Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
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Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
Venho apresentar alguma da informação que recolhi acerca de Joze Policarpo de Azevedo, esperando que outros participantes no Forum colaborem para um maior esclarecimento sobre o enigmático personagem em fuga ao Marquês de Pombal.
Os dados foram recolhidos básicamente em consultas na Torre do Tombo.
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. Jozé Policarpo de Azevedo -(Bapt.Olivais - 6 /1/ 1735) - filho de Joze Ferreyra de Azevedo (da Freg.StªEngracia)
......................e de Anna Maria (de S.Martinho Danta ou de S.Salvador de Tolloens-Vila Real)
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..Casamento - 24 /10/ 1753, Olivais-Reg.Folha 87 – com Antonia Thereza (desta freg.)onde ambos eram moradores – ela, filha de Francisco Rodrigues e de Thareza - e diz ”consanguin. em 3º e 4º grau” - Testemunha :
Luiz da Costa Velho, desta freg.
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Encontrei as seguintes irmãs de Jozé Policarpo:
. Joaquina (Olivais - 17 /10/ 1730 - Folha 90 v.) - Padrinho : Luiz da Costa Velho
. Anna (Olivais - 7 /4/ 1732 - Folha 112) -Padrinho : Alferes de Beyrollas Manoel Alvares - Nota à
.......................margem diz” Em 10 de Mayo de 1746 mudou o nome na Crisma em Joaquina
. Micaella (Olivais - 22 /9/ 1741 - Folha 230 v.) - Padrinho: Manoel Lytão de Souza
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. Joze Policarpo de Azevedo teve filhos do seu casamento: (Liv.13-Microfilme nº 1125)
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. Matilde ( Olivais - 17 /11/ 1753) - Padrinho : Luiz da Costa Velho, morador nesta freg.
. Anna ( Olivais - 16 /8/ 1756) - Padrinho : Antonio Alvares Ferreira , e parece dizer “cunhado dos pais da
..............................................baptizada”, o que de facto foi referido durante o processo.
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.JPA era funcionário do Jardim do Tabaco
Segundo Camilo , Joze Policarpo ainda viveria em 1777.- O Marquês de Pombal é demitido em 1777, após a morte
de D.José.
Segundo Pinho Leal (na parte que reporta à cidade de Aveiro), quando descreve o sucedido com os Duques D. João e D.José , diz : José Policarpo, falecido em Janeiro de 1783 em Lisboa no Hospital Geral.
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Cumprimentos
Dina Almeida
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RE: Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
2.Continuação
JPA desapareceu após o atentado , sendo activamente procurado como um dos autores , por ordem Marquês de Pombal. As buscas estenderam-se ao estrangeiro e duraram anos.
“ Foram infrutíferas todas as diligências da justiça para se apoderar dele. Por isso os juizes o hão banido, sendo oferecido o prémio de 10 000 cruzados a quem o prendwer no país, e de 20 000 , se a prisão for efectuada no estrangeiro.” --- Cita Damião Peres.
Nunca o encontraram pelo que foi queimado em efígie no dia 13 de Janeiro de 1759, na Praça do Cais de Belém (hoje Praça Afonso de Albuquerque , no jardim fronteiro ao Museu dos Coches)”.
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. Em alguma literatura actual, embora de ficção, não houve uma pesquisa prévia sendo a naturalidade de JPA divulgada em outras regiões do país; vem também citado como mestiço, o que também não parece correcto.
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. Policarpo, por ter fugido, não chegou a ser inquirido; mas nos poucos documentos que encontrei há dados quanto ao seu aspecto físico, emprego, morada, mas nada de filiação. Mas dois dos inquiridos, José Luís da Costa e Manoel Álvares Ferreira, indicam ser ele seu cunhado.
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ASPECTO FÍSICO
- Durante o interrogatório de Manoel Alvares Ferreira, referiu … JPA …” é de estatura ordinária, nem grosso nem delgado, de idade de 25 anos, trigueiro, barba preta, cabeleira de chicote, casaca e calção de pano azul, veste de droguete escarlate”… (GOMES , 1921 – Pág.285).
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(18 /8/ 1759) - Carta de Joseph Guillaume de Mendoça, de Lisboa, morador em Perpignan para D.Luis da Cunha:
Refere a sua acção na prisão em Perpignan de um indivíduo que se dizia JPA e cita o seu aspecto - …
“ Estatura média, pernas e coxas grossas, nem corpulento nem pequeno de corpo dentes pequenos e brancos, nariz mais pequeno que maior, cara nem comprida nem redonda, cor morena, olhos negros e brilhantes, ar por vezes grave atirando ao falar, a cabeça muito para trás, fala grossa...”
