Lamentável decisão da Igreja Católica
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Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros confrades,
Com este tipo de notícia, infelizmente fazer genealogia fica mais dificil.
" A Agência de notícias da Conferência Episcopal dos EUA, a CNS (www.catholicnews.com) revelou este passado fim-de-semana, a notícia de que a Congregação para o Clero, da Santa Sé, no Vaticano, enviou uma carta a todas as dioceses católicas no mundo, com a indicação aos bispos para negarem todo e qualquer acesso por parte dos “Mórmons” aos registos paroquiais.
(…) O objectivo seria evitar os “baptismos póstumos” levados a cabo pel’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os “baptismos póstumos” são uma prática comum dos Mórmons, que permitem aos seus fiéis “rebaptizar” os seus antepassados nesta fé, para que se possam unir no além. Nesse sentido, é proibida a digitalização ou microfilmagem da informação contida nos registos paroquiais, uma fonte preciosa de informação para a elaboração de árvores genealógicas. (…)"
Vamos ver qual a reacção dos "Mórmons" a esta notícia. E se na realidade a digitalização irá terminar.
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Confrades,
Como tem vindo a ser costume, mais uma vez, todo o pretexto serve para atacar a Igreja Católica.
felpo
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Concordo com a decisão da Igreja Católica
JCRUZ
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RE: "Lamentável" decisão da Igreja Católica
Totalmente de acordo com a decisão da Igreja Católica.
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Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros colegas,
Sou católico apostólico romano e entendi a posição da Igreja Católica. Porém, de uma maneira indireta a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias presta um serviço à genealogia.
Eu não misturo genealogia com religião. A diocese da região onde moro não permitiu a microfilmagem pelos Mórmons mas também não o fez. Logo qualquer incidente e adeus memória de várias cidades e uma delas é cidade portuária onde desembarcaram, acho eu, milhões de estrangeiros que aqui se estabeleceram.
Em uma destas cidades, a mais antiga do Brasil, já se perderam milhares de registros, por incêndios, etc.
Lourval
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Confrades:
A Igreja Católica têm sido alvo de inúmeros ataques ultimamente, sobretudo depois de ter sido instaurada a abominável ditadura do politicamente correcto.
O politicamente correcto vai ao ponto de se equiparar o Islamismo com o Catolicismo (no caso a Igreja Católica, enquanto instituição), chegando-se ao ponto de, ao tentar defender o Islamismo, se ir recuperar um passado de séculos, em que sob as ordens da Igreja Católica se queimaram pessoas nos autos de fé!
Como actualmente o Vaticano já não manda ninguém para as fogueiras e já não reduz as mulheres a um lugar abjectamente inferior ao dos homens, os arautos do politicamente correcto não têm alternativa que recorrer ao passado, mesmo um passado velho de séculos... (negando a realidade do mundo islâmico)
São os mesmos arautos que rejubilam ante a visão de um preto orgulhoso da sua negritude e que ostracizam quando um branco, por vezes timidamente, proclama o seu orgulho por ser branco.
Pessoalmente, acho que a cor da pele não deve ser motivo de orgulho, nem de vergonha. Mas já não digo o mesmo da nacionalidade, do meio cultural, em suma, acho legítimo que se tenha orgulho em ser português (mesmo com um país fraquinho), ibérico, europeu, ocidental, greco-romano-cristão, etc...
Mas não me quero alongar muito nestas matérias e por isso vou directo à questão:
A Igreja Católica - que eu não hesito em defender dos ataques dos histéricos politicamente correctos - procedeu MAL.
Por inúmeras razões, de que destaco uma:
A Igreja Católica, como qualquer igreja/confissão religosa, não tem de reconhecer nem de deixar de reconhecer as práticas de outras religiões.
Por isso, devia ser indiferente (nunca hostil, mas indiferente) perante as normas das outras confissões.
Que diferença faz que um indivíduo, morto há 150 anos e que nasceu e foi baptizado na Igreja Católica, mesmo que tenha sido um facínora, seja agora "rebaptizado" noutra confissão, só porque um descendente seu não é católico mas mórmon?
Para além desta razão, destaco o meritório trabalho da Igreja Mórmon nestes domínios e o seu contributo, ainda que indirecto, para a Genealogia.
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros confrades
Não é de agora que me tenho vindo a aperceber que para alguns confrades, tocar na Igreja Católica é "sacrilégio". Com o devido respeito que me merecem todas as opiniões, enquanto opiniões, não posso deixar de chamar a atenção para o comentário de flordeacacia1 que, de forma alguma, atacou a Igreja católica e foi de imediato censurado.
É certo que o mesmo confrade não me passou nenhuma procuração para defesa mas sou eu que sinto necessidade de repôr a verdade dos factos, tal como entendi.
Se bem repararam, o título da mensagem é "Lamentável decisão da Igreja Católica". Nesta mensagem, apenas se lamenta que a decisão tomada pela Congregação para o Clero venha a prejudicar a microfilmagem feita pelos Mórmons e com o inerente prejuízo que tal acarreta para o património cultural de todos nós. Não tivessem sido eles e quase apostaria que grande parte das investigações levadas a efeito por muitos de nós, onde me incluo, seriam bastante difíceis e, em alguns casos, impossíveis.
Não é segredo para ninguém o estado lamentável em que muitos documentos ainda se encontram, no nosso país, por incúria das entidades responsáveis por eles, sejam elas clero ou não. Eu própria já vi documentos paroquiais guardados de qualquer maneira, à mercê dos ratos, das intempéries e de vândalos. Só não digo onde para que se me não fechem essas portas que me estão a permitir avançar com o meu trabalho. Ao permitir-se a microfilmagem dos documentos pelos Mórmons, estamos a preservar um património que é de todos e que, a perder-se, se torna numa perda IRREPARÁVEL.
O nosso confrade lamentou um facto e NÃO TEVE QUALQUER PALAVRA OFENSIVA para com a Igreja Católica. Qual foi o grande crime que ele cometeu em relatar um facto e ainda por cima verdadeiro?
Pois bem, já que estão dando a vossa opinião, apoiando a tomada de posição do Vaticano, também dou a minha, sem qualquer problema e com a mesma frontalidade que me caracteriza: DISCORDO EM ASOLUTO!!!!!!!!!
Espero que esta mensagem não se venha a tornar num rastilho para desencadear aqui uma guerrinha, à semelhança de outras que têm surgido neste espaço, sob pretextos vários. Não pretendo atacar ninguém nem a Igreja, podem acreditar. Mas que há que ter objectividade e distanciamento em relação às opiniões formuladas, sem dúvida. O respeito pelas convicções religiosas de cada um é o princípio básico para que respeitem as nossas, da mesma forma que respeitar uma opinião dos outros é o primeiro passo para a aceitação da nossa.
