RE: Brasão da Famila Lopes

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Brasão da Famila Lopes

#111638 | LuisLopes1255 | 09 Feb 2006 02:33

Caros Confrades:
Chamo-me Luis Manuel Lourenço Lopes, sou do Algarve, Concelho de Olhão, mais propriamente dea Vila/Freguesia de Moncarapacho. À Pouco tempo mostrei interesse em descobrir algo sobre os meus antepassados Familiares no qual estou a construir a arvore geneologica. Tambe´m sei que os Lopes têm varios Brasões, os que descendem da Cidade Rodrigo dos finais do Sec. XV, os "Lopes" de João Lopes Cavaleiro da casa da infanta D. Joana filha de D. Afonso V e tambem o Brasão dos que descendem de D. Toríbio Lopes. No Concelho de Olhão existem mesmo muitos Lopes.

Por em quanto no Cartorio Paroquial da Freguesia já sube qualquer coisa...

Os meus Avós chamavam-se:

José Francisco Lopes que casou com Cústodia da Graça

e os meus Bisavós da parte do Meu Avô chamavam-se

Jõao Lopes que casou com Brites do Carmo

Brevemente vou saber como se chamavam os pais do meu Bisavô

Agradecia que me ajudassem se souberem alguma coisa, porque isto é uma grande confusão com tantos Lopes que conheço nesta mesma area onde vivo
e qual será o Brasão de armas a minha familia poderá adoptar, é que estou a principiar e existe muita coisa que estou aprendendo.

Luis Manuel L. Lopes

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RE: Brasão da Famila Lopes

#111646 | 2910 | 09 Feb 2006 09:33 | In reply to: #111638

Os apelidos patronimicos são os mais comuns em Portugal, indicam sempre o nome do pai, existem inúmeras famílias que adoptam este tipo de apelidos, sem estarem ligadas entre si.

-Afonso, nome prório
-Álvares ou Alves (forma abreviada), filho de Álvaro
-Antunes, filho de Antão, ou António
-Anes, (o mesmo que Enes, Eanes Joanes), filho de João
-Bráz, nome próprio
-Dias, filho de Diogo (em Espanha Diaz, filho de Diego)
-Domingues, filho de Domingos
-Esteves ou Estevens, filho de Estevão
-Fernandes, filho de Fernão ou Fernando
-Felipe, nome próprio
-Gaspar, nome próprio
-Garcia, nome próprio usada na idade média
-Gil, nome próprio, também pode ser filho de Egidio
-Geraldes ou Giraldes, filho de Geraldo
-Gomes, nome próprio usada na idade média
-Gonçalves, filho de Gonçalo
-Henriques, filho de Henrique
-Lourenço, nome próprio
-Lopes ou Lopez, filho de Lopo
-Luíz, nome próprio
-Marques, filho de Marco ou Marcos
-Martins, filho de Martim, ou de Martinho
-Mendes, filho de Mendo
-Nunes, filho de Nuno
-Paes ou Pais, filho de Paio
-Pires/Peres, filho de Pêro ou Pedro
-Rodrigues ou Roiz (forma abreviada), filho de Rodrigo
-Simões, filho de Simão
-Soares, filho de Soeiro
-Vasques ou Vaz (forma abreviada), filho de Vasco

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#111648 | joão pombo | 09 Feb 2006 10:01 | In reply to: #111638

Caro Luís Lopes:

Para saber se tem direito a usar armas, terá de pesquisar a sua ascendência, nomeadamente o ramo Lopes, que é o que parece interessar-lhe mais.
Se descobrir um antepassado armigerado, em princípio deve poder usar as armas que lhe foram concedidas.
Claro que o antepassado podia chamar-se Manuel Lopes e ter recebido Carta de Brasão de Armas de Gouveia, por exemplo...
Agora não me parece que faça sentido a opção entre armas que foram concedidas a 2 ou 3 Lopes há séculos, sem que consiga provar ser descendente dos mesmos.
Note que os brasões ou armas são, no fundo, sinais distintivos de um determinado indivíduo e não de uma Família. Existem irmãos que usam armas diferentes, não obstante serem filhos do mesmo pai e mãe.
Cumprimentos,
João Pombo

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#111689 | LuisLopes1255 | 09 Feb 2006 16:44 | In reply to: #111648

Caro João Pombo:

Há pouco tempo que estou em contacto com estes factos por isso acho-me que ainda sou um pouco "ignorante" sobre estes assuntos.

