D. Francisca de Azambuja

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D. Francisca de Azambuja

#188782 | orosius | 18 Mär 2008 11:53

Preciso de saber algumas coisas sobre D. Francisca de Azambuja, que deve ter vivido no Barreiro, porque promoveu a fundação do Convento da Madre de Deus, na Verderena, que ainda hoje existe. Sei que foi casada com Álvaro Mendes de Vasconcelos, que morreu em Alcácer Quibir. Julgo que deve sre da família de D. Afonso de Azambuja, que foi bispo do Porto, Coimbra e Lisboa, e cardeal. Alguém sabe de bibliografia onde possa encontrar mais coisas sobre ela, a sua família e o seu marido? Muito obrigado!

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RE: D. Francisca de Azambuja

#188822 | dvl | 18 Mär 2008 20:39 | In reply to: #188782

Eu penso que esse Álvaro Mendes de Vasconcelos é um que aparece no Felgueiras Gayo, no título de Vasconcelos, na página 108, § 60 N 18. Apenas é mencionado que morreu em Alcácer. Filho de outro Álvaro Mendes de Vasconcelos, Senhor do Morgado do Esporão, do Conselho do Rei Dom João III, e de sua segunda mulher, D. Guiomar de Melo.

Referências à família Azambuja no Barreiro:

1492
1ª Visitação, conhecida, da Ordem de Santiago ao Barreiro
João Roiz aparece entre os homens bons do lugar

1521- 16 de Janeiro D. Manuel I concede Carta de Foral ao Barreiro, provendo João Roiz no cargo de Alcaide-mor.

7 de Fevereiro
João Roiz, cavaleiro da Ordem de Santiago, é nomeado para o ofício de Juiz das Sisas de Vila Nova do Barreiro, com o mantimento anual de 2000 rs

« Dom Manuel cetera a quãtos esta nosa Carta virẽ fazemos saber que cõfiãdo nos de João Roiz caualeiro da hordẽ de / samtiaguo que ẽ esto nos seruira bẽ e fielmente como a nosso seruiço cõpre e querendo lhe fazer graça e merçe temos por bem / e o damos ora nouamente daquy ẽ djante por Juiz das nossas sysas da villa de villa nova do barrejro asy e pola / maneira que o elle deue ser e usã os outros Juizes das sysas das semelhãtes villas cõ o quall ofjçio que/-eremos e nos praz que elle tenha e aja ẽ cada hũ ano de mãtimento cõ o dito oficio a Razã de vjute reaes por mjlheiro / ate cõtia de dous mjl reaes e mais nã …».

1523
Visitação da Ordem de Santiago à Igreja de Santa Cruz com novas referências a João Rodrigues:
«E no corpo da dita Igreja da parte do norte contra / o mar estaa huma capela da emvoçam de nosa senhora dos prazeres que fez e edificou João rruiz o pardo alcaide / mor da dita villa»
[…]
«A qual capela fez o dito Johão Roiz e elle a correge e Repaira de todo o que ha mester.»

1534
Visitação da Ordem de Santiago à Igreja Matriz de Santa Cruz, na qual é referido que João Roiz já faleceu e o cargo de Alcaide-mor é ocupado por seu filho, o doutor Fernão Roiz de Azambuja, casado com D. Catarina Fernandes
«a capella que fez Johão Roiz allcaide moor que / foy desta villa tem a prata e vestimentas que / na dita visitação estão escpritas e por que /
elle he falleçido se ministra ora por seu filho / fernã Roiz doutor e sua molher catarina fernandez…»

1569
D. Sebastião despacha um diploma autorizando a edificação da Igreja da Misericórdia do Barreiro . Este templo possui um portal decorativo, com a seguinte inscrição lapidar:
«ISABEL PIZ DAZÃBUIA·FEZ ESTE PORTAL»
Não se conhecem outras referências para além desta a Isabel Pires de Azambuja, mas presume-se que se trata de mais um membro desta linhagem, quiçá outra filha de João Rodrigues o Pardo, visto a construção da Misericórdia ser contemporânea a todos eles. Usa o apelido Pires de Azambuja tal como o Pe António Pires de Azambuja, irmão de D. Francisca.