Uma boa tarde
Maria
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Cara confrade Maria David,
a senhora foi a única que percebeu o conteúdo da mensagem de flordeacacia1, pois ninguém atacou de forma alguma a instituição Igreja Católica. Quanto a mim, foi mesmo uma lamentável decisão, a de proibir a micro-filmagem pela parte dos Mórmons, pois para além de prejudicar os ideais desta Igreja, que de resto não afecta seja quem fôr, prejudica igualmente todos nós, os genealogistas. Qualquer pessoa pode ter uma ideia sobre o assunto, mas que esta decisão prejudica a ciência Genealogia, prejudica; espero que isto não vá avante, vamos ver.
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Cara Maria David
Tem a minha inteira concordância, assim como a confrade que colocou este post!
Ninguém está a atacar ninguém, mas...a genealogia vai ficar a perder!
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Colegas:
Como genealogistas, sabemos por experiência própria que nem todas as pessoas e instituições colocam o interesse colectivo em preservar e aceder à informação histórica acima de interesses particulares. Este é infelizmente mais um caso, cuja importância singular provém do facto de envolver um património de dimensão verdadeiramente incalculável. Esperemos que o bom senso prevaleça e a interdição agora divulgada venha a ser revogada no futuro próximo.
Temos felizmente o privilégio de viver em Portugal, país que não só tem um excelente conjunto de registos paroquiais como os conserva actualmente (na sua maioria) em instituições acessíveis a todos os interessados e tem facilitado a sua microfilmagem e mais recentemente a sua digitalização.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros confrades:
Creio que os confrades estão a esquecer-se de que os registos paroquiais hoje em dia nada têm que ver com os registos civis.
Os registos paroquiais permanecem na posse da Igreja Católica e são elaborados com base nos sacramentos de baptismo, casamento, óbito. Os registos civis que residem nas Conservatórias do Registo Civil é que um dia, volvidos cem anos, pelo menos, passarão a fazer parte do espólio dos Arquivos Distritais e daí objecto de microfilmagem e digitalização.
A meu ver, acho que a Igreja Católica procedeu bem e salvaguardou, preservou a memória, o património espiritual dos seus fiéis. Pessoalmente não estou nada interessado em que eu e os meus antepassados, que crescemos na religião e fé católica pudéssemos um dia vir a ser rebaptizados noutra fé, que nada tem que ver comigo e com os meus antepassados, até porque se trata de uma religião totalmente estranha à cultura e tradição da minha família.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Pedro França
Creio que grande parte de nós já recorreu aos Mórmons e sabe as facilidades que nos proporcionam.
No tocante á questão religiosa, lamento discordar, mas para um católico o que interessa são os sacramentos que foram dados pela Santa Madre Igreja. Se, posteriormente, qualquer outra religião nos " rebaptisa", francamente, isso pouco ou nada interessa! É inexistente! Não é aceite pela nossa Fé! E, assim sendo, é como se nada tivesse acontecido! Em nada isso prejudica os sacramentos já concedidos e são esses que valem para nós, católicos.
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Cara Maria Benedita:
Acredito nas facilidades que os mormons podem conceder em termos de acesso aos microfilmes ou digitalizações mas, a partir dos arquivos do Estado.
Essa ideia de manipulação desses assentos a seu bel-prazer para fins religiosos deles sem se atender à parte interessada (morta ou viva) é de facto ideia que não cabe cá nas minhas. No que toca a questões de consciência a sua posição não me basta.
Atente-se a esta questão não tão simples quanto isso: o facto de eles "rebaptizarem" as pessoas e de tal acto não ser válido pela nossa Fé não obriga a que uma pessoa fique de braços cruzados como se nada fosse. Faz-me lembrar o caso das violações de sepulturas e pensarmos: "Oh! Coitado! Não faz mal, afinal já está morto, a fazer tijolo, não sentiu nada...não se importa!" (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)
Tem de haver sempre um mínimo de lógica de bom senso para tudo.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Boa noite! Sou católico,mas respeito todas as religiões e credos cujos principios e normas respeitam a pessoa humana e põem o bem comum acima de interesses particulares.
A igreja Mórmon tem prestado um serviço tão valioso para a Genealogia e muito contribuido para a preservação de documentação, património cultural de todos , que de outro modo ,muito já teria desaparecido ou levado fim.Justiça lhe seja feita.
Os meus cumprimentos.
Rafael Carvalho
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Poreiro =\
Só nos faltava mesmo uma guerra de igrejas para dificultar ainda mais a preservação dos dados genealogicos (já de si raros em termos temporais no nosso pais).
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Realmente foi muito triste essa decisao da Igreja Catolica.
-Luis Ramos
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Um grande aplauso a' sua mensagem. De facto, nao vi nada na mensagem de flordeacacia que seja um ataque a' Igreja Catolica. Ja que a Igreja Catolica decidiu proibir o acesso dos Mormons a estes registos, bem que podiam simultaneamente comecarem eles mesmos a digitaliza-los. Foi realmente um deservico a genealogia semelhante decisao. Nao resido em Portugal e e' atraves dos microfilmes que tenho vindo a descobrir muito sobre os meus costados.
-Luis Ramos
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Transmissão correcta de notícias ao Fórum
Caros Confrades,
Por ser uma situação aqui recorrente, gostaria aproveitar a ocasião para dar a minha modesta opinião sobre a forma correcta de transmitir notícias ao Fórum.
A análise concreta e desapaixonada deste tópico diz-nos que:
- o título escolhido não diz nada sobre o conteúdo da mensagem e apenas exprime uma posição do autor relativamente a uma notícia que só abrindo a mensagem se fica a conhecer.
- a notícia tem inegável interesse para o Fórum e foi dada correctamente: sintética, compreensível e com fontes.
- à parte o título, não foi expressa qualquer opinião de fundo sobre o teor da notícia.
Em consequência da forma como foi titulada, e sem saber se a intenção do autor era apenas a de ter um título sensasionalista, que motivasse a curiosidade para obter uma maior divulgação da notícia, na prática, resultou que alguns leitores se 'melindraram' com uma leitura possível do post, desviando claramente a discussão para fora do conteúdo da notícia, que era o que interessava ao Fórum.
A fim de se evitarem estas situações julgo ser do senso comum e do interesse geral que a abertura de tópicos com notícias trazidas a este Fórum, tenham a seguinte estrutura.
1) Título da mensagem (notícia)
Frase curta (limite 50 caracteres) transmitindo resumidamente o teor do assunto que encerra.
2) Corpo da mensagem (notícia)
- Resumo compreensível ou transcrição da notícia com interesse para o Fórum que se pretende divulgar e com indicação das fontes.
- Eventual opinião sobre o conteúdo ou veracidade da mesma, motivando um debate elevado e com interesse à comunidade.
