Almondis de la Marche, a avó de Portugal
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Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caros confrades
A Condessa, Almodis de la Marche é uma figura muito importante na História de Portugal, se o seu filho, Raimundo de S. Gilles foi o padrinho de Portugal, ela poderá ser mesmo considerada a avó de Portugal.
Almondis de la Marche que foi Condessa de la Marche, Condessa de Toulouse e Condessa de Barcelona. Todos os portugueses que descendam de D. Afonso Henriques e da Rainha D. Mafalda descendem também desta nobre e culta Senhora.
Foi assassinada por Pedro Raimundo de Barcelona, seu enteado. Encontra-se sepultada na Catedral de Barcelona junto do seu marido Raimundo Berenguer, Conde de Barcelona.
Casou três vezes.
A primeira vez com Hugo V de Lusignan, tendo este casamento sido dissolvido por motivo de consanguinidade, nascendo deste matrimónio um filho que teve o nome Hugo VI. Hugo VI Senhor de Lusignan, ficou com o Condado de La Marche, dando início à Casa Lusignan da qual vão sair os reis de Chipre e Jerusalém e onde mais tarde se vai casar D. João de Coimbra, infante de Portugal com Charlotte de Lusignan, princesse herdeira de Chipre e Vasco Gil Moniz com Eleonor de Lusignan.
Hugo integrou a primeira Cruzada à Terra Santa.
Casou segunda vez com Ponce III de Toulouse de quem teve:
-Guillermo IV, Conde de Toulouse que foi trisavô de D. Dulce de Barcelona que casou com o Rei D. Sancho I de Portugal.
-Raimundo de S. Gilles, IV Conde de Toulouse, que veio juntamente com o seu sobrinho D. Henrique combater os mouros na Galiza tendo ambos acabado por casar com as filhas de Ximena Moniz, Senhora do Castelo de Cornatel que era amante do Rei Afonso VI de Leão e Castela. D. Raimundo de S. Gilles casou com D. Elvira, irmã inteira de D. Teresa que casou com o Conde D. Henrique. Participou e comandou a 1ª Cruzada à Terra Santa em companhia de seu sobrinho, D. Henrique.
Casou Almondis de la Marche, terceira vez com Raimundo Berenguer, Conde de Barcelona, de cuja Casa se vêm entroncar depois todas as rainhas consortes dos reis de Portugal. Deste casamento teve:
-Berenguer Raimundo II de Barcelona que foi conde de Barcelona, participando também juntamente com os irmãos e o Conde D. Henrique na 1ª Cruzada à Terra Santa.
-Raimundo Berenguer II de Barcelona que também foi Conde de Barcelona. Bisavó de D. Dulce de Barcelona que casou com D. Sancho de Portugal.
-Inês de Barcelona, casada com o conde Guigues II de Albon, avó de D. Mafalda que casou com D. Afonso Henriques.
-Sancha de Barcelona, casada com o conde Guillermo Raimundo I de Cerdanha de quem teve dois filhos. Divorciou-se foi administradora do condado de Barcelona e, casou ainda provavelmente com Géza I Rei da Hungria de quem teve D. Henrique que casou com a sua prima D. Teresa de Portugal.
Almondis de la Marche foi:
-Avó do Conde D. Henrique
-Bisavó de D. Afonso Henriques e de D. Matilde que casou D. Afonso Henriques.
-Trisavó de D. Sancho I, e de D. Dulce de Barcelona que casou com D. Sancho I.
-4ª Avó de D. Afonso II, e 5ª de D. Urraca que casou com D. Afonso II
-5ª Avó de D. Sancho II, e 5ª D. Mécia de Haro que casou com D. Sancho II
-5ª Avó de D. Afonso III, e 7ª avó de D. Beatriz de Castela que cc. D. Afonso III.
-6ª Avó de D. Dinis, e 7ª avó da Rainha Santa Isabel que casou com D. Dinis.
