Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
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Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
CARTAS DE BRASÃO DE ARMAS DE BENTO E FRANCISCO SODRÉ PEREIRA
por
Sérgio Sodré de Castro
Nos primórdios do século XIX foram concedidas cartas régias de brasão de armas de nobreza e fidalguia a dois membros, pai e filho, de um ramo segundo da família dos Sodré Pereira, Senhores de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), radicado no Rio de Janeiro desde a primeira metade do século XVII. Entretanto, o pai havia passado aos Açores e o filho já nascera em Ponta Delgada.
Bento Sodré Pereira
Dom João por Graça de Deus Príncipe Regente de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém mar em África, Senhor da Guiné, e da Conquista e Navegação do Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia, e da Índia, etc. Faço saber aos que esta minha carta de brasão de armas de nobreza e fidalguia virem que Bento Sodré Pereira, natural do Rio de Janeiro, Sargento-mor reformado das ordenanças da cidade de Ponta Delgada da ilha de São Miguel, me fez petição, dizendo que pela sentença de justificação de sua nobreza a ela junta, proferida e assinada pelo meu Desembargador, Corregedor do Cível da Corte e Casa da Suplicação, o Doutor Francisco Xavier Carneiro e Sá, subscrita por Cipriano António Rodrigues Neves, Escrivão do mesmo juízo, se mostrava que ele é filho legítimo de Francisco Tavares França, natural da dita ilha, Alferes de cavalaria no regimento de Minas, e de sua mulher Dona Isabel Narcisa Sodré. Neto, por parte paterna, do Capitão João de Sousa Cabral e de sua mulher Maria Tavares França. Neto, por parte materna, de Agostinho de Lemos Rangel, Sargento-mor de milícias da dita cidade do Rio de Janeiro, de onde era natural, e de sua mulher Dona Isabel Sodré Pereira, a qual era filha única de Duarte Sodré Pereira que teve o foro de Moço-Fidalgo. Os quais seus pais e avós foram pessoas nobres das ilustres famílias de Sodrés e Pereiras, que neste Reino são Fidalgos de Linhagem, Cota de Armas, e Solar conhecido, e como tais se trataram com cavalos, criados, e toda a mais ostentação própria da Nobreza, sem que em tempo algum cometessem crime de lesa-majestade divina ou humana. Pelo que me pedia ele mesmo suplicante por mercê que, para a memória dos seus progenitores se não perder, e clareza de sua antiga nobreza, lhe mandasse dar minha carta de brasão de armas das ditas famílias, para delas também usar na forma que as trouxeram e foram concedidas aos ditos seus progenitores. E vista por mim a dita sua petição, sentença e documentos, e me constar de tudo o referido, e que a ele como descendente das mencionadas famílias lhe pertence usar e gozar de suas armas, segundo o meu Regimento e Ordenação da Armaria, lhe mandei passar esta minha carta de brasão delas, na forma que aqui vão brasonadas, divisadas e iluminadas com cores e metais, segundo se acham registadas no Livro do Registo das Armas de Nobreza e Fidalguia destes meus Reinos, que tem Portugal meu Principal Rei de Armas, a saber: Um escudo partido em pala. Na primeira, as armas dos Sodrés que são em campo azul, um chaveirão de prata firme carregado de três estrelas sanguinhas, entre três jarras de duas asas do mesmo metal. Na segunda pala, as armas dos Pereiras que são em campo vermelho, uma cruz de prata florida e vazia do campo. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife dos metais e cores das armas. Timbre dos Sodrés que é o chaveirão do escudo, e por diferença uma brica de prata com um trifólio verde. O qual escudo e armas poderá trazer e usar tão-somente o dito Bento Sodré Pereira, assim como as trouxeram e usaram os ditos nobres e antigos fidalgos seus antepassados em tempos dos Senhores Reis meus antecessores, e com elas poderá entrar em batalhas, campos, reptos, escaramuças, e exercitar todos os mais actos lícitos da guerra e da paz. E assim mesmo as poderá trazer em seus firmais, anéis sinetes e divisas, pô-las em suas capelas e mais edifícios, deixá-las sobre sua própria sepultura e, finalmente, se poderá servir, honrar, gozar, aproveitar delas em todo e por todo o tempo como a sua nobreza convém. Com o que quero e me praz que haja ele todas as honras, privilégios, liberdades, graças, mercês, isenções e franquezas que hão e devem haver os fidalgos e nobres de antiga linhagem, e como sempre de tudo usaram e gozaram os ditos seus antepassados. Pelo que mando aos meus Desembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juízes, e mais justiças de meus Reinos, e em especial aos Reis de Armas, Arautos e Passavantes, e a quaisquer outros oficiais, e pessoas a quem esta minha carta for mostrada, e o conhecimento dela pertencer, que em tudo lha cumpram e guardem, e façam inteiramente cumprir e guardar como nela se contém, sem dúvida nem embargo algum que em ela lhe seja posto, porque assim é minha mercê.
