Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
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Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Dá-se conhecimento da publicação do nosso livro "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro" que se encontra disponível em www.bubok.pt (pesquisar por “painéis”).
Defendemos nesta obra que os Painéis de S. Vicente de Fora foram executados em memória do infante D. Pedro, cuja imagem tinha sido denegrida pelos seus opositores logo a seguir à subida ao poder de D. Afonso V. Reflecte também o perdão mais tarde concedido por este rei aos partidários e familiares do antigo regente de Portugal falecido na batalha de Alfarrobeira
O facto de termos identificado uma série de indícios e pistas relacionados o Infante D. Pedro levou-nos a esta conclusão. Vejamos alguns:
•O “judeu” onde visualizamos um doutor em leis, beneditino, oriundo da Borgonha que só pode ser Jean Juffroy embaixador enviado pela duquesa D. Isabel com a missão, entre outras, de protestar contra o enterro vergonhoso dado ao corpo de D. Pedro, após o seu falecimento na batalha de Alfarrobeira. Chama-se a ainda atenção para o pormenor do indicador direito daquela personagem estar a apontar precisamente para o seu nome (em latim) no livro “ilegível”. A presença desta figura prova que os Painéis são uma evocação de D. Pedro, não havendo outra justificação para esta personagem estar ali.
•O caixão e o peregrino formam um conjunto cuja leitura nos conduziu também ao Infante: um caixão aberto a significar que apesar dos sucessivos enterros dos seus restos mortais, todos estes foram em vão; um peregrino idoso a simbolizar os anos e as viagens feitos pelos ossos de D. Pedro.
•A decifração no livro aberto do painel do Infante de uma pergunta “quem é o pai?” e a respectiva resposta “o pai…está à direita”, isto é, está a dar indicações ao observador da pintura onde se encontra o pai da rainha D. Isabel (a jovem), que localizamos na personagem com um joelho no chão do painel do Arcebispo.
•Uma proposta, praticamente inédita, para a figura santificada baseada nas cenas e interações que vemos nos painéis centrais
•E outros mais onde se incluem identificações para os seus familiares e apoiantes mais próximos.
A publicação deste trabalho visa contribuir e abrir novas pistas de investigação, de modo a se poder descortinar um pouco mais o mistério que envolve os Painéis de S. Vicente de Fora.
Cumprimentos
Clemente
(www.clemente-baeta.blogspot.com)
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro Clemente
Verifico que seguiu a minha sugestão de criar um tópico sobre o seu livro.
Os pontos que destaca são interessantes, nomeadamente o primeiro.
Se de facto prova que o "judeu" é o embaixador da Borgonha, então ter-se-á de olhar e entender esta pintura noutra perspectiva histórica
Vou fazer o download do seu livro e depois de o ler farei os meus comentários.
danib
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro danib
Agradeço as suas palavras.
Ainda sobre Jean Juffroy chamo a sua atenção para o ar carrancudo que esta figura apresenta e o modo como está a desfolhar o livro num sentido contrário ao habitual: está a mostrar, a D. Afonso V, a sua indignação pela indiferença que este mostrou perante os discursos que lhe fez.
Esta interpretação enquadra-se também no perfil daquele embaixador.
Cumprimentos
Clemente
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro Confrade
Não percebo como pode propor para as figuras centrais outro santo que não seja S. Vicente !
Parece que já não dúvidas sobre este assunto, que está fechado há muito tempo !
Basta ver como o Museu Nacional de Arte Antiga o apresenta !
alexamar
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro aleamar
Este assunto sobre quem é a figura do santo tem sido objecto de inúmeras discussões e polémicas, cujas teses para o tema dos Painéis, se baseiam na maior parte das situações na identificação do santo: S. Vicente, O Infante Santo, S. Cispim e S. Crispiano, S. António e outras mais.
O meu estudo até considera que a identificação do santo não é fundamental mas, identificado o tema central, foi possível propor outro santo que se liga de certo modo com o infante D. Pedro: encontrámos quatro detalhes que sportam essa identificação.
Cumprimentos
Clemente Baeta
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro(a) alexamar
"(...) Não percebo como pode propor para as figuras centrais outro santo que não seja S. Vicente !
Parece que já não dúvidas sobre este assunto, que está fechado há muito tempo !(...)"
Como pode ter a certeza que é S. Vicente que está representado, se as relíquias que identificam e acompanham as representações do Santo estão ausentes? Ou mesmo de qualquer outro Santo.
O Museu Nacional de Arte Antiga denomina os painéis por "Painéis de S. Vicente de Fora", porque estavam anteriormente na Igreja de S. Vicente de Fora, não significando por isso que ali esteja sem dúvida alguma representado o Santo.
