Moradores da Caza Real
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Moradores da Caza Real
Buscando uma informação dos Pereira do Lago, nas muito trabalhosas Provas da HGCRP, (que não encontrei) topei esta outra que não resisto a transmitir, abrindo um 1º comentário.
NUMERO DOS MORADORES DA CASA REAL
(Ao tempo d’El-Rey Dom Sebastião)
Bispos, 5
Capellaens do Conselho, 3
Capellaens, 142
Moços da Capella, 124
Cantores, 52
Musicos da Câmara, 8
Cavalleiros do Conselho, 70
Outros Cavalleiros, 1297
Escudeiros Fidalgos, 649
Moços Fidalgos, 509
Moços, 12
Letrados, e Físicos, 32
Escudeiros, e Contadores, 38
Escrivaens, 55
Escudeiros, 534
Monteiros de Cavallo, 10
Moços da Camera, 911
Porteiros da Camera, 36
Reposteiros, 119
Officiais de nobreza das Armas, 9
Ministris, 16
Trombetas, 8
Atabaleiros, 32
Moços do Monte, 26
Cozinheiros, 29
Homens de Officios, 20
Porteiros da Fazenda, e Moços de Contos, 16
Bésteiros de Cavallo, 2
Moços da Estribeira, 88
Homens do Thesouro, 15
Officiais de Mistura, 59
Varredeiros, 8
Considerando estes moradores da C.R., (que de resto co-existiam igualmente na Casa de Bragança, ainda q. em menor número) sua função e quantidades, muitas são as questões q. nos podem vir à mente. Por exemplo, porque existiriam só dois “Bésteiros de Cavallo”? Para quê tantos “Moços da Capella”? Para o número de Bispos, não encontro q.q. explicação, a menos que lhes fossem cometidas outras funções que não exclusivamente religiosas, como p. ex., dar parecer sobre o Tintol...
Depois, a quantidade de “Varredeiros” que entendo como executantes da vulgar faxina praticada nos nossos quartéis. Parecem-me muito poucos para manter o Paço Real nas mínimas condições higiénicas e, ao tempo, não havia demonstradores de electrodomésticos a bater de porta em porta...
Finalmente, porque será que os genealogistas, linhagistas, escritores e escrevinhadores, amantes da História dos Usos e Costumes, com maior ou menor imaginação, só se preocupam com antepassados (dos próprios ou de outrem) EF, FCR, FCCR, MFCR, MF, que não deixam de citar, e, nunca por nunca citam Cozinheiros, Moços do Monte, Moços da Estribeira, Homens de Officios, Varredeiros, etc.? Fico-me com a sensação de que estes estariam condenados ao celibato, não deixando descendência portanto...
Fico na expectativa do vosso comentário.
Manuel Maria Magalhães
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Ofícios Menores da Casa Real e Higiene
Manel
Apoiando a tua interessante iniciativa de democratização da genealogia, desde já sugiro para este fórum a elaboração conjunta de listas de detentores de ofícios menores da Casa Real e outras Casas, assim como dos seus familiares. A coordenação e actualização dessa lista pertence-te por direito inauferível que ninguém contestará, por certo. Arregaça pois tuas nobres mangas, de pura seda preservada do sol pelo beato e episcopal adamascado do pálio, e mãos à obra. :)
Quanto às tuas dúvidas, adianto que me parece que dois besteiros a cavalo seriam mais do que suficientes para a segurança das deslocações régias em tempo de paz... a besta era a metralhadora do tempo. O número de moços de Capela seria proporcional à magnificência das cerimónias musicais religiosas em que os Aviz precederam os Bragança que, como sabes, eram todos músicos de nascença, pessoalmente, e tinham a corte religiosamente mais musical da Europa. Já os Bispos penso que por estarem inscritos na CR não seriam residentes senão episódicamente, seria categoria que lhes conferisse tença para além da simples grandeza na Corte quando ali se deslocavam das sedes das dioceses. Oito varredores trabalhando aí umas 14 horas por dia, ajudados segundo o estilo da época por mulheres e filhos que todos dormiriam pelo chão, deveriam chegar para a dimensão do Paço da Ribeira e para os hábitos da higiene conspurcada de então.
Ainda no sc. XVIII se queixava a pobre e injustiçada Maria Antonieta de uma princesse du sang, ou sangue real embora bastardo, que tinha já anacronicamente por hábito atravessar majestosamente a galeria dos espelhos em Versailles, defecando serenamente durante o andar, e sacudindo as longas saias por cima do produto no final. Naturalmente, saberiam ela e as suas egrégias antecessoras da corte de Luis XIV que os balayeurs viriam atrás e tomariam conta do assunto, ou dos seus restos. O hábito da privacidade sob porta fechada, e a invenção do quarto de banho, são invenção burguesa que não nobiliárquica. Especialmente as senhoras tinham o hábito de se sentar em conjunto, entre elas ou acompanhadas das suas criadas e aias. Quanto à higiene dos criados que os serviam, e instalações próprias para o efeito para eles, historicamente ainda tardou mais, sendo tradição na minha família que meu Avô mandou fazer a 1ª wc na Beira para os ditos por volta de 1900, quando fez obras na Colmeosa para se casar. Desculparás a divagação... que poderei continuar em pvt caso o assunto te interesse como subsídio para futuro livro que empreendas em sucessão ao "Sr. Visconde", para renovação do deleite de todos nós.
Abç
Alexandre
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RE: Ofícios Menores da Casa Real e Higiene
Meu Caro
É um facto que quem investiga genealogia,duma maneira geral,apenas se preocupa com aqueles ramos que lhe dão status.Ainda há bem pouco vi ,salvo erro neste mesmo fórun,alguem escandalizado por um seu ancestro ser nomeado por criado da Casa Real-dizendo que na sua família nunca tinha havido "criados".É bom pensarmos que TODAS as famílias têm de tudo-Bravos e cobardes,herois e patifes,santos e ladrões...Claro que não convem falar destes...
Para além disso é muito mais fácil pesquisar aqueles que saem da vulgaridade...Mas ,de facto ,tenhamos a noção que o cinzentismo,que hoje achamos dominante-O FOI SEMPRE...
Abraço
Gonçalo
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Genealogia e Status
Caríssimo Primo Gonçalo
Concordando no geral e no sentido inteiramente com quanto dizes, não sei no entanto porquê denominar cinzentas as gerações menos "conhecidas", que todas quando estudadas têm os seus méritos e encantos próprios, o seu interesse peculiar em serem conhecidas e compreendidas no âmbito correcto da História da Família. Neste âmbito a importância social, nobiliárquica, financeira dos ancestrais passados é completamente secundária perante o relevo autónomo possibilitando a auto-descoberta da origem da própria identidade que devem assumir para todos os seus descendentes.
Quanto a ascendência de cobardes, patifes e ladrões me desculparás a imodéstia, mas genealogicamente eu, e certamente muito boa gente como tu, e muitos outros, ainda não topámos tal coisa. Abades, padres e aias não digo que não... muito boas pessoas concerteza e que viveram o melhor que puderam no enquadramento restritivo das suas respectivas épocas. Talvez os outros ainda estejam por vir à luz dos documentos... Linhagisticamente falando é que já haverá bastantes destes para todos os gostos concerteza, em épocas proto-genealógicas. A conotação dos actos que caracterizaram avoengos é de resto sempre subjectiva, basta pensar que o próprio Afonso Henriques pode perfeitamente ser encarado como patife, que destrona combate e aprisiona a propria mãe, assim como o grande Mestre de Aviz se pode serenamente classificar como desleal e "ladrão" do trono da sua soberana legítima... sem falar que caluniou com João das Regras aos infantes filhos de Inês de Castro. A própria Nobreza portuguesa ter-se-à "vendido" na sua maioria entre 1578 e 1580, e "resgatado" da sua falta em 1640. Noutra perspectiva, agiu apenas segundo o bom senso... e o interesse nacional de obter protecção militar para o Império. Como sabes, recentemente passei por Tondela, aonde já me tinham prevenido que o nome do famigerado João Brandão fora dado ao novo edificio municipal que ergueram como Centro Cultural... um exemplo e um modelo a seguir para a formação moral das jovens gerações tondelenses (ou tondelinas?).
