Nossa Senhora da Luz
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Nossa Senhora da Luz
Homenageamos um patrimônio memorável do nosso antepassado devoto de Nossa Senhora da Luz. Domingos Luis, o Carvoeiro de alcunha, natural de Marinota, Santa Maria da Carvoeira. Filho de Lourenço Luis e de Leonor Domingues. Cavaleiro da Ordem de Cristo(certificado ?). Em 1583 fundou a capela de Nossa Senhora da Luz. Em 1563 foi nomeado Capitão dos Índios. Da governança de São Paulo (Procurador do Concelho, 1575, Vereador, 1596-1607). Possuía terras no Ipiranga e foi proprietário dos primeiros sobrados telhados em São Paulo. Faleceu em 1613. Foi casado com Ana Camacho, falecida em 1606, e em segundas núpcias com a também Branca Cabral, sem filhos deste último casamento. O culto de Nossa Senhora da Luz avança com as bandeiras meridionais. O símbolo religioso mais antigo existente em Curitiba é a imagem de Nossa Senhora da Luz. Feito de terracota, já estava presente no primeiro templo cristão erguido nos campos do planalto de Curitiba no século XVII . Consta a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Luz instalada no primeiro povoado localizado no planalto, no Atuba, sempre amanhecia com olhar voltado para a direção de uma localidade que os índios chamavam de Curitiba. Os habitantes resolveram se mudar para o novo horizonte, sendo bem recebidos pelos índios. Um dos maiorais indígenas teria indicado o novo local do povoado. Tudo teria acontecido em um ambiente de paz e congraçamento entre as etnias, o que deveria caracterizar a região. A construção do novo templo no local assinalado pelos milagres (atual praça Tiradentes) teria começado em 1654.
O culto de Nossa Senhora da Luz possui um santuário em Carnide, arredores de Lisboa, sendo o culto de Santa Maria em suas várias invocações um dos principais valores do reino de Portugal, desde uma graça concedida ao primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques em 1111. O surgimento do reino de Portugal apresenta visíveis manifestações milenaristas e messianistas. Portugal possuía um centro religioso na Abadia Cisterciense de Santa Maria de Alcobaça como parte de suas raízes e razões ideológicas de Estado. A primeira dinastia de Borgonha estava vinculada à ordem de cister desde os primeiros dirigentes .
Em 1610 foi publicada a Historia do Insigne Apparecimento de Nossa Senhora da Luz, e suas obras maravilhosas. Escrita pelo Padre Fr. Roque de Soveral, teólogo e religioso da Ordem de Cristo. Esta obra faz parte do ambiente espiritual de resistência em Portugal desde os acontecimentos de 1578 (batalha de Alcácer-Quibir) e de 1580 (domínio filipino). As instituições que haviam sido os pilares espirituais da existência e expansão de Portugal nas dinastias anteriores incrementam a produção de um discurso da excepcionalidade e originalidade do projeto português. Os centros religiosos como o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça desenvolve a historiografia da monarquia Lusitana, como Frei Bernardo de Brito. A Ordem de Cristo, herdeira espiritual da velha Ordem dos Cavaleiros do Templo, nacionalizada pelo Rei Dom Dinis, tornara-se a responsável pelo Mosteiro da Luz . Os freires dessa Ordem, cujo símbolo era ostentado pelas caravelas nas navegações, divulgavam o culto de Nossa Senhora da Luz pelo vasto Império do qual eles foram um dos sustentáculos.
As provações da resistência atingiram o seu ponto mais grave na década de 1630. A obra portuguesa esteve ameaçada de ser aniquilada. O Reino estava anexado ao domínio de Madri e a principal conquista, o Brasil, corria o sério risco de se tornar uma possessão holandesa. Em 1635 os nossos recuaram após a perda do Arraial do Bom Jesus e em 1638, o Conde Maurício de Nassau, sitiava Salvador. A persistência e o esforço da resistência no Estado do Brasil foram um dos fatores para a restauração de 1640, quando Dom João IV , filho de Dom Teodósio- menino de cerca de dez anos capturado em Alcácer-Quibir, fundaria uma nova dinastia após aquela batalha. Em 1641 os holandeses dominavam o litoral do Maranhão até Sergipe e também tinham conquistado o Castelo da Mina e Angola. Nos momentos de maiores derrotas, a marcha dos que não desesperam, nos termos de Capistrano de Abreu .
