avó, baptizada em 1669, de nome Elena Franca, filha de Catarina Roiz e Baltazar Franco "que por não ser de legitimo matrimonio disse ella era seu pai".
Acontece que alguns anos mais tarde, 1680, 1690, o padre da vila de Alhos Vedros passou a ser um Baltazar Franco.
Sinceramente não sei como aprofundar mais este estudo.
Alguem me poderá ajudar ?
Cumprimentos,
Paulo Vilar
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RE: Filho do padre Manuel Coelho Prego
Caro Paulo Vilar
Ainda um outro exemplo, que retiro de um dos meus trabalhos.
«João de Sousa Prego nasceu na vila de Cascais, na antiga rua Direita da Ressurreição, onde foi baptizado por necessidade, por se encontrar em perigo de vida (3), e depois levado em segredo (4) para Alcabideche, termo da dita vila de Cascais, onde recebeu os Santos Óleos, na igreja de S. Vicente, a 2 de Julho de 1658,...»
«(3) ANTT - HOC: LUIS DE SOUSA PREGO - M. 16, nº 5, p. 21 «(...) e na Ocaziaõ q a dª C.na Roiz estava p.ª parir, a mandou [o padre Manuel Coelho Prego] p.ª Caza de hua Sua vizinha particular Com todo o segredo (...) e por a d.ª C.na Roiz estar m.º apertada naquella hora foi baptizado (...) em caza pella parteira a qual se chamava Anna de Mattos».»
«(4) Id., ibid. « (...) e tanto q nasceo o dº Pay do juste. o dº Pe. O mandou logo Con todo O segredo Criar pª fora da dª villa (...)».»
Permito-me ainda acrescentar o outro parágrafo seguinte, deste mesmo trabalho já antigo, dado que o apresentei na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1992.
«Já agora, vem a propósito referir que estas e outras informações, relativas a João de Sousa Prego, foram em grande parte seleccionadas e recolhidas de um extenso reportório, de mais de 100 páginas manuscritas, o qual constituiu o processo de habilitação à Ordem de Cristo de seu filho Luis de Sousa Prego. Foi através dele que tomamos conhecimento exacto da filiação de João de Sousa Prego, uma vez que no seu assento de baptismo são deliberadamente omitidos o facto de seu pai ser padre e o último apelido deste. Que, por ser pouco comum, facilmente poderia indiciar a pessoa em questão, e tudo feito numa clara tentativa de, abafando o sucedido, não escandalizar os fregueses daquela paróquia de Cascais e, ao mesmo tempo, de não incorrer em qualquer penalidade por parte das autoridades eclesiásticas. Isto não obstante o desregramento e a devassidão existentes entre o clero e que grassava a todos os seus níveis».»
In "FRANCISCO JOSÉ DE MIRANDA DUARTE - PERCURSOS DE UM MAGISTRADO SETECENTISTA"
Espero com esta achega ter contribuído para um dado esclarecimento, mas -atenção - que tenho casos estudados de fulano ou cicrano casado e com numerosa prole, em dado momento da sua vida, geralmente depois de ter enviuvado, ter enveredado pela vida religiosa.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: Filho do padre Manuel Coelho Prego
Caro José Filipe Menéndez,
Muito agradeço a sua ajuda, especialmente o que me relata no fim da sua mensagem.
Não sabia de casos onde homens, após serem pais, terem enveredado pela vida religiosa.
Sendo assim, é possivel que o meu Baltazar Franco seja o padre que mais tarde veio para a vila de Alhos Vedros.
Dificil será ter a certeza.
Obrigado,
Paulo Vilar
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