Sarmentos - Cristão-Novos?
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Sarmentos - Cristão-Novos?
Exmos Senhores participantes neste Forum:
Estava a ler as mensagens deste forum e veio à minha memória a "lenda" que a origem dos Sarmentos é Judia.
Alguém tem dados sobre este assunto?
Cheguei a ler alguns artigos sobre os judeus sefarditas e de facto o apelido Sarmento abunda por lá.
Há também o exemplo do ilustre Jacob Castro Sarmento:
Henrique de Castro Sarmento, ou Jacob de Castro Sarmento (Bragança, 1691 — Londres, 1762) foi um médico português do século XVIII. Pioneiro na introdução em Portugal das teorias de Isaac Newton. Nasceu em Bragança, com o nome de Henrique de Castro Sarmento. Era filho de Francisco de Castro Almeida, estanqueiro, e de Violante de Mesquita, ambos cristãos-novos. A juventude não terá sido fácil para Henrique de Castro, pois o pai e um meio-irmão foram apresentados e condenados na Inquisição de Évora, acusados de judaísmo. O pai foi preso em 1708 e saiu em auto-de-fé a 20 de Julho de 1710. Apesar de terem sido confiscados os bens do pai, Henrique conseguiu formar-se em Artes no Colégio dos Jesuítas de Évora e matricular-se em Medicina na Universidade de Coimbra em 1711, onde concluiu o curso médico em 1717. Henrique de Castro exerceu a Medicina durante algum tempo em Beja e depois em Lisboa, possivelmente durante apenas alguns meses, antes de partir para Londres em 1721. Uma vez em Inglaterra, Henrique de Castro e sua mulher aderiram publicamente à religião mosaica, tomaram nomes hebraicos e casaram-se de novo, na sinagoga.
Cinco anos depois da sua partida foram perseguidos pela Inquisição os seus sobrinhos, filhos de João de Castro Almeida. Em Inglaterra, a sua actividade dirigiu-se particularmente para os judeus portugueses.
Cumprimentos,
Joel David Sarmento
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RE: Sarmentos - Cristão-Novos?
Caro Joel
No site da Câmara Municipal de Bragança há um documento que refere a obra do Abade de Baçal, que pelos vistos tem um volume dedicado aos Judeus de Bragança:
"Ao abordarmos a dinâmica comercial da cidade de Bragança temos de nos referir, obrigatoriamente, aos judeus.
O seu estabelecimento em Bragança é difícil de datar com exactidão, afirmando o Abade de Baçal, no volume que lhes consagra (págs. XLIV-V), que a sua fixação pode datar de D. Sancho dadas as garantias que lhes oferecia o foral. De qualquer modo, no século XIV, sabemos que existia já uma «colónia» assinalável. Vários monarcas a partir de D. Afonso V conceder-lhes-ão novos privilégios e confirmarão outros anteriores.
Com a expulsão dos judeus de Espanha pelos Reis Católicos em finais do século XV entra um grande contingente nesta região, calculando o Abade de Baçal (idem, XLVIII) em cerca de três mil os que deram entrada em Bragança. Foi, com certeza, após esta entrada que o ritmo de desenvolvimento da cidade aumentou, alargando-se o leque das actividades.
Como já foi afirmado, relativamente cedo os judeus passam a controlar grande parte do comércio, das finanças (usura) e da indústria da nossa região. As listas inquisitoriais são elucidativas: segundo o Rol dos Confessados de Santa Maria, de 1737, havia 21 penitenciados pela Inquisição, situando-se dois intramuros, cinco na Rua dos Oleiros (antiga Rua da Mesquita) e catorze na Rua Direita. Por outro rol da mesma freguesia e do ano de 1744 ficamos a saber que existiam treze
penitenciados na cidade e, salvo dois ou três que não indicam a profissão, eram todos comerciantes ou industriais, com certeza descendentes de cristãos-novos, morando um na Rua dos Oleiros, onze na Rua Direita e um no interior da Vila (Alves, 1975-1989: X, 338-340). Julgamos estes dados suficientes para definirmos a d inâmica funcional das ruas da cidade nesta altura. A Rua Direita era, de facto, a rua comercialmente mais dinâmica. Nesta altura, primeira metade do século XVIII, os nomes mais nobilitados que o Abade cita são residentes intramuros, Costa Grande, Rua da Amargura, Rua da Alfândega e Rua do Espírito Santo.
É, efectivamente, nestas ruas onde podemos encontrar os mais antigos palacetes brasonados da nossa cidade, hoje grande parte em ruína e uma pequena parte recuperada. Julgamos que, portanto, a perda de influência da «vila» já vinha de bastante atrás e, um século depois, a sua funcionalidade seria quase puramente administrativa (militar) e residencial."
Talvez consultando o tal volume da obra do Abade de Baçal consagrado aos Judeus de Bragança, encontre lá nomes que lhe interessem para a sua pesquisa.
Cumprimentos,
AMGuedes
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