Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
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Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caros Confrades,
Gostaria e saber a vossa opinião sobre a seguinte questão: Álvaro Pais, chanceler-mór de D. João I, pertencia à plebe ou à burguesia?
Os meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro Artur Soares,
Sei que Álvaro Pais era homem abastado. Poderei ver se tenho mais informações nos livros lá por casa. Entretanto, "vasculhe" o arqnet e a Wikipédia (apesar de por vezes não ser muito fiável).
Cumprimentos,
Cláudia
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Cara Claúdia,
Obrigado pelasua resposta. Álvaro Pais foi, devido à sua influência na "Crise de 1383-1385", um bafejado pela fortuna.
Já li vários artigos sobre ele: alguns consideram-no membro da plebe, outros da burguesia. Terá ele evoluído da plebe para a burguesia?!
De qualquer das formas, uma definição depende do conceito de "plebe" que se tenha em conta.
Melhores cumprimentos
Artur
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro Artur,
Segundo o Dicionário de Personalidades coordenado pelo prof. José Hermano Saraiva Álvaro Pais «chanceler-mor de D. Pedro I e de D. Fernando. Comandou a população na revolução que rebentou em 1383, em Lisboa, em defesa do Mestre de Avis, e alvitrou o assassinato de João Fernandes Andeiro. Era membro de uma nova classe, a burguesia, que mobilizava a população e intervinha no rumo a seguir pela nação.».
Vou ver na História de Portugal de Mattoso para ver se encontro alguma referência ao mesmo. Se entretanto encontrar algo, informo.
Uma boa noite,
Cláudia
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caros confrades
Estou algo baralhado. Mas afinal a burguesia não era plebe? Não fez sempre parte do terceiro estado? Um plebeu não podia estar bem instalado na vida ou mesmo ser rico? A burguesia não era, quanto muito, uma "classe" dentro da ordem do povo? Ou seja a parte do povo que exercia determinadas actividades económicas, vivia nos burgos e tinha determinada mentalidade e interesses, mas não se confundindo com as funções e a mentalidade do clero e da nobreza. E dentro da ordem do clero e da nobreza, tal como na do povo, havia os abastados e os quase pobres, como se existissem "classes" dentro de cada ordem ou estado.
A categoria plebe não é da mesma natureza da categoria burguesia, não se podem comparar ou opor. O mesmo indivíduo podia pertencer a ambas. Ou não será assim?
No mundo de hoje o burguês não gosta de ser povo (mesmo que abastado) e ao materialismo histórico, que ainda mina o sistema de ensino da história, convém opor burguesia a povo e inventar para os tempos pré-liberalismo 4 estados (povo, burguesia, clero e nobreza) quando apenas havia 3 (clero, nobreza e povo) e as contradições e tensões sociais eram transversais às 3 ordens.
Desta estranha aliança intelectual burguês/comunismo resulta a falsa questão que o confrade Artur Camisão Soares coloca. Tanto para o burguês como para o comunista, um burguês (em qualquer época histórica) não podia ser plebe, pois então... estraga as peneiras sociais do primeiro e a construção ideológica explicativa da história humana do segundo.
com os melhores cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caros confrades
Usando outros termos, parece evidente que Álvaro Pais não pertencia à arraia-miúda.
Já agora lanço uma dúvida, sendo chanceler-mor há tanto tempo, não era este um cargo nobre e nobilitante? Um chanceler-mor pode ser considerado um burguês e um plebeu? O que pensam os confrades do cargo de chanceler-mor do Reino no séc. XIV?
com os melhores cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro confrade Sérgio Sodré
Apoiando inteiramente a sua intervenção, acrescento o seguinte , retirado da História da Legislação Portuguesa- Supremo Tribunal de Justiça- MJ
"De entre os conselheiros régios destaca-se o Chanceler-Mor, considerado, na senda das «Partidas» de Afonso X, o Sábio, o medianeiro entre o Rei e os homens, junto do qual se encontra o Capelão-Mor, o medianeiro entre o Rei e Deus.
No reinado de Afonso Henriques, o ofício do Chanceler-Mor já era conhecido e, de acordo com o seu regimento, constante das Ordenações Afonsinas, a indigitação deve recair sobre quem «seja bem razoado, de boõs costumes, de bôa memória e saiba bem leer e escrepver», que goste do seu Rei e «saiba conhecer ho erro», devendo, ainda, recair sobre quem seja de boa linhagem porque se o for terá «sempre vergonça de fazer cousa, que lhe estê mal» (Ordenações Afonsinas, LivroI, Título2).