- Identificação do Autor
Sem outros juízos de valor e esperando apenas que esta contribuição sirva para um aperfeiçoamento do nosso Fórum, deixo a todos os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Transmissão correcta de notícias ao Fórum
Caros confrades,
não tinha, e não tenho, como intenção atacar a igreja católica, ou qualquer outra denominação religiosa. Pretendi apenas dar a conhecer uma decisão, que a meu ver, e como parte interessada, me parece ser de facto "infeliz".
Uma coisa são as crenças e práticas da igreja Mórmon, outra são as facilidades que promovem à pesquisa genealogica. Estou certa que existem muitos pesquisadores por todo o mundo, que usufruem das instalações dessa igreja para as suas pesquisas, mas que nunca entregam as suas pesquisas para serem rebatizados nessa igreja.
A nível de dogmas creio que o facto de a igreja Mórmon efectuar um serviço batismal por alguém que já partiu, não implica que essa pessoa o aceite. Neste caso, o "visado" tem sempre a possibilidade de fundamentar a sua fé e declinar a oferta. Era bom se pudessemos andar na Terra sem tentações, mas não é assim que a vida funciona. Não creio, também, que o facto de se realizar um baptismo por alguém que já faleceu, seja uma falta de respeito à sua memória ou à sua matriz cultural.
Maria
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Pedro França
Nunca usei os seviços dos Mormons, mas penso que o trabalho deles é louvável do ponto de vista da preservação dos registo paroquiais. Assim não concordo com a atitude da minha Igreja.
Penso que o exemplo que dá, um acto fisico, com consequencias fisicas é totalmente diferente de um acto espiritual, como o baptismo, em que só atinge quem acredita.
Do mesmo modo critico a atitude de alguns padres, que não disponibilizam os livros das sua paróquias, aos respectivos arquivos.
Meus cumprimentos,
joão mamede
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Primo Pedro França,
A minha maior preocupação como genealogista prende-se com os livros mais antigos que estão na posse da Igreja Católica, por exemplo, em Lamego ou Bragança. Será que também fica negado, pelas razões invocadas, todo e qualquer acesso a esses registos paroquiais?
E no caso da Câmara Eclesiástica da Guarda cujos documentos estão a ser tratados e digitalizados com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian para posterior divulgação e consulta? Como vai ser?
Um grande abraço,
António G. Pereira
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RE: Transmissão correcta de notícias ao Fórum
Caros confrades
Penso que, de um modo geral, estamos todos cientes dos benefícios que a Igreja dos Mórmons trouxe à Genealogia quando se propôs fazer, mundialmente, a microfilmagem dos diversos assentos.
Para rematar esta curta mensagem, creio que a Maria Benedita, a Maria (flordeacacia1) e João Mamede sintetizaram e bem a separação das àguas, quando referiram que uma coisa são assuntos de fé (e como tal dizem respeito às convicções de cada um) entrando no campo espiritual e outra é a salvaguarda material de documentos que são uma fonte de investigação histórica que urge salvaguardar a qualquer preço, seja através de iniciativas governamentais seja religiosas.
Creio que ficou bem patente o desagrado da maioria de todos nós pela tomada de posição do Vaticano e o receio que tal possa contribuir para o bloqueio de campos de investigação. Como muito bem referiu o Rui Pereira e outros confrades, ainda existem no nosso país mentalidades pouco "abertas" que sonegam informação, que não fazem nem deixam fazer.
Por mim, este tópico está mais que encerrado, não adiantando nada estar a "chover no molhado". Só posso deixar aqui um voto, já expresso também por outros confrades: que o bom senso impere e saibam os responsáveis que água e azeite não são a mesma coisa nem se misturam.
Um bom dia de trabalho para todos, a genealogia aguarda-nos!
Maria
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Senhores,
Creio que o Pedro França tocou no ponto essencial. A Conferência Episcopal dos EUA agiu em conformidade com o DIREITO de os seus fiéis não serem, naquilo que lhes é mais querido, isto é, o âmago da sua Fé, objecto de uma espécie de usurpação religiosa por uma seita - e vamos dar o nome às coisas - herética.
Também eu não quero ver o património espiritual dos meus antepassados e meu atacado e vilipendiado desta forma. Passe a comparação, o princípio é o mesmo que aplico quando critico uma certa estratégia revisionista da Maçonaria que procura incluir nas suas fileiras pessoas que de todo se pode provar, de facto, terem sido maçons.
Esquecemo-nos - porque o politicamente correcto nos impele a isso - que a decisão da Igreja tem por motivo a protecção da dignidade mais íntima e do percurso histórico dos seus filhos, sistematicamente violados por esta prática da seita Mórmon. No conflito, a Conferência Episcopal dos EUA optou por proteger esta dignidade e este percurso, ainda que daí resultasse prejuízo para a investigação genealógica. No meu entender, agiu muitíssimo bem, tal e qual como uma Mãe protegeria, em qualquer situação, a memória e a dignidade dos seus filhos.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Acrescento ainda um ponto:
Foi algures dito que este tipo de prática em nada afectaria o percurso espiritual dos católicos, porque desprovida de relevância ou valor real. De facto, tenho de concordar que, depois de morto, as práticas que uma qualquer seita levar a cabo com o meu nome em nada mudam o meu percurso nesta vida ou o juízo de Deus sobre a minha caminhada.
Analogamente, nenhum efeito fáctico haveria no caso hipotético de, após a morte de um filho meu, saber que o Partido Socialista incluía o seu nome na sua lista de militantes, sabendo eu que o meu filho nunca havia sido membro de nenhum partido político. O problema não está nas consequências deste tipo de práticas, porque o meu filho e eu, mortos, em nada veríamos alterado o nosso percurso real. Porém, o problema é de princípio e é simples: existe um direito (que a lei consagra) a não ser objecto da devassa e da ofensa à reserva sobre a intimidade da vida privada, assim como existe um direito ao nome, que comporta a protecção perante usurpações deste tipo. Foi em nome disto que a Conferência Episcopal norte-americana agiu.
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Primo António:
Eu acho é que essa documentação deveria ser toda reproduzida sim, pelo valor cultural, patrimonial de que ela se reveste mas nunca pelos fins rebaptizantes a que se propõe a igreja mormónica.
Aliás, tudo o que diga respeito a Câmaras Eclesiásticas ao tempo da entrada em vigor do registo civil, deveria estar incorporado nos respectivos arquivos distritais.
A partir do momento da separação constitucional da Igreja e do Estado, cada qual devia seguir o seu próprio destino; a Igreja poderia zelar pelo seu património da melhor maneira e o Estado, de acordo com a legislação em vigor.
Um abraço para si; tudo de bom para si e para a Prima Rosalina.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro João:
Se fala em "minha Igreja" parto do princípio que acredita na Igreja e que lhe é fiel, pelo menos nas suas linhas fundamentais, alicerçantes e não é, pois, demolidor.
