Travessa de São Mamede e freguesia do Paraíso
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Travessa de São Mamede e freguesia do Paraíso
Gostaria de saber se existe ou existiu em Lisboa alguma Travessa de São Mamede? Em que freguesia?
- E se existiu alguma freguesia do Paraíso no século XVIII, em Lisboa.
Obrigado
Francisco Correia
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RE: Travessa de São Mamede e freguesia do Paraíso
Caro Francisco Correia:
A Travessa de S. Mamede era o antigo nome da actual Rua Nova de São Mamede, na freguesia de S. Mamede.
Fica ao lado da Igreja da mesma invocação, entre a Rua do Salitre e o Largo de S. Mamede (junto à Rua da Escola Politécnica).
Não confundir com a Rua de S. Mamede (ao Largo do Caldas), que era o lugar primitivo da igreja e freguesia de S. Mamede. Esta igreja ficou completamente arruinada no Terramoto de 1755. Em 1770, pelo Plano de Divisão Paroquial, para suprir as necessidades espirituais dos novos bairros periféricos e para acabar com a excessiva concentração de freguesias no centro histórico da cidade, algumas de minúsculo território, foram algumas extintas, outras agrupadas e, finalmente, outras transferidas para novos locais. Foi este o caso da freguesia de S. Mamede, que «emigrou » do alto da Madalena para o sítio do Vale do Pereiro, junto ao Rato. Para distinguir, é costume dizer-se «S. Mamede ao Caldas» ou «S. Mamede ao Rato».
Não há nem nunca houve nenhuma freguesia do Paraíso na cidade de Lisboa. Porém, a freguesia de Santa Engrácia esteve muitos anos sediada na Ermida de N. S. do Paraíso, razão pela qual era vulgarmente chamada freguesia do Paraíso. O impedimento da Igreja de Santa Engrácia deu-se em 15-1-1630, por motivo de um célebre desacato, sendo a paróquia instalada na referida Ermida, e aí se manteve durante dois séculos. Primeiro, por ter sido a igreja arrasada e construída de novo. Depois, por que o novo edifício viria a desmoronar-se, antes de reabrir ao culto. E, finalmente, por que, em 1682, foi iniciada uma nova construção, de magníficas proporções, mas que foi interrompida a meio, e assim ficou, durante mais de 250 anos, dando origem à expressão jocosa de «obras de S. Engrácia», que designa coisa que nunca mais tem fim. Foi, no entanto, acabada, com a implantação de um magnífico zimbório, nos anos sessenta do século vinte. Mas, não chegou a servir o fim a que se destinava, pois, com a extinção das ordens religiosas, a paróquia tinha sido definitivamente instalada, a 5-4-1835, no Convento dos Barbadinhos Italianos, na Calçada dos Barbadinhos.
A primitiva igreja, situada junto ao Campo de Santa Clara, é hoje o Panteão Nacional. A ermida do Paraíso foi desafecta do culto e creio que ainda existe, perto de Santa Apolónia.
Cumprimentos,
José Caldeira
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