O espírito do homem medieval, temente a Deus e acreditando na palavra dada, está bem presente no Chanceler-Mor, numa cadeia de fidelidades que lhe confere especial autoridade. Evidencia-se, de um lado, na escolha do homem certo para o lugar, em face da delimitação dos seus atributos; de outro, no especial juramento feito pelo Chanceler ao Rei; finalmente, na renovada fidelidade entre o Rei e o povo, que obriga aquele a seguir o conselho do Chanceler, se este lhe demonstrar a antijuridicidade dos actos sob seu controlo. Neste conselheiro régio convergem, assim, duas das ideias essenciais do sistema sócio-político medieval: a fidelidade e a necessária legitimação do poder no direito, reforçada esta última pelo facto de a instituição actuar num momento em que só se patenteia a «vis directiva» do direito, mantendo intocado o cerne do poder, onde a «vis coactiva» do direito releva.
Inicialmente, enquanto a actividade régia é diminuta, a função do Chanceler-Mor circunscreve-se à redacção e/ou autenticação dos documentos régios, sendo esta última empreendida por meio da aposição do «selo do Rei», tornado condição de eficácia dos actos régios. Sem o referido selo, os actos régios não podem executar-se.
Ao autenticar os actos que «dizem» o direito, colocando o selo régio, o Chanceler-Mor fornece ao povo a prova da legitimidade em que se funda o poder neles vertido – atesta que tais actos foram praticados pela pessoa do Rei (legitimidade do título) – e, através do controlo que exerce sobre a juridicidade desses actos – «e nom asselle as Cartas de Justiça, salvo se forem em forma direita…» (Ordenações Afonsinas, LivroI, Título1, 1)– certifica a sua conformidade ao direito tendo em conta o processo devido (legitimidade do exercício). Verificando-se discrepância entre a carta e o direito, os diplomas voltavam ao monarca, para que então correctamente se lavrassem e selassem, o mais tardar no dia seguinte «ataa ora de jantar»8. É evidente a celeridade que o monarca pretendia desenvolver na sua acção da justiça.
Com a ampliação das funções do monarca, o controlo do Chanceler‑Mor passa a incidir também sobre as Cartas de Graça. Antes de selar estas cartas, aquele oficial tem de verificar se vão «contra Nossos direitos, ou contra o Povoo, ou contra a Cleresia ou contra algua pessoa, que lhe tolha, ou faça perder seu direito», e se concluir afirmativamente, «nom a deve dassellar» (Ordenações Afonsinas, LivroI, Título2).
Independentemente da reacção dos membros da sociedade afectados por actuações régias, o Chanceler-Mor intervém salvaguardando direitos e imunidades9, configurando-se como uma garantia institucional da justa acção do monarca.
A natureza consultiva da intervenção do Chanceler-Mor, agindo junto do monarca – «…nom a deve dassellar atae que falle com nosco» (Ordenações Afonsinas, Livro I, Título2, 1) –, não lhe retira importância. Pelo contrário. Permite uma maior razoabilidade das decisões de poder, confere‑lhes um elevado grau de autoridade, sem pôr em causa o poder régio e a sua configuração à época. Acresce que, quando o poder régio se abre à intencionalidade política da realização do direito, o papel de conselheiro régio transforma-se em instrumento privilegiado de comunicação do monarca com o reino, canalizando anseios e necessidades sociais em cujo quadro o monarca vai desenhar a estratégia da sua acção – Chanceler-Mor enquanto medianeiro entre o Rei e os homens.
Além do Chanceler-Mor, que também aparece designado por Vedor da Chancelaria10, outros servidores régios assumiram, na Corte dos monarcas da primeira dinastia, a tarefa de conselheiros. É o caso do Escrivão de Puridade, do Corregedor da Corte, do Procurador dos Feitos do Rei, entre outros, com tarefas delimitadas em função do que é «cumpridouro».
No reinado de Afonso III (1248-1279), porém, os documentos mostram, pela primeira vez, a existência de um «consilio» ou conselho real no âmbito da Corte, mas dela autonomizado, enquanto órgão colegial formado por diferentes conselheiros, entre os quais se podiam contar o Chanceler-Mor, o Escrivão de Puridade11, o Corregedor da Corte12, o Procurador dos Feitos do Rei13, figurando como «privados» que o Rei consulta, mais do que oficiais ouvidos por inerência. Expressão da participação de altos servidores régios na tomada das decisões vitais do reino, este conselho tinha a sua actuação dependente de convocação régia, o que, se, de um lado, o transforma num «princípio vago e indefinido», de outro, no entanto, permite compreender a importância de que se reveste na política geral do reino.
