Paternidade legal e paternidade biológica
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Paternidade legal e paternidade biológica
Tenho ouvido dizer (creio que há geneticistas que o têm afirmado) que cerca de 10 % das pessoas não são filhas do pai que deveria ser o seu. Este fenómeno tem consequências preocupantes em relação à genealogia. Será verdade?
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RE: Paternidade legal e paternidade biológica
Caro Confrade:
Não sei qual será a percentagem real; uma consequência inexorável é que, a ser verdadeira essa percentagem (acredito que seja exagerada) a probabilidade de estar 100% biologicamente certa uma linha de ascendência legalmente provada com 7 gerações ou mais seria inferior a 50%. Em termos de costados, a probabilidade de alguém ser biologicamente descendente de todos os antepassados legais apenas até aos bisavós também seria inferior a 50%.
Se a percentagem de discrepâncias entre filiação legal e biológica for da ordem de 1% em vez de 10% aqueles números alteram-se para 69 gerações e árvore de costados até sextos avós (menos de 28% de probabilidade de estarem os costados legais todos certos biologicamente até sextos avós, mas mais de 52% de probabilidade de estarem todos certos até quintos avós).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Paternidade legal e paternidade biológica
Caro Confrade
Agradeço a excelente contribuição do Confrade António Bivar.
Infelizmente, os 10 % estarão mais próximos da realidade que 1 % ...
Cumprimentos do
Marcolino Pires
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RE: Paternidade legal e paternidade biológica
Caro Confrade:
Gostaria de ver o estudo em que se baseia esse número dos 10%; como é evidente, haverá variações importantes consoante a população estudada, sendo portanto necessário saber a que época, local, etc. se reporta o estudo.
Nos cálculos simples que permitem chegar aos números acima indicados pressupõe-se um número médio de "falsas paternidades" não inferior a 10% (respectivamente a 1%) em todos os locais e épocas a que tenham pertencido os antepassados considerados, quando pretendemos fazer afirmações do tipo "a probabilidade de estar tudo certo é inferior a...".
Para dar ideia do que acontece com um valor intermédio, por exemplo com 5% de "acidentes" teremos linhas de ascendência com menos de 50% de probabilidade de serem integralmente "biológicas" a partir de 14 gerações, e árvores de costados a partir das que incluam todos os antepassados até trisavós.
Para termos uma ideia de qual é a nossa percepção da realidade, a "hipótese dos 10%", aplicada ao universo dos nossos conhecidos e respectivos antepassados deve levar-nos a pensar se nos parece razoável admitir que, em mais de metade dos casos das pessoas que conhecemos, terá havido pelo menos uma das antepassadas até bisavós a esconder ao marido e à sociedade que o filho ou filha também antepassado da mesma pessoa (ou a própria) não era havido do marido...
Outra presunção que é consequência dessa mesma hipótese é a de que em mais de metade dos casos, numa família com mais de seis filhos, há pelo menos um deles que não é filho do pai legal... Com os dados de que aqui dispomos (sem se conhecer a fundamentação científica da percentagem de base que se utiliza nos cálculos), as contas acima referidas servem sobretudo para estabelecer consequências e equivalências deste tipo relativemente às nossas convicções, mais do que enunciar factos reais. Apesar de tudo acho que, à partida e antes de se "fazer as contas", é mais fácil acreditar na questão dos 10% do que em algumas das suas consequências como as acima referidas, o que nos permite avaliar com mais segurança em cada universo social o que cada um de nós espera que aconteça.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Paternidade legal e paternidade biológica
Caro Confrade
Agradeço mais esta excelente contribuição do Confrade António Bivar.
Quanto aos tais 10 %, se eu descobrir quem afirmou isso, não deixarei de citar o autor ou autores ...
Com os melhores cumprimentos do
Marcolino Pires
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RE: Paternidade legal e paternidade biológica
Caros Confrades,
O livro onde se encontram esses estudos chama-se " O Mito da Monogamia" por acaso tenho, mas ainda não li por falta de tempo.
Cumprimentos, José Travassos Valdez
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