O Príncipe Regente nosso Senhor o mandou por Manuel José Gonçalves, Escudeiro-Cavaleiro de sua Casa Real e seu Rei de Armas Portugal. Francisco de Paula Campos, Escrivão da Nobreza destes Reinos e suas Conquistas, a fez, em Lisboa, aos doze dias do mês de Outubro do ano do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e três, e eu Francisco de Paula Campos a fiz e subscrevi.
Rei de Armas Portugal
(Torre do Tombo: Cartório da Nobreza, Livro 7, fl. 35v)
Francisco Sodré Pereira
Dom João por Graça de Deus Príncipe Regente de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém mar em África, Senhor da Guiné, e da Conquista e Navegação do Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia, e da Índia, etc. Faço saber aos que esta minha carta de brasão de armas de nobreza e fidalguia virem que Francisco Sodré Pereira me fez petição, dizendo que pela sentença de justificação de sua nobreza a ela junta, proferida e assinada pelo meu Desembargador, Corregedor do Cível da Corte e Casa da Suplicação, o Doutor Francisco Xavier Carneiro e Sá, subscrita por Cipriano António Rodrigues Neves, Escrivão do mesmo juízo, se mostrava que ele é filho legítimo de Bento Sodré Pereira, Sargento-mor da Cidade de Ponta Delgada na ilha de São Miguel, a quem se passou brasão de armas a 12 de Outubro do presente ano, e de sua mulher Dona Antónia Joaquina Sodré. Neto paterno de Francisco Tavares França, Alferes de cavalaria no regimento de Minas, e de sua mulher Dona Isabel Narcisa Sodré. Neto, por parte materna, de Manuel de Sousa Cordeiro Camelo e de sua mulher Dona Francisca do Espírito Santo Cordeiro Camelo. Os quais seus pais e avós foram pessoas nobres das ilustres famílias de Sodrés, Pereiras, Cordeiros e Camelos que neste Reino são Fidalgos de Linhagem, Cota de Armas, e Solar conhecido, e como tais se trataram com cavalos, criados, e toda a mais ostentação própria da Nobreza, sem que em tempo algum cometessem crime de lesa-majestade divina ou humana. Pelo que me pedia ele mesmo suplicante por mercê que, para a memória dos seus progenitores se não perder, e clareza de sua antiga nobreza, lhe mandasse dar minha carta de brasão de armas das ditas famílias, para delas também usar na forma que as trouxeram e foram concedidas aos ditos seus progenitores. E vista por mim a dita sua petição, sentença e documentos, e me constar de tudo o referido, e que a ele como descendente das mencionadas famílias lhe pertence usar e gozar de suas armas, segundo o meu Regimento e Ordenação da Armaria, lhe mandei passar esta minha carta de brasão delas, na forma que aqui vão brasonadas, divisadas e iluminadas com cores e metais, segundo se acham registadas no Livro do Registo das Armas de Nobreza e Fidalguia destes meus Reinos, que tem Portugal meu Principal Rei de Armas, a saber: Um escudo esquartelado. No primeiro quartel, as armas dos Sodrés que são em campo azul, um chaveirão de prata firme carregado de três estrelas sanguinhas, entre três jarras de duas asas do mesmo metal. No segundo quartel, as armas dos Pereiras que são em campo vermelho, uma cruz de prata florida e vazia do campo. No terceiro quartel, as armas dos Cordeiros que são em campo verde quatro cordeiros de prata postos em duas faixas. No quarto quartel, as armas dos Camelos que são em campo de prata três vieiras de azul realçadas de ouro postas em roquete. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife dos metais e cores das armas. Timbre dos Sodrés que é o chaveirão do escudo, e por diferença uma brica de ouro com um F negro. O qual escudo e armas poderá trazer e usar tão-somente o dito Francisco Sodré Pereira, assim como as trouxeram e usaram os ditos nobres e antigos fidalgos seus antepassados em tempos dos Senhores Reis meus antecessores, e com elas poderá entrar em batalhas, campos, reptos, escaramuças, e exercitar todos os mais actos lícitos da guerra e da paz. E assim mesmo as poderá trazer em seus firmais, anéis sinetes e divisas, pô-las em suas capelas e mais edifícios, deixá-las sobre sua própria sepultura e, finalmente, se poderá servir, honrar, gozar, aproveitar delas em todo e por todo o tempo como a sua nobreza convém. Com o que quero e me praz que haja ele todas as honras, privilégios, liberdades, graças, mercês, isenções e franquezas que hão e devem haver os fidalgos e nobres de antiga linhagem, e como sempre de tudo usaram e gozaram os ditos seus antepassados. Pelo que mando aos meus Desembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juízes, e mais justiças de meus Reinos, e em especial aos Reis de Armas, Arautos e Passavantes, e a quaisquer outros oficiais, e pessoas a quem esta minha carta for mostrada, e o conhecimento dela pertencer, que em tudo lha cumpram e guardem, e façam inteiramente cumprir e guardar como nela se contém, sem dúvida nem embargo algum que em ela lhe seja posto, porque assim é minha mercê.
O Príncipe Regente nosso Senhor o mandou por Manuel José Gonçalves, Escudeiro-Cavaleiro de sua Casa Real e seu Rei de Armas Portugal. Francisco de Paula Campos, Escrivão da Nobreza destes Reinos e suas Conquistas, a fez, em Lisboa, aos vinte e cinco doze dias do mês de Dezembro do ano do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e três, e eu Francisco de Paula Campos a fiz e subscrevi.
Rei de Armas Portugal
(Torre do Tombo: Cartório da Nobreza, Livro 7, fl. 56)
Quem consultar o “Arquivo Heráldico-Genealógico” do Visconde Sanches de Baena verificará que o autor se engana no ano da Carta de Bento Sodré Pereira colocando-a em 1802, quando o correcto é 1803.
No tocante à Heráldica é de realçar que, em ambas as cartas, o timbre imputado aos Sodrés, não é a albarrada de prata mas sim o chaveirão de prata carregado de três estrelas sanguinhas. Deste modo, seguiu-se a deturpação contemplada no “Tesouro da Nobreza”, armorial de 1788 da responsabilidade de Frei Manuel de Santo António, reformador do Cartório da Nobreza, que seria utilizado até ao fim da Monarquia. O timbre histórico original, com a albarrada de prata, está fixado no “Livro da Nobreza e Perfeição das Armas” (vulgo “Livro da Torre do Tombo”), armorial oficial c. 1523-34, mandado fazer por D. Manuel I, da responsabilidade do Bacharel António Godinho.
De notar, também, que as cartas chamam jarras às albarradas dos Sodrés, o que é de todo incorrecto, porquanto uma albarrada é uma bilha para água fresca e não se destina a flores.
