História de Gaia, do Conde de Campo Belo
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História de Gaia, do Conde de Campo Belo
Prezados/as, bom dia!
Alguém possuiria, ou saberia como ter acesso aos fascículos da História de Gaia, do Conde de Campo Belo?
Cumprimentos, Vinícius.
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História de Gaia, do Conde de Campo Belo
Caro Vinícius,
Bom dia.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, através do Gabinete de História e Arqueologia, editou há anos a "História de Gaia", em fascículos, infelizmente, incompleta.
Dessa obra, os fascículos 13, 14, 16, 17 e 22 são integralmente dedicados à história da Casa de Campo Belo, da autoria de D. Henrique Leite Pereira de Paiva Távora e Cernache, Conde de Campo Belo, descendente de Álvaro Anes de Cernache, Alferes porta-bandeira da Ala dos Namorados na batalha de Aljubarrota e fundador da Casa de Campo Belo.
A obra está disponível para consulta, pelo menos, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia e, talvez, possa ainda ser adquirida num dos alfarrabistas do Porto, mormente, na Livraria Chaminé da Mota, da Rua das Flores, ou na Livraria Moreira da Costa, da Rua de Aviz.
Como possuo os ditos fascículos, se lhe puder ser útil, disponha.
Cumprimentos.
César Tavares
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História de Gaia, do Conde de Campo Belo
Prezado César, bom dia!
Primeiramente, muito obrigado pela gentileza e informações sobre a publicação, como moro no Brasil, sua ajuda será grande valia!
Creio que o que procuro, está exatamente no fascículo 13; seria possível me enviar o que é dito aí sobre os Cernaches, senhores de Gaia-a-Grande, e mais especificamente ao casal Gregório de Cernache e D. Joana de Noronha, e os ascendentes destes?
Caso seja algo muito longo, pelo menos as partes que julgar importantes.
Mais uma vez, muito agradecido!
Cumprimentos, Vinícius.
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Caro Vinícius,
Transcrevo aqui alguns trechos da História de Gaia, editada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, através do Gabinete de História e Arqueologia, relativamente à Casa de Campo Belo e à família Cernache, matéria esta da autoria de D. Henrique Leite Pereira de Paiva Távora e Cernache, conde de Campo Belo.
A Casa de Campo Belo:
Cernaches, Senhores de Gaia-a-Grande
História de Gaia
Fascículo 13:
“Dessa primitiva construção, levada a efeito por Álvaro Anes de Cernache, mantêm-se, ainda actualmente, a torre com sua escada embutida na espessura da parede, embora modificada nas ameias, e várias portas ogivais, nitidamente medievais. Aquando da invasão castelhana, em 1580, tendo-se o Prior do Crato hospedado em Campo Belo na sua retirada para o Norte, depois do infeliz recontro com Sancho de Ávila, este general como revindicta mandou incendiar os Paços de Campo Belo.
Coube a Martim Vaz de Cernache o reerguê-los; fê-lo ao gosto de então. É dessa época o salão nobre de tecto de castanho apainelado em alta maceira, guarnecido de florões;…
Também é dessa o velho portão de entrada, armoriado com o brasão dos Cernaches: escudo inteiro: de vermelho, 5 palas de ouro, bordadura cosida de azul, carregada de 11 vieiras de prata.”
In Nobres Casas de Portugal, de António Lambert Pereira da Silva, Livraria Tavares Martins, Porto, 1958
Situada a meia encosta da colina rematada pelo que resta do castelo de Gaia, dominando largo trecho do rio Douro e enfrentando todo o velho Porto cingido pela muralha fernandina, ergue-se com acesso pela vetusta, íngreme e sinuosa rua do Rei Ramiro, a Casa de Campo Belo, uma das mais antigas senão a mais antiga edificação adentro da novel cidade de Gaia.