Gostaria que me corrigisse se é esse o facto; as Cartas de Brasão de Armas foram concedidas até final do Sec. XIX principio do Sec.XX, penso eu (até o termino da monarquia-portuguesa).

Diga-me como, por assim dizer, que por exemplo um Manuel Lopes pode ter recebido Armas dos Gouveia? poderia ser descendente da familia Gouveia?

Pde acontecer que por exemplo o Pai deste "Manuel Lopes" ser Joaquim Gouveia
e ter posto o apelido "Lopes" ao seu filho Manuel ? isto pode ser possivel?
Acho que vou por mãos á obra para descobrir os meus antecedentes.
Muito Obrigado!!

Luis Lopes

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#111692 | joão pombo | 09 Feb 2006 17:43 | In reply to: #111689

Caro Luís Lopes:

A resposta que lhe dei foi com base no que tenho aprendido aqui neste fórum, já que também sou ignorante nestas matérias.
Em relação à questão do uso de apelidos e armas, acredito que em muitos casos não há coincidência. Basta pensar neste exemplo: Um indivíduo de nome Manuel Lopes, fº de outro Lopes, requer autorização para usar as armas que foram concedidas a um antepassado por via materna, um Gouveia, p.ex. Isto não quer dizer que não se possam recuperar apelidos de antepassados, nomeadamente antepassados nobilitados. Hoje em dia as regras serão mais rígidas, mas durante muito tempo havia grande liberdade e existem inúmeros casos de irmãos com apelidos diferentes.
Ainda a título exemplificativo, vale a pena referir que poderá existir uma família nobre cujos membros durante muitas gerações usaram os apelidos Pereira Barbosa, cujo primeiro antepassado conhecido na linha varonil se tenha chamado Miguel Costa e cujo actual representante seja o Sr. Octávio Ferreira.
Ou seja, as coisas não são assim tão simples e quando falamos em brasões, representações familiares, etc, há que fazer apelo às regras legais vigentes até à implantação da República.
Boas pesquisas!
Cumprimentos,
João Pombo (tb sou Lopes)

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#111708 | LuisLopes1255 | 09 Feb 2006 22:00 | In reply to: #111692

Mais uma vez obrigado pelas suas explicações!

Mas ainda tenho o interesse saber o seguinte, vamos exemplificar o seguinte:
Vamos supôr que pela via materna existiu um antepassado de minha mãe que recebeu as armas da Familia Gouveia e um antepassado de meu pai que recebeu as armas da familia Lopes, será que pela arvore geneologica acabando em mim existe alguma regra de "fuzão" de brasões,podendo haver um só brasão levando as armas dos 2 brasões? nao sei se isto parece confuso...
Mas obrigado na mesma!!

Luis Manuel Lourenço Lopes

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#111738 | joão pombo | 10 Feb 2006 08:37 | In reply to: #111708

Caro Luís Lopes:

É perfeitamente possível aquilo a que você chama de fusão de brasões e se reparar é o que acontece na maioria dos casos. Na representação gráfica, os escudos estão divididos em várias partes, cada uma representando as armas concedidas a um determinado antepassado.
De resto, para se usarem armas "plenas" creio que é necessário ser chefe ou representante da Família ou de nome e armas. A Heráldica é um conjunto de regras muito específicas e rigorosas e todas as situações possíveis são contempladas.
Posso estar muito enganado, mas duvido que seja possível que 2 famílias distintas usem as mesmas armas (p.ex. de Sousa, Melo, etc...).
Mas como lhe disse, também sou ignorante nestas andanças e por isso espero que algum Confrade mais elucidado intervenha neste tópico para o esclarecer melhor.
Cumprimentos,
João Pombo