Enquanto esses acontecimentos ocorriam ao norte do Estado do Brasil, no sul, a ocupação do território paranaense se processava. A expansão ocorria concomitantemente às lutas contra os holandeses. Em 1648, mesmo ano da batalha de Guararapes, é criada a vila de Paranaguá. Em 1654, ano da expulsão dos holandeses de Recife, iniciava-se a Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. O maior ideólogo da restauração portuguesa de 1640 foi o Imperador da língua portuguesa Antonio Vieira. Diz uma outra lenda que o menino Antonio não conseguia entender os ensinos proferidos no Colégio dos Jesuítas da Bahia. Até que ao rezar para a Virgem das Maravilhas, a Senhora da Luz, teria acontecido o milagre do “estalo”, passando Antonio Vieira a ser brilhante presença .
No distante século XVII revelava-se o Padre Vieira e a nova criação territorial brasileira, o território que será paranaense. Ambos sob a proteção de Nossa Senhora da Luz. “Tempos de Glória” viriam.
No litoral do Paraná e de Santa Catarina também surgia o culto do Divino Espírito Santo. Ainda hoje a procissão do divino é uma tradição em vários pontos do litoral. As suas origens se relacionam com o reinado de Dom Dinis. A festa congrega a comunidade sob a bandeira do Divino em um ritual de fraternidade, quando uma criança é coroada como Imperador. As festividades do Divino Espírito Santo surgiram pela primeira vez na época do Rei Dom Dinis, o criador das bases da armada portuguesa com os pinhais plantados, a Universidade em língua portuguesa e a nacionalização da Ordem do Templo na forma da Ordem de Cristo. Os projetos espirituais e materiais das grandes descobertas foram lançados.
As remotas raízes mítico-religiosas do Paraná e de Santa Catarina estão colocadas muito antes da sua gênese no século XVII, estão nos velhos símbolos - em fragmentos do templarismo e do paracletismo medieval português. O barroco é a alma-mater do Brasil. O estilo manuelino e a janela poente do Convento de Tomar surgem com o Brasil, país barroco.
Ricardo Costa de Oliveira
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba
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RE: Nossa Senhora da Luz
Viva o 8 de Setembro de 2004
1654-2004 = 350 anos da Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba
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RE: Nossa Senhora da Luz
NOSSA SENHORA DA LUZ
Padroeira de Curitiba
Pedro Martins, português de origem humilde, nascido em Carnide, possuía no Algarve algumas terras herdadas por sua mulher, senhora de alguns haveres. Certa vez, quando para lá se dirigia a fim de cuidar de sua propriedade, foi aprisionado pelos mouros numa das incursões feitas pelos infiéis em território cristão e levado para o norte da África.
Naquela ocasião, por volta de 1453, sobre a fonte do Machado, em Carnide, começou a aparecer uma luz misteriosa, cuja origem ninguém conseguia descobrir. Andava o povo alarmado e de Lisboa e dos arredores chegava muita gente para ver o fenômeno, começando o lugar a ser chamado: "A Luz".
Pedro Martins, no seu cativeiro, desanimado da intercessão dos homens para libertá-lo, recorreu àquela que é o Socorro dos Aflitos e a Esperança dos Desesperados. Suas orações foram ouvidas pela Virgem Maria que lhe apareceu trinta noites seguidas em sonho, procurando consolá-lo. Na ultima noite Ela prometeu-lhe que ao acordar se encontraria em Carnide, mas que aí deveria procurar uma imagem sua escondida perto da fonte do Machado, em sítio que lhe seria indicado por estranha luz. Quando a encontrasse, deveria erguer no local uma ermida em sua homenagem.
No dia seguinte, como a Virgem Maria lhe havia anunciado Pedro Martins amanheceu em sua querida cidade natal. Em agradecimento por tão milagrosa libertação, o ex-cativo procurou logo realizar o desejo da Mãe Santíssima. Em companhia de um parente, saiu certa noite à procura da imagem. A luz cintilava sobre a fonte. Caminharam por entre o arvoredo e notaram que ela ia se deslocando até que em determinado momento parou. Limparam o local e ao removerem algumas pedras encontraram a efígie da Rainha do Céu.
Assim que se espalhou a notícia do feliz achado, grande foi a afluência do povo ao lugar, e a Virgem Maria aí começou a ser invocada com o título de Nossa Senhora da Luz.
Logo que pôde, Pedro Martins iniciou a construção da ermida com a permissão do bispo de Lisboa, que se prontificou a lançar a primeira pedra em solene cerimônia religiosa. Mais tarde esta capela foi substituída por suntuoso templo, inaugurado em 1596.