-7ª Avó de D. Afonso, e 8ª avó de Beatriz de Castela que casou com D. Afonso IV
-8ª Avó de D. Pedro I, e 9ª avó de Infanta Blanca que casou com D. Pedro I
-8ª Avó de D. Pedro I, e 9ª avó de D. Constança Manuel que cc. D. Pedro I.
-9ª Avó de D. Fernando I, e 9ª avó de D. Leonor Teles que cc. D. Fernando I.
-9ª Avó de D. João I, e 11ª avó de D. Filipa de Lencastre cc. D. João I.
-10ª Avó de D. Duarte, e 12ª avó de D. Leonor Inf. de Aragão cc.D. Duarte.
-11ª Avó de D. Afonso V, e 13ª avó de D. Isabel de Aragão cc. D. Afonso V.
-12ª Avó de D. João II, e 12ª avó de D. Leonor que cc. com D. João II.
-12ª Avó de D. Diogo de Portugal
Até ao reinado de D. João II, sempre as Rainhas consorte dos reis portugueses foram escolhidas da linhagem com origem em Almondis de la Marche e Berenguer Raimundo, da Casa Condal de Barcelona.
O Sangue de Portugal, é a mesma linhagem com origem em Almondis de la Marche, que se renova sempre por casamento, quer se queira aceitar ou não que D. Henrique é seu neto. Não cabe aqui nos Reis de Portugal qualquer outra linhagem e muito menos a de Borgonha. Os casamentos na Casa Real Portuguesa obedeceriam certamente a regras secretas para manter a linhagem!!!
Perante estes factos, nem precisamos de saber de quem era filho o Conde D. Henrique, porque temos aqui na linhagem da Casa Real Portuguesa, uma linhagem centrada 100% na Casa de Barcelona. Até a Rainha D. Filipa de Lencastre tem as suas raízes também nesta Casa. A Casa Real Portuguesa não tem nada, mas mesmo nada de Borgonha,(pelo menos até ao Reinado de D. João II).
Não sei porque chamaram à primeira dinastia, a Dinastia de Borgonha!!!
Saudações fraternas
Zé Maria
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caro Jośe Maria
Pelo que aqui diz algo do que figura em http://www.geneall.net/F/per_tree.php?id=40 não estará certo. Ou não?
Segundo me parece defende que o pai de D. Henrique é D. Guy I da Hungria. Certo?
Assim não haveria uma ligação à casa de Borgonha como sucede em Castela com Raimundo de Borgonha (dito seu primo) que casa com Urraca de Castela.
Mas não era D. Mafalda também bisneta de D. Guilherme I de Borgonha?
O que aqui prova é que a linha feminina das rainhas de Portugal era descendente da casa de Barcelona. Se quiser juntar mais poderá achar D. Inês de Castro, essa descendente da Casa de Barcelona mas também da Hungria.
Rui
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caros confrades
Não sei porque chamaram à primeira dinastia, a Dinastia de Borgonha. Se o Conde D. Henrique pertencia de facto à Casa Ducal de Borgonha, por razão teria esta Casa abandonado os seus descendentes em Portugal? Então a Casa Ducal de Borgonha, formada por Duques e Reis de França, nunca mais se ligaram por casamento aos nossos Reis para manter os laços de sangue e amizade entre a casa real portuguesa e a francesa? E mesmo muito estranho!!! E muito estranho é que nenhum nome de família da Casa de Borgonha passou à Casa Real Portuguesa.