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#111748 | Marcondes | 10 Feb 2006 10:47 | In reply to: #111708

Prezado Luis,
Como o João Pombo já disse, não só é possível esta "fusão" como é o que acontece na maioria das vezes. Existem regras específicas para isto. Uma delas é que não se pode usar mais que quatro armas. Estas armas podem vir pelo lado paterno e materno, somente paterno ou somente materno. O "arranjo" destas armas no escudo segue regras também.
Quando você vê um escudo dividido em quatro partes, que dizemos esquartelado, está geralmente ilustrando justamente o que acabei de dizer. Mas podemos ter o escudo esquartelado com somente duas armas de famílias, cada uma aparecendo duas vezes. Ou três armas, uma delas aparecendo duas vezes.
Podemos ter também o escudo dividido em duas partes. Se for dividido por uma linha vertical, dizemos partido; se for por uma linha horizontal dizemos cortado.
Mas lembre-se que muitas vezes o escudo de armas de uma família pode ser dividido, o que levará a encontrarmos escudos divididos em quatro (quatro famílias) e uma (ou mais) das divisões também subdividido.
Um abraço,
Washington Marcondes Ferreira

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#111841 | Manuel de Chaves | 11 Feb 2006 18:01 | In reply to: #111646

Osório e Mem, por exemplo, também são patronímicos.

Mendo e Mem também podem significar filho de Mendes:

D. Gonçalo Mendes da região de Sousa, conhecido pelo "Bom", teve D. Manuel Mendo de Sousa.
D. Garcia Mendes de Sousa teve D. Mem Garcia de Sousa. Este, teve Joana Mendes, Gonçalo Mendes de Sousa, etc..

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#111844 | carlos luiz | 11 Feb 2006 20:03 | In reply to: #111646

Caro confrade
Ao fazer a minha arvore,tenho encontrado o meu apelido(Luiz) até 1640!

Muita embora seja nome própio, é tambem o meu apelido que vem de familia,que diferença pode existir,entre apelido e nome própio!
Cumprimentos
Carlos Reis Luiz

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#111859 | Manuel de Chaves | 11 Feb 2006 23:07 | In reply to: #111844

Caro Confrade

Tenho pena, mas não sou, de maneira nenhuma, a pessoa indicada para respoder à sua questão. Formulo os meus melhores votos para que alguém habilitado o faça. Contudo, poderá ser, isto no área das meras hipóteses, que algum dos seus antepassados, com esse nome, se tivesse notabilizado ao ponto dos seus descendentes continuarem o seu uso para o homenagearem e por se sentirem honrados com semelhante ascendente. É o que sucede com uma família portuguesa que descende do S.to Ivo. Usa-o como último apelido, ao contrário dos outros Ivos, que não têm ligação a esta família que o usam como nome próprio.

Cumprimentos

Manuel de Chaves

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#111866 | JFMenéndez | 12 Feb 2006 01:51 | In reply to: #111748