Abç
Alexandre
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RE: Genealogia e Status
Meu Caro
Tens tu imensa razão.Efectivamente não deveria ter usado o termo cinzetão,como pejurativo,mas tão apenas cinzento,no sentido de pesoas absolutamente normais que não se salientaram-ou outras que ,por modéstia,assim o desejaram.Quanto aos ascendentes menos políticamente correctos,pelo facto de ainda os não termos topado-eles existirão certamente.Ainda não vi ninguem reclamar-se descendente do Miguel de Vasconcelos-mas tambem ele terá tido descendência.Tal como o varredores,camareiras,cozinheiros,do Paço,dos Bispos,do abade de Ribafeita,ou do capador dos porcos de pata preta dos coutos Alentejanos da Sereníssima Casa...E todos aqueles que o poder meteu nos calabouços,tambem a terão tido...e os patifes dos Miguelistas,que mataram tão bons liberais.E os patifes dos estudantes que mataram os Lentes.E....Felizmente o esquecimento faz que só alguns sejam lembrados.
Mais recentemente-os responsáveis pela exemplar descolonização-pelos massacres daqueles que acreditaram em nós-como ficarão para a história(e não deixarão descendentes?...e eles lembrar-se-ão deles...)
Abraço
Gonçalo
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RE: Moradores da Caza Real
Caro Manuel,
Autêntico albergue espanhol, aquele que nos relatas!
Fiquei curioso de saber o que seriam os "atabeleiros". Ora aqui temos (do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, Lisboa 2001:
"- atabale, atabal, s.m. (Do ár. hispânico at-tabal "tambor"). Instrumento de percussão, espécie de tambor de um só tampo, com caixa metálica em forma de meia esfera, coberta por uma pele tensa sobre a qual se toca . (sem. TIMBALE. "comia, dormia e despachava sempre ao som da música tangida nos tambores, nas charamelas, nas trombetas e nos atabales" (RAMALHO, Farpas, VI, p. 66). "no assalto, os atabales rugiam" (J. DANTAS, Pátria, p. 251)."
Entendo bem a presença de 119 Reposteiros, mas intriga-me a ocupação dos "Oficiais de Mistura", num total de 59. Ocupar-se-iam eles da preparação dos lotes vínicos após a cuidadosa selecção levada a cabo por Suas Exas. Reverendíssimas, conforme tua sugestão?
Quanto à tua questão epistemológica acerca das preocupações de genealogistas, linhagistas et al, tivessem alguns deles vivido nos nossos tempos e os seus escritos e notas bem diferentes poderiam ter sido. É actualmente de bom tom um certo snobismo invertido e com frequência topamos com "barões" da indústria ou do comércio de grosso trato (a que agora pomposa e enigmaticamente chamam de "distribuição", quando claramente quem distribui é quem lhes vende as vitualhas) ufanando-se de serem filhos de merceeiros, carpinteiros ou trolhas, não necessariamente por nisso terem qualquer honra, mas antes para enaltecerem a sua prodigiosa ascenção, por vezes à custa da boa-vontade de antigos cambistas de pouca instrução, que os acolheram no seu regaço e lhes custearam PhDs nas Américas.
Tivesse esse espírito prevalecido nos tempos de antanho e aí terias Manuel José F. Gayo e seu homónimo de Souza da Silva debitando para o papel:
"António, Exposto, Moço de Estribeira na Caza Real do Encoberto, c.c. Maria, fa. de João, "o da Vassoura", Varredeiro no Paço da Ribeira e de Joaquina, Reposteira da Senhora Dona Catarina, que segue."
Cumprimentando-te pelo teu exegético apelo
Alexandre
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RE: Genealogia e Status
Caro Gonçalo Calheiros;
A sua expressão está correcta. Mas a ordem,não.Deve-se dizer:
...e os patifes dos Liberais, que mataram tão bons Miguelistas.
Quiera-me um amigo,
João de Abreu Coutinho
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RE: Genealogia e Status
Caro João de Abreu Coutinho,
Respeitando embora o seu ponto de vista, creio que a ordem em que o nosso confrade Gonçalo Calheiros escreveu é a correcta.
Os meus cumprimentos
Alexandre BUrmester
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RE: Genealogia e Status
Meu Caro
Neste,como noutros casos,a ordem depende dos olhos de quem olha.Porventura os estudantes que mataram os lentes não eram "malhados"?Queria apenas dizer,com o que disse, que em todos os lados há o bom e o mau,e (talvez felizmente...)a nossa memória é curta em relação ao que nos molesta...
Um abraço
Gonçalo Calheiros
PS-Porventura o João é quem tem estudado as famílias de Viana e Ponte de Lima,e forneceu alguns dados sobre a Qtª da Rasca ao meu parente Manuel Calheiros Lobo?
cump. GC
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RE: Genealogia e Status
Carissimos,
Concordo com a ordem proposta pelo João de Abreu Coutinho :-)
Agora a sério: cometeram-se excessos de ambos os lados o que torna a ordem dos factores variável consoante as situações ou episódios a que se reportam.
O episódio dos Lentes é certamente para os liberais de bem um momento de horror. Um dos dois lentes assassinados era o meu 5º Avô Jerónimo Joaquim de Figueiredo, professor de Medicina, investigador e cientista, que tanto quanto se sabe não tinha conotações políticas embora fosse "tradicionalista". Foi aliás, pai de três destacados liberais...
Abraços
Lourenço
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Genealógica Ordem do Sabonette
Caríssimo
Penso que tendo tu toda a razão no espírito do que quiseste significar, por falta de tempo talvez, depois do teu almoço, não pudeste expressar completamente o teu pensamento. Todos os linhagistas do passado referem pelo menos (quando não pode deixar de ser...) a descendência de bastantes padres, numerosos abades, bispos e papas, algumas aias, muitas freiras, e pelo menos de um dos assassinos liberais revolucionários dos lentes miguelistas fiéis à ordem já vi publicada descendência (não me lembro qual nem aonde, mas vi mesmo e referenciada). Idem para a descendência de nobilíssimos traidores à Pátria, que todos teremos para trás, pró-castelhanos e pró-franceses, que alguma vez notei disso muito se ufanavam. Também figuram nos textos dos nobiliários os assassinos da Inês de Carasto, muitos malvados liberais que mataram legitimistas e vice versa, e ainda uma incomensurável rede de bastardias, semi-incestos, coitos danados e alianças com infecta nação. É no entanto verdade que no passado tudo isto não tinha fidalgamente importância nenhuma no quotidiano, primeiro, e depois que burguêsmente acharam que tinha resolveram as penas escrutinadoras de mazelas familiares alindar e embelezar o quadro o melhor que puderam.
O mesmo se passa com a História Oficial e Académica, que teimou em vangloriar-se dos vencedores, que sempre estiveram certos como é sobejamente sabido. É isto fruto da natureza humana que levou milénios a alcançar o espírito científico e objectivo, e esqueceu assim a sua filiação mais nobre, no Filho de Deus, que embora descendente de David era também filho de carpinteiro.