Cumprimentos,
Rui Rodrigues
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Cao confrade
Veja o site do MNAA http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/pt-PT/exposicao%20permanente/obras%20referencia/ContentList.aspx onde pode verifica o modo como esta instituição se refere aos panéis:
"Sendo este políptico fonte inesgotável de leituras e interpretações, um segmento considerável da recente historiografia concorda no facto da representação se centrar na Veneração a São Vicente no contexto das campanhas da Dinastia de Avis contra os mouros, em Marrocos"
Esta recente historiografia é ainda por eminentes Profs. Drs. historiadores de arte como por exemplo Fernando António Baptista Pereira, Vitor Serrão, Pedro Flor, Dalila Rodrigues e por aí fora
Cumprimentos
alexamar
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro alexamar
Na minha perspectiva só se visualizam dois atributos que se podem ligar a S. Vicente: o facto do santo evergar uma dálmática e as cordas no chão.
Mas estas últimas eram utilizadas nas representações deste santo em quadros com origem em Aragão/Catalunha e Castela (Sec XV).
Em Portugal os atributos utilizados são a palma e a barca/nau acompanhados dos corvos.
Veja o Selo da Câmara de Lisbooa do tempo de D. Afonso IV (Séc. XIV) onde já se visualizam os corvos e a barca.
A figuração do livro é comum a outros santos.
Repare que nãp pretendo entrar em polémicas sobre este ponto, que não é fundamental no ponto de vista que exponho no meu livro. Este pormenor tem suscitado inúmeros debates, cujas conclusões finais dos participantes são exactamente as mesmas que tinham no ínicio.
Os pormenores que encontro para propor outro santo são simples e visíveis em dois casos, enquanto nos outros é preciso saber um pouco de história e religião.
Cumprimentos
Clemente
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Que Santo? RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro confrade Clemente,
Num livro publicado em 2003 com o título "Outro Santo Outro Infante", a autora e museóloga Julieta Marques identifica o Santo como sendo Santo António e diversas personagens não coincidentes com as interpretações mais "oficiais".
Já o Prof. José Ferreira Coelho (médico e pesquisador) num livro publicado em 2010 com o título "Portugal nos séculos XIII-XIV-XV, Relexões históricas" faz o estudo da relíquia (também objecto de uma palestra efectuada na SGL) apresentada pela figura ajoelhada e trajada de vermelho como sendo um pedaço do crânio de Sâo Vicente. Nessa sua palestra o Prof. Ferreira Coelho demonstrou que o fragmento do crânio é compatível com a descrição da pancada como foi morto São Vicente.
cumprimentos
Carlos Calado
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RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro alexamar
O meu comentário foi única e exclusivamente para a sua exclamação:
"(...)Parece que já não [há] dúvidas sobre este assunto, que está fechado há muito tempo !(...)"
O que eu pretendia dizer é que os painéis não são assunto fechado. Veja que na sua resposta descreve o texto do MNAA e as palavras chave que vão de acordo com o meu comentário são:
"(...)um segmento considerável da recente historiografia concorda(...)"
Se existe um segmento considerável que concorda significa que existe outra parte do todo que não concorda, logo não é assunto fechado.
Em 2007, uma deputada do PS propôs a realização de um colóquio a nível internacional para a questão de "Colombo" e outro para a questão dos "Painéis de São Vicente". Os colóquios nunca foram realizados porque morreram em trânsito de secretaria no jogo do "chuta a bola para outro". Como vê não é assunto fechado.
Em opinião pessoal tenho o trabalho de António Salvador Marques como perspectivas interessantes mas que vão contra outras análises que um segmento considerável da historiografia apoia.
Aproveitando o facto de o caro Carlos Calado ter "postado" também um comentário, digo também que um segmento considerável da recente (felizmente cada vez menos) e (acrescento eu) da velha historiografia concorda no facto de que Cristóvão Colón (Colombo para esse mesmo segmento) era um tecelão genovês.
E o facto de o confrade usar o "um segmento considerável" e tomá-lo como "toda a gente" faz lembrar também, e seguindo a linha do genovês, o "Toda a gente dizia que ele era de Génova" ou "Ouvi dizer que ele era genovês...".
É apenas este o meu ponto de vista em reacção à sua exclamação, nada mais. Não conheço sequer este novo "olhar" do caro Clemente e por isso não opino sequer se concordo ou não com a identificação que faz da figura central.
Cumprimentos
Rui Rodrigues
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Que Santo? RE: Novo livro - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro Carlos Carvalho
Obrigado pela sua informação sobre a existência desses dois livros, que de facto já conhecia.
No caso do título da Dra. Julieta Marques, e com todo o respeito que tenho pela senhora, penso que fazer remotar as cenas dos Painéis ao tempo de D. João I será um pouco forçado: as personagens identificadas pertencem à corte deste rei. Identifica as figuras santificadas como Santo António baseando-se, entre outros pressupostos, no culto que lhe era prestado pela família real.