1578
Morte do cavaleiro Álvaro Mendes de Vasconcelos, em Alcácer Quibir na companhia de D. Sebastião. Era casado com Dona Francisca de Azambuja e não deixou geração.

1591
Início da construção do Convento da Verderena, patrocinado por D. Francisca de Azambuja, como consta de uma lápide existente no local com a seguinte descrição:
«ESTE MOSTEIRO DA MADRE DE DEUS DA PRO
VINCIA D’ARABIDA FVNDOV E FES A SVA
CVSTA DONA FRANCISCA D’AZAMBVIA NATV
RAL DA VILA DO BAREIRO MOLHER QVE FOI
DE ALVARO MENDES DE VASCONCELOS
QVE FICOV NA BATALHA DEL REI DOM
SEBASTIÃO DO QVAL HE PADROEIRA
PERPETVA E TOMOV ESTA CAPELLA
MOR PERA SVA SEPVLTVRA

1592
João Fernão de Azambuja, Cavaleiro da Casa del Rei, Juiz Ordinário da Vila do Barreiro e seu Termo registou no Livro dos bens de raiz da dita Vila, uma Carta de venda de uma vinha, junto à Igreja de Santa Cruz.

Carta de venda de um quintal «que esta Junto a Rua direita desta dita villa que / parte de norte e leuante cõ quintal de Panta/-lião andre do sul cõ qujntal de João fernão zambujo»

Escritura de venda de 27 estins de terras de pão que fazem Dona Francisca de Azambuja e seu irmão o Pe. António Pires de Azambuja ao Senhor Pero de Mendonça Furtado. Os terrenos foram à sua posse por morte do Dr. João Fernão de Azambuja, irmão de ambos.
«…nesta villa do barreiro nas casas / da morada da senhora dona francisca ahi presente / e bem asjm o senhor Antonio pirez d’azambuja cleri/-go de missa seu jrmão outro sim morador / nesta dita villa do barreiro…»

1604
Morte do Pe António Pires de Azambuja. Instituiu uma capela à qual ficaram vinculados certos bens.
«O Pe Antonio Pires de Azambuja, Irmão da dita Dona Francisca de Azambuja, faleçeu no ano de 1604 e fazendo Capella de seus bens, extinta que fosse a linha de Azambuja, chama a Irmandade do Santíssimo desta // chama a Irmandade do Santíssimo desta ditta
Villa e dela separou hum asento de cazas, deixandoas a Mizericordia, que servem de Cazas de despacho, o que tudo se verificou no mesmo ano mes e dia de 1755»