Por último, registe-se que tanto o pai Bento quanto o filho Francisco recebem uma brica por diferença, o primeiro de prata e o segundo de ouro, o que reflecte o facto de, à época, a brica ser quase o único meio de diferenciação heráldica utilizado pelos Reis de Armas (por acaso, no caso vertente até estaria correcto desde que as armas de Bento tivessem recebido uma almofada na brica, porque estas lhe vêm pela avó-materna).
O processo de Francisco está integrado no Processo de Justificação de Nobreza de seu pai Bento Sodré Pereira (Torre do Tombo, Feitos Findos, Justificação de Nobreza, maço 7, nº 14). As alegações dos impetrantes relativas a ascendentes e estatuto social não assentam apenas em prova testemunhal. À inquirição judicial de testemunhas, o processo junta uma prova documental segura que transcrevo:
Saibão quantos este instromento dado e passado em pública forma do ofício de mim Escrivão com o theor de huma mercê que El Rei Nosso Senhor fez a Duarte Sodré Pereira de Mosso Fidalgo de sua Real Caza a qual me foi aprezentada pelo Capitão Bento Sodré Pereira que seu theor e forma he o seguinte:
Eu El Rei faço saber a vós Dom João da Silva Marquêz de Gouvêa Conde de Portalegre meu muito prezado sobrinho do meu Concelho de Estado e meu Mordomo mor, que hei por bem e me praz fazer mercê a Duarte Sodré Pereira natural do Rio de Janeiro, filho de Francisco Sodré Pereira meu Mosso Fidalgo e neto de Duarte Sodré Pereira de o tomar no mesmo foro de meu Mosso Fidalgo com novecentos reis de moradia por mêz e hum alqueire de cevada por dia paga segundo ordenança e he o foro e moradia que pelo ditto seu pai lhe pertence. Mando-vos que o façaes alistar no Livro da Matrícula dos Moradores de Minha Caza com o título dos Mossos Fidalgos, coma dita moradia e cevada. Jorge Arnaut o fez em Lisboa a três do mêz de Janeiro de seiscentos e oitenta e seis. Manoel Leitão de Andrada a fez escrever. Rei. Marquez Mordomo mor. Praz a Vossa Majestade fazer mercê a Duarte Sodré Pereira natural do Rio de Janeiro, filho de Francisco Sodré Pereira meu Mosso Fidalgo e neto de Duarte Sodré Pereira de o tomar mo mesmo foro de meu Mosso Fidalgo com novecentos reis de moradia por mêz e hum alqueire de cevada por dia paga segundo ordenança e he o foro e moradia que pelo ditto seu pai lhe pertence. P. do Marquez Mordomo mor. Registado no Livro quinze da Matrícula a folhas oitenta e huma e pagou cento e cincoenta reis. Lisboa vinte e quatro de Janeiro de mil seiscentos oitenta e seis. José Rebelo.
Fica assentado e pagou secenta reis. Jerónimo Soares.
Concorda com a própria mercê que fielmente tresladei da própria a que me reporto em poder do aprezentante de que assinara com o qual este corri e conferi e assinei e publico e razo nesta Ponta Delgada aos treze de Abril de mil setecentos e noventa. Eu Alexandre Jozé de Barros tabellião público de nottas e escrivão do judecial o escrevi. Lugar do sinal público. Em testemunho da verdade. Alexandre Jozé Ramos. Recebi a própria mercê. Bento Sodré Pereira.
Segue-se a Justificação do Doutor António Luiz Borges Rebello da Silveira, Juiz do Cível, etc… na cidade de Ponta Delgada, Corregedor e Provedor da comarca das ilhas de São Miguel e Santa Maria, e respectivo Intendente da Polícia, etc… reconhecendo os sinais do tabelião Alexandre José de Barros, com data de 15 de Abril de 1790.