Senão vejamos:
Filhos de Henri, duc de Bourgogne
Hugues I, duc de Bourgogne * 1057 Sibylle (ou Yolande) de Nevers
Eudes I Borel, duc de Bourgogne * c. 1060 Sibila de Borgonha
Robert de Bourgogne, évêque de Langres * 1059
Reinaud de Bourgogne, abbé de Saint-Pierre-en-Falvigny * 1065
Henri de Bourgogne, comte de Portugal * 1069 Teresa de León, condesa de Portugal
Hélie de Bourgogne * 1061 , freira
Beatrix de Bourgogne * c. 1060 Guy I de Vignory
Filhos de Robert I le Vieux, duc de Bourgogne
Hugues de Bourgogne * c. 1034
Henri, duc de Bourgogne * 1035 Beatriz (?) de Barcelona
Robert de Bourgogne * 1040 N.. da Sicília
Simon de Bourgogne * c. 1045
Constance de Bourgogne * c. 1050 Hugues II, comte de Chalon Alfonso VI, rey de Castilla
Enfants du Marriage II:
Hildegarde de Bourgogne * c. 1050 Guillaume VIII, duc d' Aquitaine
Filhos de Robert II le Pieux, roi de France
Advise de France * c. 1004 Reinaldo I, comte de Nevers et Auxerre
Hugues II, co-roi de France + 1026 ss
Henri I, roi de France * 04.05.1008 Mathild von Franken Matilde da Frísia Anna of Kiev
Adélaïde de France, comtesse d' Auxerre et de Coutance * c. 1009 Richard III, duc de Normandie Baudouin V, comte da Flandre
Robert I le Vieux, duc de Bourgogne * c. 1011 Hélie de Semur Ermengarde (Blanche) d' Anjou
Constance de France Manassès, comte de Dammartin
Eudes de France * c. 1013
Enfants de N
Raoul, archevêque de Bourges
Não há um único nome destes que passasse à Casa Real Portuguesa, durante a Dinastia dita de Borgonha. Será mesmo para dizer,que D. Henrique não gostava mesmo nada dos seus avós franceses.(se o fossem claro).
Excepções feitas a Constança filha de D. Sancho I,que herda esse nome através de Constança de Saboia, e Constança filha de D. Dinis que recebe o nome de Constança de Aragão, e ainda Beatriz, filha de D. Pedro I, e Beatriz filha de D. Fernando I, que recebem o nome de Beatriz através de sua avó e bisavó, Beatriz de Castela que casou com o nosso Rei D. Afonso IV.
A dinastia dita de Borgonha não tinha mesmo nada de Borgonha!!!
Saudações
Zé Maria
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caro Rui Correia
O que figura no site que me indicou é o que está universalmente aceite pelos genealogistas, a partir de uma determinada época em que Espanha quis não só reduzir Portugal à simples condição de província, assim como neutralizar a Catalunha onde até foi proibido falar a sua língua materna. Era preciso cortar o cordão umbilical entre Portugal e a Catalunha. Agora a realidade é outra e bem diferente.
Não há nenhuma ligação parental entre Raimundo de Borgonha e o Conde D. Henrique!!!
Mesmo que o Conde D. Henrique fosse da Casa Ducal de Borgonha não tinha nada a ver com a Casa Condal de Borgonha, de Raimundo, são famílias e títulos diferentes. É um equívoco histórico querer-se ligar uma família à outra.
Evidentemente que D. Mafalda também descende de Guilherme I, da Casa Condal de Borgonha.
Quanto a D. Inês de Castro não consigo estabelecer a sua ligação ao Condes de Barcelona e Hungria.
Os melhores cumprimentos
Zé Maria
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Reconheço muita razão no que diz e defende. Muita História precisa talvez de ser reescrita.
Quanto a Inês de Castro bastará atentar que seu pai Pedro Fernandes era bisneto de Sancho IV de Castela que por sua vez era por um lado bisneto de Berengária de Castela (esta bisneta de Berengária de Barcelona) e por outro bisneto de András II da Hungria.
RC
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caro José Maria:
De momento, reporto-me apenas ao suposto parentesco entre Afonso Henriques e Mafalda (Mahaut) de Sabóia - na sua proposta, ambos descendentes (bisnetos) de Almodis.
