Descendência de Padres

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Descendência de Padres

#104362 | gmg | 02 Nov 2005 14:40

Relativamente a descendentes de Padres, existem processos movidos pelas Entidades Eclisiásticas superiores, em forma de reprimenda pelo sucedido? Onde é possível encontrar esses processos?

Obrigado,

G.M.G.

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RE: Descendência de Padres

#104366 | silvestre | 02 Nov 2005 15:14 | In reply to: #104362

Também tenho curiosidade pois tenho alguns avós padres, um dos quais, Manuel Borges, teve pelo menos duas filhas da mesma mulher: a minha 6ª avó Flora Borges e a irmã Isabel, no Carregal do Sal. Tenho andado a pesquisar os colaterais e encontrei um outro Manuel Borges de Sousa com uma filha,para além de outros padres. É curioso que os filhos adoptavam apenas os apelidos do pai.
Vera

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RE: Descendência de Padres

#104382 | gmg | 02 Nov 2005 18:14 | In reply to: #104366

Obrigado pela sua resposta.
Já consegui recuar um pouco na Ascendência de alguns Padres, atravás dos seus Processos de Genere.... contudo há casos em qua adoptavam o apelido do Pai, como tanto surgem com o da Mãe ou até ambos.

Gostava de saber se as Autoridades Eclisiásticas eleboravam algum Processo para "penalizar" ou "castigar" o dito Padre pela sua conduta e onde é que se podem consultar esses mesmos processos.
sabe de alguma coisa?

Luís Murta Gomes

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RE: Descendência de Padres

#104389 | silvestre | 02 Nov 2005 20:48 | In reply to: #104382

Também não sei se haveria algum castigo mas é louvável assumirem os filhos.

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RE: Descendência de Padres

#104392 | silvestre | 02 Nov 2005 21:04 | In reply to: #104382

Tenho um texto que reproduz parte da carta esccrita por Frei João de Mansilha ao prior do Convento de S. Domingos, admoestando-o em relação aos maus hábitos do convento, embora não refira a vida marital e descendência dos padres. Posso enviar-lho silvestre @ aeiou. pt
Vera

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RE: Descendência de Padres

#104495 | gmg | 04 Nov 2005 13:53 | In reply to: #104392

Claro que é louvável assumirem os filhos, quando o faziam! Seria correcto que todos assim tivessem procedido. Não se trata de disso.

O que eu gostava de saber é se havendo a denúncia, ou prova, de que um menino ou menina fosse filho de um Padre, haveria algum comunicado ao Bispado, ou a alguma Entidade Eclisiástica no sentido de chamar à atenção do Padre?

Cumprimentos

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RE: Descendência de Padres

#104546 | E. Osório | 04 Nov 2005 19:50 | In reply to: #104495

Caro Luís Murta Gomes,

Todos os actos cometidos por clérigos que envolvessem censura, especialmente se tivessem como base uma denúncia e prejuízo de terceiros - caso dos filhos naturais, por exemplo - eram em princípio levados ao tribunal eclesiástico da respectiva diocese.

Esta no entanto só tinha jurisdição sobre os clérigos "do hábito de S. Pedro", ou seja os que estavam ligados às paróquias, porque os outros - das diferentes ordens religiosas - tinham as suas próprias regras.

Há processos no Arquivo da Universidade de Coimbra, nos quais junto das ordenações sacerdotais de um indivíduo constam outros documentos, como sejam os desta natureza.

Quanto às sentenças, já vi uma ou duas em que a pena era de natureza pecuniária, aliada ou não a desterro temporário para outro local do país.

Os clérigos também eram processados por determinados comportamentos de natureza social, como fossem o jogo de cartas - que era proibido - as rixas de rua, as bebedeiras... Felizmente que nessa altura, carros, só de cavalos...

Cumprimentos
Eduardo Osório

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RE: Descendência de Padres

#104719 | gmg | 07 Nov 2005 12:43 | In reply to: #104546

Caro Eduardo Osório,

Muito obrigado pela sua resposta. Foi muito interessante. Diz-me então que no Arquivo da Universidade de Coimbra exisyem Processos onde possa constar alguma informação deste tipo? Para todas as freguesias do País? Ou apenas aqualas pertencentes aos concelhos do distrito de Coimbra?

Cumprimentos,
Luís Murta Gomes

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RE: Descendência de Padres

#104733 | E. Osório | 07 Nov 2005 15:43 | In reply to: #104719

Caro Luís Murta Gomes,

No AUC existem, em princípio, todos os processos de ordenação sacerdotal dos indivíduos que se ordenaram no bispado de Coimbra a partir do final do sec. XVI.

Naturalmente com muitos hiatos, e os próprios processos não estão todos completos. Uns estão, outros não. Também muitos, talvez a maioria até, não terminavam a ordenação.

Além disso, até aos primeiros anos do sec. XVII, os processos eram pouco mais que listas de nomes, organizadas consoante o ano e as ordens correpondentes, menores e maiores. A partir daí aparecem as escrituras de património e mais tarde as inquirições "de genere" e de "vita et moribus".

Os processos abrangem gente de todo o país, pois em Coimbra havia a universidade e muitos dos ordinantes, residentes no seminário, faziam estudos superiores, habitualmente em Cânones, ao mesmo tempo que iam tirando as várias ordens. De qualquer forma, a grande maioria são do bispado de Coimbra.

Encontrei um exemplo daqueles que falei, o processo do Padre António Garcia Lobo, de Sandomil: tomou ordens menores em 1702, ordens sacras (todas) em 1707, ano em que fez escritura de património. Em (...?), já sacerdote, teve contra si uma sentença a favor de Luísa Borges, filha de Manuel Nunes, por este "a ter desonrado". Foi condenado em 100.000 reis "para o seu dote", e degredo de dois anos para o bispado de Leiria...

Cumprimentos
Eduardo Osório

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