Vem este arrazoado a propósito de que, como ontem pudeste acompanhar, e ajudar a comprovar, o Primo Lord of the Islands lá conseguiu finalmente entroncar a nossa bettencourização, minha e da tua Mulher, pelo que ascendemos linhagisticamente ao nóvel 12º avô Gaspard I de Bettencourt, o Francês * 1450 + 1522, sr. donatário da ilha de S.Miguel, sr. do monopólio das industrias de saboaria da Ilha da Madeira, 1º morgado da Água de Mel. Assim sendo, e por sugestão concertada do habitual Eixo adeénico Norte-Sul, transmito-te por este meio a proposta de recriação ad hoc pela Confraria de S. Jorge, já des-santiagada, da mui nobre Senhorial e Secreta Ordem de Cavalaria do Sabão da Água de Mel, com sede em offshore no Porto Santo da portuguesa Ilha do Jardim. Disporá de capa e espada, capelão para o pálio, mosquete e pólvora, besteiros e curvaturas devidas dos mais arqueiros, senha e passe liberal ou mesmo neo-liberal, ritual carnavalesco e vestimenta dos escravos dos engenhos ressucitada, e lavada, em verdade conforme ao quinhentista figurino e cerimonial estipulado aquando da sua 1ª fundação pelo atlântico Avô Gaspard, e com todos os devidos graus e competências estatutárias, como sejam: promover a higiene e limpeza genealógica de todos os da descendência do Homem de Neanderthal, a prossecução da verdade histórica para além da académica, e a reabilitação psíquica familiar dos descendentes de Miguel de Vasconcelos, do duque de Caminha e seus pares, dos Távora e Pombal (aliás unidos na descendência) e dos capadores dos porcos pré-pata negra alentejanos, dos carrascos medievais e dos agentes funerários de todos os tempos, das alcoviteiras e dos familiares do Santo Ofício que tanto jeito dão agora, dos carbonários e mais todos os outros casos de distúrbio e perturbação que a maneira hodierna implacável de trabalhar a História da Família possam provocar entre presentes e vindouros que através dela se queiram engrandecer, ao invés de compreender-se.
Abç
Alexandre
PS: Quanto aos politicos descolonizadores de 74 e 75, nada poderiam fazer mesmo que quisessem perante o Exército que revolucionariamente se recusava a combater o tempo que seria preciso para negociar.
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caros Primos Normandos,
Longa vida à Gloriosa Senhorial e Secreta Ordem de Cavalaria do Sabão da Água de Mel, em boa hora refundada por esse nobilíssimo membro da diaspórica família Bettencourt que tem a honra de ser meu homónimo. Saudemos também a Gloriosa memória de vosso 12º avô e meu tio-12º avô cerca de uma dúzia de vezes, Gaspard I, le Français, de Bettencourt, irmão de meu distinto avoengo Henri II, le Français, de Bettencourt.
Com a autoridade que o volume de ADN normando me concede desde já nomeio:
- Capelam-Mor e Varredeiro do Páleo: Don Manolo de Meson Frio (Rojo);
- Official das Misturas (dos ingredientes para o sabão) : Sua Senhoria o Visconde de Aguieira
(conforme tratamento exarado por SM El Rey Dom Joam V, Nosso Senhor, e reconhecimento de seus pares);
- Escrivam e Cronista Laureado: Velasco Briteiros (o qual, quebrando uma regra essencial da lei de Murphy, saíu da sala e assim foi prontamente nomeado);
- Ministro Extrordinário e Plenipotenciário junto do Régulo Albertus Johannes : Dom Alexandre de Themes Chamorro Picado Favela de Albergaria;
- Tezoureiro da Fazenda : o abaixo-assinado
Mais decreto (está já a subir-me o poder à cabeça):
- que prontamente se inicie o branqueamento, perdão, a limpeza, dos ultrajados nomes de Pacheco, Peres de Trava, Andeiro, Vasconcelos, Mascarenhas, Carvalho, C.J. de Borbón, J.J. de Sousa Reis, Amaral Semblano, G.F. de Andrade, Buíça, Costa(s) e outros que não perdem por à memória me não acorrerem;
- que para além da sede offshore na citada Ilha de Porto Santo seja instalada residência de Verão na Ilha Terceira de seu achamento em os Açores;
- que nesta mui nobre ordem sejam admitidos todos os que poderem comprovar a sua consanguinidade ao glorioso nome normando para sempre perpetuado pelo grande Gaspar I, com a expressa e prévia condição de dos nobilitíssimos propósitos da Ordem comungarem, e por eles pelejarem sem que o ânimo lhes feneça.
Forte de Rubicon, Lanzarote, Ilhas Canárias dia et anno ut supra
Bettencourt
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Alexandre, Nobre Thesoureiro da Fazenda Pública
Fizesteis jus ao velho ditado: - quem parte e reparte...
Voto contra a rebilitação do costa e do buiça, definitivamente!
Não vos sabia vizinho do prémio Nobel da Literatura! Catixa, se eu queria...
Não poderei ser Capelam pois sou semi-excomungado. Tb. não não posso ocupar-me dos varrimentos, porque não tenho rádio-bussola...
Prefiro de Oficial de Operações de Inquisição, no Santo Ofício, por estar mais de acordo comigo...
De Vexa. ATTº Vnr e Obgº
+ Don Manolo, etc., sou quem sabes Maria Alice...
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RE: Genealogia e Status
Meus Caros Gonçalo e Alexandre
Não há dúvida que a raça humana se valoriza recordando os seus sentimentos, utilizando da melhor maneira "a memória/recordações" na melhor forma ;e sem resentimentos o que nos molestou, por vezes bem sentido na pele.
Porque é que todos as famílias tradicionais não hão-de escrever a história da sua raça?
Que mal provem daí?
Essa visão,que tanto fala não depende sómente para que lado é que olha! Mas sim quem está vivo para relatar alguns factos familiares que por Graça do Espírito Santo, "Deus" não era Liberal nem Miguelista,mas sim "Pai" que tornou possível estarmos hoje comodamente e civilizadamente a comentar, "que em todos os lados há o bons e maus".
Seguindo o exemplo de hoje, bem andaria, pois um descendente de vários Miguelistas que conheceram a morte em suas próprias Casas de irmãos e tios em 1836 com fogo posto, pelos adversários da política defendida por os meus avós(sempre fieis ao credo politico da legitimidade), o que conquistou para estas Casas a denominação de Casas-Queimadas; O saque aí praticado desaparecendo verdadeiras preciosidades, etc.,etc. (na minha Casa por exemplo).
Malhados ou não, esses estudantes que horrorizaram o País com a matança dos lentes de Coimbra,não foram de facto os protagonistas isolados das desgraças de uma exclusiva facção..
Fique esta ligeira introdução , servindo de despertador a quem tenha a obrigação moral de o fazer mais completo e imparcial
Queiram-me como um Miguelista moderado e um amigo;
João de Abreu Coutinho.
PS - O João que se refere é o meu parente Abreu Lima da Casa do Outeiro-Arcozelo Ponte de Lima, naturalmente forneceu alguns dados da Quinta da Rasca.
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RE: Genealogia e Status
Caro João de Abreu Coutinho,
Muitos episódios porventura ainda hoje dolorosos se passaram de facto antes, durante e após o reinado do Senhor. D. Miguel de Bragança. Aqueles que se passaram após tiveram o triste sinal do revanchismo, situação que infelizmente amiúde ocorre quando um tirano é derrubado. Já que em minha opinião era disso que se tratava, não devemos limitarmo-nos a falar de "excessos", mas sim da natureza retrógrada e despótica do regime do supra-citado Senhor D. Miguel e os tiranos - legítimos ou não - devem ser derrubados, já D. Jerónimo Osório disso advertia El-Rei D. Manuel I.