Os noivos seriam, nessa tese, parentes no terceiro grau de consanguinidade: e esse parentesco deve-nos causar alguma reserva (com ou sem "regras secretas"), porque era um parentesco em grau proibido pela Igreja Católica. Não se pode negar que muitos casamentos reais dessa época, na Europa, estavam afectados por esse impedimento; mas não se deve esquecer as circunstâncias em que Afonso Henriques vivia quando tratou do seu matrimónio:
O rei de Portugal casou em 1146, ou perto disso; a independência de Portugal estava fragilmente reconhecida pelo rei de Castela (ao tempo, Afonso VII, seu primo direito e filho de Urraca) desde 1143 apenas; a grande preocupação diplomática portuguesa passava a ser o rápido reconhecimento dessa situação pela Santa Sé (que veio a ocorrer em 1179, apenas). Não parece prudente, nesse contexto, o casamento com uma parente próxima que indispusesse a hierarquia da Igreja, e que desse trunfos à diplomacia castelhana para pressionar (mais do que provavelmente mesmo assim o fez) o Papa a postergar ou dificultar esse reconhecimento.
E não era só o problema do não reconhecimento da independência pela Santa Sé: a eventual dissolução do casamento, mesmo não pondo em causa (como parece que pelo menos em certos casos similares não pôs) a legitimidade de filhos nascidos antes de ela ser decretada, seria sempre fonte de conflitos com herdeiros (filhos de eventual posterior casamento) ou com outras potências.
A prudência e o cálculo aconselhariam assim Afonso Henriques a procurar a mãe do herdeiro da Coroa fora da área Castela-Leão-Aragão (fora da área de influência de Afonso VII), e num grau de parentesco permitido - embora condicionado, como certamente ainda estava, pela sua recentíssima "entrada" na cena política da cristandade europeia, e portanto necessitando talvez da intercessão ou apoio de parentes, uma vez que aliados ele - e o reino de Portugal - ainda não tinham.
Vale a pena dizer aqui que esta mesma crítica se pode e a meu ver deve dirigir à actual tese "Borgonhesa", nos termos em que é aceite aqui na base de dados do Genea (baseada essencialmente em trabalhos do Marquês de São Payo, de 1962, e do Prof. Luis de Mello Vaz de São Payo na "Herança Genética de D. Afonso Henriques", de 2002.
Nesta tese, a mãe do Conde Henrique seria uma Beatriz de Barcelona (nome apenas conjecturado por Luiz M.V. São Payo com base na existência julgo que de uma neta também assim chamada), sendo essa Beatriz cunhada de Almodis de La Marche (ou seja, irmã do seu marido Ramon Berenguer); o parentesco entre Afonso Henriques e Mahaut remontaria assim a Berenguer de Barcelona (pai de Ramon e Beatriz e sogro de Almodis), bisavô de Afonso Henriques (por Beatriz e o conde Henrique) e trisavô de Mahaut (por Ramon casado com Almodis, Inês de Barcelona e Matilde d'Albon). O parentesco seria baseado num bisavõ-trisavô comum (3.º e 4.º grau, portanto).
Comparando as duas teses - nas suas consequências, não agora na sua fundamentação - vemos que:
a) Almodis de la Marche, antepassada de ambos na sua tese, não o é na tese borgonhesa - por não ser mais do que tia-bisavó por afinidade de Afonso Henriques, apenas podendo o duvidoso papel de "avõ" (?) de Portugal ser reconhecido ao conde de Barcelona Ramon Berenguer "o Curvo", que morrera mais de cem anos antes de Afonso Henriques nascer, e a quem seria exigir demais pretender que alguma vez sequer sonhasse um Portugal regido por outros que não a velha dinastia dos condes portucalenses (contemporânea dele, por exemplo, a Mumadona Dias que edificou o castelo de Guimarães);
b) no entanto, em ambas o parentesco entre Afonso Henriques e Mahaut/Mafalda de Sabóia é um parentesco dentro do quarto grau de consanguinidade.
Admite-se, sempre, que Almodis fosse bisavó de Mahaut de Sabóia; ora, não é isso que vejo afirmado na Cawley's Medieval Lands (que já referi no outro tópico); curiosamente, afirma-se ali que Mahaut/Mafalda, a rainha de Portugal, não era neta mas sim trineta de Inês de Barcelona.