Quanto aos livros das paróquias, aos cartórios paroquiais, se atender ao facto de que a Igreja e o Estado traçaram linhas divergentes a partir de 1911, tenha-se em conta de que a Igreja não é propriamente uma instituição de serviço público. Isso é atributo do Estado que assim tens instituições e legislação própria para que elas funcionem de acordo com esse princípio.
A Igreja, como instituição não estatal, não governamental, actuará no sentido de microfilmar, digitalizar, reproduzir a documentação que se encontra em seu poder e ainda vai produzindo, se assim o entender e entender que é um bem para os povos.
Agora, entendo, como até 1911 havia uma linha única de produção documental Igreja-Estado, nomeadamente no que toca a paroquiais/registo civil, essa documentação deveria ter sido apropriada pelos arquivos distritais na altura própria em que se verificou a laicização do Estado. Agora, só se houver benevolência da parte da Igreja em cedê-la e aí não posso dizer mais nada. Estas políticas têm a sua hora certa de agir e, se não ocorreram na generalidade na altura própria, então, aí, a culpa foi de quem? É preciso ver que a Igreja é que se viu lesada, espoliada no seu legado...
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
o Pedro França
É precisamente aí que nunca poderei estar de acordo consigo! E é exactamente por coisas dessas que acho que se deve separar a Igreja do Estado!
Foi confiado á Igreja Católica um património que pertence a todos, católicos e não católicos. Assim sendo, nunca a Igreja se deverá apropriar dele, e, pelo contrário, tem a obrigação moral de o pôr ao serviço de todos, seja qual fôr a Fé que professem.
Lamento dizer-lhe, mas esse tipo de princípios é altamente perigoso, pois sanciona actuações pouco claras aos mais diversos níveis.
O respeito que devemos ter pela religião que cada um, livremente, professa, obriga a esse tipo de partilha.
Mais, qualquer actuação contrária que a Igreja Católica possa ter, cai sob a alçada da Constituição e da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Cpts
Maria Benedita
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Cara Maria Benedita,
Parece-me que confunde obrigação moral e dever jurídico. Podemos discutir a legitimidade moral de uma Conferência Episcopal decidir vedar o acesso a documentos que, quer se goste quer não, são propriedade sua. Podemos inclusivamente discutir se é moralmente correcto fazê-lo relativamente a uma certa categoria de pessoas, como é o caso em análise. Doutra banda, parece-me insustentável defender que a Igreja tem o dever jurídico de facultar o acesso a essa mesma documentação, sob pena de violar disposições normativas constitucionais ou de Direito Internacional. Mais, confundir esta decisão da Conferência Episcopal norte-americana com actuações contrárias ao respeito pela liberdade religiosa é propriamente um absurdo, porque é exactamente em nome da liberdade individual, direccionada aqui para o âmbito religioso, entre outros bens, que se vedou o acesso aos registos paroquiais aos Mórmons. Desconheço, seja no campo moral, seja no campo jurídico, o que seja uma obrigação de partilha nos termos em que a coloca, mais ainda quando essa partilha coloca em risco o património espiritual e moral de milhões de pessoas, sujeitas a ver o seu nome usado e a sua Fé usurpada. Neste sentido, a decisão dos Bispos americanos é acertadíssima e protege um património que moralmente lhe cabe defender.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: Decisão da Igreja Católica
caro Luís Froes
Esta questão é simples. Parece-me óbvio que a guarda dos livros pela "Igreja" não levanta objecções, até um qulaquer decreto de "expropriação", como muito está em voga por estes tempos. A digitalização ou cópia, de qualquer documento, público ou privado, tem regras e estão estabelecidas em lei. Acho bem a Igreja Católica velar e cuidar dos seus espólios, impôr regras e regulamentos ou impôr salvaguardas específicas. Eu tenho documentos antigos, provenientes de família, e não estou a ver com bons olhos a apropriação visual ou textual dos mesmos para fins com que eu não concordasse, e muito menos à revelia, tendo por fachada uma boa intenção!! A "tarefa" dos Mormons pode à partida beneficiar os Genealogistas mas... e que tal se essa tarefa fosse empreendida por uma qualquer seita religiosa muçulmana, por empresas de "marketing", publicistas, agências de informação, agências funerárias, curandeiros.... por muito pouco qualquer um resiste a dar o nome para "mailling list" ou dar o nome a um qualquer estranho! Do ponto de vista da acção da Conferência Episcopal houve zêlo de acordo com os seus princípios.
cumprimentos,
João Borges
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Luís Froes
Durante vários séculos a Igreja Católica foi a igreja oficial deste país e foi-lhe, por isso mesmo, confiado património que é nacional. Não se trata de património privado da Igreja Católica.
O artigo 13º da Constituição Portuguesa estabelece que
"Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual."
Estabelece o artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos do Homem:
"Artigo 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades
proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de
raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem
nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além
disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou
internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou
território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de
soberania."
Sendo o texto constitucional claro na igualdade entre todas as religiões professadas por cidadãos deste país e de quaisquer outros, e tendo o mesmo subscrevido a Declaração Universal dos Direitos do Homem, não vejo qualquer hipótese de a Igreja Católica impedir qualquer outra religião de aceder a um património nacional que, por razões históricas e sociais, lhe foi confiado.
" Desconheço, seja no campo moral, seja no campo jurídico, o que seja uma obrigação de partilha nos termos em que a coloca, mais ainda quando essa partilha coloca em risco o património espiritual e moral de milhões de pessoas, sujeitas a ver o seu nome usado e a sua Fé usurpada"
Esta frase denota uma profunda falta de Fé ou um mau entendimento da mesma.
A minha Fé está acima de tudo isto, não há hipótese de ser usurpada: ela É!
E É, precisamente porque respeito todas as outras religiões.
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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A benevolência começa em casa.RE:Decisão da Igreja
Caros Confrades,
Duas questões que gostava de apontar.
1- É se os dados dos nossos antepassados pertencem a nós ou a quem os apontou? Ou seja se um documento de baptizmo de meu bisavô pertence somente à igreja ou se também têm direito a ve/ler/transcrever/copiar esse documento todos os seus descendentes?
2- O que teme a Igreja Católica? Será que temem que os seus baptizmos podem ser ultrapassados no outro mundo por outro Sacerdote neste mundo? Temem perder o controlo sobre as almas que já baptizaram? Temem que no outro mundo haja uma guerra entre os Sacerdotes desta ou daquele religião que andam de ficha na mão a contar quantas almas estão nesta ou naquela bancada?
Enfim isto não parece a ter nada a ver com religião mas sim com PODER o mesmo que a Igreja Católica sempre exerceu tanto na morte dos Cátaros, na prisão dos Templários, na construção e destruição de reinos, na Inquisição e ainda hoje na consagração e proteção pedófilos.
A igreja deve de existir para ajudar e proteger os fieis e não ao contrário. Não para amontar ouro, jóias, documentos, e territórios terrestres mas deveria de ser uma igreja humilde, compartilhadora e servidora das massas e não colhedora de massa.