E sendo sem dúvida trágico o que ocorreu na sua família, passo a citar-lhe este episódio, passado com a minha, conforme relato de minha prima-trisavó, Amélia Elisa Dulce de Serpa Pinto da Costa, neta de Alexandre Alberto de Serpa Pinto da Costa, principal visado no episódio:
" Para abreviar não copio muitos outros documentos honrosos e cartas dirigidas a meu avô; mas como spécimen da mesquinha, da misérrima vingança do Governo do Senhor D. Miguel de Bragança, vou aqui transcrever a ordem de prisão para minhas tias, filhas de meu avô, ordem que como se vai ver foi dimanada directamente do próprio Ministro:
«O Doutor José Joaquim Pereira Álvares, conselheiro professo na Ordem de Cristo, condecorado com as medalhas da Realeza e Régia Efígie, do Desembargo de S.Majestade Fidelíssima, El-Rei Nosso Senhor, D. Miguel I. Seu Desembargador da Relação com exercício de Juíz de Fora do Civil e Crime nesta cidade de Penafiel e seu termo, tudo pelo mesmo Real Senhor que Deus guarde.
Faço saber que em observância e execução do Régio Avizo que em 14 do presente mês de Julho d'este ano, me foi dirigido pelo Ilmo. Luís de Paula Furtado de Castro do Rio de Mendonça, Ministro e Secretário de Estado do Negócios Eclesiásticos e de Justiça, vai ao Distrito do Concelho de Benviver o escrivão do Juízo Geral desta mesma Cidade, Bernardino António Barbosa a fim de fazer intimar e remover para a cidade de Vizeu, as filhas do ex-Coronel Alexandre Alberto de Serpa Pinto, as quais fará saír de sua casa em aquele distrito dentro de vinte e quatro horas contadas desde a da intimação, devendo advertir-lhes que não cumprindo logo esta ordem superior, ou afastando-se do itinerário que pelo sobredito escrivão lhe será dado no acto da intimação para com ele se dirigirem à mesma Cidade de Vizeu, onde se apresentarão apenas aí chegarem, ao Doutor Corregedor da Câmara da referida cidade, serão prezas e sujeitar-se-ão por isso às devidas penas. Rogo pois a todas as autoridades civis e militares, e em particular aos senhores Juíz Ordinário e Capitão-Mor do Concelho e Distrito de Benviver, prestem ao mencionado escrivão todo o auxílio de que precisam e lhes pediu para bôa execução do que vai encarregado.
Penafiel, 21 de Julho de 1833 - Bernardino António Barbosa, escrivão que o escrevi
José Joaquim Pereira Álvares»
Tal era o ódio que o Governo do Senhor D. Miguel tinha a nosso avô, que não podendo decepar-lhe a cabeça como fez a outros portugueses prestimosos e ilustres, não se contentou em lhe fazer dois sequestros nas suas casas, em lhe retirar todas as honras e prerrogativas; para mais saciar a sua vingança quiz feri-lo no seu amor de pai prendendolhe as filhas, quatro meninas d'entre catorze a vinte anos, inofensivas, boas, nobres, mimosas, radiantes de beleza, sem mãe, com o pai no exílio e os irmãos longe, e ainda creanças mandou-as assim retirar de sua casa, por esse mundo além entregues a estranhos e às vicissitudes da sorte. Com certeza aquele malvado Ministro não era pai. Não foi todavia obedecido; os nossos parentes foram prevenidos ocultamente por pessoa informante da Côrte, e quando a autoridade chegou para as intimidar, já elas estavam dispersas por casas de parentes, apesar de os nossos parentes Mellos de Vizeu se oferecerem para as virem buscar e hospedar em sua casa como filhas."
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O relato que transcrevi diz respeito a "excessos" institucionais do regime do Senhor Dom Miguel; muito do que de mal se passou contra os que o apoiavam, após a sua feliz partida para o exílio, foi obra de energúmenos actuando por conta própria e não de ordems mimisteriais como a acima descrita. Isto distingue a natureza dos dois tipos de factos, embora não desculpe nenhum deles.
Não sei se fará hoje muito sentido, perdoar-me-á, alguém se descrever como Miguelista, a não ser que o faça enquadrando-se na época, mas continua a fazer todo o sentido alguém se declarar, como eu, Liberal.
Com os meus melhores cumprimentos
Alexandre de Serpa Pinto Burmester
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RE: Moradores da Caza Real
Meus doutos Senhores
É um prazer ler-vos. Obrigada por todo o conhecimento que transmitem,recheado de um sentido de humor fantástico.
MFCCB
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RE: Moradores da Caza Real
Manel
E quanto a vencimentos? Como era a lista?
Seria bem interessante completar esta lista com o vencimento e respectivas regalias.
Vasco Briteiros
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RE: Ofícios Menores da Casa Real e Higiene
O 1º WC da Beira Alta/Beira Baixa e Beira Litoral só em 1900?? Mas isso é um atraso impressionante, pois nessa altura já em Braga havia disso, já com 100 anos, em toda a parte alta e baixa da cidade.Claro que tudo depois era encaminhado para baixo de Braga ,onde suponho existiria uma estação de tratamento e para onde era hábito enviar as pessoas de que se não gostava.
Um abraço e até breve na Braga Medieval.
Vasco Briteiros
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Ilustríssimo Grão-Mestre da Gloriosa´,Senhorial e Secreta Ordem de Cavalaria do Sabão da Água de Mel.
Apesar da subida honra que Vossa Sabonetíssima me acaba de conferir, ao nomear-me para Escrivam e Cronista Laureado dessa Perfumadíssima Ordem, dando-me inclusivé o previlégio de ter como Pares tão elevadas personalidades com Don Manolo del Tintol, o Visconde Gonçalo e o Dom Alexandre de Themes que é Tio de um Cunha de Antanhol, vejo-me na impossibildade de aceitar tal Mercê por:
---A sede da Ordem se situar em Terras de Lanzarote onde habita aquele escrevente de sinal contrário ao meu, o que faria Muita Faísca,podendo inclusivé provocar a erupção do vulcão local
de Vossa Sabonetíssima, M.to Obrg.º
Vasco Briteiros
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RE: Moradores da Caza Real
Vasco
Mas não tenhas dúvidas que D. António Caetano de Sousa dá completa notícia de tudo!
Para das respectivas rações explica claramente as funções dos officiais e artistas e, em épocas bem anteriores à sua.
Logo q. possa, copiarei.
Mas nestes nossos tempos q. correm tb. há acontecimentos assaz divertidos, por certo muito mais caricatos! Chamo à atenção para o JN de hoje, 5 Jan, pg.21, sob o título - "Justiça avalia o peso dos palavrões conforme as regiões" - estando particularmente em foco, Braga e Lousada...
Servirá de tema de meditação para o Marcos Soromenho.
De resto, á excepção da triste notícia da morte de Shegundo Galarza, todo o jornal é uma verdadeira anedota, aqui e acolá.Recomendaria entre outras, a notícia na pág. 22, sobre "Hospitais-empresas com jovens gestores", ou as atribuações dum ilustre deputado da nação, com a garantia de emprego para os seus familiares...
Enfim, abaixo de Braga, só as moscas mudam...