Com efeito, quando, nas Cortes de 1385, os procuradores dos concelhos solicitam ao monarca a criação de um «conselho régio» como órgão de representação social – além dos letrados, em número de quatro, pede‑se que o conselho régio seja composto por representantes dos três Estados do Reino: dois membros do clero, quatro da nobreza e quatro do povo, concretamente cidadãos de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora – e de natureza permanente, isto é, não dependente de convocação régia, a consciência social da importância de um órgão colegial consultivo funcionando junto do monarca é um dado adquirido.
Apesar da solicitação das Cortes de 1385 não ter sido satisfeita – a não representatividade do conselho régio e a sua natureza não permanente mantêm-se –, a verdade é que, na dinastia de Avis, porventura por influência inglesa, o conselho régio não só é ouvido com regularidade pelo Rei no despacho das coisas políticas e de administração, na elaboração das leis, no julgamento de questões judiciais, como ainda nele se encontra uma ideia vaga de representatividade14. Nas Cortes de 1438 sente-se mesmo a necessidade de regular o funcionamento deste conselho, à época um órgão pesado, por força dos vinte e quatro membros que o compunham. É, por isso, dividido em turnos ou «giros» para que todos possam ser ouvidos."
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Cara confrade Maria Benedita
A sua intervenção é fundamental para a questão da natureza da função e da origem social de quem a exercia. Noto que o ofício do Chanceler-Mor devia "recair sobre quem seja de boa linhagem" (Ordenações Afonsinas). seria isto suficiente para ser possível afirmar que devia ser de uma família nobre, embora não necessariamente fidalgo antigo? O Chanceler-mor integrava as cortes antes destas incluirem representantes do terceiro estado. Como conselheiro régio de boa linhagem poderia ser considerado plebeu? Julgo difícil.
Os melhores cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro confrade Sérgio Sodré
Julgo que a interpretação a fazer será a de que o cargo de Chanceler-mór devia recair preferencialmente em pessoa pertencente á nobreza, mesmo que recente. Mas caso assim não fosse, e julgo ser a situação de Álvaro Pais, pertencente á burguesia (povo abastado) o exercício do cargo em questão seria " nobilitante". A ascensão da burguesia a cargos anteriormente desempenhados apenas por membros da nobreza insere-se no contexto sócio-económico e histórico da crise que levou ao poder o Mestre de Aviz e seus apoiantes.
Com os meus melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Cara confrade Maria Benedita
Mas acontece que Álvaro Pais já era Chanceler-mor no reinado de D. Pedro I, pelo que não seria um produto da crise 1383-85.
Com os melhores cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro confrade Sérgio Sodré
Tem toda a razão, esqueci-me desse facto!
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caros confrades:
Na sequência das interessantes intervenções dos diversos confrades, também me parece claro que o uso do termo "burguesia" aplicado ao século XIV português só é legítimo se for acompanhado de uma definição precisa, como o foi em intervenções anteriores; ou seja, não é uma categoria que fosse reconhecida "oficialmente" na época, embora possa ser um conceito cómodo de análise se convenientemente explicitado e, na minha opinião, se despido dos preconceitos ideológicos muitas vezes associados ao termo.
Aparentemente Álvaro Pais terá sido um homem em situação de "ascensão social", completada pelos filhos e netos e dando origem a linhagens que adoptaram apelidos mais sonantes, provenientes da ascendência feminina (os Mellos, Mestre-salas). É curioso que o patronímico "Pais", a acreditar nos nobiliários, pelo menos, tendo desaparecido na geração dos filhos, que eram, naturalmente, Álvares, parece ter reemergido no neto já como "apelido", uma vez que um destes se chamava supostamente "Luís Álvares Pais", filho de Diogo Álvares; teria sido uma "tentativa" de fixar um novo apelido "nobilitado", homenageando o tronco deste nova varonia enobrecida? do casamento deste Luís com D. Tareja de Albuquerque, filha de Gonçalo Vaz de Mello, resultou, no entanto, a a dopção do "Mello" pelas gerações posteriores, perdendo-se a tímida tentativa de sobrevivência do "Pais". Provavelmente o mesmo teria acontecido ao apelido "Camara" dos descendentes de Zarco se El-Rei não tivesse forçado o filho herdeiro de João Gonçalves da Camara ("O Perinho") a abandonar o Noronha da mãe e retomar o recente Camara da sua varonia.