E tal igual como o Confrade João Pombo disse:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=195754#lista
"Por isso, devia ser indiferente (nunca hostil, mas indiferente) perante as normas das outras confissões.
Que diferença faz que um indivíduo, morto há 150 anos e que nasceu e foi baptizado na Igreja Católica, mesmo que tenha sido um facínora, seja agora "rebaptizado" noutra confissão, só porque um descendente seu não é católico mas mórmon?"
A benevolência começa em casa. Exige-se de nós primeiro antes de a exigir de outros.
Cpts,
Manuel Rosa
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RE: Decisão da Igreja Católica
Caro Luís Froes, João Borges e Amigo Pedro França,
O que me preocupa não é se a Igreja Católica tem ou não tem o direito de fechar a consulta dos livros aos mormons, preocupa-me muito mais é o estado e modo de conservação que muitos destes livros, que para nós valem muito mais do que o ouro, que nos babamos só de olhar para eles, estão sujeitos. Dou o exemplo de um padre, de uma paróquia transmontana, que me recebeu em sua casa, como só os transmontanos sabem receber, ofereceu-me o almoço, deu-me todas as condições para consultar com calma e conforto os livros que eu pretendi, mas as condições de arquivo eram miseráveis. Infelizmente aqueles livro podem não aguentar muito tempo. E o problema é essse, se ao menos a Igreja Católica cuidasse como deve ser deste seu riquissimo espólio eu também não dava grande importancia a esta proibição, embora tal coma a Maria Benedita disse tenho muitas duvidas sobre a legitimidade moral dessa sua atitude.
Meus cumprimentos a todos,
joão mamede
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Luís Froes:
Salvo melhor opinião, creio que existe uma diferença assinalável entre "baptizar" ou "rebaptizar" mortos e incluir mortos nas fileiras de um determinado partido político ou numa determinada corrente ideológica.
A primeira, a meu ver, é um acto inexistente.
Juridicamente, não produz qualquer efeito, equivale a nada, a rigorosamente nada.
A segunda já se enquadra, ou pode enquadrar, ao menos em abstracto, no âmbito da tutela dos direitos de personalidade, de cuja protecção, como é sabido, gozam as pessoas já falecidas (Cfr. artigo 71º do Código Civil).
Se algum dia alguém se lembrar de dizer e escrever que o Dr. Mário Soares foi um fascista ou comunista, dificilmente um tribunal português recusaria decretar as providências necessárias à tutela dos direitos de personalidade da figura em causa, desde que requeridas por quem de direito, maxime pelos descendentes e herdeiros.
No que respeita à prática da Igreja Mórmon, como disse, a mesma é perfeitamente "inexistente", do ponto de vista jurídico, e do ponto de vista religioso, neste caso na perspectiva católica, também deverá merecer igual qualificação. Aliás e não sendo especialista na Igreja Mórmon, creio que os baptismos de mortos são perfeitamente simbólicos, diria quase burocráticos, são um mero pro-forma.
Por isso, mantenho a posição da minha intervenção inicial.
Admito que teria algumas dúvidas se os "re-baptismos" mórmons consistissem em cerimónias mais elaboradas, praticados perante os restos mortais do "baptizado", etc...
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros confrades,
Me ocorreu que entre os mórmons há membros cujos ancestrais são provenientes de povos que desconheciam a escrita ( índios e aborígenes ) mas tinham religião. Imagino que estas pessoas também tenham que rebatizar seus ancestrais mas como não possuem registros o fato deve ser contornado de alguma maneira. Basta que um chefe mórmon rebatize os ancestrais daquela pessoa até o início dos tempos, como poderia fazer com qualquer novo adepto.
É possível que o trabalho de microfilmagem tenha cunho humanitário, assim como o trabalho da Cruz Vermelha e por isto todos têm acesso aos registros que vejo até como de interesse histórico.
Há tempos vi num microfilme da África do Sul uma quantidade enorme de óbitos de negros soterrados nas minas.Não havia óbitos de brancos soterrados.
Quanto ao fato da Igreja Católica não estar investindo muito na manutenção dos livros paroquiais acredito que se deva a sua orientação atual mais voltada para a miséria no mundo.
Cumprimentos,
Maria Alice
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RE: Decisão da Igreja Católica
caro João Mamede
caros confrades
Apesar de não ter muito tempo disponível e de participar pontualmente neste fórum, acho que este tema é pertinente. A meu ver e na minha opinião a decisão que discutimos abarca sobretudo a questão da legítimidade e da propriedade. Tudo o mais subjacente, tal como a noção da "Igreja", vai para um outro plano posterior. E quando falo da legítimidade evoco a pertença encubadora dos "registos" e não o uso ou multi-usos que hoje podem adevir. Não ponho em causa a utilidade universal da coisa nem ponho em causa o enquadramento "patrimonial e cultural" dos ditos livros, antes pelo contrário!. Agora, acho um exagero apelar à Constituição, à Unicef, aludir ao estado de conservação dos "livros" e ao perigo eminente a que estão sujeitos!! Não posso é discernir bem alguns argumentos, aqui ditos no fórum, quando olho para o mundo que me rodeia de facto e, desde os castelos medievais, à paisagem rústica e urbana, às ruas das nossas cidades (fico-me por aqui na questão do Património!!), tudo acenta no mais consentido e promíscuo debalde por parte da "consciência" do grosso dos cidadãos...
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Cara Maria Benedita:
Mas que calor!!!
A separação da Igreja do Estado vem já da Constituição de 1911, à excepção dos acidentes de percurso do Estadonovismo. Agora, com a Constituição de 1976 esse princípio foi reafirmado. Portanto, esse aspecto está salvaguardado.
Ora, de onde vem esta contenda toda, é que a Igreja produz documentação, fruto da natureza da instituição que é - é uma instituição viva, dinâmica, actua sobre o Mundo em que se insere e de que faz parte. Não tem de ser questionada, no tempo presente, sobre o que faz com essa documentação. Não estou a ver de onde alguém se pode arrogar o direito de interferir no que se passa no interior da Igreja. Ela não atenta contra a liberdade de ninguém (a Inquisição já passou à História, a perseguição religiosa, a intolerância, o controlo das consciências, a época das cruzadas já eram), seguramente que as outras confissões religiosas também se apoiarão em documentação própria que até ver ninguém tem questionado aqui.
O que ela produz corre à margem dos interesses do Estado e é para este, Estado, que temos de nos virar.
Não vejo o que esta matéria tem a ver com o que invoca em termos de Direitos do Homem e da Constituição... Afinal, o Estado, que deve ser garante o da Constituição, não atenta contra a vida da Igreja Católica como está a acontecer aqui e agora com os simples particulares. Será que esta atitude de oposição aberta constitui um bem público? Uma causa por que valha a pena e seja justa?