Caro Manuel Chaves

Peço desculpa de me intrometer no V/tópico, mas só para corrigir a sua afirmação quanto ao Mendo e ao Mem serem patronímicos de Mendes.
Por lapso deve-lhe ter escapado, mas é exactamente ao contrário.
Mendes é que é o patronímico de Mem ou de Mendo.
Tal como o meu Menéndez foi o patronímico asturiano e castelhano de Menendo.
Tal como Paes (ou na moderna grafia Pais) o é em relação a Paio.
Ou Rodrigues o é em relação não só a Rodrigo como também a Ruy (hoje Rui), uma vez que na forma curta ou abreviada se escrevia Roiz e que a dada altura passou a designar não só o patronímico (filho de Rui) como também a abreviatura de Rodrigues.
O exemplo que aponta - o de um Mem filho de um Mendes - não é o de um patronímico mas tão só o de alternância e - para a Alta Idade Média - não nos serve de qualquer indicativo para o nome provável do pai de um qualquer Mem ser um Mendes.
Mesmo no caso dos patronímicos correctamente indicados pelo Confrade 2910, nem sempre essa condição se verifica, aliás, explicativa da progressiva adopção do patronímico como apelido, com avanços e recuos de acordo com as regiões geográficas e as próprias razões decorrentes do conhecimento e do tratamento de cada um pelos seus conterrâneos.
Exemplo disto é hoje (e já de há um século a esta parte) querem atribuir apelidos a determinadas figuras históricas que nunca os usaram ou como tal nunca foram conhecidas. Não estou a dizer nada de novo, mas simplesmente a acompanhar o raciocínio de um dos nossos maiores genealogistas -Anselmo Braamcamp Freire. E se ilustres historiadores e linhagistas medievos, como José Mattoso, acrescentam aos nomes próprios uma denominação geográfica ou um topónimo, fazem-no simplesmente por comodidade "taxonómica", chamemos-lhe assim, embora depois outros investigadores se aproveitem da designação para lhe dar foros de apelido, que na maioria dos casos nunca o tiveram, ou só muito tardiamente.

Quanto à outra questão do Confrade Carlos Reis Luiz, posso elucidar que muitos nomes próprios foram adoptados como apelidos que ainda hoje perduram, como é o caso dos apelidos Alexandre, Filipe, Francisco, João, Pedro, etc.
Entre os ascendentes dos meus Dias da Costa tenho, lá para as bandas de Soure, uma sucessão de Franciscos, por vezes no nome próprio e no apelido.
Uma vez mais, peço desculpa pela minha intromissão, e embora a minha especialidade não seja a onomástica alguma coisa me fica da Linguística, particularmente da Linguística Histórica que é um dos domínios da minha mulher.

Também quanto à partição dos escudos anda por aí alguma confusão, mas..., embora conviva com alguns dos nossos maiores heraldistas, eu que até estou em minoria por ser dos poucos genealogistas no meio a que me reporto, não vou adiantar nada sobre isso.

Cordiais Saudações

José Filipe Menéndez

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#111884 | Manuel de Chaves | 12 Feb 2006 15:48 | In reply to: #111859

Resalva:
Descende da (família) de S.to Ivo.
Desconheço se ainda têm o Ivo como apelido.

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RE: Brasão da Famila Lopes

#111885 | Manuel de Chaves | 12 Feb 2006 15:55 | In reply to: #111866

Caro JF Menèndez

Não ignoro que a sua afirmação, no que toca aos patronímicos, coincide, grosso modo,com o que está estabelecido. Só que eu tenho as minhas dúvidas; há muito que estou vencido, mas não convencido.
Quanto às outras considerações, acho-as muito pertinentes e identifico-me com elas.
Mas, no seu parecer, o que teria levado algumas famílias a perfilhar, insistentemente, até hoje, um determinado nome próprio, Pedro, Filipe..., em vez de um apelido?
Verifica-se, nos respectivos Arquivos, que em certas zonas do país a ausência de apelidos "autênticos", na gente não fidalga, nos séculos XVI, XVII, e muitas vezes no XVIII, era quase uma regra, ao contrário da região de Lamego, por exemplo.