Documentos idênticos ao transcrito foro de Moço-Fidalgo de Duarte Sodré Pereira foram passados no mesmo dia a três dos seus irmãos (José, João e Diogo), conforme se vê no Registo Geral de Mercês, D. Pedro II, livro 2 fls 286 e 286v (código PT-TT-RGM/B/7424; 5739; 11264; 11781). Em diversas obras, das quais apenas menciono o título de Sodré em “Primeiras Famílias do Rio de Janeiro”, de Carlos G. RheinGantz; “A Inquisição no Rio de Janeiro no começo do Século XVIII”, de Gilberto Sodré Carvalho; “Vínculos de Fogo”, de Alberto Dines; e a folha 306 do microfilme 610 da Torre do Tombo, fica evidente que os dizeres do documento antedito “Duarte Sodré Pereira natural do Rio de Janeiro, filho de Francisco Sodré Pereira meu Mosso Fidalgo e neto de Duarte Sodré Pereira” se referem a Francisco Sodré Pereira, fundador do ramo e patriarca dos Sodrés no Rio de Janeiro, filho segundo de Duarte Sodré Pereira, Senhor de Águas Belas, sua terra natal.
Esta ligação genealógica escapou a António Bueno e Carlos Barata no título Sodré Pereira do seu monumental “Dicionário das Famílias Brasileiras”, de 2000, embora mencionem as cartas de armas de Bento e Francisco, porque não acederam aos documentos do Processo de Justificação de Nobreza, mas apenas às deduções genealógicas constantes das cartas e transcritas por Sanches de Baena (aliás, até reproduzem o erro de datar a de Bento no ano de 1802).
Dados biográficos relativos aos agraciados e respectiva linha ascendente de Sodré:
1
FRANCISCO SODRÉ PEREIRA
Nascido, a 01 de Abril de 1779, na freguesia de São Sebastião, Ponta Delgada, Açores. Baptizado na igreja matriz respectiva. Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 26 de Julho de 1821. Alcaide-mor da vila de Fronteira, por alvará de 06 de Setembro de 1821. Comendador da ordem de Santiago de Almalaguez, na Ordem de Cristo, a 28 de Outubro de 1821.
A 25 de Dezembro de 1803, recebeu carta de brasão de armas: esquartelado, I – Sodré, II – Pereira, III – Cordeiro, IV – Camelo. Assim foi reconhecido como fidalgo de linhagem e de cota de armas.
Casou com Maria da Fonseca Pope, a 17 de Junho de 1805, na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, em oratório privado.
Filho de
2
BENTO SODRÉ PEREIRA
Nascido no Rio de Janeiro, Brasil. Baptizado na igreja paroquial de Nossa Senhora da Candelária, no Rio de Janeiro. Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 22 de Fevereiro de 1804. Sargento-mor das ordenanças da cidade de Ponta Delgada (equivalente a Major). A 27 de Setembro de 1821, foi promovido a Tenente-Coronel de milícias, agregado ao regimento de Ponta Delgada, Açores.
A 12 de Outubro de 1803, recebeu carta de brasão de armas: partido, I – Sodré, II – Pereira. Assim foi reconhecido como fidalgo de linhagem e de cota de armas.
Casou com Antónia Joaquina. Nascida, a 26 de Fevereiro de 1755, na freguesia de Ginetes, Ponta Delgada. Baptizada na igreja matriz de São Sebastião, Ponta Delgada. Filha de Manuel de Sousa Cordeiro Camelo.
Filho de
3
ISABEL NARCISA SODRÉ PEREIRA
Nascida na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
Casou com Francisco Tavares França. Alferes de cavalaria do regimento de Minas. Filho do Capitão João de Sousa Cabral e de sua mulher Maria Tavares França.
Filha de
4
ISABEL SODRÉ PEREIRA
Nascida na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Filha única.