Quanto à inserção de Álvaro Pais no segundo ou terceiro estado, não sei se no século XIV já existia a noção alargada de nobreza que veio a ser consagrada em séculos posteriores; ou seja, não sei se o modo de vida e cargos exercidos já seriam suficinetes para fazer transitar legalmente alguém do terceiro para o segundo estado. Mais concretamente, não sei se no século XIV já existiriam nobres que não fossem fidalgos, como mais tarde veio idubitavelmente a acontecer.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Olá António.
Caros Participantes.
Opiniões muito pessoais, pouco eruditas, etc etc.
Que me lembre, Álvaro Pais e ...da Cunha, respectivamente plebeu e nobre foram chanceleres mores de D. Pedro.
Situo-os na seqüência do processo revolucionário que culmina em Aljubarrota (1385), e se inicia 30 anos antes, com D. Pedro I, de cognome Cruel ou Justiceiro.
Os vassalos de D. Pedro foram na sua maioria oriundos da plebe “iluminada”, vulgar burguesia além de parte da pequena nobreza. Da grande nobreza, existiriam alem do chanceler Cunha, mais meia dúzia de indivíduos, se tanto. Nessa época tratava ele D. Pedro por igual, seu primo e único conde que existia em Portugal, D. João Telo, com o respectivo condado de Albuquerque.
Os vassalos de D. João Telo pertenciam a antiga nobreza Feudal, nomeadamente os meus Azevedos, tendo sido um deles, alcaide mor de Albuquerque.
O inicio da queda do Feudalismo e entrada no Absolutismo inicia-se assim com D. Pedro I.
Não é por acaso que a execução de D. Inês é determinada pelo Rei. D. Inês Pires de Castro estaria a meu ver prometida em casamento, numa aliança familiar xpto da época, dentro das políticas da grande nobreza feudal onde ela se enceria. A paixão de D. Pedro e a respectiva resolução de ser sua a todo o custo, contrariando o estabelecido afastaram-no da condição de estadista. A Nobreza Feudal exigiu a Rei D. Afonso IV o cumprimento da Lei.
A sentença de morte é mais que natural ou seja é correcta, executada a 7/01/1355 pelo meirinho mor do Rei, Vasco Gonçalves de Azevedo, seu primo Pedro Coelho e Diogo Lopes Pacheco, aparentado dos dois anteriores.
A propaganda de D. João I, o primeiro rei (oficial) absoluto aos seus avós D. Pedro e D. Inês é mais que evidente. A arquitetura e o legado do cronista falam por si.
O caracter de D. Pedro, ajudou-o a sobreviver. Conseguindo, de forma brutal e obsecada pela justiça e pela defesa de certos valores, respeito e receio da nobreza feudal. Seu filho D. Fernando reabilitou a nobreza feudal, mas embrenhou-se em políticas demasiado ambiciosas e mal planeadas. Os ventos da historia da época não lhe foram favoráveis.
Resumindo de grosso modo a revolução de 1385 tem êxito com a aliança da realeza absoluta com a plebe iluminada. Enquadra-se dentro do espírito da época ou seja da Renascença.
Resquícios de restauração da nobreza feudal voltam-se a encontrar mais tarde em Albufeira (1449)...
Os dias de hoje são por excelência, o auge e esplendor dos atributos da massa iluminada.
Um abraço,
José de Azevedo Coutinho
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Para S Joao del Rey e outros/ Telo de Menezes
Caro Confrade
O "Genea" fala dos Telo de Menezes apenas como Senhores de Terra. O Sr certamente referiu-se a Joao Afonso Telo de Meneses. Como é meu avoengo, e estou fazendo resenha genealógica, muito agradeceria se me confirmasse o título condal, citando a fonte. Já ia mandar para o prelo, mas sustei...
Atenciosamente,
João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Meu Caro Zé:
Concordo em parte com a tua análise, embora julgue haver motivos fortes para não atribuir à "burguesia" ("povo rico urbano") uma importância tão grande na crise de 1383-85 como por vezes se defende (Borges de Macedo defendia a tese segundo a qual teria sido quase irrelevante a acção dessa "camada social" nessa crise - disse-mo directamente, embora eu não tenha lido muito acerca do assunto).
Alguns pormenores: julgo que o Condado de D. João Afonso Telo era o de Barcelos e não o de Albuquerque, que era apenas Senhorio; quanto ao papel de D. João I na edificação das figuras de D. Pedro e D. Inês, não nos esqueçamos que Fernão Lopes sentiu necessidade de "diminuir" a figura de D. Inês para ajudar a afastar do trono o Infante D. João seu filho, em benefício do homónimo Mestre de Aviz; este era apenas filho de D. Pedro, mas de Teresa Lourenço e não de D. Inês. Por estes motivos, tenho dúvidas de que D. João I tivesse contribuído para enaltecer D. Inês de Castro, para além do que D. Pedro já tinha conseguido...