Abraços
Manel
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RE: Genealogia e Status
Caro João
Nunca pretendi polemizar,sobretudo numa tão esgotada querela como a das lutas entre os dois irmãos. Na minha família houve perseguições,prisões,pilhagens ...de ambos os lados!Posso citar,por exemplo,o meu 4º avô,Manuel José Calheiros Araújo Bezerra,Desembargador no Porto,perseguido ,com os bens arrestados,e talvez morto de tocaia pelos liberais.O mesmo posso dizer do meu 4º avô ,António Joaquim Tavares Bello,preso e maltratado aos 16 anos pelos legitimistas,por ter cunhado medalhas com a efígie de D. Pedro IV.São épocas já muito distantes,que embora tenham deixado feridas,já não deveriam estar abertas-e não nos adianta nada estar a escarafunchá-las.Há infelizmente casos mais recentes,que parece terem passado ao esquecimento colectivo-A Descolonização Exemplar-A Reforma Agrária-A destruição do Tecido Económico-A Delapidação do património-( que pensar do assalto á embaixada de Espanha,e os dias seguintes,com prataria pilhada a ser vendida ao desbarato nas ruas da Ex-Capital do Império?).Por isso caro João,creio que a ordem desses factores pode,HOJE,considerar-se mais qie ultrapassada.E a nossa luta deve ter os olhos postos no futuro,e TODOS não seremos demais(bem pelo contrário)para tentarmos salvar o que resta deste País ultimamente tão castigado.Que o novo ano que ora começa possa ser o renascer da nossa Esperança...
Um Abraço
Gonçalo
PS.Quando vieres ao Norte comunica.Não vens ver os estragos da estrada do Douro?
Abraço
Gonçalo
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caro Alexandre
Desculpe a intromissão, mas os Bettencourts nunca foram donatários da ilha de São Miguel.
Um abraço,
José Duarte Valado Arnaud
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Higiene e Enfermagem, Beirã e Bracaritana
D. Vasco de Briteiros, COS (Cavaleiro da Mui Nobre Senhorial e Higiénica Ordem do Sabonette)
Ora releia com atenção sff... não se fala ali exactamente das primeiras wc da Beira, mas apenas de instalações de higiene específicas concebidas de raiz e destinadas aos criados de dentro nas casas da propriamente dita cuja província. A exigência de asseio absoluto para estes, especialmente para os criados de mesa, de sala e de quarto, é uma nova caracteristica que nascendo durante o romantismo se afirma plenamente só na Belle Époque. Mesmo que antes disso a criadagem de Lisboa e Porto em algumas casas mais ricas já usasse luva branca por sobre mãos encardidas para servir, bem como fardas de libré por sobre corpos aonde a higiene mesmo que apenas dominical ainda não chegara, pelo menos tal como nós a entendemos agora... Lembro-me sempre que Luis XIV tomou apenas um único banho em toda a sua longa vida, e foi a contra-gosto e por imperativa prescrição "médica" dos seus físicos... E a higiene, como todas as novidades culturais, disseminou-se irradiando de cima. Há algumas largas dezenas de anos atrás passou-se que, contava uma muito querida tia minha, dando ela na Colmeosa um casamento de criada da casa, mandou se procedesse a uma apurada toilette da maridada, que incluiu a eliminação de pilosidades no buço e não sei se de outras partes da mesma para sua melhor apresentação. Acontece que o noivo, ao vê-la assim transformada e embelezada já no próprio dia dos esponsais, com todo o banquete e enxoval já preparados, e os convidados presentes na adega, se recusou terminantemente a casar até que a face da sua prometida regressasse à condição anterior em que a conhecera e amara, apesar dos muitos ralhos e pedidos. E assim foi mesmo, e só casaram alguns meses depois... já sem festa nem banquete de castigo, ao que parece. :)
Na minha qualidade de sobrinho e afilhado querido de uma das primeiras e mais notáveis enfermeiras profissionais portuguesas, D. Maria de Figueiredo e Faro Tavares Festas, que muito marcou a minha infância e toda a vida da minha família, interessaram-me sempre deveras estes assuntos de higiene, e lembro que a enfermagem profissional e moderna só nasce quando das necessidades da Grande Guerra. Era basicamente exercida por freiras, sendo que curiosamente às suas sucessoras laicas pelo sc. XX em diante se lhes exigiu legalmente o celibato para dedicação exclusiva ao que era encarado como uma missão, mais do que profissão... Ainda agora aqui fica discriminada por este facto minha Tia no GP, não podendo ter página própria neste sítio por não ter casado, embora tenha sido a personagem sem dúvida mais marcante e notável da minha família paterna em todo o sc. XX, e atingido pioneiramente em Portugal o topo da sua carreira de incesssante dedicação e serviço, social e familiar...
Mas voltando ao final de oitocentos e início de novecentos, justamente a época em que minha Madrinha nasceu (1903), Pasteur e os seus micróbios demoraram tempo a aparecer na cabeça e na consciência das pessoas, e a exigência de higiene absoluta dentro das casas desenvolve-se paralelamente ao crescimento da enfermagem, que é ainda e apenas na segunda metade de oitocentos uma enfermagem doméstica feminina, encarada como única defesa preventiva para os contágios de doenças para as quais ainda não tinham qualquer outra solução em que acreditassem para se valer. A este respeito aprende-se muito nos livros franceses de economia doméstica para Damas de oitocentos e novecentos, herança cultural de minhas Avós que lia durante férias de quinta, aonde o sistema de crenças e necessidades de gestão de uma casa rural, ou urbana, são descritos até ao último pormenor, assim como as mezinhas caseiras e regras de higiene a serem aplicadas, e mesmo os recursos familiares em caso de eventuais guerras. A família aliás na época ainda era a extensa, e incluia decerto os deveres de patrocínio protecção e orientação desses mesmos criados e da parentela alargada que girava à roda das casas. A propósito dessas interessantíssimas obras informo apenas a nobre confraria que delas consta secreta e poderosa receita para fabrico doméstico e pessoal do precioso sabonette que nos une em sacrossanta devoção... e mais não digo.
Quanto a haver no sc. XVIII wc independentes nas casas dos patrões em Braga, peço desculpa por duvidar... mas decerto nem no Paço do Senhor Arcebispo Primaz! Nem o hábito do corredor separando as divisões das casas se generalizara ainda. A higiene dos senhores era feita no quarto de cada qual, aonde haviam os lavatórios para a limpeza por partes, e as as peniqueiras, e os mais instrumentos precisos. Aonde lá para final de oitocentos se levava de vez em quando um tub em folha pintada, que depois havia que remover para despejar. As próprias mesas de toilette desses mesmos quartos só se generalizam no periodo romântico, depois de inventadas no periodo do Império. Os bacios guardavam-se ainda dentro da mesa de cabeceira como sabes, nem sempre vazios, e eram despejado no campo, ou para a rua ainda com o tradicional e despreocupado prègão de "água vai" se fosse casa citadina, ou em algumas casas mais requintadas ricas e modernas lançavam-se ao fundo de pias no interior das cozinhas ou zonas adjacentes. Disponho ainda felicíssimamente na cozinha desta tua casa de uma dessas pias em calcário, que por inútil mandei lavar a água sulfúrica e tapar adequadamente com tampa em madeira, à moda do tempo da sua utilidade.
Bom e higiénico domingo minhoto te deseja com um abraço o
Alexandre
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Illustrissimo Dom Velasco,
Se lerdes com atençam o edito proclamante da refundaçam da Soberana Genealógica Ordem do Sabonette, lavrado por D. Alexandre Picado Favella de Albergaria y Themes, decerto vos capacitareis que a sede está, não na ilha habitada pelo vermelho e ilegível prosador, mas no Porto Santo do Régulo Albertus Johannes.
De Lanzarote meramente Vos escrevemos, do Forte de Rubicon, em boa hora aí edificado por nosso parente Maciot de Bethencourt. Atentai também na subida Honra a Vós e a Don Manolo concedida, pois não tendo nenhum de Vós feito prova de consanguinidade normanda, não deixámos, mesmo assim, de Vos nomear para tam subidos cargos.