Cumprimentos

Manuel de Chaves

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#111890 | carlos luiz | 12 Feb 2006 17:00 | In reply to: #111866

Caro confrade
José Filipe Menéndes
Quanto às informaçôes,que me deu sobre o meu tópico(Luiz),eu até fico agradeçido,e não tem nada que agradeçer!
Ao contràrio, ficamos todos agradeçidos.
Com os meus cumprimentos
Carlos Reis Luiz

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#111910 | carlos luiz | 12 Feb 2006 21:17 | In reply to: #111885

Caro Manuel de Chaves

Tambem agradeçido,por sua mensagem!
Mas então,onde estão os apelidos das pessôas não fidalgas?
Depois quando,é obrigatório os apelidos de familias!
E como faziam antes,para obtelos!
Sempre agradeçido
Carlos Reis Luiz

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#111951 | LuisLopes1255 | 13 Feb 2006 16:11 | In reply to: #111748

Caro confrade Marcondes!

Muito obrigado pela sua resposta!
Eu tambem vejo isto também de outra maneira.Por exemplo por via materna pode ter existido antepassados em que essas familias pedem ter recebido armas
mas, em descendencia uma das familias pode ter tido só filhas que ao casarem terem perdido o seu apelido de familia adquirindo outro nome de familia sem que essa familia não seja portadora de armas. Dentro deste campo é um pouco mais dificil vendo só o apelido de familia.

Luis Lopes

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#111952 | Manuel de Chaves | 13 Feb 2006 16:56 | In reply to: #111910

Caro Carlos Reis Luis

Nada tem que agradecer.
Baseado em certidões de baptismo e outros documentos, soube que os meus apelidos, Chaves, Osório, Homem e Correia não têm raizes fidalgas.
Não sei responder aos outros assuntos.

Cumprimentos

Manuel de Chaves

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#111957 | JCC | 13 Feb 2006 18:25 | In reply to: #111951

Caro Luis Lopes

Como já foi dito a Heráldica é uma ciência, com regras próprias, e com um direito associado. Em Portugal as regras do direito relevante encontram-se dispersas em vários locais nomeadamente nas Ordenações (Manuelinas e Filipinas, pincipalmente), nos Regimentos da Armaria, etc.

Se fizer uma pesquisa nas salas de Heráldica vai encontrar um série de artigos que certamente o ajudarão.

Quanto à questão que coloca, em Portugal, ao contrário do que se passa para lá dos Pirinéus, a nobreza sempre se transmitiu, também, por via materna. Assim o direito ao uso de brasão tanto pode ser herdado pelo lado paterno como pelo materno.

A questão dos apelidos é outra: nem sempre se segue com o apelido da varonia, por vezes os irmãos usam apelidos diferente, quiçá para garantir a continuidade de todos eles, é frequente que senhoras usem os apelidos maternos ao passo que homens seguem os paternos, a ordem dos apelidos foi variando ao longo dos tempos sendo muito frequente, antigamente, usar-se os apelidos como agora chamamos "à espanhola" ou seja o primeiro apelido é o da varonia, etc., etc.

Por tudo isto costumo dizer que, em Portugal, a única regra que conheço sobre o uso dos apelidos é que não há nenhuma regra.

Por tudo isto se vê a importância de um estudo genealógico sério. Não basta usar um determinado apelido para se presumir que se descende de Fulano ou Cicrano. É, sim, necessário, desenvolver um estudo baseado em documentação que o prove.

É este o desafio que nos é posto, a todos nós: investigar seriamente, sem preocupações de encontrar antepassados nobres, mas antes procurando a verdade científica acima de tudo. Por mim prefiro encontrar gente honesta e boa.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Brasão da Famila Lopes

#112056 | JFMenéndez | 14 Feb 2006 22:25 | In reply to: #111957

Caros Confrades

E se me permitem, também um pouco em resposta às questões do Confrade Manuel de Chaves

Peço desculpa por não ter logo respondido às vossas questões mas, não só não tive disponibilidade para o fazer, como quis também dar uma olhadela no que tenho sobre onomástica e, tanto quanto possível, procurar algo mais para lhes poder responder o mais correctamente possível, embora não da forma mais sucinta como seria desejável, reconheço-o e penitencio-me.