Voltando à razão de ser da minha intervenção inicial, mantenho que a posição da Igreja Católica releva de uma questão de Fidei Depositum.
Porém, sem ser sectário nesta matéria, porque não chegar-se a acordo, Estado-Igreja, na reprodução dos documentos em posse desta que eventualmente sejam do interesse público? Acho que as coisas deveriam passar por aí e não à revelia desta. Deveria haver um entendimento entre ambas as partes sobre o que pode ser considerado domínio e interesse público.
Discuta-se primeiro, mas partindo de uma autoridade legal, de uma instituição ou acção do Estado que superintenda na sociedade e saiba dialogar com as instituições sociais e religiosas.
Acho que esta matéria apela para outras intervenções, de outros confrades que tenham uma outra visão ou percepção da questão em mãos. Está tudo a ser visto muito a quente.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Olhe Pedro, eu fui baptizado com um mês e na altura ninguem me perguntou se eu estava interessado.
Só frequento a igreja para casamentos e enterros, e nunca me passou pela cabeça recriminar os meus pais por fazerem aquilo que acreditaram ser melhor para mim. Se daqui a cem anos o Pedro for rebaptizado por um dos seus trinetos, estou convencido que Nosso Senhor não o vai pôr fora do paraíso. Agora se por causa de opiniões como a sua os seus trinetos nao souberem dizer o seu nome, então o problema é substancialmente mais grave.
Seja como seja esta discussão é meramente académica. O estado expropriou, e bem, o registo paroquial, dotando o nosso país de um acesso aos registos genealógicos sem paralelo no resto da europa. Daí para a frente existe o muito mais abrangente e fiável registo civil.
Quem tem antepassados em Lamego ou Bragança já tinha um problema antes, que não vai piorar nada com esta decisão. Que é lamentável, sim, mas não deixa de ser perfeitamente legítima à luz daquilo que constitui qualquer religião: ser exclusivista.
cumprimentos,
Rodrigo Ortigão
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Rodrigo:
Esta questão está a tornar-se verdadeiramente académica mas é já a questão em si mesma.
De toda a maneira, devo dizer-lhe que o comum dos mortais e até mesmo alguns colegas de profissão (para não ir mais longe, e longe agora destas lides de fazer genealogia ou não genealogia), estão pouco ligando para o facto de trinetos haver que algum dia se lembrem ou queiram lembrar-se de quem foi o seu (deles) trisavô.
Na minha família, pelo meu lado, interessei-me em saber de meus antepassados indo o mais longe que pudesse. Em resposta, obtive de alguns familiares esta frase lapidar já meio bolorenta: "fidalguia sem comedoria..." - como se o que interessasse fora o tempo presente e a materialidade da vida, o aspecto económico da existência...
Atrás do passado (e do perdido) ninguém vai. Isto, numa perspectiva algo contrária ao que tenho defendido até agora e até antigenealógica. Espero dar este assunto por terminado porque está a tornar-se um duelo de palavras que não nos leva a lado nenhum. Não há consenso.
E depois, não é a minha opinião que vai alterar o estado das coisas. Entenda-se quem de direito com quem deva entender-se e se resolva da melhor maneira esta celeuma.
Há apenas dois pontos em que sou concordante consigo: as religiões tendem, por natureza, a ser ciosas do seu espaço, do seu raio de acção, da sua doutrina, da sua noção de mundo, existência, devir e finalidade... Por outro lado, lamento que o caso de Lamego e Bragança não tivessem tido na altura própria o tratamento de que foram alvo as demais dioceses do país. Não percebo como essas excepções puderam ter lugar.
Ainda assim, quero acreditar que alguma solução possa ser encontrada satisfatoriamente, sem se enveredar pela via da expropriação que reputo de violenta demais para o caso em apreço.
Acho que o mundo actual em que vivemos e a sociedade em particular já são por demais porta aberta a violência que chegue.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Confrades
Se é certo que os serviços dos mormones no que toca á genealogia tem facilitado as pesquisas de muitos e preservado documentos )já eu não posso dizer bem a mesma coisa pois os horários estipulados foram bastante pouco cumpridos o que causou muitos transtornos) não é menos certo que essa prática de baptizar ou rebaptizar antepassados se me afigura como uma profunda falta de respeito pela sua memória. Tenho família mormon e confesso que me sinto ofendido quando sei que primos meus têm essas práticas.
Mas para mim o problema reside no facto de esses senhores se virem apropriar de um espólio cultural que nos pertence. Se já somos dependentes dos estados Unidos em tantas coisas porquê sermos também dependentes culturalmente. Se houver uma catástrofe nos nossos arquivos, lá vamos nós pagar pela pesquisa a quem tem os registos. Eles!
E não é só com os nossos registos. Quantos documentos nossos não estão em bibliotecas do lado de lá do Mar Oceano... quantas...
A Igreja Católica, como essa posição defende, não só o ponto devista religioso mas também o ponto de vista cultural. Intencionalmente ou não, o que é facto é que o defende.
No entanto, a Igreja, sozinha ou em parceria com o Estado, deverá preservar os documentos colocando-os em suportes mais actualizados e "duráveis" (e é que esses suportes são mais duráveis...)
Perdoem a acidez, mas é isto precisamente o que penso já há larguíssimos anos
Tende uma boa noite
António Alferes Pereira
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro António:
Não há nada como quem está por dentro do "convento" se pronunciar.
Eu também tive (e tenho) problemas de acesso à casa mormon aqui em Coimbra. Em horas normais de atendimento sempre dei com o nariz na porta porque a casa estava sempre encerrada e, apesar de tocar à campainha insistentemente, ninguém aparecia.
Em relação ao resto da sua mensagem, concordo consigo; tenho só a diferença de não partilhar parentesco próximo com seguidores mórmons. Para já devo dizer que não sei se saberia lidar com isso, pois a religião é algo que deve ser vivenciado diariamente e trata-se precisamente de um daqueles movimentos que não quadram no meu sistema mas tento compreender, respeitar, aceitar e não marginalizar. Mas isso não impede que questione.
Um abraço e tudo de bom.
Sempre,
Pedro França
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caríssima Maria,
Concordo com o que diz. Lamento que a situação tenha chegado a este ponto. Sendo católico, respeito outros credos; não percebo o "timing" desta decisão: há muito que se sabia qual era a a prática seguida pelos mormons.
Espero que o "bom senso" prevaleça.
O contributo dos mormons para a digitalização foi, e é, precioso!
Um abraço,
Artur João
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro Pedro França
Obrigado pelas suas amáveis palavras.
