Genética em Mértola
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Genética em Mértola
Genes atestam que os árabes não reorganizaram a Ibéria
manuel correia
Mértola foi um local privilegiado para a chegada de pessoas de toda a Bacia do Mediterrâneo
Isabel Forte
Opatrimónio genético das linhagens maternas de Mértola "está enriquecido com linhagens características do Norte de África e do Próximo Oriente, quando comparado com o resto de Portugal". A conclusão resulta de um projecto de colaboração entre o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e do Campo Arqueológico de Mértola.
Embora não seja possível datar a entrada destas linhagens em Mértola, lembra a investigadora Luísa Pereira, pode-se referir, no entanto, que, "dada a importância de Mértola como porto fluvial no período romano e a elevada diversidade geográfica das linhagens introduzidas, as trocas genéticas deverão ter tido continuidade no tempo, seguindo rotas marítimas comerciais". O que leva a crer, elucida, que "a invasão muçulmana surge como mais um período no contacto entre povos mediterrânicos e não como uma grande reorganização genética dos povos da Península Ibérica". Isto é, "haveria pontos geográficos de sedentarização dos recém-chegados, que funcionariam como bases para a transformação do resto do país".
Na origem, o projecto pretendia "avaliar geneticamente a hipótese segundo a qual a islamização da população de Mértola teria sido um fenómeno essencialmente pacífico, fruto da progressiva aceitação e assimilação de novas ideias por parte da élite e depois da população local". O que afastava a "ideia romantizada" de invasão "Segundo este modelo, não teria dominado a invasão, mas a aculturação", diz Luísa Pereira.
Vias de investigação
Para concretizar o estudo, os investigadores seguiram duas vias. Primeiro, caracterizando a diversidade genética da população actual da cidade de Mértola e das localidades de Alcaria Ruiva, Alcaria dos Javazes, Santana de Cambas, João Serra, Alcaria Longa e Mosteiro. Fase em que os investigadores recolheram amostras e dados dos vários voluntários. Segundo, através da caracterização da diversidade genética da população, entre os séculos VIII e XIII, por estudo do DNA em ossadas da necrópole do Rossio do Carmo "Apesar da linha de investigação de DNA antigo não ter sido financiada, fizemos um estudo prospectivo para avaliação da quantidade e qualidade de DNA presente nas ossadas ". O problema, comenta, é que "o DNA mitocondrial recuperado se apresentava degradado e contaminado".
O "fantástico" deste estudo, diz Luísa Pereira, é que revela que Mértola foi "um local priveligiado para a chegada de pessoas de toda a Bacia do Mediterrâneo" e que "o património genético da população actual continua a atestar essa importância do passado".
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