Relativamente a essa questão do uso de um nome próprio como apelido, penso que decorre de um processo muito semelhante aquele da velha tradição, do período inicial da Alta Idade Média, em que passou a vigorar o uso germânico do nome – próprio – único.
Claro que para esse período, de transição entre o Baixo Império e a Alta Idade Média, não se pode generalizar esse uso. Nesses tempos de instabilidade, com as fronteiras do Império do Ocidente a serem constantemente transpostas, quer por hordas de bárbaros, quer por bárbaros já muito romanizados, esses costumes coexistiram de parte a parte, num processo que durou gerações a afirmar-se e a concretizar-se.
Com os povos germânicos a usarem (pouco) nomes romanos e muitos romanos, ou povos há muito romanizados, a sucumbirem à diversidade onomástica e à sonoridade dos nomes daqueles, muitas vezes numa simbiose em que o mesmo indivíduo tinha dois nomes, um romano e outro germânico (não necessariamente por esta ordem), em vez da velha onomástica romana geralmente composta do nome (repetido sucessivamente de pais para filhos), apelido e cognome, para os poder distinguir. Mas uma vez instalados, no decurso mais ou menos longo desses reinos em que se fragmentou o Império e, particularmente, a Península Ibérica romanizada, foi-se impondo naturalmente o uso germânico do nome único … geralmente escrito à latina.
Nome único, pessoal, próprio, que servia como património da família, como bem salienta Carlos Bobone. Ou, para lembrar um exemplo mais comum - embora praticado entre a classe reinante - o do nome próprio de Carlos Magno (e Magno é cognome) que se estendeu à sua dinastia: a dos Carolíngios e, embora menos conhecidos, o dos nomes própios que se estenderam a outras dinastias condais ou de outro grau – Guelfes, Geraldos, Eudos, Guidos, Lambertos, Guilhermes, Bernardos, Teodoricos e Ricardos, para só mencionar alguns desses nomes bem germânicos, como recorda o Professor Luiz de São Paio em a “A Ascendência de D. Afonso Henriques” in Raízes e Memórias, n.º 3).
Embora haja diversos estudos sobre esta matéria, quer de autores portugueses, quer estrangeiros, principalmente espanhóis e franceses, uns mais antigos, outros mais recentes, uns de âmbito geral, outros muito especializados, optei por seguir um notável estudo de síntese, apresentado há já uns anitos aos leitores da revista Raízes e Memórias, da autoria do mesmo Carlos Bobone atrás mencionado.
Refiro-me concretamente ao n.º 3 dessa publicação, da Associação Portuguesa de Genealogia, editada em Outubro de 1988, e ao interessante trabalho significativamente intitulado: "Apelidos em Portugal".

Concluirei oportunamente esta aliciante temática

Com os meus melhores cumprimentos

José Filipe Menéndez

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#113596 | JFMenéndez | 08 Mar 2006 00:35 | In reply to: #112056