Casou com Agostinho de Lemos Rangel. Sargento-mor de milícias da cidade de Rio de Janeiro (equivalente a Major). Filho do Capitão e Licenciado Amador de Lemos Ferreira e de Isabel Rangel de Macedo, casados em 1674. Esta descendia de Julião Rangel de Macedo. Capitão no Rio de Janeiro em 1583. Filho de Damião Dias Rangel, que foi para o Brasil como Capitão nas guerras contra o gentio.
Filha de
5
DUARTE SODRÉ PEREIRA
Nascido na cidade do Rio de Janeiro. Filho segundo. Teve foro de Moço-Fidalgo, a 03 de Janeiro de 1686, com 900 reis de moradia por mês e um alqueire de cevada por dia. Tal como era o foro de seu pai. No mesmo dia, alvarás de Moço-Fidalgo com as mesmas condições foram passados aos seus irmãos, Diogo Rangel de Sande, José Pereira Sodré e João Gomes da Silva.
Desconheço o nome de sua mulher.
Filho de
6
FRANCISCO SODRÉ PEREIRA
Nasceu em Águas Belas, cerca de 1618. Estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro, onde deixou numerosa descendência. Pode-se dizer que foi o patriarca dos Sodrés do Rio. Teve foro de Moço-Fidalgo. Coronel, comandante de um regimento no Rio de Janeiro. Fidalgo da Casa Real. Faleceu nesta cidade, a 13 de Dezembro de 1669.
Casou com Catarina da Silva Sandoval, a 27 de Abril de 1648, no Rio de Janeiro.
Irmão segundo de Fernão Sodré Pereira, que foi Fidalgo da Casa Real. 10º Senhor de Águas Belas. 1º Capitão-mor de Águas Belas, Ferreira do Zêzere e Vila de Rei.
Filho de
7
DUARTE SODRÉ PEREIRA
9º Senhor de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), de que tomou posse a 03 de Junho de 1608. Alcunhado de “O Estragado” devido à sua generosidade. Faleceu a 22 de Junho de 1635.
Casou com Guiomar de Sousa.
Filho de
8
FERNÃO SODRÉ PEREIRA
Prestou relevantes serviços no cerco de Mazagão, em 1562, nas armadas da costa do Algarve e na tomada do Pinhão, pelo que recebeu o hábito de Cristo, tornando-se Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 02 de Agosto de 1565, com a condição de ir servir 6 meses, com cavalo à sua custa, em Tânger. Acompanhou o Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, a 4 de Agosto de 1578, ficando cativo. Aí morreram em combate o seu irmão Francisco Sodré e o seu sobrinho Duarte Sodré. Resgatou-se e voltou ao Reino. Comendador de Santiago de Lanhoso, na Ordem de Cristo, por mercê do Rei D. Filipe I, por carta de 06 de Maio de 1580. 8º Senhor de Águas Belas, de que tomou posse a 09 de Agosto de 1588.
Casou com Branca Caldeira, que faleceu a 18 de Dezembro de 1637.
Filho de
9
DUARTE SODRÉ PEREIRA
Alcançou sentença contra a Coroa, a 22 de Novembro de 1571, que julgou por nulo o foral que o Rei D. Manuel dera a Águas Belas e reconheceu as quintas de Águas Belas e Vale de Orjais como bens de morgado patrimonial não pertencendo à Coroa. Assim, entrou na posse do senhorio da vila e do seu termo, e do padroado da igreja, com todos os seus direitos e prerrogativas, por provisão do Rei D. Sebastião, a 17 de Dezembro de 1576 ou 1577. Faleceu a 09 de Agosto de 1588.
Casou com Dionísia de Sande.