Resumindo as informações disponíveis:
- Guigues 'o velho' de Albon (filho de um Guigues ainda mais antigo e de uma Gotelone) teria casado, segundo a Europäische Stammtafeln II 190 e XII 95A (Die Grafen von Rheinfelden) com uma Adelaid que é identificada com Adelaide de Sabóia; e, divorciando-se, teria casado de novo, a 10 de Maio de 1070, com Inês de Barcelona (filha da 'nossa' Almodis); Inês não poderia ter então mais do que 16 anos, pois que a mãe casara depois de 29 de Junho de 1053;
- A Cawley's manifesta algumas dúvidas sobre este primeiro casamento (que parece não estar directamente documentado) a partir da afirmação (também da Europäische Stammtafeln ES II 190) de que essa Adelaide de Sabóia (filha de Odon, conde de Chablais e marquês de Susa, e de uma outra Adelaide) teria nascido apenas em 1052 ou 1053, "presumably based" (diz a Cawley's) "on the likelihood that she was born after her sister Berthe, as Heinrich IV King of Germany [com quem essa Berta casou] would presumably have married the older daughter"; teríamos assim de admitir dois casamentos muito próximos deste Guigues com duas senhoras muito jovens (o primeiro, dissolvido por divórcio imediatamente a seguir ao nascimento de um filho...). Aparentemente, a tese da Europäische Stammtafeln assenta num documento de 1091 (não identificado) em que Adelaide de Saboia e um seu filho Guigues são co-herdeiros de "Adelaide marquesa de Susa";
- Esse Guigues II, filho de Guigues o velho e enteado de Inês de Barcelona, testemunha ("Wigo filii sui") uma doação do pai ("Wigo comes filius Gotelenne") em 1090 e não deve ser confundido com um outro Guigues "dito Ramon", seu meio-irmão (este último, filho de Inês de Barcelona e portanto neto de Almodis e de Ramon Berenguer, donde o seu cognome...). Que houve dois Guigues irmãos, di-lo um documento de doação a Cluny em 1079 em que "Wigo Albionis comes" nomeia os seus irmãos "fratres mei Guigonis cognomento Raimundi, Richardi, Armannique" (documento publicado em Cluny IV.3542, p. 669.); e esse Guigues (Wigo) não pode ser o "velho", que morrera em 1075...
- E é desse Guigues II (ainda documentado até 1125), e de sua mulher Petronilla cuja familia se ignora, que teria sido filha Matilde d'Albon, tradicionalmente dada como a mãe da nossa rainha Mahaut/Mafalda (assim na nossa base de dados, citando como fonte D. António Caetano de Sousa...)
Em suma, Matilde d'Albon seria afinal filha de um enteado - e não de um filho - de Inês de Barcelona. E com isso, o tal parentesco entre os nossos primeiros reis, em grau canonicamente proibido, não existirá afinal (ao menos por estas linhas), o que me parece um argumento mais a favor dos outros que esta construção apresentada pela Cawley's possa suscitar.
Falta ainda referir que a Cawley's, suportando-se numa obra de Marie José, "La Maison de Savoie, Les Origines, Le Comte Vert, Le Comte Rouge", Paris, 1956, considera a nossa rainha Mahaut como enteada (e não como filha) de Mathilde d'Albon, com quem o conde de Maurienne e Saboia Amadeu III apenas teria casado em 1135 - dez anos da data presumida do nascimento de Mahaut/Mafalda, que seria fruto de um primeiro casamento do Saboiano com uma Adelaide (de familia desconhecida), sendo os argumentos para o reconhecimento do duplo casamento do conde Amadeu essencialmente decorrentes de considerações cronológicas sobre a presumivel data de nascimento de Mahaut d'Albon (entre 1112 e 1116)...
Fascinantes labirintos.
Melhores cumprimentos,
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Por lapso não assinei a mensagem anterior, do que peço desculpa.