1616
A 1 de Março Fernão Roiz de Azambuja é padrinho de um baptismo no Lavradio

1621
Morte de D. Francisca de Azambuja em 22 de Janeiro, sendo sepultada no Convento da Verderena em campa rasa. É do seguinte teor a inscrição da sua pedra tumular:
ESTA SEPVLTVARA
HE DE DONA FRAM
CISQVA DAZAMBVIA
A QVAL MANDOV FA
ZER ESTE MOSTE
EIRO A SVA CVSTA E D
ELE HE PADROEIRA
PERPETVA MOREO A
22 DE IANEIRO DE
1621
D. Francisca instituiu uma capela a fim de prover ao sustento dos monges arrábidos da Verderena. Dessa capela constavam várias propriedades, entre as quais o já mencionado Casal do Pardo em Palmela, uma marinha no Lavradio, uma courela de pinhal no sítio do Vale da Amoreira (Alhos Vedros), um prazo de sete courelas de vinha nos Barreiros Pequenos (Barreiro) e o terreno onde ficava a extinta Ermida de Santa Bárbara. Este prazo foi aforado por Álvaro Mendes de Vasconcelos, esposo de D. Francisca, no ano de 1578. Era foreira a Igreja de S. Lourenço de Alhos Vedros em 27 tostões, «por cinco anniversarios pella alma de D. Iria e seus defuntos».
Á capela pertenciam ainda umas propriedades na Vila de Azambuja, entre as quais um terreno chamado o Romão, quatro quarteirões em Alpimpiler (?) e dez ou doze estins no Alqueidão.
Ainda no termo do Barreiro uma vinha no sítio das Searas, um serradinho e outra vinha no sítio das Palmeiras.
Em Azeitão dezoito pés de oliveiras na Quinta Nova do Faria.
A esta capela juntou D. Francisca «a terssa, que lhe deixou sua Mãe com o encargo de vinte missas».
Entre as obrigações da capela contavam-se a de dotar os monges da Verderena, em certas quantidades de peixe fresco ou seco, conforme a época do ano, carne, semanalmente um alqueire de pão, três cântaros de azeite cada ano, um porco de três arrobas para cima pelo Natal, um carneiro pela Páscoa, dois alqueires de pão e um pote de vinho em dia de comemoração dos defuntos.
O administrador da capela devia ainda providenciar todas as reparações necessárias no Convento da Madre de Deus, o qual ficou bastante arruinado após o terramoto de 1755.
A capela obrigava mais a que se concedessem dotes de 25 mil reis pelo casamento de moças pobres do Barreiro.
A padroeira do Convento da Madre de Deus determinou, que a administração da capela permanecesse para sempre dentro da sua família, e «chamou para primeiro administrador, a seu sobrinho o Doutor Fer/-nando Roiz de Azambuja» . Em caso de extinção da linhagem Azambuja, sucederia a Misericórdia do Barreiro como administradora, o que se verificou em 1755.

1650
Testamento do Pe Jerónimo da Maia, clérigo do hábito de S. Pedro, natural e morador na Vila do Barreiro. Uma das testemunhas era Fernando Rodrigues de Azambuja

1652
Última referência documental a Fernão R. de Azambuja. Em 4 de Maio faz arrendamento de noventa e cinco alqueires de trigo «por tempo de des anos cumpridos e acabados» a Fernão Gomes, morador na vila de Santiago de Castro Verde .

1775
No ano de 1775 o Corregedor da Comarca de Setúbal efectuou uma relação de todos os seus bens e rendas, pertencentes às corporações de mão morta da vila do Barreiro. Neste rol incluem-se todos os bens da capela de D. Francisca anteriormente citados e refere-se que, desde 1755, a linhagem Azambuja estava acabada, por morte do último membro da família D. Joana Micaela.
«…extinta que fosse a tal linha [Azambuja] chama a Casa da Mizericordia da villa do Barrej/-ro; a qual sucedeo na administração da dita Capella por morte de D. Joanna Micaella, que foi a ultima nos fins de Fevereiro do anno de 1755 como consta do seu testamento.»

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RE: D. Francisca de Azambuja

#188827 | dvl | 18 Mär 2008 20:43 | In reply to: #188782

Aconselho a contactar:

Dra. Rosalina Carmona
Convento da Verderena
Rua do Convento
2830-072 Barreiro

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RE: D. Francisca de Azambuja

#188852 | orosius | 18 Mär 2008 23:58 | In reply to: #188827

Muito obrigado. É já muito bom!!

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RE: D. Francisca de Azambuja

#291878 | JoãoGaspar | 25 Nov 2011 23:38 | In reply to: #188822

Caro dvl,

Espero que ainda o encontre por aqui, afinal passaram 3 anos desde que participou neste fórum sobre esta família dos Azambujas do Barreiro.

Recentemente interessei-me por esta família pois encontro um irmão de um avoengo meu, natural de Sta.Maria de Palmela, que casou no ano de 1692 com D.Maria Josefa de Azambuja, filha de António Fernandes de Azambuja e de sua mulher D.Ana Gomes e tiveram como testemulhas do seu casamento o Capitão Pedro de Faro de Abreu e Manuel Barrocas de Aguiar.

O Fernão Roiz de Azambuja referido na sua mensagem é o avô de André Fernandes de Azambuja?

Existe algum estudo sobre estes Azambujas e será que existe mais ligações a Palmela para além das Obvias (Ordem de Santiago, próximidade geográfica e a tal propriedade "Casal do Pardo " ?

Com os melhores cumprimentos,

João Gaspar

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