Quanto ao livro do Prof. Ferreira Coelho, que contem dois pequenos capítulos sobre os painéis, pouco acrescenta salvo o pormenor de visualizar na relíquia sinais de um forte traumatismo. Recordo que já anteriormente, num dos livros de Bélard da Fonseca, tinha sido feita uma descrição exaustiva sobre a mesma e que o confrade JFMenénez aqu transcreveu em
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=320166
Cumprimentos
Clemente
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S. João Evangelista - "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo)"
Caro Rui Rodrigues
Aproveitando a sua "deixa" não posso de lhe "revelar" que na minha perspectiva o santo representado nos Painéis é S. João Evangelista. Noutra mensagem já tinha referido "Uma proposta, praticamente inédita, para a figura santificada baseada nas cenas e iterações que vemos nos painéis centrais".
Porquê praticamente inédita? Que eu tenha conhecimento apenas Conceição Silva, no seu livro "Os Painéis do Museu das Janelas Verdes" se referiu a este santo e de um modo não profundo neste termos "é portanto o Melki-Tsedek da tradição hebraica, o Preste João da lenda cristã, o Rei do Mundo na crença asiática, S. João o discípulo amado que ficará até que eu volte".
Quais são os indícios que suportam a nossa tese? Vejamos uma síntese (os pormenores estão mais desenvolvidos no livro):
>>> o texto da 1ª página do livro aberto do painel do Infante é uma transcrição de um capítulo do evangelho de S. João.
>>> a rainha D. Isabel (a jovem) era profundamente devota deste santo: a) marcou as cerimónias do seu casamento para o dia que a igreja celebra o martírio deste apóstolo; b) os nomes escolhidos para os seus 3 filhos foram sucessivamente João (falecido jovem), Joana e João (que viria a ser o futuro D. João II) c) deixou, em testamento, indicações ao rei para este que mandasse erigir um mosteiro evocativo de S. João Evangelista.
De salientar ainda que na pintura desta época era muito comum os doadores se fazem representar junto do santo da sua devoção. Como a D. Isabel já tinha falecido na data de execução da pintura um dos patrocinadores, D. Afonso V, cedeu esse lugar à sua esposa, como uma prova do profundo amor que lhe tinha.
>>> o simbolismo associado ao livro fechado (encoberto) que o santo segura no painel do Arcebispo e que depois é aberto (revelado) no painel do Infante, também nos conduziu a S. João Evangelista, porque foi este o autor do Livro da Revelação da Bíblia, mais conhecido como Apocalipse (que em grego significa revelação).
Acrescente-se ainda a leitura/interpretação que fizemos do livro aberto também nos "revelou" algo que estava escondido
>>> a cena que visualizamos no painel do Arcebispo é para nós a investidura do infante D. Pedro no cargo de Regente do reino (outra "revelação"), que se deu no dia 27 de Dezembro, data escolhida pela Igreja para celebrar S. João Evangelista
Pensamos, pelo que atrás ficou exposto, que a nossa opinião não é de todo infundada e que se enquadra no tema principal que defendemos para os Painéis.
Cumprimentos
Clemente
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RE: Novo livro -
Caro Confrade
Aceito que o MNAA mantenha uma porta aberta para outras interpretações, contudo não deixa de os referir, no mesmo link, como "Veneração a S. Vicente".
Porquê é que os nossos mais ilustres historiadores de arte, especialistas nos mais diversos campos de análise de uma pintura, mantêm em comum a defesa de o santo se tratar de S. Vicente? Será por "solidariedade corporativa e defesa de classe" ? Creio que não.
Pegando na última mensagem do confrade Clemente, onde este defende que o santo é S. João Evangelista, cujos argumentos que apresenta até são simples e lógicos dentro da sua tese, pergunto porque é que os historiadores nunca analisaram aqueles detalhes que estão à vista de todos e os interpretaram de acordo com os seus profundos conhecimentos...? Creio que, na sua visão, esses pormenores não são importantes.
Não sei se o autor da tese que estamos comentar é um especialista no campo das artes ou um amador (entenda-se esta palavra no seu sentido mais nobre: aquele que ama). Ficam estas questões.
Cumprimentos
alexamar
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RE: Novo livro -
Caro Alexamar
No meu livro não critico qualquer uma das teorias já divulgadas, sejam elas de suporte à tese oficiosa ou de oposição à mesma.
Não pretendo fazer juizos de valor sobre o método de análise e investigação seguido pelos licenciados ou douturados em qualquer ramo da história de arte.
Reconheço que os apoiantes do chamado ponto de vista oficioso, dificilmente acatam as propostas feitas pelos curiosos ou amadores (no sentido mais elevado da palavra, como refere).
Procurei seguir o meu caminho. embora reconheça que sem o trabalho desenvolvido anteriormente pelos estudiosos seria muito dificil chegar às conclusões que apresentei.
Recordo, assim de repente, apenas da aceitação que os "oficiosos" fizeram da identificação que Teresa S. Castello-Branco (da "oposição") propôs para a figura que mostra a relíquia: um vereador da câmara de Lisboa. A talhe de foice aponto no meu trabalho um nome concreto para esta personagem.
Reafirmo que a identificação do Santo não é o aspecto mais importante da minha tese. É apenas um complemento.
Veja p.f. a primeira mensagem deste tópico.
Cumprimentos
Clemente
(www.clemente-baeta.blogspot.pt)
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