Filho de
10
FRANCISCO SODRÉ
Legitimado a 12 de Fevereiro de 1496 (Nessa data, seu pai, como Cavaleiro da Ordem de Cristo, não podia casar). No testamento de seu pai, de 1496, é nomeado administrador do morgado por este instituído nos arredores de Santarém. A 24 de Outubro de 1500, é nomeado Alcaide-mor de Seia, o que significa que era Cavaleiro da Ordem de Cristo, pois este castelo era da jurisdição desta ordem militar. Foi Moço-Fidalgo da Casa de D. Manuel. A 09 de Abril de 1508, partiu para a Índia na armada de Jorge Aguiar (morto na viagem), juntamente com seu único irmão ainda vivo, Manuel Sodré, embarcado na nau Santa Cruz de Duarte de Lemos depois capitão-mor desta armada. Em 1508, esteve na construção da fortaleza da Ilha de Moçambique, essencialmente uma torre, e serviu na guarnição da fortaleza da Ilha de Socotorá. Juntamente com seu irmão, participou na segunda conquista de Goa, a 25 de Novembro de 1510, sob o comando do grande Afonso de Albuquerque, Capitão-Geral e Governador da Índia. Cavaleiro-Fidalgo da Casa do Rei D. João III com 1700 reis de renda. Morreu em serviço na Índia, entre 1539-1544.
Casou com Violante Pereira, filha de João Pereira 4º Senhor de Águas Belas, depois de 20 de Junho de 1496, pois nesta data o Papa autorizou os cavaleiros e os comendadores das ordens de Cristo e de Avis a casarem, o que anteriormente só era permitido aos de Santiago.
Filho de
11
DUARTE SODRÉ
Pelos seus serviços elevou o seu ramo da família Sodré da pequena para a média nobreza portuguesa. Terá nascido em Santarém, pois os seus pais tinham aí casas que também ficaram vinculadas ao morgado que veio a constituir como refere no seu testamento. Em 1465, era Escudeiro da Casa do Infante D. Pedro (ex-Condestável do Reino e efémero Rei da Catalunha). Cavaleiro da Ordem de Cristo e Comendador de Santa Ovaya do Juncal, antes de 1475. Vedor da Casa do Duque de Viseu, D. Diogo II. Vedor da Casa do Duque de Beja, futuro Rei D. Manuel, passando a Vedor da Casa Real quando este subiu ao trono. Por carta de 03 de Agosto de 1486, registada na Chancelaria do Rei D. João II, onde é designado como Cavaleiro da Casa Real, o Príncipe Perfeito autoriza-o a constituir um morgado nos reguengos de Tojoza e Alviela (termo de Santarém) com a obrigação dos sucessores seguirem o apelido Sodré. Recebeu do Rei D. João II, em Novembro de 1492, certos bens e herança no lugar de Romão, no almoxarifado da Guarda, tomados a três moradores locais. A 26 de Janeiro de 1493 já era Comendador e Alcaide-mor de Tomar (sede da Ordem de Cristo), sendo também Provedor das capelas do Infante D. Henrique (o Navegador) com 7 marcos de prata de ordenado. Comendador da Cardiga, em data posterior a 26 de Janeiro de 1493, uma das mais importantes da Ordem de Cristo. Pelo menos desde 1494, foi Alcaide-mor de Seia. Fez testamento em Montemor-o-Novo, em 1496. A 07 de Agosto de 1500, documento refere-o com Fidalgo régio. Faleceu a 25 de Agosto de 1500. Está sepultado junto ao altar-mor da Ermida de Nossa Senhora do Monte, em Santarém, tendo a sua lápide, epitáfio, escudo de armas pleno de Sodré, ladeado de espada e lança-pendão. Epitáfio “Aqui jaz o muito honrado Duarte Sodré que foi veador da caza D’ El Rey D. Manuel e alcaide mor das vilas de Tomar e Sea e comendador da cardiga o qual descende e vem da linhagem da caza do Sodrea que he caza de grandes senhores do Reyno de Inglaterra e finou-se aos 25 dias de Agosto de mil e quinhentos.” Segundo escreve o seu filho Manuel, terá morrido pobre devido à sua generosidade e, enquanto viveu, era muito valido junto do Rei e conhecido no reino. Os seus descendentes que foram Senhores de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), e usavam o apelido Sodré Pereira, eram considerados os chefes do nome e armas de Sodré, até porque também detinham o morgado por ele instituído em 1486.