Certo da Vossa reconsideraçam de tam funesta decisam, Vos saúda
Bettencourt
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caro José Duarte
Disso nada entendo, sendo que o nosso amigo Alexandre mais que todos Bettencourt parece retirou a informação do livro publicado sobre essa família por J. Moniz de Bettencourt (“Os Bettencourt”, Lisboa 1993), e decerto se pronunciará e nos informará melhor da sua justiça.
Um abraço
Alexandre Tavares Festas
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caríssimo Primo do Canto,
Aproveito a oportunidade para lhe desejar Bom Ano e agradecer a interessantíssima história sobre "Sissi" que nos revelou noutro tópico.
Não disputo a sua asserção sobre o facto de os Bettencourt nunca terem sido donatários de S. Miguel, mas creio que já vi isso escrito em alguma fonte, que poderei talvez reproduzir. Tal poderá resultar de confusão com o facto de Gaspard I de Bettencourt ter realmente sido um dos primeiros colonizadores daquela ilha, e primeiro administrador do Morgadio de Água de Mel, insituído por seus tios Maria de Bettencourt e Ruy da Câmara, de quem também herdou as "saboarias" da Ilha da Madeira.
Enfim, não se pode ter tudo (mas esse é o avô dos meus parentes Gonçalo e Alexandre).
Um abraço
Alexandre
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Mui Nobre e Genealógica Ordem do Sabonette
Ó O Bettencourt, Varão Normando quiçá Viking situs in certa partibus de Portus Calles:
Eu D. Alexandre Nunes de Talavares Festas e Vetancur, Venerável Grão-Mestre Refundador e Reformador da para sempre Mui Nobre Venerável e mui antiga por mim restaurada Ordem do Sacrossanto Higiénico e Genealógico Sabonette destes Reynos, e Senhorios descoroçoados, vos mando dizer que desejo reinar, enquanto vosso e de nossos irmãos Cavaleiros Grão-Mestre, mais do que governar a nossa santa Ordem, na sabedoria de que o poder conspurca as mentes e os corações que prosseguem o caminho da verdadeira e sempre mais que necessária pureza interior e desapego ensinados por Nosso Senhor Jesu Christo, nosso divino Salvador. Pelo que aos que esta minha verdadeira carta e stromento virem ordeno, e mando, que tendo em conta as qualidades que assistem ao mui nobre e sereníssimo Vice Companheiro das terras continentais de Serpaniorum, e Pintus da Terra Chã, e sire de Bette e cur no ducado da Normandia suzerano do senhor Rey de França nosso Primo, e Irmão, e vistos os seus dezesseis lídimos Vettencure costados, e mais excelsas qualidades do foro íntimo e rectidão pessoal que sempre em todo o tempo tem demonstrado aa pessoa do Regulus Jardim Senhor das Ilhas e Offshore do Porto Santo, e á minha propria, lhe confiro desde já e para todo o sempre o cargo e o mando de Chanceler-Mór da dita Ordem com encargo de a reger e ordenar tendo em vista os importantes fins para que foi trazida de novo à luz do dia e conhecimento das gentes destes reynos e senhorios. Ordenará e disporá o meu Chanceler dos cargos dignidades e funções da dita minha Ordem como se eu próprio fosse e lhe obedecerão os Comendadores, Grâ-Cruzes, e Frades Cavaleiros como a mim mesmo. Dada no Paço Doirado do Porto Santo, aos cinco do mez de Janeiro do anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Xpto de dois mil e dois annos, com rubrica e guarda. O Grão-Mestre da nossa Senhorial e Higiénica Ordem Genealógica do Sabonette a mandou fazer. Grão Mestre.
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caro Alexandre
O livro de J. Moniz de Bettencourt (“Os Bettencourt”, Lisboa 1993), tb não conheço, mas a cronologia dos donatários de São Miguel é sobejamente conhecida e está vastamente estudada.
Aliás é muito simples:
- 1º cap. do donatário, das ilhas de Santa-Maria e São-Miguel, Frei Gonçalo Velho Cabral. Que deixou o cargo a seu sobrinho João, filho de sua irmã D. Teresa Velho Cabral e de Fernão Soares de Albergaria.
- 2º cap. do donatário, das ilhas de Santa-Maria e São-Miguel, João Soares de Albergaria. Que a herdou de seu tio Frei Gonçalo. Vendeu este a capitania a Rui Gonçalves da Camara, filho do Zarco.
- 3º cap. do donatário, das ilhas de Santa-Maria e São-Miguel, Rui Gonçalves da Camara, por compra a João Soares de Albergaria. A partir deste esteve sempre esta capitania na família Camara.
Um abraço,
José Duarte
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Corrigenda:
Rui Gonçalves da Camara, foi 3º cap. do donatário, dalha de São-Miguel.
Pois o 3º cap. donatário, da ilha de Santa-Maria foi João Soares de Sousa, filho de João Soares de Albergaria.
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Donataria da Ilha de S. Miguel
Caro José Duarte
Exactamente. Mas por causa disso mesmo, nessas trocas e baldrocas iniciais podia ter entrado um Bettencourt. Neste momento os primos e irmãos cavaleiros Alexandre Bettencourt e Gonçalo se agitam em brainstorming virtual na procura da fonte dessa informação para comunicá-la.
Um abraço
Alexandre
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Caro José Duarte,
Estará explicada a possível confusão: como Gaspar de Bettencourt herdou o Morgadio e as "saboarias" deste seu tio Rui Gonçalves da Câmara e sua mer. Maria de Bettencourt, pode daí ter-se inferido k também passara ele a ser o donatário.
Um abraço
Alexandre
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Ilustríssimo Primo do Canto e Bettencourt
Começo tb por lhe desejar um bom ano cheio de saúde e esplendidas colheitas vinícolas e genealógicas.
Com os Bettencourts houve laços matrimoniais, mas nunca foram donatários de ilha alguma nos Açores. A propósito, já encomendou as Saudades da Terra? Olhe que vale a pena.
Um abraço,
José Duarte
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Donatarios de S. Miguel
Caro José Duarte
O Gonçalo Calheiros teve que sair agora, mas parece-me ter chegado com o Alexandre à conclusão que será lapso de leitura, faltando a expressão saltada "sobrinho de Rui Gonçalves da Camara" antes de sr. donatário etc. na transcrição do texto. Obrigado pelo alerta.
Um abraço
Alexandre
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Ao Chanceler-Mór etc.
LOL. Mas então como é que ele pode ser dito 1º donatário, se herda o morgadio aonde vem tb como primeiro?
ass.) Grão Mestre
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Pedro Roiz da Camara e D. Margarida de Bettencourt
Errata: Meu, da mulher do Gonçalo e de todos os outros descendentes de Pedro Roiz da Camara cc D. Margarida de Bettencourt e Sá, fª de Gaspard Ier.
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RE: Mui Nobre e Genealógica Ordem do Sabonette
Meu Mui Nobre Senhor D. Alexandre de etc e Vetancur, Nosso Mui Venerável Grão-Mestre Refundador e Reformador da Mui Nobre e Venerável Ordem do Sacrossanto Higiénico e Genealógico Sabonette destes Reynos,
Queda insonora a minha boca e desvanecida a minha alma pela tam subida honra que me conferísteis, da qual sou sem dúvida indigno. Porfiarei, porém, para que os elevados princípios da Venerável Ordem por Vós em tam feliz hora refundada, sejam sempre defendidos, tanto do conspurcado como do limpo, do cristam como do gentio, do puro normando como do mais comum ilhéu.
Tenho também mister, como haveis referido, em minhas terras Serpanórias de Pintus da Terra Cham, mas conffio que também ahi poderei contar com Vossa bondade e magnanimidade, pois que também nas Vossas veias corre o heróico sangue de D. Egas Mendes de Gundar, Nosso Avô.