O fundador da Casa foi Álvaro Anes de Cernache, Alferes porta-bandeira da Ala do Namorados na batalha de Aljubarrota, companheiro de armas do Mestre de Aviz na guerra da Independência e na tomada de Ceuta…
Era ele filho de Fernão Álvares Vieira, um dos que acompanharam o Mestre de Aviz quando o Conde de Andeiro foi morto e a quem depois de subir ao trono, D. João I deu a Alcaidaria-Mor de Tavira, que casou em Cernache.
Seu filho, Álvaro Anes, que por alcunha se chamava “de Cernache” e por próprio apelido de “Vieira”, terá nascido na vila de Cernache, cujo nome adoptou.
Visto a cidade do Porto ser naquela altura feudo episcopal , D. João I necessitava de pessoa de sua inteira confiança para governar a vila de Gaia, a barra do Douro e a orla marítima desde Caminha até à Figueira da Foz e entregou cargo de tanta responsabilidade e Álvaro Anes de Cernache. Casou com Senhorinha Anes, filha de João Martins de Beire, de quem não houve sucessão, mas sendo ainda solteiro teve de Clara Anes, também solteira, um filho por nome Fernão Álvares de Cernache, legitimado por Carta de D. João I, em 23 de Junho de 1422 e que veio a suceder-lhe em todos os cargos e senhorios.
Álvaro Anes de Cernache faleceu em 1442, tendo sido sepultado na igreja do vizinho mosteiro das religiosas dominicanas de Corpus Christi.
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Fascículo 14:
Gregório de Cernache e D. Joana de Noronha
Gregório de Cernache, visto seu irmão mais velho, Fernão Álvares de Cernache ter morrido solteiro e Frei Cristóvão ter ingressado na Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém, veio a ser o 4.º Senhor de Gaia-a-Grande e da Casa de Campo Belo, por carta de D. Manuel I, de 23 de Março de 1518.
Gregório de Cernache casou com D. Joana de Noronha, filha única de D. Sancho de Noronha e de sua mulher D. Maria da Cunha, o qual D. Sancho era filho de D. Nuno de Noronha, neto de D. Henrique de Noronha e bisneto do Conde de Gijón, D. Afonso de Noronha, este filho de D. Henrique II, Rei de Castela e da Infanta D. Isabel, filha de D. Fernando, Rei de Portugal.
De Gregório de Cernache e D. Joana de Noronha foram filhos:
Fernão Vaz de Cernache, que também usava o nome de Fernão Vaz Cernache de Noronha, foi o 5.º Senhor de Gaia-a-Grande. Teve também o cargo de Juiz da Alfândega do Porto.
Combateu em África e manteve-se dois anos em Azamor, tendo-lhe sido atribuída a Comenda de S. Martinho de Soeiro, no Arcebispado de Braga. Como donatário de Gaia-a-Grande, questionou judicialmente o Senado da Câmara do Porto sobre ancoragens no Rio Douro e sustentou demanda com o mosteiro da Serra do Pilar. Possuiu um galeão por nome “Espírito Santo” destinado à pesca do bacalhau na Terra Nova e a vigilância da costa.
Casou com D. Brites Pereira, filha de Rui Leite, Feitor e Capitão da Mina, Tesoureiro-Mor do Reino. Faleceu em Fevereiro de 1577.
Gonçalo Vaz de Cernache, natural da freguesia da Sé, Porto, que tomou ordens menores na arquidiocese de Braga;
Rui Vaz de Cernache, que tomou as mesmas ordens que seu irmão Gonçalo;
Isabel de Noronha, que casou com Fernão Coutinho de Azevedo, Comendador de Brito, junto a Guimarães;
Francisca de Noronha, religiosa professa no convento de Santa Clara, do Porto.
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Sobre a Casa de Campo Belo tratam os fascículos 13, 14, 16, 17 e 22, matéria extensa. No entanto, se entender, poderei transcrever mais algum aspecto que julgue necessário.
Cumprimentos
César Tavares
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Prezado César,
Muitíssimo obrigado pelas informações que me envia, e pela gentileza de ter tido o trabalho de transcrevê-las!