A festa de Nossa Senhora da Luz começou a ser celebrada todos os anos e as casas nobres portuguesas disputavam entre Si a honra de se encarregarem das despesas. Este grandioso santuário, entretanto, foi quase totalmente destruído pelo terremoto que assolou Lisboa em 1755, catástrofe que, segundo piedosa lenda, deu origem à construção de Nossa Senhora da Luz de Diamantina.
Contam que a distinta dama D. Teresa de Jesus Corte Real, durante a imensa tragédia que destruiu Lisboa, suplicou a proteção da Senhora da Luz e conseguiu refugiar-se com seu esposo e empregados domésticos em uma capela dedicada à Mãe de Deus. Seu marido havia sido designado para o posto de funcionário do "Contrato de Diamantes" em Minas Geras e ela prometeu então que, se conseguisse chegar ao Brasil sã e salva, faria erigir na colônia uma capela à Virgem da Luz.
Aqui chegando, fixou residência no Arraial do Tejuco e alguns anos depois mandou construir nos arredores da vila urna pequena igreja. Diz a tradição que ao lado do templo, em cumprimento a outra promessa feita por seu pai à Senhora da Luz durante o terrível terremoto, fez erguer um recolhimento para a educação de órfãs, preparando-as para a vida. Cada moça que se casava, após esmerada educação, recebia um faqueiro de prata e três mil cruzados, quantia que dava para construir uma boa casa.
D. Teresa Corte Real faleceu em 1826 e seu corpo foi sepultado debaixo do coro da igreja que fundara, na qual também foi colocado um seu retrato a óleo feito pelo pintor Manuel Pereira.
Nos fins do século passado, a igrejinha estava prestes a ruir, porém o seu vigário conseguiu angariar fundos para reconstrui-la. No dia 20 de maio de 1900 ela foi solenemente reaberta aos fiéis e a imagem da Padroeira recolocada em seu antigo altar após solene procissão acompanhada de uma chuva de flores atiradas das sacadas pela senhoras de Diamantina. Todas as ruas estavam profusamente ornarmentadas e iluminadas para homenagear aquela que, tendo gerado a Luz do Mundo, bem mereceu o título de Nossa Senhora da Luz.
Contudo, esta devoção em terras brasileiras não nasceu em Minas Gerais, pois a mais antiga igreja dedicada a Senhora da Luz em nosso pais foi a de São Paulo, fundada primeiramente no Ipiranga, por volta de 1580, e depois transferida para o atual bairro da Luz, em 1603. Foi na primeira capela, citada pelo Padre Anchieta em urna de suas cartas, que um frade franciscano, capelão da armada de Diogo Flores Valdez, foi assassinado por um soldado ao pedir esmolas para os pobres.
O segundo templo da Virgem da Luz acompanhou toda a história da cidade de São Paulo, tendo sido instalado ao lado da Capela o famoso Recolhimento da Luz fundado por um grupo de religiosas. Atualmente, depois de reformados, tanto o templo como o convento deram lugar ao Museu de Arte Sacra da capital paulista, onde se encontram preciosidades históricas e artísticas do Estado bandeirante.
0 culto a Nossa Senhora da Luz, difundido pelos jesuítas e beneditinos, deu origem a diversos santuários no Rio de Janeiro e nos Estados do Sul do Brasil, principalmente Paraná e Rio Grande.
A cidade de Curitiba se iniciou em torno de uma capela, onde a Mãe da Luz era venerada pelos seus inúmeros milagres. Sobre a sua fundação existe interessante lenda, que passaremos a narrar:
Na segunda metade do século XVII, Gabriel de Lara, seguindo os faiscadores de ouro, cruzou a serra do Mar e encontrou uma pequena povoação no sítio dos Pinhais, onde em 1659 seria fundada a vila de Nossa Senhora da Luz. Dizem que seus primeiros habitantes foram membros da bandeira de Antônio Domingues, que em 1648 se dirigia ao sul do país. No entanto, segundo a lenda, os bandeirantes se haviam estabelecido um pouco além, nas margens do rio Atuba, onde ergueram uma ermida à Senhora da Luz.
Com o andar do tempo, os rudes penetradores do sertão notaram que a imagem da Virgem tinha sempre os olhos voltados para os campos aos quais os índios denominavam Curitiba (Pinhais). Aquela região era dominada pelos ferozes cainguangues, ciosos de seus bosques de pinheiros. Contudo, Nossa Senhora insistia em mirá-la, pois todas as manhãs aparecia com os olhos luminosos voltados para o poente.