Teve geração legitimada de Catarina Nunes (os cavaleiros da Ordem de Cristo só puderam casar a partir de 20 de Junho de 1496).
Filho de
12
INÊS SODRÉ
Residente em Santarém. Casada com Gil Pires de Resende, Contador na comarca dos almoxarifados de Santarém e Abrantes, em 1447.
Talvez filha de João Sodré, que foi Cavaleiro em Ceuta com o 1º Governador, D. Pedro de Meneses, e terá participado na sua conquista, a 21 de Agosto de 1415, porquanto servia naquela praça já antes do cerco mouro, pelo Rei de Fez, de 1418-19.
Há algum tempo escrevi que a mulher de Gil Pires de Resende teria sido Maria Sodré, porque diversos indícios aparentemente consistentes assim o indicavam, porém recentemente pude confirmar na Torre do Tombo o acerto da investigação de Maria Ângela Beirante, na obra “Santarém Medieval”, 1980, que indicava antes o nome de Inês Sodré.
Efectivamente, no Núcleo antigo da T.T., nº 335, que inclui o Tombo da Coroa da Comarca de Santarém, no Livro do Senhor Rei D. Afonso V (1438-1481), fl. 52v (T.T. microfilme 6189) lê-se “...olival de Inês Sodré mulher que foi de Gil Pires de Resende…” s/d.
Trabalho publicado na revista "Armas e Troféus" de 2008
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
O Palácio do Correio Velho, Leilões e Antiguidades, S.A., leiloou a carta de brasão de armas de FRANCISCO SODRÉ PEREIRA e um anel com as suas armas a 17 de Abri de 2013 (leilão 301, lote 0299) por 150 euros. Apenas tive conhecimento disso a 13 de Maio de 2013 e desconheço quem ficou com ela...
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
Caro confrade
No recém editado livro "Livro da Fazenda de Tristão Nunes Infante" que transcreve o Tombo de Tristão Infante vem mencionada a compra pelo pai deste de uma fazenda a Fernão Sodré Pereira e sua mulher D. Britis Tibau no Reguengo da Toiosa. Caso desconheça ou tenha interesse poderei transcrever algumas passagens.
Cumprimentos,
José de Castro Canelas
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
FRANCISCO SODRÉ PEREIRA DE LEMOS RANGEL, nascido a 01 de Abril de 1779 , foi Secretário do Duque da Vitória que era o grande general britânico Arthur Wellesley, futuro Duque de Wellington. O título de Duque da Vitória foi-lhe concedido, a 18 de Dezembro de 1812, pelo Príncipe regente D. João (futuro D. João VI).
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
Caro confrade
Trata-se de um Senhor de Águas Belas a vender terras numa das duas zonas onde se constituiu o morgado de Duarte Sodré em 1486. Este Fernão é já do séc XVIII e é dos que teve prédios na zona do cais do Sodré em Lisboa... Nessa época, os Sodré que tenho seguido residiam no Rio de Janeiro.
Cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
Caro confrade,
Como saberá as terras vinculadas aos morgadios, não podiam ser vendidas. Neste tombo é referido que o sucessor do morgado veio contestar a venda feita pelo pai por serem terras vinculadas não tendo ficado provado essa demanda.
Cumprimentos,
JC
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RE: Cartas de Brasão: Bento e Francisco Sodré Pereira
Caro Sérgio Sodré,
Tendo em conta que tem feito um estudo exaustivo sobre os Sodrés em Portugal, será que tem dados sobre os Sodrés de Ourém? Refiro-me a João André Sodré, pai, entre outros, de Gonçalo Gomes Sodré.
Tendo em conta a proximidade geográfica, sabe se têm alguma ligação aos Sodrés de Santarém?
Cumprimentos,
Gonçalo Frutuoso
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