Creio que o que procurava está bem detalhado pelas referências que colocou, descendo da filha Isabel de Noronha, casada com Fernão Coutinho de Azevedo, caso aí tenha alguma informação adicional sobre eles, e se não for incômodo, peço que me envie.
Com os melhores cumprimentos, Vinícius.
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Caro Vinícius,
Bom dia.
Complementarmente, transcrevo o restante texto extraído do fascículo 14 da "História de Gaia", sobre Isabel de Noronha e Fernão Coutinho de Azevedo:
"Isabel de Noronha, que casou com Fernão Coutinho de Azevedo, Comendador de Brito, junto a Guimarães, na Ordem de Aviz, filho de Pedro Lopes de Azevedo, 4.º Senhor de S. João de Rei e das Terras de Bouro, e de sua mulher D. Maria Ribeiro, de quem nasceu Francisco Lopes de Noronha, que viveu em Gaia e teve em dote a Quinta da Carvalheira (Penafiel),por escritura de doação de 1 de Fevereiro de 1558, e casou com sua prima D. Paula Soares, que morreu na Quinta de Abragão a 6 de Novembro de 1596, filha de Álvaro Soares de Carvalho, dos Carvalhos de Basto, e de sua 2.ª mulher, D. Inês da Mota. Deste matrimónio foi filha D. Joana Soares da Cunha, casada a 15 de Janeiro de 1576 com António de Gouvêa Barreto, filho de Henrique Nunes de Gouvêa, nobre cidadão do Porto (que depois de viúvo professou com dois dos seus filhos na Companhia de Jesus, a quem doaram as casas que possuíam na cidade e onde se edificou o Colégio de S. Lourenço) e de sua mulher D. Brites de Madureira. Com geração ilustre nos Morgados do Paço de Leirós, em Recesinhos, e entre a qual sobressai o sábio e probo genealogista Manuel de Sousa da Silva (1649-1713), classificado de “príncipe dos genealogistas de Entre Douro e Minho” porque “dizem todos não escrevera senão a verdade” e que D. António Caetano de Sousa no seu “Aparato” elogia altamente (Hist.ª Gen, da Casa Real, Vol. I, págs. CLXIII).”
Nos fascículos dedicados à história da Casa de Campo Belo, nada mais de relevante encontrei, relativamente ao casal Gregório de Cernache/Joana de Noronha, para além da linha ascendente da árvore genealógica de Gregório Cernache até Fernão Álvares Vieira, que, decerto, conhecerá.
Se, entretanto, e no quadro alargado da "História de Gaia" encontrar dados novos, transmitir-lhos-ei.
Cumprimentos,
César Tavares
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Prezado César, bom dia!
Agradecido mais uma vez pela gentileza e disponibilidade, e pelas informações do casal Gregório de Cernache e Joana de Noronha, e a filha destes!
Interessante a menção ao genealogista Manuel de Sousa da Silva, e o que D. Antônio Caetano de Sousa disse sobre ele, aliás, essa minha linha vem justamente de sua obra, Nobiliário das Gerações de Entre-Douro-e Minho, editada pela Edições Carvalhos de Basto em 2000, em 2 volumes que tinham sido anotados por Camilo Castelo Branco, descendo de uma prima direita da avó do genealogista.
Como curiosidade, Camilo Castelo Branco também o muito elogia, em sua obra Perfil do Marquês de Pombal, e coloca em detalhes o caso que ocorreu entre ele, Sebastião de Carvalho e Melo e Manuel de Carvalho Ataíde, avô e pai do marquês de Pombal, quando estes tentam provar por genealogias falsas, e certidões passadas por genealogistas de renome, que tinham direito a uns vínculos dos senhores de Fermedo e da Teixeira, e que faltando uma certidão do único genealogista ainda digno de fé, Manuel de Sousa da Silva desmente a fraude, e Sebastião perde a causa que movia contra Bernardo José Teixeira Coelho de Melo Pinto de Mesquita, senhor dos ditos vínculos.
Cumprimentos, Vinícius.
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