Tal foi a insistência da Virgem, que os sertanejos resolveram sondar a possibilidade da conquista do sítio indicado pela Padroeira. Com seus aprestos de guerra seguiram para a esplanada dominada pelos bárbaros caingangues, prontos para o combate.
Em vez da luta prevista como certa, o que ocorreu foi a acolhida generosa e cordial. Do chefe indígena para o chefe branco partiu apenas um aceno acolhedor. Os arcos foram jogados no chão em sinal de paz e a cuia de mate, símbolo da hospitalidade, foi oferecida ao chefe índio, rodando depois pelos guerreiros brancos.
A Cidade de Luz, no Oeste de Minas Gerais, iniciada em 1790 em torno de uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Luz e desde 1918 sede da Diocese, recebeu no dia 2 de fevereiro de 1995 preciosa escultura de sua Padroeira, que lhe foi doada pela câmara Municipal de Lisboa. Esta imagem, abençoada no santuário de Carnide, em Portugal, construído junto à fonte do Machado, onde em 1453 0 humilde Pedro Martins obteve da Mãe Santíssima um estupendo milagre, é toda em mármore branco e foi recebida com grandes festejos populares e comemorações cívicas na progressista cidade mineira e entronizada na bonita catedral.
Existe ainda na Cidade de Luz interessante monumento erguido em 1993 para comemorar o 75º aniversário da criação do Bispado, no qual foi colocada uma efígie de bronze de Nossa Senhora da Luz, cópia daquela trazida pelos portugueses em 1503, que se encontra em exposição no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
A invocação de Nossa Senhora da Luz é bastante difundida no Brasil, pois existem 21 paróquias a Ela dedicadas."
Fonte:
"Invocações da Virgem Maria no Brasil", de Nilza Botelho Megale, Ed. Vozes, 4a. ed., pp. 274-279.
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: Nossa Senhora da Luz
Oi!
algum de voces me sabe dar informaçoes precisas sobre o recolhimento da Luz, depois convento, de São paulo?
obrigado
Manuel Sarmento Pizarro
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RE: Nossa Senhora da Luz
Caros Amigos
A história das Igrejas é importante para o estudo genealógico. Consulto o livro "Igrejas de São Paulo", de Leonardo Arroyo (Coleção Documentos Brasileiros N° 81. José Olympio). A Igreja de Nossa Senhora da Luz foi fundada pelo (nosso) patriarca Domingos Luiz e por sua mulher Ana Camacho, relatada em carta de Anchieta, num domingo de novembro de 1579. O templo depois mudou de localização. A segunda fase desta igreja foi a capela do Recolhimento da Luz, ou Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz (pg33), nascida no antigo Recolhimento de Santa Tereza, na época do Morgado de Mateus e com a religiosa Helena Maria do Sacramento e o Frei Galvão.
Um abraço
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Nossa Senhora da Luz
Caro Senhor,
Apreciei bastante o seu texto-homenagem que demonstra, se ainda preciso fosse, que é no Brasil que perduram ainda as raízes constitutivas da idiossincrasia portuguesa, já tão esquecidas no Portugal europeu.
Aliás nos últimos anos têm sido a historiografia e literatura brasileiras a recuperar positivamente alguns dos caracteres marcantes da “Lusitanidade”. Vejam-se, por exemplo, as obras fundamentais de Maria Isaura Pereira de Queiroz (Messianismo no Brasil e no Mundo), de Jacqueline Hermann (“No Reino do Desejado”) ou o romance “A Pedra do Reino” daquele que considero o maior escritor “português” da actualidade, Ariano Suassuna (Auto da Compadecida, etc...)
Todos estes temas têm profundas raízes no Brasil, sobretudo no interior nordestino, ou não fosse esta região a matriz de Canudos e do enigmático Conselheiro, do Reino Encantado da Pedra Bonita ou do projecto sebastianista da Cidade do Paraíso Terrestre. È um mundo fascinante ainda a redescobrir pelos portugueses, onde os tropos do Culto do Divino Espírito Santo, do Encoberto, do paracletismo franciscano que espiritualizou as Descobertas (ou “Achamento”) ainda sobrevivem.
Em todas estas obras é feita uma valoração positiva da esperança sebástica e do V Império que, à excepção do labor de António Quadros, não tem paralelo em Portugal.
