Curiosidade/Interesse
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Curiosidade/Interesse
É a primeira vez que participo num forum, em Português...
Sou Mendes de Abreu e tenho uma árvore genealógica feita pelo meu avô materno e copiada á mão, por mim, para papel vegetal, há já muitos anos.
Não sei se conseguirei interpretá-la!...
Já não sei bem como, deparei com este forum e achei-lhe graça!
O meu avô era de S.Gião, são vários os ramos e localidades nela referidas.Penso ter havido 1 alcaide-mor de Penamacor e vi referências a Valezim e algumas outras localidades beirãs.Tenho, entretanto, uma outra grande curiosidade: a hipótese de uma origem judaica, associada a este nome...
Uma mera introdução porque... para mim, a Nobreza, a existir, mais do que herdada, deve ser merecida e, consequentemente, conquistada!
mariamar
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Confreira
Tenho uma antepassada, também ela cristã-nova, chamada MARIA MENDES DE ABREU, natural de Penela da Beira e casada com ANTONIO SOARES DE MENDONÇA, natural da cidade da Lisboa. Ela era filha de Duarte Rodrigues Lopes (escrivão judicial de serventia e Capitão-Mor de Penela) e de Ana Rodrigues. Ele era filho de Estevão Soares de Mendonça (Contratador Geral do tabaco) e de Guimar de Andrade, ambos naturais da Guarda. Todos tinham parte de sangue cristão-novo e alguns foram presos pela Inquisição. Viveram no sec. XVII.
Se por acaso eles aparecerem na árvore genealógica que tem, posso disponibilizar-lhe mais informações.
Melhores cumprimentos
JMSA
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RE: Curiosidade/Interesse
Lol...
Não vou tratá-lo por confrade porque desconheço a que confraria poderei, eventualmente, pertencer!...
Porque é domingo, resolvi abrir a dita cuja (árvore genealógica), no chão e andei a coscuvilhar...
Não encontrei essa referência mas ou não copiei tudo ou há círculos que estão por preencher...
De qq. maneira o meu avô refere que o nosso ramo - Mendes de Abreu - t~eve como origem um casal - António Mendes de Abreu, de S. Romão c.c. Ana de Castro Fernandes, de Valezim.
Entretanto : porque lhes chama cristãos-novos e não Judeus ou de ascendência Judaica?!...A meu ver, a designação «cristão-novo» está imbuída de todo um historial de violência, não só física como psicológica que, francamente, repudio.
A propósito, gostaria de deixar, aqui, referenciados, 2 livros que considero importantes: " A short History of Jewish People" de Cecil Roth e "A Senhora", romance de Catherine Clément, que aborda, precisamente, a História dos "Marranos" na Península Ibérica e, nomeadamente, a de Beatriz de Luna, referencial da História Hebraica, em Portugal.
Atenciosamente
mariamar
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Mariamar,
Desculpe intrometer-me na "conversa", mas é simplesmente para focar um aspecto de carácter geral.
Não sei se concordo consigo quanto a ser preferível designar os "cristãos novos" simplesmente por "judeus".
Por um lado, o este termo está pelo menos tão associado a historiais de violência como o primeiro. Basta lembrar que os nacional-socialistas alemães usaram sempre a última designação para referir aqueles que metiam nos campos de concentração, nunca lhes tendo chamado "cristãos novos".
Por outro lado, o "cristão novo" era o judeu que, ao menos formalmente, tinha abjurado a Lei de Moisés e aderido ao cristianismo, permanecendo em Portugal. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, acho que apenas devem designar-se como Judeus aqueles que não se converteram e forçosamente tiveram que emigar.
Assim, em minha opinião, o uso do termo "cristão novo", aplicado àquele contexto histórico, é mais rigoroso e preferível.
Com os melhores cumprimentos
Nuno Maria (que, tal como qualquer português, tem a sua costelazinha "cristã-nova")
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RE: Curiosidade/Interesse
Caro Nuno Maria
Antes de mais não sou historiadora nem especialista na área. Aquilo que sei resulta do que tenho lido e de algumas experiências interessantes que já tive!...Quanto ás minhas leituras, os 2 livros que referenciei são importantes; o 1º, em Inglês, foi-me oferecido tinha eu 18 anos por um judeu, em Londres, na sequência de me ter visto completa/ obsecada pela sua leitura, na sua pp. casa, onde estive como "au-pair".
Depois, não tem de pedir desculpa pela sua intromissão na conversa e, muito menos terá de concordar comigo.
No que diz respeito ao regime Nazi foram, de facto, muitos os judeus assumidos
para lá enviados e que nada tinham a ver com os seus "relativos" da Península Ibérica. Não precisaram, até então e, na Alemanha, de esconder a sua origem e respectivo culto.Não eram cristãos-novos.