Há algum tempo que, efectivamente, decidi prescindir dos serviços dos Mómons, e um dos motivos é precisamente esse da falta de rigor no cuprimento dos horários. Uns dias não estavam, outros não sabiam da chave, outros ainda estavam todos menos o responsável tinha ido a uma reunião não sei onde. Outras vezes as máquinas estavam em más condiçóes e não focavam... enfim. No entanto, e em abono da verdade, sempre se revelaram simpáticos e solícitos. Mas tuso isso era "oco" porque nada surtia efeito.
O outro motivo que me levou a que me afastasse dessa forma de pesquisa, reside no facto de não concordar com o facilitismo em que se caiu ao deixar que estrangeiros copiassem (quase) todo o nosso espólo desta matéria. Temos de ser nós a preservar esse bem colectivo. Fazendo um excurso pela história, isto faz-me lembrar a pilhagem que se fez do mundo antigo. Obeliscos Egípcios aqui, templos gregos ali... E a desculpa residia na falta de capacidade daqueles povos para preservar os "vestígios materiais de cultura". Lamentável!
Mas parece que somos poucos a pensar assim, o que ainda é mais lamentável.
Quanto a ter mórmons na família... bem... é uma realidade com que tenho de viver e respeitar a opinião deles. No entanto, penso que o respeito não é mútuo. Basta observar as tais práticas de pseudo-baptismo em que a memória dos antepassados é profundamente desrespeitada (e, para mim, esse respeito é de suma importância). Mas, como se costuma dizer; no melhor pano cai a nódoa!
Desculpe os desabafos.
Continemos com as nossas genealogias, mas atentos a estes problemas.
Cumprimentos e, mais uma vez, obrigado pelas sas palavras
António Alferes Pereira
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros confrades,
Se a Igreja não existisse e não tivesse, à custa de grande esforço e sacrifício, paulatinamente criado e guardado ao longo dos séculos esses assentos (de baptismo e de casamento), não haveria este manancial hoje em dia tão cobiçado. Fico parvo como é que todos nós usufruímos essa benesse e não ver da parte de ninguém nenhuma atitude de gratidão.
Cumprimentos
Fernando Pinto Coelho
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caro confrade
Vai desculpar-me a franqueza e com o máximo respeito lhe digo que quem fica parva com o seu comentário sou eu.
Explico porquê:
1 - O que representa "...à custa de grande esforço e sacrifício"?...anotar num livro, de vez em quando, numas linhas mal alinhavadas, na maioria dos assentos, uns nomes e umas datas...?
2 - Eu vi um assento em que o pároco escreveu "Aos tantos de tal baptizei fulana, filha do António que mora na rua de baixo" -Seguem-se as assinaturas, tal e qual, preto no branco. (cerca de 1600 este assento, foi uma risada na sala de microfilmes quando li isto e dei a ler a quem estava!)
3 - Tomei conhecimento, através de um confrade nosso, que há grandes falhas de assentos numa dada freguesia do norte....simplesmente porque o pároco queria preservar a imagem "casta" da igreja e deu em rasgar os assentos constantes dos livros que mencionavam a paternidade das crianças quando se tratava de padres! Para que a "nódoa" não chegasse até hoje. E naquela freguesia...eles estavam a esquecer-se, a toda a hora, do voto de castidade...
4 - São poucos os livros paroquiais antigos em que existe algum cuidado em redigir as informações, sem preocupações de legibilidade e até de limpeza (rasuras umas atrás das outras; atenção, não me refiro nem à qualidade do papel, nem das tintas, nem das humidades, nem das traças, nada disso)
As minhas palavras não tiram o mérito que a Igreja possa ter e tem, na "preservação" desses documentos. Mas há que convir que, para os homens da igreja, os tais que tinham acesso ao conhecimento, à cultura, à escrita, etc, etc, etc, seria o mínimo a esperar, não lhe parece? E mesmo assim, ainda hoje nos confrontamos com alguns "cérebros" obtusos que, não fosse a folhinha do calendário mostrar que estamos em 2008, sem grande esforço poderíamos localizar alguns representantes, em matéria de visão, pouco mais que Idade Média. Por favor, não veja nisto um "ataque" à Igreja, é uma simples constatação de factos. Como em tudo na vida, há bons e maus médicos, professores, gestores, mecânicos....Acha que a "perfeição" existe?... Essa mesma perfeição chegou à igreja e parou?
Outra coisa - não pretendo entrar em litígio com ninguém nem provocar nenhuma celeuma neste espaço - mas a história tem-nos brindado com tristes exemplos, por parte de representantes da Igreja, de práticas muito pouco "cristãs" de vivência, de tolerância, de "transparência" e de outras coisas que não pretendo aqui inserir para não desencadear mais polémicas. E por causa disso, vamos acreditar que todos são iguais??? Claro que não. Portanto, mais uma vez lhe peço que não veja nas minhas palavras um ataque à Igreja. Mas não me peça a mim que feche os meus olhos em troca de umas consultas genealógicas.
Acho que este tópico já tem que chegue de opiniões e eu tinha imposto a mim mesma não voltar a ele. Mas confesso que não resisti. O seu comentário foi uma autêntica "provocação". Estivessemos nós à volta de uma mesa, beberricando um belo cálice de Porto velho ou uma cervejinha gelada com tremoços e tinhamos conversa até de madrugada.
Bom início de semana para si. Fica pelo menos com um peso na consciência: ter-me roubado algumas horinhas ao meu soninho de beleza (8 horitas)
Maria
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Confrades
Quanto ao receio da Igreja católica em relação aos "baptismos postumos", penso que não é caso para tanto temor. Eu sou católico apostólico romano, e já há uns 15 anos que sei da existencia dessa prática dos baptismos, no entanto, não estou de acordo com esta proibição da Igreja. Até porque a digitalização da documentação existente está a ser feita, infelismente muito lentamente, penso eu, pelos próprios arquivos. Mesmo que os Mormons sejam impedidos de o fazer, não os impedirá de continuar com essa prática. Apenas nos limitará na nossa investigação...
Quanto aos Batismos pótumos, existem revelaçãos recentes, isto é, de alguns anos já, em que Deus pede, não só à Igreja Católica, mas também a qualquer pessoa da mesma Fé e de Boa Vontade para que os faça. Existe mesmo uma fórmula de oração que foi dada a uma vidente nesse sentido. Deus pede especialmente que se baptizem as crianças que faleceram antes de serem baptizadas e em especial as que abortaram... para que se lhes dê um NOME.
Segundo os ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana, no seu Catecismo e confirmado também por revelações de Deus, posteriores, as almas das pessoas que faleceram estão num estado de conhecimento da VERDADE muito superior às pessoas que vivem ainda no mundo, e por esta razão elas, por GRAÇA de Deus sabem o que se faz neste mundo a favor ou contra elas. Neste estado é-lhes dado, por Deus o poder de aderir ou de se afastarem do que é melhor ou pior para elas. Portanto, os "Baptismos Postumos" que neste mundo se realizam em relação a elas, elas têm capacidade para o aceitar ou recusar. Compreendo a preocupação da Igreja, mas Deus é mais poderoso que o mundo e a sua comcupicencia...
