Linhagens medievais portuguesas - 1279-1325 (José Augusto de Sotto Mayor Pizarro)
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Linhagens medievais portuguesas - 1279-1325 (José Augusto de Sotto Mayor Pizarro)
É a tese de doutoramento de José Augusto de Sotto Mayor Pizarro, (1997). Um documento interessantíssimo tanto pelo seu conteúdo histórico como pela enorme riqueza de fontes. Permito-me dizer, que é um mais um "tesouro" para quem anda neste mundo da genealogia
O autor utiliza uma linguagem muito cativante que desperta ainda mais o interesse e permite, pela riqueza das fontes, esclarecer dúvidas a quem se preocupe com o rigor e a verdade dos factos.
Deixo aqui o link - dois ficheiro em pdf.
https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/18023
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Linhagens medievais portuguesas - 1279-1325 (José Augusto de Sotto Mayor Pizarro)
Cara Senhora e confrade neste Forum,
Quero agradecer-lhe pùblicamente a indicação do link. Infelizmente para jà tive de me contentar com uma leitura ao de leve, pois é feriado e preciso de comprar papel para imprimir.
Mas não imagina o "apetite" que a leitura ràpida despertou. Muito e muito obrigada. Com os meus melhores cumprimentos. Natércia Laforie
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Linhagens medievais portuguesas - 1279-1325 (José Augusto de Sotto Mayor Pizarro)
Senhora D. Natércia Laforie,
Obrigada. Foi a pensar no valioso contributo que este trabalho pode dar a quem se interessa pela genealogia que o trouxe a este Forum.
Com o mesmo entusiasmo, deixo aqui um pequeno apontamento (Volume I)
“… Com efeito, a tarefa de reconstituição genealógica a que nos abalançamos, não sendo impossível, seria extraordinariamente morosa, e penosa, sem o auxílio destas três fontes, especialmente "o Conde D. Pedro". Naturalmente que tem erros e omissões, como teremos ocasião de demonstrar na segunda parte desta dissertação. Algumas das omissões inclusive, são manifestamente propositadas, o que, em nosso entender, merecia um estudo específico, procurando-se assim conhecer melhor os "amores ou ódios" dos autores, quer do texto original quer das duas refundições, em relação a determinados indivíduos e/ou famílias.
Pese embora este facto, o certo é que a estrutura proporcionada pelo encadeado de gerações e a simples indicação dos nomes e de alguns cargos, se tornou num apoio de utilidade indiscutível, na hora de identificar os milhares de dados que tínhamos recolhido da documentação arquivística .
Depois deste período áureo da linhagistica portuguesa que, graças à última refundição do "Livro de Linhagens" do Conde D. Pedro, podemos alargar até ao final do séc. XIV, a produção genealógica entra em colapso e, que se saiba, a centúria seguinte não produziu qualquer obra digna de menção. Pelo contrário, o labor cronistico do bastardo de D. Dinis teve, nesse período, os seus mais célebres expoentes.
Assim, teremos que aguardar pelo séc. XVI para que de novo surjam textos genealógicos com alguma importância. De resto, datam também desta centúria, nomeadamente do período manuelino, algumas das mais importantes medidas e produções no campo da heráldica, onde sobressaem, entre outras, o "Livro do Armeiro-mor" ou a lindíssima "Sala dos Brasões do Paço Real de Sintra", para além, como é óbvio, da reestruturação do cargo e do regimento do armeiro-mor, de 1507 .
Desse século, porém, apenas seria impresso um nobiliário, o anónimo "Livro de Linhagens do Século XVI" (c. 1549-55), publicado em 1956 pela Academia Portuguesa da História, com uma "Introdução" de António Machado de Faria. Sem qualquer utilidade para o período anterior ao séc. XV, para o qual é inteiramente subsidiário dos livros de linhagens anteriores, tem sido bastante usado pelas suas informações relativas a Quatrocentos e à primeira metade de Quinhentos, mas, como se compreenderá, não sabemos até que ponto as suas informações merecem crédito.
Há notícia de outros nobiliários feitos no séc. XVI, a maioria dos quais, possivelmente, serão cópias do texto do Conde D.Pedro; mas existe um, geralmente atribuído a Damião de Góis e que será, porventura, aquele que mais interesse e curiosidade desperta, muito embora nunca se tenha tentado a sua edição .
Nas duas centúrias seguintes vão surgir alguns nomes dos mais famosos da genealogia portuguesa, mas, infelizmente, os sécs. XVII e XVIII também serão responsáveis pelo completo descrédito com que a genealogia chegou, praticamente, até aos nossos dias . Vejamos alguns dos nomes, e das obras, que merecem aquela fama.