Renovo os meus melhores cumprimentos,
Marcos Sousa Guedes
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
E também por desatenção escrevi, erradamente:
"Admite-se, sempre, que Almodis fosse bisavó de Mahaut de Sabóia; ora, não é isso que vejo afirmado na Cawley's Medieval Lands (que já referi no outro tópico); curiosamente, afirma-se ali que Mahaut/Mafalda, a rainha de Portugal, não era neta MAS SIM TRINETA de Inês de Barcelona",
quando a seguir se explica que não era descendente dela.
Com renovados cumprimentos,
Marcos Sousa Guedes
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caro Marcos Sousa Guedes
A crónica de Duarte Galvão, devido à sua terminologia poderá ser causadora de más interpretações:
Assim, o Conde D. Reymão de Tolosa, seria assim conhecido por ter nascido em Toulouse, mas de facto, ele era Conde de Borgonha e não de Toulouse.
O Conde D. Reymão de S. Gil, de Proença, era assim denominado, por ter nascido em Saint Gilles na Provença, mas de facto ele era Conde de Toulouse.
O que me parece aqui, é que Duarte Galvão, quando se refere aos Condes é pela terra da sua naturalidade e não propriamente ao título que eles ostentam.
Senão vejamos:
"...antre os quaes vieram trez mui principaes senhores, a saber, o Conde D. Reymão de Tolosa,[Raimundo, Conde de Borgonha] grande senhor em França, e o Conde D. Reymão de S. Gil, de Proença,[Raimundo IV, Conde de Toulouse] e D. Anrique sobrinho deste Conde de Tolosa,[Conde de Toulouse] filho segundo genito de uma sua irmã, e Del Rei Dungria, com quem era cazada, os quaes trez foram mui honradamente por El-Rei D. Affonso recebidos.
e tendo El-Rei assi delles contentamento querendo honra-los, e remunerar seus nobres feitos e trabalhos, que em sua companhia passaram na guerra contra os infieis, determinou de cazar trez filhas suas com elles, uma chamada Dona Urraca, cazou com o Conde D. Reimão de Tolosa,[Raimundo, Conde de Borgonha] de que depois naceo El-Rei D. Affonso de Castella chamado tambem Emperador, donde decendem tambem todos os Reis de Castella; outra Dona Elvira, cazou com o Conde D. Reymão de S. Gil, de Proença;[Raimundo IV Conde de Toulouse] outra chamada D. Tareja deu por molher a D. Anrique sobrinho do Conde de Tolosa,[Conde de Toulouse]..."
Assim, poderemos confirmar com toda a fidelidade que:
-O Conde D. Henrique era de facto cunhado de Raimundo de S. Gilles, Conde de Toulouse.
Agora seguindo as genealogias aceites:
-Guillermo IV, Conde de Toulouse, irmão de Raimundo de S. Gilles, foi trisavô de D. Dulce de Barcelona que casou com o Rei D. Sancho I de Portugal.
-Inês de Barcelona, irmã de Raimundo de S. Gilles, casada com o conde Guigues II de Albon, foi avó de D. Mafalda que casou com D. Afonso Henriques.
-Berenguer Raimundo II de Barcelona que foi conde de Barcelona, foi Bisavó de D. Dulce de Barcelona que casou com D. Sancho de Portugal.
-D. Sancho I de Portugal casou assim com uma prima, Dulce de Barcelona.
Portanto os nossos primeiros reis começam a sua linhagem não na Casa dos Duques de Borgonha em França, mas sim dentro da Casa dos Condes de Barcelona, independentemente de existir nesta família um certo grau de consanguinidade, mas isso nunca foi impeditivo por parte da Igreja. E assim parece ter continuado pela família real portuguesa.
A família real portuguesa, sempre foi uma família consanguínea que consistia na família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais, existindo sempre laços familiares muito próximos, e esses casamentos nunca se deixaram de consumar.