Compreendo a preocupação Igreja, mas lamento a proibição imposta.
Estou a recordar-me dum pedido de Jesus a uma vidente importante do nosso tempo, sobre o qual tenho meditado, mas não estou totalmente certo de o ter compreendido. Jesus pediu: "RECONSTITUI AS VOSAS FAMILIAS" (...) DEUS NÃO VAI GUARDAR OS ARQUIVOS"...
Aqui eu peço desculpa a todos os confrades deste forum, que provavelmente esta minha mensagem será um incómodo. Gostaria de vos pedir, segundo a vossa opinião o que é que Deus nos quer dizer com este Pedido?...
Este pedido de Deus chegou ao meu conhecimento muito antes de vos conhecer a vós e a este forum. Conhecer este forum foi para mim um sinal de Deus no sentido que vos estou a descrever. Tenho notado uma grande solidariedade entre os confrades no sentido de se ajudarem mutuamente. O que desde já agradeço a DEUS e a todos vós...
Como vos disse tenho reflectido sobre o "RECONSTITUIR AS VOSSAS FAMILIAS", e cheguei à conclusão que aquilo que Deus nos pede é justamente o que todos os confrades deste forum procuram fazer cada um com as sua possibilidades e capacidades: RECOSTITUIR AS SUAS FAMILIAS POR MEIO DA RECONSTITUIÇÃO DAS RESPECTIVAS ÁRVORES GENEOLÓGICAS....
Eu acredito nisto e também que os defuntos saber-se-ão defender do que não lhes convém: se o dito Baptismo for bom para elas, ficarão gratas aos que os fazem; se não for bom saber-se-ão proteger contra ele...
Quanto a mim, não será só isto que a Igreja está a impedir, eu próprio estou a fazer um trabalho de investigação sobre as origens da minha paróquia, em nada tem a ver com pesquisa de antepassados mas sim com factos históricos, até porque existe aqui uma polémica confusão entre dois Padroeiros, qual deles será o mais antigo. No sentido de desvendar esta questão, enviei e-mail ´`a diocese, há muito tempo, a solicitar autorização para essa investigação mas ainda não obtive resposta... certamente o mais provavel será não darem autorização ao abrgo da proibição vinda de Roma...
As minhas desculpas
Cumprimentos
JBGOmes
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RE: Lamentável decisão da Igreja Católica
Caros Colegas:
Ainda a respeito desta lamentável tomada de posição por parte da Igreja Católica, foi recentemente publicado na secção de notícias da página da Secretaria-Geral do Ministério das Finanças o seguinte texto:
http://www.sgmf.pt/Cultures/pt/SGMF/Internet/Arquivo/Actualidades/Noticias_Eventos/2008/Os+m%C3%B3rmons+e+o+acesso+aos+registos+paroquiais.htm
"Os mórmons e o acesso aos registos paroquiais
É conhecido o interesse dos mórmons pela investigação genealógica. Esta congregação religiosa, que também dá pelo nome de Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, financia, desde 1894, a Sociedade Genealógica do Utah, cujo principal papel é promover a preservação de fontes genealógicas em todo o mundo, para o que conta com uma numerosa equipa de especialistas e com cerca de 4.500 centros de história da família disseminados por cerca de 100 países. Fruto da cooperação estabelecida com as entidades responsáveis em cada país pela guarda de fontes relevantes para a história da família e para os estudos genealógicos, a Sociedade Genealógica do Utah iniciou a microfilmagem dessas fontes em 1938 e, actualmente, tem a decorrer mais de 250 projectos de microfilmagem em cerca de 45 países.
Esse trabalho de pesquisa e de reprodução foi, em parte, posto em causa no passado dia 5 de Abril pela Congregação para o Clero, uma das congregações da Cúria Romana, órgão da Santa Sé. Nessa data, a referida congregação enviou uma carta às conferências episcopais de todo o mundo, instruindo-as para não facultarem registos paroquiais à Sociedade Genealógica do Utah e impedirem esta de digitalizá-los e microfilmá-los. Já numa missiva de 29 de Janeiro de 2008, outra congregação católica, a Congregação para a Doutrina da Fé, revelava ter “sérias reservas” sobre essas práticas.
A orientação dada pela Igreja Católica explica-se por motivos doutrinais – ao fim e ao cabo, é também essa ordem de motivos que explica o empenho da Igreja de Jesus dos Santos dos Últimos Dias em recolher o maior número de fontes genealógicas possível. De acordo com o texto intitulado “Why family history?”, patente no site www.familysearch.org (serviço apoiado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), os fiéis mórmons vivos e os seus antepassados podem reunir-se em família no Além, desde que os primeiros, em nome dos segundos, façam determinadas promessas. Para que essas promessas sejam feitas, torna-se necessário que os entes vivos identifiquem os seus antepassados. Daí a importância das fontes genealógicas.
Representantes da Igreja Católica põem a questão noutros termos. A decisão de obstaculizar o acesso dos mórmons aos registos paroquiais pretende prevenir que estes utilizem essa documentação para rebaptizar, a título póstumo e por substituição ou representação, os seus antepassados na fé que professam, com o propósito de se reunirem no Além. De acordo com a carta de 5 de Abril, tal prática põe em causa a confidencialidade do crente, além de ser “inaceitável do ponto de vista da verdade católica”, nas palavras do padre James Massa, director executivo do Secretariado para os Assuntos Ecuménicos e Inter-religiosos, da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos da América.
À parte as motivações religiosas e doutrinárias que envolvem o acesso aos registos paroquiais em posse da Igreja Católica, é de assinalar a acção da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em prol da preservação das fontes documentais genealógicas e da disponibilização das mesmas. Em Portugal, por exemplo, existem 23 centros de pesquisa, junto dos quais qualquer cidadão pode tentar traçar a sua árvore genealógica até ao século XVI. Tal é possível para os cidadãos de raízes portuguesas porque, fruto de um acordo com o Estado português, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem vindo a microfilmar os registos paroquiais guardados pelas conservatórias do registo civil e pelos arquivos distritais. Pode acontecer, no entanto, que o microfilme que contém a informação pretendida tenha de ser pedido aos serviços centrais, em Salt Lake City, no estado de Utah, nos Estados Unidos da América, onde se concentra a informação recolhida pelos milhares de centros espalhados pela orbe, estando os suportes micrográficos originais depositados nas Montanhas Rochosas, a 200 metros de profundidade.
À data de Dezembro de 2007, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Portugal ainda não tinha microfilmado os registos paroquiais que estão na posse da Igreja Católica nas dioceses de Lamego e Bragança. Com a orientação entretanto dada pelo Vaticano, é provável que essa tarefa continue por se realizar nos próximos tempos.
Julho/2008"
Com os melhores cumprimentos,
Rui Pereira
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