Diferença entre genealogia e heráldica
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Diferença entre genealogia e heráldica
Caros senhores,
Isto pode parecer uma dúvida ridícula, mas eu não sei a diferença entre genealogia e heráldica.
Alguém me podia esclarecer à cerca deste assunto?
Obrigado
Luís Froes
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RE: Diferença entre genealogia e heráldica
Sinteticamente, enquanto a genealogia diz respeito ao estudo da origem ou procedência das famílias; a heráldica relaciona-se com os brasões de armas.
JNT
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RE: Diferença entre genealogia e heráldica
Exacto,jnt!
Luis,
ambas são ciências auxiliares da História, mas em princípio haveria uma "subordinação" da heráldica à genealogia, pois na
* concessão de armas por sucessão - há que estudar antes de mais a genealogia duma determinada pessoa, em função de cuja ascendência depois se lhe atribui o direito a usar determinado brasão de armas, isto é, se descender duma linhagem a quem foi concedido o uso de brasão de armas ou se entroncar em ascendentes comuns a um determinado armigerado;
* concessão de armas novas / mercê nova - foi frequente no período da monarquia constitucional, sendo que determinados titulares (por ex. Condes)ao serem agraciados c/ esse título e podendo não ter armas próprias por terem sido nobilitados c/ a concessão desse título, tiveram direito a solicitar armas correspondentes aos seus apelidos, sendo que na maioria dos casos não descendiam da linhagem a quem a representação do nome e armas cabia.
Depois há ainda a heráldica "independente" da genealogia, se quisermos, isto é, a heráldica concelhia, eclesiástica, corporativa, etc....
Bernardo de Barahona
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RE: Diferença entre genealogia e heráldica
Caro Bernardo de Barahona,
Permita-me discorrer sobre o que escreveu...
Apesar da sua definição de Heráldica seguir a clássica fórmula de "ciência auxiliar", já o Marquês da Abrantes a proclamava independente (ciência histórica, per se).
No entanto, como já tive ocasião de discutir com alguns frequentadores deste forum, é hoje muito discutível que a palavra ciência se possa usar desta forma... no fundo a heráldica segue leis (mais próximas das do Direito que das científicas) que sempre foram passíveis de ser ignoradas (pelo soberano, Fons Honorum).
No debate sobre a existência da História como ciência, social, a heráldica mostra-se um caso especial: desde há muito que é tratada como tal, a "Sciência Heroica" ( Marquês de Avilés,1780).
Mas, esta ciência não era a mesma que a ciência positivista que se instaurou na Europa. Muito mais longe está das ciências como as entendemos no séc. XX (Popper, por exemplo).
Era a ciência-estudo, Conhecimento. Como diz Demportes: "La science des armes ou armories des maisons nobles... n´est outr chose que l´art d´expliquer les pieces qui composent les armes ou écus(Traité Historique et Moral du Blason, Paris 1754).
Claro está que o estudo dos significados das representações heráldicas tem muitas vezes mais de fantástico do que histórico... resquícios dos moralistas renascentístas seguidos pelos românticos!
Outra questão interessante é a distinção entre a Heráldica e a Armaria. Fox-Davies inclui a segunda na primeira, onde estaria também o protocolo, a legislação, e todos os deveres dos Reis de Armas e Arautos. Esta visão apoia a "subordinação" enunciada pelo Sr. Bernardo Barahona, pois as precedências e a concessão de Armas dependia da genealogia. Mas logo o distinto heraldista britânico considera a Armaria como uma Arte, tanto na composição como na leitura das armas.
Se foi "Sciência Heroica", foi-o por dar a conhecer "suas nobrezas,& virtudes e memoria das façanhas, valor e virtudes" (De Vera, Alvaro Ferreira. Origem da Nobreza Política, Lisboa 1631).
Se depois foi ciência histórica foi-o por dar o conhecimento (regras, etc) necessário para compreender uma realidade histórica/sociológica/política/artística,etc...
Para finalizar, duas definições muito próximas:
"The hereditary use of a systematic arrangement of charges and devices centered on a shield" (Peter Gwynn-Jones, Rei de Armas Jarreteira, 1998) e "(o)conjunto de preceitos que regulam a forma por que se deve simbolizar acontecimentos..." (Luís Bandeira in O Vocabulário Heráldico).
Com um abraço e a esperança de não me ter excedido,
Diogo de Belford Henriques
P.S. À heráldica concelhia, antigamente denominada De Domínio, é hoje em dia chamada de Heráldica Autárquica.
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RE: Diferença entre genealogia e heráldica
Meu caro Diogo,
não tenho o prazer de o conhecer, mas desde já dispenso o "Sr.", pela mesma razão pela qual, como jurista, dispenso o "Dr.". Trate-me apenas pelo meu nome de baptismo, pois é esse que verdadeiramente me identifica e honra. Afinal estamos aqui, alguns entre amigos, mas acima de tudo c/ 1 objectivo específico: a entreajuda na pesquisa genealógica e heráldica.
Concordo c/ as suas palavras, mas não era preciso ser-se tão abrangente, afinal o Luis Froes é 1 iniciado (c/ todo o nosso apoio!) e julgo que c/ apenas 14 anos.
Claro que o Marquês de Abrantes não poderia deixar de definir a Heráldica como Cc. independente e histórica per se. Repare que também eu só subordinei a heráldica à genealogia no caso da heráldica familiar, não nas outras.
Realmente a distinção entre heráldica e armaria é ténue, eu próprio as confundo e uso os 2 conceitos indistintamente. Será a armaria a composição / representação gráfica
dos desenhos heráldicos? Será que é assim que a podemos ver como Arte? De facto 2 desenhadores heráldicos (1 + habilidoso, outro -) conseguem a partir da mesma composição de armas desenhar brasões que visualmente, ainda que compostos pelas mesmas armas, não deixarão de ter efeitos estéticos bastante diferentes, aí entrando a perícia e arte do seu mestre, na construção da proporção, no equilíbrio da composição, nos pequenos detalhes, etc...
Abraço
Bernardo de Barahona
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RE: Diferença entre genealogia e heráldica
Caro Bernardo,
Realmente expandi o tema da pergunta do LF mas, como esta já se encontrava respondida, não resisti comentar o tema!
Em relação à questão da Armaria ser uma Arte, repare que Fox-Davis a coloca não só no plano da execusão gráfica (desenho, carpintaria, etc..) mas igualmente no da leitura das Armas...
Para um heraldista britânico a descrição correcta é essencial para passar de grau nas suas corporações! Não só, como é óbvio, é essencial para transcrever para o papel uma fonte histórica gráfica (e por isso tem regras muito específicas) como pela beleza da frase-descrição.
Mas não temos dúvidas que a autoria de uma armas novas é de certeza uma arte!
Talvez o LCM, que na última reunião do IPH dmonstrou um conhecimento tão grande da vida de Anselmo Brancaamp Freire nos possa ilucidar qual a opinião deste historiador sobre o assunto...
Um abraço,
Diogo
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