Quanto aos portugueses, os "cristãos-novos"= novos cristãos ( a que propósito?!...) abjuraram FORMALMENTE ( muito bem referido por si!), grande parte deles, por uma questão de sobrevivência física porque, na intimidade dos seus lares continuavam, muitos, a praticar o seu culto e a manter, escondidamente, os seus rituais religiosos.
A este respeito conta-se, curiosamente, que a farinheira ( penso ser este tipo de enchido) teve origem, precisa/, na tentativa de ultrapassar o problema da inexistência da tradição dos enchidos na cultura judaica.Como sabe, não comem carne de porco e arranjaram um estratagema para substituir esta por carne de aves, sob a forma de enchidos porque..., casa onde não houvesse fumeiro era, definitiva/, alvo de suspeição.
De qq. maneira, concordo consigo na designação que defende, aplicada áquele contexto mas...
Sabe, sou daquelas para quem interessa muito mais o conteùdo do que a forma e para quem a Fé deve ser entendida como algo muito pessoal e que não pode, de modo algum, ser imposta.
Bom domingo
mariamar
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Mariamar
Parece-me que não terá sido a farinheira, porque esta também tem carne de porco, mas sim a alheira que é constituida essencialmente por carne de galinha.
Cumprimentos
Arlindo Rodrigues
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RE: Curiosidade/Interesse
Caro amrr
Muito obrigada pela correcção.
Um bom resto de domingo
mariamar
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Mariamar,
Claro que estou de acordo consigo quanto á liberdade religiosa e questões conexas que mencionou. Mas aí estamos no plano espiritual, filosófico, ético, etc.
Como histriadores, investigadores ou simples genealogistas amadores é que me parece que não devemos abrir mão da designação "Cristão Novo", que se reporta a uma realidade muito precisa, para trocá-la pelo termo "Judeu", muito mais abrangente e não absolutamente coincidente.
Até porque muitos dos "Cristãos Novos" também hão-de ter aderido sinceramente, mais tarde ou mais cedo, á Fé Católica. Chamar-lhes simplesmente "Judeus" será distorcer e simplificar a realidade, creio...
Um bom Domingo para si também,
Nuno Maria
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RE: Curiosidade/Interesse
Caro Nuno Maria
Penso que devemos começar pelo principio!...
Pedir-lhe-ia o grande favor de me responder, sucintamente, á seguinte questão: - quem eram/foram os "Cristãos Novos"?
Qual a origem desta designação? A que se deve?
E, não se esqueça - Jesus Cristo era, Ele pp. Judeu...ou discorda?...Foi circuncidado..., ou ignora?!...
Cumprimentos
mariamar(uma verdadeira peste!)
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Mariamar
Se gostou de " A Senhora" e se interessa por cristãos-novos recomendo-lhe "O Último Cabalista de Lisboa" ,de Richard Zimler, que versa sobre a problemática em causa e explica bem as diferenças.
cumprimentos
maria benedita
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Maria Benedita
Muito obrigada pela informação e conselho.
Vai ser a minha próxima aquisição e vem mesmo a calhar.
Cumprimentos
mariamar
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RE: Curiosidade/Interesse
Cara Mariamar,
É claro que não é nenhuma peste. Argumenta muito bem e escreve ainda melhor!
Respondendo á sua primeira pergunta - "quem eram os cristãos-novos?":
- Basicamente eram os habitantes de Portugal que, não sendo cristãos de origem, foram forçados a converter-se à Fé Católica pelos Éditos de D.Manuel I de 1496 (expulsão dos hereges do reino) e de 1497 (baptismo obrigatório). Tais medidas atingiram principalmente a população judaica. A Corôa, porém, sabendo que as conversões autênticas iam demorar o seu tempo, concedeu prazos para os conversos irem perdendo as antigas crenças e costumes após o baptismo forçado. Primeiro concedeu 20 anos para a transição, sucessivamente prorrogados. Estava criada a divisão entre "cristãos velhos" e "cristãos novos", com as consequências gravíssimas que conhecemos. E foi só em 1773 que, por determinação do Marquês de Pombal, foi abolida legalmente a distinção entre "cristãos velhos" e "cristãos novos"!
Quanto á 2ª questão, acha que vale mesmo a pena responder?
Uma boa noite para si!
Nuno Côrte-Real
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RE: Curiosidade/Interesse
Caro Nuno Maria
Desta vez parece que sim, que conseguiu convencer-me pois «contra factos não há argumentos» e, perante a sua exposição, só me resta pedir-lhe desculpa pela minha temeridade.
Agradecendo a atenção dispensada,
uma boa noite para si, também!
mariamar
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