O PATRONÍMICO I

Caros Confrades

Continuando a minha reflexão sobre Onomástica, interrompida há algumas semanas atrás, retomo o assunto, mas sem grandes preocupações de natureza linguística – sejam elas no domínio da Fonética, da Fonologia, da Morfologia, da Sintaxe, da Semântica ou da Pragmática, que importa mencionar, mas não cabe agora destacar aqui, à excepção das duas últimas de que eventualmente falarei mais à frente – destacando (procuro minimamente fazê-lo) nesta síntese a formação e a evolução na composição dos nomes, sobrenomes e apelidos.
Assim, (e não considerando agora aqui as influências mouras na antroponíma, embora lembrando-as, dado que as houve no quadro geral da Península) direi que mais tarde, já durante a longa Reconquista nos reinos cristãos peninsulares, a tradição judaico-cristã impôs uma nova antroponímia de natureza religiosa e novas características onomásticas que iriam perdurar, embora com significativas modificações – tanto na forma de combinação dos nomes, como no enriquecimento progressivo do seu conteúdo com o patronímico, o(s) apelido(s) e as alcunhas – por muitos séculos, apanhando ainda a Alta Idade Média, e atravessando as que se lhe seguiram, praticamente até ao fim do século XVIII, e que foi fruto da enorme influência religiosa.
Nomes próprios nascidos dessa tradição, desenvolvidos com o monaquismo ocidental, foram aparecendo concomitantemente com aqueles provenientes da tradição germânica, fosse ela sueva, goda ou franca. Aquelas duas desenvolvidas durante os séculos em que durou a ocupação efectiva do espaço ibérico e a sua posterior evolução no quadro dos reinos peninsulares, e quanto a esta última, decorrente do facto da sua influência na Península, por acção dos monges Beneditinos de Cluny e das ordens aparecidas na sua esteira, bem como das estreitas relações entre a monarquia franca - da dinastia Capetíngia, principalmente através da Casa de Borgonha (estreitamente ligada a Cluny) - e os reinos peninsulares.
Mas, em qualquer dos casos, os nomes próprios de raíz romana, germânica ou judaico-cristã começaram progressivamente a serem acompanhados de um sobrenome identificativo do respectivo pai. De facto, pelo menos desde o séc. IX que pode constatar-se esse uso generalizado … entre os indivíduos das classes dominantes, quase todos eles descendentes da antiga nobreza visigoda.

(Continua)

José Filipe Menéndez

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RE: O PATRONÍMICO II

#114148 | JFMenéndez | 15 Mar 2006 00:24 | In reply to: #113596

Caros Confrades

Continuando o raciocínio anterior.
Assim, no que toca ao patronímico - isto é, ao uso do nome do pai (geralmente na forma genitiva, mas que nem sempre assim aconteceu) a seguir ao nome pessoal – verifica-se que tal uso é anterior à nossa nacionalidade, dado que já no território portucalense ocorrem casos ilustrativos de tal na documentação estudada pelos filólogos, linguistas e historiadores que sobre esta matéria se debruçaram, desde os “clássicos” Alexandre Herculano, Leite de Vasconcelos e Menéndez Pidal, passando por Rui de Azevedo, Avelino de Jesus da Costa, Pierre David, Paiva Boléo, até aos Professores Joseph Piel, José Mattoso, Iria Gonçalves e Ferro Tavares, para só mencionar alguns deles.
Voltando ao patronímico, acrescento que a sua divulgação não foi logo de início comum a toda a gente.
Certezas, certezas não as há – não estamos no domínio das ciências exactas. Mas até aonde é possível investigar é o que se pode inferir. Até porque os documentos mais antigos chegados até nós, só nos falam de uma pequena parcela da população. Daquelas pessoas ligadas à Igreja, principalmente às ordens monásticas e militares e daquelas outras pertencentes à classe guerreira, terra-tenente, que organizadas em torno do rei ou localmente agrupadas, gravitavam e enquadravam as hostes dos próceres regionais, e combatiam o inimigo – do seu senhor ou do rei – fosse ele infiel ou cristão.
Mas atenção, que não estamos a falar de nenhuns párias, nem social nem religiosamente. Isto, claro, numa perspectiva de enquadramento temporal e dentro do contexto daquele período histórico.
Podiam ser servos da gleba ou ser homens livres, mas em qualquer dos casos admitidos no “grémio” do Senhor, no seio da Família Divina, isto é, no Cristianismo por todos eles terem sido purificados do pecado original através do acto sagrado do baptismo, ainda que inicialmente com um único antropónimo (e, pela vida fora de muitos deles, sabe-se lá com que epítetos, depois transformados em alcunhas, mas que desses tempos mais longínquos não nos chegaram quaisquer testemunhos).
O caso não é, portanto, esse. Todos eles eram baptizados, só que nesses tempos não existia qualquer obrigatoriedade de registo de baptismo. Esses actos só passaram a ser obrigatoriamente escritos, a nível geral, a partir do concílio de Trento, em 1563.
Como falarei mais adiante.

(Continua)

José Filipe Menéndez

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