Veja-se o caso de D. Sancho II que casa com uma prima, D. Afonso IV que casa com outra prima, D. João II que casa com uma prima inteira, portanto em 2º grau, entre muitos outros.
Era norma na Casa Real Portuguesa o casamento entre primos, quer esse grau de consanguinidade fosse mais ou menos afastado, contudo creio que requeriam os requisitos formais junto do Papa para que procedesse o respectivo processo de dispensa de consanguinidade, senão esse mesmo casamento poderia de futuro ser anulado. Mas a ideia que tenho, é que, a Igreja não proibia o casamento desde que obedecesse aos requisitos legais e canónicos.(isto é tinha de dar o aval) Senão como se compreenderia o casamento entre D. João II e D. Leonor, se eles eram primos co-irmãos?
Quanto á contradição entre os genealogistas, ela é natural, por isso baseei-me na crónica de Duarte Galvão, e o certo é que não é por acaso que seguindo o seu raciocionio, ele coloca D. Henrique no seio da Casa dos Condes de Barcelona. E se tivermos em conta que esta Casa era satélite do Reino de Aragão "Daragan" melhor compreenderemos porque o brasão de armas desta Casa dos Condes de Barcelona, ostenta um Dragão, o mesmo Dragão que ostenta o Brasão de Armas do nosso Instituto da Defesa Nacional.
Os meus cumprimentos
Zé Maria
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RE: Almondis de la Marche, a avó de Portugal
Caro José Maria:
Estou infelizmente sem tempo agora para tudo o que não seja responder "de memória", mas voltarei durante o fim de semana com mais vagar. Tentanto sumariar:
- Completamente de acordo com Henrique ser "cunhado" de Saint-Gilles;
- Obrigado pela transcrição exacta do texto de Duarte Galvão, que ainda não tinha verificado; há uma crónica anterior (usualmente conhecida como "Crónica de 1419"), que só foi redescoberta já no séc. XX e que julgo ter sido a fonte desta (com referências, se não me engano, a "hungria" e "tolosa"). Eu tenho-a e vou transcrever, para podermos comparar;
- A consanguinidade dos reis (que a Casa de Aviz levará quase ao limite - depois do casamento com Filipa de Lencastre, não me recordo de casamentos que não sejam de parantes muito próximos) foi sempre uma tentação deles. Mas julgo que se não pode comparar, por muitas razões, a situação de D. João II com a de um rei ou alto senhor do séc. XII: D. João já não tinha que enfrentar um Papa a disputar ao Imperador a supremacia temporal do Ocidente! Por outro lado, é importante notar que casamentos entre parentes muito próximos tinha sido também hábito nas grandes familias de Leão-Galiza-Portugal (julgo que também Castela) na época anterior a Afonso VI - e são precisamente os reformadores "franceses" eclesiásticos (no fundo, "Cluny") que por todas as formas lhe tentam pôr cobro. Isso corresponde a uma política de fundo, por parte da Igreja, de controlar o "casamento", com rigorosas distinções entre "mulheres legitimas" e "concubinas", com a necessidade de realização de um acto público na presença de um sacerdote para a sua validade (lembremo-nos das dificuldades de D. Pedro e do seu casamento "secreto" com Inês de Castro...), etc etc.
- O tema do dragão (ou serpe) heráldicos é interessantíssimo (ora, e além do Instituto de Defesa Nacional, ainda aí está ele no FCP... - é o mesmo!). Tem-se dito (pelo menos, que eu saiba, desde Gil Vicente, portanto desde a época de D. Manuel) que é o antigo símbolo dos reis suevos, não representando pois a Casa de D. Henrique conde, mas sim a herança "sueva" do Reino de Portugal.
- Havemos de voltar a esta importante revisão dos dados genealógicos disponíveis; entretanto, se eu fosse a si olhava com atenção para a viagem do Infante D. Pedro à Hungria... (depois discutiremos as conclusões a extrair!)
Com os melhores cumprimentos
Marcos Sousa Guedes
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