Fernão Lopes esforça-se bastante por demonstrar a ilegitimidade dos Infantes filhos de D. Inês, pondo em dúvida o casamento desta com D. Pedro e relembrando a invalidade do mesmo, caso tivesse existido, devido ao parentesco espiritual com D. Constança, por ter sido madrinha de um filho, e o parentesco de sangue com o próprio Rei, que necessitariam de dispensa papal.
Um abraço,
Tó
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caros confrades
E a hipótese aventada por Agustina no seu livro sobre Pedro e Inês? A hipótese de toda a política Portuguesa e castelhana ter sido manobrada por João Afonso de Albuquerque através de duas mulheres criadas em sua casa, Inês e Maria de Padilha(?)?. È apenas uma hipótese remota mas tão atractiva que não resisto a lançála aqui. D.Pedro, já casado com In~es, vê-se obrigado a casar com D. Constança...
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Cara Cláudia
Pode por favor,dizer-me onde posso encontrar mais volumes do Dicionário de Personilidades do Prof. José Hermano Saraiva,tenho o volume 19!
Cumprimentos
Carlos
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro Tó
Obrigado pelas correcções, acrescento também a de Alfarrobeira, enfim o meu acto falho no caso ... Albufeira, Algarve, praia, garotas e Sol!
“Alfarrobeira” em que a própria nobreza feudal, não tinha mais o sangue, a cultura e a sinergia da própria historia, para uma almejada “mudança”.
Não acredito nessa teoria de Borges de Macedo. A arraia miúda nunca fez História. São as paranóias conservadoras de “esquerda” em delírio.
Albuquerque foi durante os séculos XIII e XIV o centro mais importante de resistência da nobreza feudal ibérica, a portuguesa interligada essencialmente com a Galega.
A promessa de entregar Albuquerque ao reino Português acabou não tendo sido concretizada por ... Azevedo, incumbido que foi por João Telo na sua morte. Pressões nomeadamente dos Lara, foram decisivas na entrega do Senhorio a Castela.
Em relação aos filhos de D. Pedro estás correctissimo. Independentemente de D. João, mestre de Avis ser exímio político e ter certamente desenvolvido duas políticas sobre o assunto. Uma de exaltação nacional, do “romance” de Pedro e Inês de forma a desgastar ao máximo a imagem da nobreza feudal e a outra de “oficializar” a sua “candidatura” a rei em detrimento dos seus irmãos mais bem colocados, à partida!
Século XIV, século interessantíssimo de mudanças sociais e políticas, extremamente dinâmico e deliciosamente brutal.
Um grande abraço do,
Zé
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Meu Caro:
Julgo que Borges de Macedo ao contestar o papel da "burguesia" na crise de 1383-85 não pretendia enaltecer o papel da "arraia-miúda" mas sim de facções da nobreza; ou seja, considerava que o conflito era entre facções da nobreza e não entre "nobreza e burguesia". Neste aspecto afastava-se das teses da "esquerda bem-pensante" que apontava a referida crise como um exemplo histórico do papel determinante da "luta de classes". Não me sinto habilitado para comentar este ponto de vista, mas acho interessante pôr esta hipótese.
Um grande abraço,
Tó
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Cara Maria Benedita:
Também gostei muito do livro de Augustina e pareceu-me uma tese palusível, mas estou muito longe de poder emitir opinião fundamentada acerca do assunto...
Lembro-me de um pormenor caricato que nunca consegui esclarecer se era mera liberdade artística ou se tinha algum fundamento documental: numa descrição de Inês no castelo de Abuquerque Augustina refere-se às dimensões dos seus pés afirmando que eram excessivamente grandes! Alguém saberá se há alguma descrição física fidedigna de Inês que chegue a este pormenor (para além de ser referida a sua beleza e os seus cabelos loiros, que segundo parece ainda subsistiam em parte quando os franceses lhe violaram o túmulo)?
Com os melhores cumprimentos
António Bivar
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Caro Carlos,
Tente a Editorial Noticias mas, não sei se eles ainda possuem algum stock desta publicação. Se quiser posso-lhe tentar saber isso.
Cumprimentos,
Cláudia
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RE: Álvaro Pais- Plebeu ou burguês?
Carlos,
Desculpe-me. Não é a Editorial Noticias, é o Diário de Noticias (na Avenida da Liberdade). Já pedi para me averiguarem se ainda teem e - em caso afirmativo - quais os volumes disponiveis. Quando tiver informação coloco-a aqui.
Cumprimentos,
Cláudia
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