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. Veja-se ainda o que diz Camilo Castelo Branco:
......O cunhado de JPA, Manuel Álvares Ferreira, guarda roupa e copeiro do duque de Aveiro, é preso em 13/12/1758,
no palácio de Azeitão
...... Parentes nos Olivais de JPA, desaparecido, são presos e torturados
......JPA é condenado em 1759
......JPA refugia-se em Padrões de Teixeira
......Padrões da Teixeira pertencia ao Senhorio de Gonçalo Cristóvão, preso no Forte da Junqueira. Este era descendente dos Távoras / Mascarenhas por sua avó, irmã do 1º Conde da Torre).
......Prisão deste e de “seus irmãos” - (que serão antes irmãs) - por favorecerem a fuga de JPA.
......Prisão de dois criados de Gonçalo Cristóvão em 1759.
......Cita quanto às supostas localizações de JPA no estrangeiro:
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- Quadro Elementar das Relações Políticas e Diplomáticas de Portugal. Visc. de Santarém - Tomo VI, pg.
158, 160, 164, 168, e 171. - sobre participação da sua prisão em Perpignan, em 1769.
- Quadro Elementar, Tomo VIII, pg. 37 - preso em Badajoz em 1772.
- Post-scriptum da “História do Reinado de El-Rei D.José”, do Sr.Soriano. Tomo II, pg. 647 -
refere o processo instaurado em Badajoz.
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RE: Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
3.
Joze Policarpo de Azevedo, um dos implicados no atentado contra o Rei D.José, indicado como executor da agressão, desaparecido, procurado por todo o reino e fora dele e nunca encontrado.
Quem era afinal ? Que destino levou ?
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José Policarpo era muito novo quando do atentado – de acordo com o assento de baptismo, teria 23 anos, e não 25, como é citado pelas testemunhas nos interrogatórios, a ser correcta a data do assento de baptismo. Casou com 18 anos e a 1ª filha nasce logo a seguir.
A naturalidade da sua mãe, dita de ser de São Martinho Danta - termo de Vila Real, ajuda agora justificar a possível fuga para a região, também a coberto de familiares.
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Não custa aceitar que fosse o “Homem de S.Pedro da Teixeira”.
O Marquês morreu só em 1782 mas, tendo entretanto sido reaberto o processo dos implicados no regicídio, o Duque de Aveiro não foi ilibado de culpas.
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Todavia...ter JPA sido procurado tão acirradamente pelo Marquês de Pombal, até parece sugerir ódio maior que a um simples criminoso plebeu - saberia o Marquês de um laço mais forte entre José Policarpo e a família que estava pretendendo eliminar?
. Por esse motivo JPA teria que continuar a ocultar a sua identidade!
MAS ... Então, como poderia José Policarpo descender da casa Mascarenhas?
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. Sendo Policarpo filho natural, qual a razão de o assento de baptismo não o dar como tal, atitude frequente na época? - A sua mãe já seria casada então.
. Poderá a bastardia respeitar a um dos seus progenitores declarados no baptismo, o que me parece difícil de averiguar.
. Por hipótese de alguns seria filho natural do duque D.João mas este desapareceu muito antes da data do seu nascimento. Portanto essa hipótese estaria à partida errada.
Todavia, se D. João desapareceu, por que não pensar que ele mesmo se tenha refugiado em Além Douro e vir a ser de facto posteriormente pai de José Policarpo ?
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Agradeço a quem possa colaborar com a correcção de possíveis erros ou mais esclarecimentos.
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RE: Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
5.
Em “O Perfil do Marquês de Pombal”, Camilo Castelo Branco debruça-se sobre a figura de JPA e lança uma nova controvérsia.
. Cerca de um século depois do atentado, um Bacharel Transmontano de nome Valentim de Faria Mascarenhas de Lemos e um seu irmão Alexandre, seriam netos do fugitivo.
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Quem era Valentim ?
“Era louro, tipo do norte e um farto bigode guiado até às orelhas, largo de espáduas, e um relançar de olhos sinistro”, gentilíssimo e destemido, como diz Camilo.
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. Baptizado em 11 /2/ 1825 em Gestaçô-Baião-Porto . Filho de Alexandre de Faria, do lugar de Quintela, Gestaçô, lavrador e proprietário e de Joana Rita de Carvalho, de S.Pedro da Teixeira, lugar da Ponte.
. Bacharel na Faculdade de Direito de Coimbra com carta de 7 /7/ 1853.
. Administrador do Concelho de Baião (1854 -1857), com louvor pela acção que desenvolveu durante a epidemia de cólera morbus.
. Nomeado Delegado do Procurador Régio na Comarca de Vila Real em 23/11/ 1860.
. Consta em relação à comarca de Aveiro, na lista dos Delegados que deixaram de cumprir no mês de Junho de 1875 , o preceito nº2 da Circular nº258 da Procuradoria Régia do Porto.
. Valentim terá ficado surdo e retirou-se para uma Quinta que possuia em S.Miguel de Lobrigos.
