Manoel Picão, bandeirante de Aboim da Nóbrega

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Manoel Picão, bandeirante de Aboim da Nóbrega

#40270 | Ricardo de Oliveira | 21 Apr 2003 16:35

Há registros fragmentários da presença de Manoel Picão na região de Curitiba no final do século XVII. Encontra-se em um dos primeiros matrimônios da freguesia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, aos 27/7/1683, o enlace entre Manoel Picam de Carvalho com Maria Leme da Silva(meus 8° avós). O noivo era filho de Manoel Picam de Carvalho e de sua mulher Ana Maria, moradores em Paranaguá. A noiva era filha de Mateus Martins Leme e de sua mulher Antonia de Goes, moradores em Curitiba. Deste casamento nasceu o Capitão João Carvalho de Assunção casado com Maria Bueno da Rocha, filha do Capitão Antonio Bueno da Veiga e de Isabel Fernandes da Rocha, pais de vários filhos que seriam importantes troncos familiares entre o atual Paraná e o Norte de Santa Catarina. Antonio Bueno da Veiga era irmão de Amador Bueno da Veiga, chefe dos paulistas em Minas Gerais.
Em um documento transcrito da vila de Nossa Senhora do Desterro da Ilha de Santa Catarina, em 1730, verificamos que os três bandeirantes andavam juntos pelo Brasil Meridional muitos anos antes dessa data. Antonio Bicudo vendeu uma negra ao Capitão Antonio Bueno e deu o dinheiro a Manoel Picão Camacho.
Aqui encontramos outra grafia na escrita do nome de Manoel Picão. Poderia ser outro ou o mesmo (Manoel Picão de Carvalho e Manoel Picão Camacho) ? Temos em um documento que Manoel Picão Camacho tomou a juros de Antonio Bicudo Camacho 56$700 em fevereiro de 1697. Manoel Picão Camacho era casado com Ana Roiz, filha legítima de Garcia Rodrigues Velho e de sua mulher Isabel Bicuda, esta falecida em 1698 e inventariada em 1712. Isto indica que Manoel Picão (Carvalho e Camacho) casado com Ana (Maria ou Roiz) é a mesma pessoa.
Outro documento do final da década de 1730 registra uma dívida de Manoel Picão Camacho com os herdeiros de José Teixeira de Azevedo, que foi o seu fiador. Com este documento verificamos que Manoel Picão Camacho era genro de Isabel Bicuda e de Garcia Rodrigues Velho, cunhado de Antonio Rodrigues Velho e pai de Maria Bicuda Camacha, moradora no Barigüi, em Curitiba. Maria Bicuda Camacha era casada com João Batista de Castilho (Genealogia Paulistana Quadros 535 e Paranaense I, 589). Também verifica-se que Manoel Picão Camacho estava ainda vivo, nas Minas Gerais, em Pitangui no final da década de 1730 e na fazenda do seu cunhado Antonio Rodrigues Velho. João Batista de Castilho disse que casara há 14 anos com a filha de Manoel Picão e que este se ausentara há 30 ou 40 anos e que ele veio para esta terra (Curitiba) em 1703 e já não achara Manoel Picão Camacho. A sogra de Castilho se ausentara há uns 20 anos (no processo do fim da década de 1730). O sítio de João Batista de Castilho no Barigüi foi dado pelo tio de sua mulher, Antonio Rodrigues Velho.
Aqui provisoriamente encerramos esta história em Curitiba (em fase de mais pesquisas) e a retomamos em Minas Gerais. Encontra-se no sítio da internet da localidade de Bom Despacho o seguinte : {Laércio Rodrigues registra a ocupação provisória ou de morador da paragem do Rio Picão, e confirmado pelo Cônego Raimundo Trindade, o nome de Manoel Picão Camargo (ou Camacho), cunhado de Antonio Rodrigues Velho (de alcunha “Velho da Taipa” e um dos de Pitangui), ambos na qualidade de aventureiros pesquisadores e exploradores de faisqueira de ouro e de pedras preciosas}. E mais, além de certificarmos a presença de Manoel Picão na região de Pitangui, descobrimos que há documentos por lá que indicam o lugar de origem de Manoel Picão em Portugal : freguesia de Aboim da Nóbrega, em Vila Verde, Braga, cujo sítio na internet mostra um detalhe da Casa do Picão
De acordo com um texto de Pedro Wilson Carrano de Albuquerque na internet, Manoel Picão teve também geração em Minas Gerais : 130- Manoel Picão de Carvalho (também citado como Manoel Picão Camargos). Com Ana Maria Bicudo teve os filhos Joana Maria Bicudo, Antônia Maria de Jesus e Manoel Picão de Carvalho - (filha) 65- Joana Maria Bicudo. N. na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Serro (atual Conceição do Mato Dentro), Minas Gerais, em 1719 e fal. em 28-JUN-1786, em Pitangui (MG). Casada com 64- José Dias Maciel. C. em Sabará (MG) em 25-JUL-1739, com quem teve os filhos: Rita Maria de Jesus Maciel, Antônia Maria do Espírito Santo, José Dias Maciel, Jerônimo Dias Maciel, Teodora Pires Monteiro, Maria Rosa de São José e Alexandre Dias Maciel.