E como qizeram o acaso, as leis sucessórias e os doutos conselheiros do alecrim, que naõ da mangerona, que em minha humilde pessoa tanto sangue heróico confluísse, mais me naõ resta que pedir a ajuda de Nossa Senhora de Bettencourt - "Fecit mihi magna qui potens est" - venerada que é na Basílica de Santa Maria Maior na capital destes Reynos, e a Vós a Vossa bençam, para que de tam árduas tareffas me possa haver com Vosso apreço.
Saúda-Vos Mui respeitosamente
O Chanceler-Mor
Vitencur
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Mui Ilustre Primo do Canto,
Agradeço os desejos de esplêndidas colheitas. No que às vínicas se refere, esperemos que esta chuva que nos fustiga vai para quatro meses e que já causou duas cheias do Douro aqui na Invicta e três na Régua, cedo nos largue.
A referência feita neste tópico à minha pessoa como originador da atribuição de donatário de S. Miguel a Gaspard de Bettencourt é apócrifa, e o seu verdadeiro, e bem intencionado, autor, já o assumiu particularmente.
Não encomendei ainda as "Saudades da Terra", pois parece-me serem vários volumes e, como tal, o preço é capaz de ser de espantar a caça. Ou estarei enganado?
Um abraço
Alexandre
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Mui Prezado Grão-Mestre,
Jacinto Moniz de Bettencourt in "Os Bettencourt - das Origens Normandas à Expansão Atlântica", Lisboa 1993, pág. 144:
"Gaspard foi o primeiro administrador do Morgadio de Água de Mel, fundado por seus tios, e herdou deles as "saboarias" da ilha da Madeira."
E, já agora; a título de curiosidade (op. e p. cit.)
"Fez parte das forças que, sob o comando de D. Jaime, Duque de Bragança, conquistaram Azamor, na costa africana, em 1513".
Mas isto saõ assuntos que Vos dizem a Vós mais respeito que à minha pessoa.
a) Chanceler-Mor
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RE: Genealógica Ordem do Sabonette
Ilustríssimo Primo do Canto
Tudo indica que esta chuva vai passar, e em Setembro, se Deus quiser, teremos excelentes colheitas.
Quanto aos capitães donatários estamos esclarecidos – foi reposto a César o que é de César.
Sobre as “Saudades da Terra” está enganado, pois cada livro custa cerca de 15 euros, e tem a vantagem de poder comprar um de cada vez, só o Livro IV é que é dividido em três volumes. Sobre este assunto veja o tópico “Saudades da Terra”, onde irei introduzir um pequeno resumo do que é esta obra.
Um abraço,
José Duarte
PS. Sou testemunha de que nunca foi referido como o originador da atribuição de donatário de S. Miguel a Gaspar de Bettencourt.
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RE: Moradores da Caza Real
Eminência Reverendíssima
Desejando ardentemente eu próprio candidatar-me à Ordem do Sabonette, permita-me juntar à minha apelação uma pequena jóia de higiene e diciplina, congeminada pela Senhora minha Bisavó.
Como vedes, os hábitos higiénicos de minha Caza datam, pelo menos, de 1871. Tem sido um considerável investimento em sabão azul.
Rogo vossa benevolente anuência ao meu rogo supra expresso.
Reverentemente vosso,
José Alberto
Junho 1871
REGULAMENTO PARA A COZINHA
[ da autoria de Maria José Rebelo Valente Allen, 1ª Viscondessa de Villar d'Allen]
Depois da família cear dar uma varridella à Cozinha e deixar louças e fogão arranjado
7 horas Almoço da família
7 horas Água quente para o quarto
8 i/2 Almoço da Meza
O Tabuleiro com tudo limpo no Portal
A Balança sobre a Meza, Pezos, faca, e garfo
A Prateira e garfo dos Cães
Jantar da família ao meio dia
das L.es às 4 ½ (e às 2 aos Domingos)
Quando o Cocheiro vai à Cidade, é preciso ter-lhe o jantar quente
e arranjado pª logo q.e chegue. Para isso se toca a Campainha ao chegar.
O Ról é melhor fazê-lo todas as n.tes e
entregá-lo à Creada ou à n.te ou de manhã.
A Cozinha e portal esfregado por o menos todos os sábados à noute é preferível para ter tempo de secar.
às seixtas feiras Bancas e Vidraça
Todos os meses limpeza geral nas Panellas e armários.
A Mosqueira sempre m.to escaldada
O Cacifo das Panellas sempre limpo e arranjado assim como a Loja.
Nunca consinta trapalhices no Portal nem
que deixem por despejar todos os dias o Caixão do Lixo.
Ceia da Família
Verão 9 Inverno 8
Nas noutes de Teatro mais cedo para os ccheiros terem tempo
Quando hajão alguns créscimos gosto que m'os apresentem sem me obrigarem a perguntar por isto, ou aquilo.
O Lampião sempre m.to limpo
O quarto esfregado todos os Mezes, uma vês um, outra o outro
A roupa toda limpa, mas sobre tudo Camiza e Avental
Muito apprecio que trate bem os animaes, mas
não lhes admitir porcarias, pª isso é o junco.
Torrar Caffé todos os Mezes
Apprecio q.e de vês em quando me faça qualquer prato sem q.e eu saiba
Querendo qualquer arranjo para a Cozinha diga-o
Não deve admitir na Cozinha ninguem de fóra
Ainda que não esteja ninguém de fóra
o arranjo do jantar nos Pratos será sempre com zello.
Não gosto que se fume na Cozinha nem nos Quartos, só na Quinta.
Tendo ocasião, gosto que se ajudem uns aos outros.
Não perdôo uma mentira por mais pequena que não pareça.
Não gósto que estejão metidos nos quartos
pois querendo ter as coisas na ordem e limpeza q.e deve ser, não à tempo p.ª isso.
(Domingos)
Nos dias pequenos não tem tempo d'hir à Cidade, só sim dár uma vólta – mas algum dia q.e tenha empenho d'hir, diga-m'o que eu gosto mto. de fazer a vontade a quem m'a faz. (ou ao Domingo ou à Semana)
Não me importa q.e vão cedo, do q.e não gosto é que recolhão tarde.
Tenho por habito dizer algumas coisas por escripto,mas não é por mais nada, sómente pª. me não esquecer
Eu não me importo que vão até à pônte comprar
Cigarrosou o que quizerem – mas é hida por vólta, agora ficárem-se lá, isso não , porque a Róza tenho m.to em que a empregue
Estando enccomodadas gósto q.e m'o digão porque me custa m.to ver má cára, ou trombas, sem motivo.
Quando não póssa, por motivos justos, executar qualquer destas coisas, gósto m'o diga antes de me obrigar a perguntar.
M.ta fartura para a família, gósto, mas o que
não deve consentir é que estráguem ou desemcaminhem.
Nos dias em q.e não jantarmos em Caza gósto q.e
aproveitem para certos arranjos e limpezas, não quero com tudo dizer com isto q.e me não péssa uma ves por outra pª sahir.
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RE: Moradores da Caza Real
Caro José Alberto,
Fantástico!Além de muito curiosos, os documentos sobre a vida doméstica e a gestão do lar são raros. Muito obrigado por esta transcrição.
Abraço
Lourenço
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RE: Moradores da Caza Real
Nobre Zé Alberto, Caríssimo!
Mas vós já sois da Meretíssima Ordem do Sabonette, desde o vosso nascimento, disso dúvidas não tenho. Por certo q. de elevado grau, em parceria com o nosso Exmo. Coronel Manoel Estevam, reconhecido pelo Bem Amado Grão-Mestre, Capitão-General das nossas hostes!