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. O assento de casamento dos seus pais, diz que Alexandre de Faria Souto Maior de Lemos Mascarenhas, casou com Joana Rita de Carvalho em 27/4/1799 - S.Pedro da Teixeira ; aqui constam os nomes dos pais dos nubentes.
Convem dizer que o assento aparece no livro de S.Pedro da Teixeira em última folha, escrito com letra e termos muito cuidados, o que distoa um pouco dos assentos anteriores.
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RE: Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
6.
. Investiguei o ramo materno de Valentim, bem documentado pelos registos paroquiais, em alguns até ao 6º avô, em S.Pedro da Teixeira. Nos finais do séc. XVII há ascendentes em Santa Cristina de Arões e outros em Santa Cristina de Mesão Frio.
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. No ramo paterno a pesquisa ficou complicada.
. Não consegui encontrar o assento de baptismo do pai Alexandre de Faria em Gestaçô .
. Alexandre Ferreira de Faria, avô de Valentim, é citado como natural de Santos Velhos, Lisboa. Fiz pesquisas nas paróquias de Santos o Velho e em Santiago dos Velhos - Arruda dos Vinhos.
Sobre S.Tiago dos Velhos, dita freg. dos Santos Velhos, conc. de Arruda dos Vinhos li que:
- “… à casa dos Duques de Aveiro ficou pertencendo a comenda e a alcaidaria – mor da vila de Arruda que era do mestrado de Santiago e, provávelmente nessa casa se conservou até à execução do último Duque de Aveiro em 1758. É crença que nesta vila existiu um palácio dos Duques de Aveiro ( cerca do local da escola masculina) mas não é certo”
Todavia nesta freguesia, nos Livros Mistos 1, 2 dos Baptismos 1 e 2, e dos Casamentos 1, nada encontrei, bem como em Santos o Velho de Lisboa.
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. Alexandre Ferr.Faria era filho de Gregório Ferreira , de Lisboa e de Agueda Ferreira, de Vila Verde, termo de Torres Vedras.
Pesquisei em Vila Verde dos Francos, Torres Vedras; não há registos da época - a vila passou por pestes e depredações várias, a última das quais pelas tropas de Massena, e entrou em decadência.
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. Maria Joaquina Mascarenhas , avó de Valentim , também de Santos Velhos, era filha de Antonio Ribeiro de Souto Maior e de Mariana Antonia Mascarenhas, ambos de Lisboa.
Também aqui não consegui esclarecer mais nada.
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. Ora, segundo Camilo :
“Perguntei a Valentim de Mascarenhas se o seu avô usara o apelido Mascarenhas. Disse que não; que seu pai foi quem deu aos filhos esse apelido por ter ouvido dizer à viúva de Policarpo que seu marido era ainda descendente por bastardia de uns fidalgos de Lisboa assim chamados….”
…… Talvez esteja certo
….... Talvez esses “uns” fidalgos em causa fossem outros que não os da Casa de Aveiro.
…… Talvez a hipótese de Camilo fosse correcta e então Alexandre Ferreira de Faria não foi mais que Jose Policarpo de Azevedo….. Mas o nome Mascarenhas aparece apenas na mulher dele…
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RE: Família e percurso de Joze Policarpo de Azevedo
7.
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Rita Valentina Lopes Mendes teve de Valentim, antes do casamento, uma filha que deixou descendência.
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Rita, foi Baptizada em 16/2/ 1835 em S.Dinis , Vila Real – Filha de Antonio Lopes Mendes , do lugar Cazalermo, Santa Maria de Matamá, Guimarães e de Ana Maria Emilia, de S.Dinis.
Pesquisei a sua ascendência, toda no Minho, Trás os Montes ou Viseu.
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. Sobre o irmão de Rita, Antonio Lopes Mendes, há extensa bibliografia ; como diz Pinho Leal,
“É ... infatigável viajante e explorador - distinto escritor público - mimoso paisagista - agrónomo - ex professor do Instituto Agrícola - ex deputado às corte - sócio efectivo da benemérita Sociedade de Geografia de Lisboa - cavalheiro amabilíssimo - tão modesto como ilustrado.”
Esteves Pereira diz dele:
“ ...Médico veterinário, escritor, agrónomo, deputado...
...O explorador francês Créveaux foi assassinado pelos índios, com toda a sua comitiva nas margens do rio Polymayo. António Lopes Mendes resolveu ir continuar os trabalhos dele, à sua custa, e percorreu toda a bacia hidrográfica do Amazonas e grande parte do Brasil, Perú e repúblicas da Prata.”
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Casou em 11/9/1873 com Joana Maria Santos Oliveira, irmã de José Maria dos Santos, par do reino por Évora, ex deputado às cortes e grande capitalista e proprietário no Alentejo. O casamento foi na capela do palácio das Picoas do seu cunhado.
O seu filho Alberto nasceu em 13/4/1880.
Faleceu em Lisboa, 31/ 1/ 1894.”
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