O caso é que as três pontas precisam estar ligadas : Aboim da Nóbrega, Curitiba e Bom Despacho. Milhares de quilômetros de distância percorridos nas aventuras de Manoel Picão.

Abraços
Ricardo Costa de Oliveira
21/4/2003

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Batismo coletivo de índios

#40326 | Ricardo de Oliveira | 22 Apr 2003 15:36 | In reply to: #40270

Uma das melhores provas de incursões escravagistas de busca e destruição nos sertões são os livros paroquiais. Muitas vezes encontramos registros de batismos coletivos, prova escrita e documental de que índios "selvagens" tinham sido recentemente incorporados à nossa sociedade.
Em algumas localidades do Brasil Meridional, como Curitiba, o livro de batismo dos brancos era separado do livro dos servos, bastardos e escravos. Encontrei um registro de batismo de escravos do meu 8° avô, o Capitão Manoel Picam de Carvalho, do qual descendo através dos meus dois bisavós paternos. A anotação feita no Primeiro Livro de Batismos da Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, datada de 24/6/1709, batizava a Luzia, Bento, Maria, Lázaro, Miguel, João e os Santos Óleos a Sebastião e Maria - todos já adultos e escravos do Capitão Manoel Picam. Foram padrinhos João Carvalho de Assunção (filho e meu 7° avô), o mesmo Capitão Manuel Picam de Carvalho, Maria Leme da Silva (esposa do Picam e minha 8° avó, filha do Capitão Povoador e fundador de Curitiba, Mateus Martins Leme), Manoel Carvalho, Maria de Jesus, Gregorio, Luiz Lopes Peneda e Dionisa de Side. Assento lavrado pelo Frei Fernando da Trindade. Prova de que os nossos continuavam com as suas bandeiras escravagistas como modo de vida ainda no início do século XVIII. Os batizandos deveriam ser índios guaranis ou kaingangues. Já se encontravam por aqui também os negros da Guiné. Por volta de década de 1740 a Coroa passou a proibir a escravização de índios na região e para o final do século XVIII um escravo índio poderia até mesmo ser libertado em função da sua origem americana, desde que não tivesse antepassados africanos.

Ricardo Costa de Oliveira

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#440239 | saulo397 | 30 Mär 2022 00:25 | In reply to: #40270

Olá

Boa tarde

Meu amigo eu vi que vc se refere a varios documentos importantes que também são minha genealogia, existe algum lugar que eu poderia ter acesso? Preciso demais. Por favor!

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#440240 | saulo397 | 30 Mär 2022 00:26 | In reply to: #40270

Olá

Boa tarde

Meu amigo eu vi que vc se refere a varios documentos importantes que também são minha genealogia, existe algum lugar que eu poderia ter acesso? Preciso demais. Por favor.

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