Do séc. XVÏÏ podem-se citar os nomes de Gaspar Álvares Lousada, de Gaspar Estaco, de D. António de Lima Pereira, ou de Cristóvão Alão de Morais. Seria este último, porém, e justamente, o mais considerado desse período. Autor da "Pedatura Lusitana", a sua carreira de magistrado em vários pontos do país permitiu-lhe compulsar uma vasta gama de fontes, tornando a sua obra uma das mais seguras da época, a ponto de ter merecido uma edição já neste século, estando prevista para breve uma outra . Criticado por autores posteriores, nomeadamente por D. António Caetano de Sousa, por ter tratado famílias exteriores à nobreza, foi o primeiro genealogista a distinguir, com clareza, genealogia de nobiliárquica - sendo mesmo por alguns considerado como o pioneiro da genealogia científica em Portugal - postura que só neste século viria a ser continuada.
O séc. XVIII foi bem mais produtivo - Diogo Rangel de Macedo, Manuel de Sousa da Silva, D. Tomás Caetano do Bem, D. António Caetano de Sousa, Manso de Lima, Montarroio Mascarenhas, Felgueiras Gayo, Lima Bezerra, entre muitos outros - obrigando-nos a reter um maior número de casos.
Jacinto Leitão Manso de Lima (1690-1753), foi um dos genealogistas mais conscienciosos dessa centúria, deixando um extenso "Nobiliário das Famílias de Portugal", obra de mérito e geralmente bem fundamentada e que, finalmente, vai ser publicada na íntegra, o seu contributo para a Idade Média é pouco volumoso e de credibilidade desigual, mas ainda assim contem informações interessantes.
Manuel José da Costa Felgueiras Gayo (1750-1831), deixou-nos também um "Nobiliário de Famílias de Portugal", trabalho extenso e geralmente muito utilizado pelos genealogistas. Bastante inferior em qualidade, tanto em relação a Alão de Morais como a Manso de Lima, as suas referências à Idade Média são geralmente cópia do nobiliário do Conde D. Pedro; quando não, o melhor é não serem levadas em conta, excepto para se apreciar até onde podia ir a imaginação e a fantasia dos genealogistas da época .
Dificilmente, porém, se pode falar da produção genealógica do século XVIII sem referir o nome do teatino e académico D. António Caetano de Sousa (1674-1759). Um dos fundadores da Academia Real da História, é precisamente no âmbito académico, influenciado pela busca do rigor histórico, que vai compor a "História Genealógica da Casa Real Portuguesa", estribada em diversos volumes de "Provas" .
Obra monumental, foi publicada entre 1739 e 1749 e, mesmo contendo algumas inexactidões, como vários autores se preocuparam em salientar, é inegável que se trata de um trabalho ainda hoje incontornável, mercê do manancial de informações ali contido, transcrevendo-se vários diplomas, reproduzindo-se selos e moedas, alguns dos quais se perderam depois irremediavelmente.
Para a parte medieval, e depois da "Monarquia Lusitana", deverá ser o trabalho que mais espaço lhe dedicou, não se podendo esquecer o seu contributo para a genealogia medieval, através de biografias e da descendência de Reis, Infantes ou bastardos régios, ou pela publicação do "Livro de Linhagens do Deão", até aí inédito.
Na passagem do séc. XVIII para o séc. XIX, e se bem que não fosse um genealogista, não podemos deixar de mencionar o nome de José Anastásio de Figueiredo que, na sua "Nova Malta", e mercê dos inúmeros diplomas que compulsou, deixou algumas informações importantes sobre vários membros da nobreza medieval .
Entrados no séc. XIX, o espírito liberal não se compadeceu com prosápias, condenando impiedosamente as fantasias e os delírios de muitos genealogistas do período anterior - e por arrastamento aqueles que mais seriamente a tinham estudado - deixando a genealogia completamente desacreditada. A tal ponto, que é bem conhecida a afirmação de Braamcamp Freire -
"Alguns chamam-me genealogista: é espécie a que não pertenço. Genealogista é sinónimo de mentiroso e de parvo" .
Recuemos um pouco. Curiosamente, foi uma das figuras mais consagradas do liberalismo que reabilitou, se não a genealogia, pelo menos o crédito das fontes linhagísticas medievais.
Publicada em 1854, a "Memória sobre a origem provável dos Livros de Linhagens" prenunciava, como um "arauto", a importância que Alexandre Herculano atribuía àquelas fontes, e às quais viria a destinar a maioria do primeiro volume dos "Portugaliae Monumenta Histórica", na secção dos "Scriptores". Editando na mesma obra os textos do "Livro Velho de Linhagens" - até aí inédito -, do "Livro de Linhagens do Deão" e do "Livro de Linhagens" do Conde D. Pedro, Herculano prestava um enorme serviço aos estudiosos do período medieval, historiadores como genealogistas, porque o seu espírito superior compreendera que o valor e o significado daquelas fontes ultrapassava em muito o simples encadeado de gerações e de nomes. …” (pag. 137 a 142).
Os meus cumprimentos,
Ilda Pais Soares
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