Quando custava "encartar-se"
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Quando custava "encartar-se"
Efectivamente a pesquisa das mercês no TT Online leva-nos a , de uma forma mais rápida, obter informação que de outro modo levariam anos a descobrir. Obtive uma centena de referências de meus antepassados e colaterais. No entanto, conforme nos foi aconselhado, fui ver os documentos originais
Acabei de voltar da Torre do Tombo onde fui examinar alguns dos documentos descobertos e verifiquei que uma “pobre” senhora obteve a mercê de um título de Baronesa pelo Rei D. Carlos e pagou:
725 mil réis de direitos de mercê (Reg de 28.8.1860)
80 mil réis de selo e mais 4 mil réis de 5% adicional (Lei de 18.7.1885)
15 mil réis provenientes do imposto criado pela Lei de 4.7.1889 com aplicação aos hospitais de alienados
Pagou ainda na Recebedoria de Receita eventual 117mil 978 réis de emolumentos adicionais
E só depois lhe foi passada a carta da mercê se encartava no título.
Tenho ainda outros exemplos. Daí que muita gente, ou alguma para ser mais correcto, não queria ser "encartado"...
Eram tempos mais difíceis como se dizia na Bélgica “la vie au château est difficile” !!!!
Um abraço
Ricardo Charters d’Azevedo
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RE: Quando custava "encartar-se"
Meus caros
devo acrescentar que o livro de Francisco de Vasconcellos "A Nobreza do século XIX em Portugal" (ed. do Centro de Estudos de Genealogia, Heraldica e História da família da Universidade Moderna do Porto, Porto 2003) e que se podia comprar aqui na livraria do Genea, mas julgo que completamente esgotado estuda este problema .
São milhares de contos em moeda actual (basta multiplicar por 3 mil para as mercês do tempo de D.Carlos). O Vrancisco de Vasconcellos tratou este assunto no seu livro e na altura, segundo ele, ficou convencido de que eram estes altissimos custos a principal causa de tantas recusas de titulos de que por vezes se fala (e para as quais costumam apontar-se motivos menos prosaicos).
Segundo Francisco de Vasconcellos não era só os titulos que eram taxados. Acontecia o mesmo, embora em menor grau, com os foros de Fidalgo da Casa Real, Brasões e Dom.
Enfim se a legislação da monarquia tivesse continuado em
vigor sem alterações até hoje, actualmente seriam raros os fidalgfos com
titulos de sucessão que tinham possibilidade de se encartarem neles, segundo Francisco de Vasconcellos.
Cumprimentos amigos e um agradecimento especial ao Francisco de Vasconcellos pelos comentários que me mandou e que reproduzo aqui com a devida vénia, como é de uso e bom tom
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: Quando custava "encartar-se"
Caro Senhor Engenheiro
Também li o livro do Francisco de Vasconcellos e a conclusão que tirei foi essa, precisamente! E durante a monarquia quantos se não encartaram pelos custos que daí resultavam? A conclusão é que não foi só a Republica a acabar com os títulos.
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Quando custava "encartar-se"
Caro Ricardo
Peço desculpa pelo abuso. Não tenho aceso a esse livro o que muito me gostaria.
Solicito ajuda ou explicação de um caso que tenho na minha familia.
Entre 1888 y 1927 a minha familia utilizava o apelido "Vasco" que penso de origem espanhola (os meus registos vão a 1725). A partir de determinada altura passamos a utilizar o apelido "Vasco de Carvalho". Conseguindo chegar á certidão de nascimento do meu avô verifico que á margem estão efectuadas notas que segundo consigo ler é uma autorização para a utilização desse apelido.
Como deve compreender as "historias" são muitas, a ultima que tenho é o da aquisição de algum título que lhes facultou a partir de 1889 a utilizar esse apelido.
Originalmente o meu avô, que nasceu em 1889 e conforme registo de baptismo, não dispunha desse apelido.
Se não puder ajudar-me compreendo e desde já agradeço a sua disponibilidade.
Com os melhores cumprimentos
Raul Melo
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RE: Quando custava "encartar-se"
Meu caro
Se julga que a sua família, teve algum título, procure no “Torre do tombo on line”, pois o Registo Geral das Mercês dos diversos monarcas indicará se tal aconteceu., i e se foi dado qq título a um seu antepassado.
No entanto a minha experiencia (que é pouca e só sobre a minha família) diz-me que se alteravam muito facilmente os apelidos. Por exemplo, veja "Apelidos em Portugal" por Carlos Lourenço Bobone, que foi publicado a pag 83 do nº 3 - Outubro de 1988 - da revista Raízes & Memórias. Pode ainda encontrar este número aqui na Livraria Genea, pois julgo que não se encontra ainda esgotado.
Verifiquei que registando-se no baptismo somente com o primeiro nome, apareciam , quando casavam ,com apelidos que mais tarde (por exemplo, quando testemunha de um casamento ou outro baptismo) eram outros!
Cumprimentos
Ricardo Charters d’Azevedo
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