Sabendo o Ilmo. e Exmo. Grão-Mestre da vossa séria experiência bélica nas Áfricas Orientais, do vosso belo material bélico, cumprindo o mágnifico paiol de granadas e bombardas, bem como outros dispositivos, anteparos, espaldões e trincheiras, que em bom modo conservais nas vossas terras e ainda, as vossas bem ataviadas fardas, mais as muito plumitivas barretinas de Estado-Maior, Ele vos tomará à sua direita, por certo que como Quartel Mestre General do nosso Capitão-General Manoel Estevam Rolão!
E para este efeito, a minha vínica benção, muito especial, com "Qta. da Silveira" de 94!
O "regulamento" da tua bisavó Maria José, bem q. poderiam ser subscritos pelas minhas bisavós Adelaide, da Casa do Campo e Mª da Natividade V. Pereira Cabral, do Paraizo, Foz... os usos e costumes eram mto. semelhantes, à excepção da permissão de merca dos charutos e cigarros, absolutamente interditos naquelas casas.
Vou copiar e mostrar à minha Mãe, que irá adorar!
+ Manoel, COS e Capellom-Mor, etc. etc..
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Condestável e Mordomo-Mór da SOS
Caro José Alberto Allen
Apesar do comentário quase sacrílego do nosso amigo dos MMMMMM, é com subida honra e prazer que obedeço ao encargo de lhe transmitir o seguinte despacho de SA Higiénica o nosso Soberano Grão-Mestre:
"Ego Dominus Alexandre Alexandrovitch Talavarensis Festorum, Grão-Mesre e Defensor Perpétuo da Mui Nobre e Higiénica Ordem Genealógica da Cavalaria do Sabonette da Água de Mel destes Reynos tendo em conta a distinção dos seruiços que em sua persoa e na daqueles seus antepassados de quem tão nobremente descende, especialmente os relevantes méritos de sua ilustríssima Avó Viscondessa de Vilar d'Allen, hei por bem nomear a Josephus Albertus Allanensis residente em as cercanias da inuicta cidade do Porto em o cargo de Mordomo-Mór desta Soberana Genealógica Ordem, com todolos encargos obrigações e direitos que lhe assistem em suas lides em prol da Ordem, Arrumo e Limpeza das nobres Casas de meus Caualleyros, Comendadores, Gran Cruzes e mais Fidalguos. E saibam mais os desta Ordem a que Deus me chamou a presidir que por este mesmo stromento nomeio solenemente e por todo o sempre a Emmanuelis Silverensis Rolanus, Condestável e Chefe dos Meus Higiénicos Exércitos de Desinfestação do Gentio das Infectas Naçons, em atenção aos seus muitos serviços à Causa da Cruzada, e seu futuro parentesco com a minha pessoa pelo sangue de Sarafana. Dada em os Paços da Ilha Dourada, Offshore, reinando o Régulo Jardim, aos quinze dias do mez de Janeiro do anno de Nosso Senhor Jesu Xpto de dous mil e tres annos. Com Rubrica e Guarda. O Chanceler-Mór a faça cumprir exactamente como se contém, e o Capellom-Mór mande rezar missa de acção de graças Teo Laudamus".
De V.Exa. Cdo. Mto. Attº Vnr. e Obgdo.
Alexandre Tavares Festas
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RE: Condestável e Mordomo-Mór da SOS
Caro Alexandre Festas
É esse espírito e o do nosso amigo dos MMMMMMM que cá faz falta. Gostei, principalmente da "Desinfestação do Gentio das Infectas Naçons"
Um abraço
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RE: Lombada dos Esmeraldos
Caro Alexandre
Se com uma mão lhe tirei a donataria de S. Miguel com a outra lhe dou a Lombada dos Esmeraldos e mais uns cruzados de renda, para que faça de suas honras, e lhe seja feita justiça.
Segundo Gaspar Frutuoso, nas Saudades da Terra, Lvº IV, vol. II, pág. 268 e 269:
“Estando o Infante D. Henrique em Sagres favorecendo o descobrimento destas ilhas, (Açores)comprou a Misser Maciot de Betancor, Rei das Canárias, e lhe deu pelo que tinha delas subjugado e direito da empresa as saboarias da ilha da Madeira e vinte e cinco mil réis de juro na alfândega, e por dadas as Lombas dos Esmeraldos e a Ribeira de Água de Mel, sobre o Funchal. Com isto se passou o dito Maciot de Betancor à ilha da Madeira e casou sua filha, D. Maria de Betancor, com Rui Gonçalves da Camara, segundo filho do primeiro Capitão dela, João Gonçalves Zarco; o qual Rui Gonçalves, comprando esta ilha (S. Miguel) a João Soares de Albergaria, segundo Capitão da ilha de Santa Maria, se passou a ela com sua mulher e como dentre eles não houve filhos legítimos, por razão de João Roiz da Camara, filho natural mais velho do dito Rui Gonçalves da Camara, ficar encabeçado na Capitania e jurdição, fizeram partilha em sua vida, ele e sua mulher, D. Maria de Betancor, que ela ficasse com cento e cinquenta mil réis de foro cada ano, para sempre, nas Lombadas dos Esmeraldos, seus foreiros, por eles mesmos lhas aforarem, quando da ilha Madeira se vieram com a compra desta ilha, com mais a Ribeira de Água do Mel e com trinta mil réis de renda de foros em Vila Franca do Campo desta mesma ilha (S. Miguel), que tudo agora rende, esta parte de D. Maria de Betancor, importa dois mil cruzados cada ano, que ela fez em morgado, encabeçado em Gaspar de Betancor, seu sobrinho, filho de sua irmã, que mandou vir da ilha da Madeira para nesta lhe fazer companhia, por não ter aqui parente nenhum, em vida de seu marido Rui Gonçalves, e daí em seus descendentes, no filho mais velho. E seu marido Rui Gonçalves ficou com a Capitania, que então importava tão pouco que, para ficar igualado na partilha com sua mulher, ficou com mais o quarto da fazenda que se chama Ribeira de Água de Mel, sobre a cidade do Funchal, na ilha da Madeira.
Deixou ainda, D. Maria de Betancor em Vila Franca, para o concelho da mesma vila, dois moios de terra que está arriba da vila e parte da banda do sul com os Pomares, e da banda de levante com uma grota que vai antre a fazenda de Rui Gago da Camara e a própria terra do concelho, e da banda do poente com terra fronteira do mosteiro dos frades de Nossa Senhora, e do norte com terras que foram de João d’Outeiro, a qual terra deixou que rendesse para as coisas do concelho, com condição que os gados, que viessem de caminho, pudessem dormir ali uma noite e mais não, e nunca andassem éguas nem fêmeas nela. Mandou também fazer uma capela no Funchal, no mosteiro de S. Francisco, no cruzeiro à mão direita, onde disse que levassem sua ossada. Dizem alguns que depois faleceu, e outros que primeiro, que o Capitão seu marido, alguns anos; que foi enterrado (sic), segundo alguns dizem, na capela do mosteiro de S. Francisco; mas outros afirmam que na capela-mor da igreja matriz do Arcanjo S. Miguel, que havia antes da subversão de Vila Franca.”
Um abraço,
Zé Duarte
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Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso
Caro Zé Duarte
Parece impossível que só agora eu lhe venha agradecer a sua tão simpática transcrição do Livro das Saudades da Terra, mas acredite que tenho andado sobrecarregadíssimo de trabalho, e de correspondência acumulada. Tenho andado e ando.
Pois muito grato fiquei por esses cruzados a mais de renda, e sobretudo por tanta informação interessante!
Um abraço
Alexandre
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