Ainda recentemente o Senado reeditou alguns textos fundamentais de António Vieira que há muito estão esgotados em Portugal (Esperanças de Portugal, Defesa do livro V Império perante a Inquisição, etc...). Por cá, a nossa Assembleia da República preocupa-se mais com as intervenções parlamentares de um irrelevante Rodrigues de Freitas...
Também não foi há muito que foram divulgados os relatos de pescador da Ilha de Lençois que costuma visitar D. Sebastião. Diz-se no Maranhão que Lençóis é o lugar onde está D. Sebastião, "encantado". Mais precisamente a Ilha é a morada d’ El Rei D. Sebastião - que habita em seu castelo sob as dunas e que quando tal castelo submergir, toda São Luis será destruida.
Francisco Costa
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RE: Nossa Senhora da Luz
Caro Colega Francisco Costa
Apreciei bastante a sua intervenção. Li tudo o que encontrei do António Quadros e do Agostinho da Silva. Gosto muito do estilo e da filosofia destes autores. Há um campo aberto para o reencontro com as nossas raízes. É bom saber que há pessoas interessadas nestas questões aqui no forum.
Um abraço
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Nossa Senhora da Luz
Meus Senhores,
A julgar pela história mais ou menos recente de Portugal parece-me que haverá cada vez mais pessoas a interessarem-se pelo tema. A título de exemplo, um dos últimos livros do falecido António Quadros, glosando Pascoaes, chama-se “A arte de permanecer português”...
“Portugal: Razão e Mistério” pode ter várias leituras: mítica, mística, filosófica e também de programa político que alimentou a epopeia. De qualquer maneira, é uma obra fundamental para nos entendermos.
Também gosto bastante de Ariano Suassuna, que julgo pertencer a uma das mais antigas famílias da Baía, e acho lamentável que a “Pedra do Reino” não tenha sido editada em Portugal. É uma obra fascinante e que ilustra o espírito profundo que enformou e justifica quer Portugal quer o Brasil.
Em S. José de Belmonte, pleno sertão, todos os anos a Associação Cultural da Ordem dos Cavaleiros da Pedra do Reino, de que é “Imperador” o próprio Suassuna, organiza uma romaria com missa campal, sanfona e cavalgada, à sombra das fatídicas pedras. É um espectáculo marcante, pois somos transportados a Alcácer Quibir e, entre mouros e cristãos, revivemos a batalha que nos levou o Desejado.
Decorre normalmente em Maio e recomendo-a vivamente a todos - e já são muitos - os portugueses que passam férias no Nordeste. Em vez de tanta praia, vale a pena internar-se no sertão e presenciar um evento que toca fundo na raiz da identidade portuguesa.
É espantoso ver como no Brasil, o Sebastianismo (e ideias associadas) ainda está vivo no povo. Em Portugal, desde meados do séc. XIX não passa de um episódico, mas importante, movimento literário (em 1865, um tal Pretinho deu à estampa umas trovas que identificavam D. Pedro V com o Encoberto, sendo ao que sei a última manifestação não erudita de Sebastianismo deste lado do Atlântico).
Recentemente, os investigadores brasileiros estão a reler o “episódio” de Canudos que durante décadas foi interpretado segundo o cânone positivista de Euclides da Cunha. Jacqueline Hermann, na esteira de Calazans, tem tido um papel importante nesse processo, tal como Vargas Llosa em “A Guerra do Fim do Mundo”. Em Portugal, refira-se que o próprio Agostinho da Silva pensou criar uma Fundação António Conselheiro.
A propósito de JH, vale a pena ler o capítulo dedicado ao reinado de D. Sebastião, pois não bebe da cartilha de António Sérgio e consegue dar uma visão objectiva e imparcial desses dez anos. Nalgumas dezenas de páginas, a investigadora brasileira dá uma lição de metodologia histórica aos congéneres lusos que desde há anos não fazem senão plagiar-se ad nauseam nas interpretações simplistas e enviesadas que fazem da figura de D. Sebastião.
Termino, recordando que para Pessoa o V Império passa também (sobretudo ?)pelo que o poeta chamou de Imperialismo Cultural Português (terminologia da época...) e, avaliando as dimensões geográficas e populacionais, julgo que caberia ao Brasil dar o pontapé de saída, o que aliás já está a fazer e com muito sucesso nos PALOP´s onde tem vindo a bater aos pontos Portugal, que parece exclusivamente preocupado com o “Projecto Europeu” esquecendo a História e as suas razões.
Espero poder continuar a discussão.
Um abraço,
José Tavares de Almeida
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