Os expostos
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Os expostos
Caros colegas,
coloco aqui uma questão que se calhar não pode obter resposta. Ainda assim quero saber o que se passa na generalidade com os expostos. Quando uma criança foi exposta à porta de alguém, diz a ficção e o nosso imaginário que a escolha da porta não deve ser casual. Ou seja: o progenitor deve pertencer à família. Como é? Isto tem mais fundamento do que se pensa ou é muita ficção? Outra coisa: no "antigamente", julgo que as crianças abandonadas eram "expostas" nas igrejas, e estas haviam por toda a parte. Ou não? O que leva alguém escolher deixar um recém-nascido "aqui" ou "ali"?
Cumprimentos.
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RE: Os expostos
Cara Cristina
Pessoalmente, nunca tive que lidar com essa questão e, portanto, apenas lhe posso dar uma opinião pessoal sobre o que penso.
O acto de abandonar uma criança recém-nascida pode ter, para mim, as seguintes razões ou fundamentos, face ao que me foi dado constatar:
1. Não ter sido uma criança desejada pelo pai, mãe ou ambos
2. Por ser fruto de uma qualquer relação ilícita incestuosa (irmão, tio, cunhada, pai, padrasto, etc)
3. Fruto de adultério
4. Fruto do acto sexual de uma jovem fora do casamento
5. Fruto da relação com homem da igreja
6. Mal formação da criança, com a consequente rejeição familiar
7. Incapacidade económica dos pais para a criação da criança
Consideradas as razões, vamos aos locais possíveis:
1. Roda (por total desejo de anonimato e vontade de fazer um corte total com o recém nascido)
2. Igreja (por razões de acalmia de consciência, certeza de ser amparada, crença na protecção da divindade)
3. Casa de familiar da criança (pais, tios, etc, por necessidade de não perder o contacto com essa criança e conseguir acompanhar o seu desenvolvimento, dentro de um quadro de anonimato)
4. Casa de uma qualquer personalidade abastada da região, como garantia de ser bem "criada" e nada lhe faltar, podendo acompanhar o seu crescimento à distância
Não sei se consegui responder à sua dúvida mas entendi que equacionando estes pontos, poderá chegar por si à questão que levantou. E cruzando estes dados todos, ficamos com imensas possibilidades de entender o problema dos expostos. Espero ter dado uma ajuda, por ínfima que seja.
Com os melhores cumprimentos
Maria
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RE: Os expostos
Cara Cristina,
Julgo não ter uma resposta definitiva para razões das crianças chamadas nos registos de "exposto", "engeitado" ou o mais eufemístico "filhos da Igreja", mas creio que as principais razões são sociais, por um lado por serem filhos de mãe solteira e, por outro, por serem filhos de casais pobres que já os tinham em excesso.
A primeira razão pode-se perceber ainda hoje infelizmente, e há casos em famílias burguesas dos finais de XVIII que não abandonando os filhos necessariamente, batizavam-nos como filhos de pais incógnitos e depois registavam-nos de novo por volta dos 18 anos. Conheço uma caso destes na Sé, em Faro, com parecer jurídico canónico a preencher duas folhas antes do novo registro.
Em geral, as igrejas e conventos funcionavam como a segurança social da altura, atribuindo aos expostos uma madrinha (provavelmente profissionais, com algumas almas caridosas à mistura - todos pagos pelas câmaras).
As mães saberiam que as crianças seriam assim cuidadas e talvez, na mente de algumas, poderiam até vir a ter possibilidades. Talvez uma num milhão, mas seria errado. Muitas crianças tornam-se adultos com o apelido "Exposto" (José Exposto, etc.) e nunca passam das mais baixas camadas sociais, mais não seja pelo autêntico 'carimbo' social.
Ainda que as crianças sejam abandonadas nos solares dos ricos e poderosos, acabavam sempre nas mãos da Igreja e poderes locais que lhes davam o destino que podiam.
Não é propriamente uma resposta às suas questões, mas espero que ajude na formulação de hipóteses.
Cumprimentos,
Jorge Quinta-Nova
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RE: Os expostos
Boa noite
esta questão é colocada numa semana em que consultando a certidão de óbito de uma bisavó nascida em 1883, descobri que um dos meus trisavós era exposto.
Como ainda estou numa fase muito inicial do trabalho de construir a árvore da minha familia, surgem-me algumas dúvidas que não sei se alguém me poderia esclarecer:
- já solicitei as certidões de nascimento e casamento da minha bisavó, mas não sei se irei descobrir algo que me possa ajudar, pois não sei ao certo se o registo de baptismo será na mesma freguesia. Existe alguma fonte onde se possa buscar informação sobre expostos? Uma das minhas opções é tentar na Junta de Freguesia onde viveram saber se há registo do enterro no cemitério local, para ter uma data a partir da qual procurar algum documento...
- curiosamente minha bisavó entre 1907 e 1941 aparece em vários documentos (certidões de nascimento de avó, pai e tios) como Clementina de Jesus e na certidão de óbito de 1967 aparece como Clementina da Purificação. Era normal os nomes irem mudando, mesmo no século XX?
Nuno
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RE: Os expostos
Meu caro
Existem, nos arquivos camarários livros de expostos. Como as Câmara pagavam a amas, fazia-se um registo das entradas na roda. Ou na Mesericordia. Mas isso varia de cidade para cidade, de local para local. Por exemplo, em Leiria podemos ver os livros dos expostos na roda ou no hospital da mesericordia. Mas na A-da-Gorda (Óbidos) nunca tal encontrei, pois como não havia roda, deixavam as crianças á porta de alguem.
Neste caso o pároco, que os baptisava dizia (ás vezes), "colocado à porta de.." e indicava a ama a quem foi entregue para ser criado.
No meu caso, descobri um tetra-avô que se chamava Caetano e que se casou... era exposto. Adoptou o nome de Silva quando se casou. Andei cerca de 20 anos para traz, nos registos paroquiais, para ver se encontrava um baptisado com este nome e encontrei cerca de 20 Caetanos num periodo de 5 anos. Calculem que o padrinho de todos eles foi o Procurador Real que se chamava Caetano...
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: Os expostos
Caros Colegas,
O nome "exposto" e a tradicao de "expor" um recem-nascido tem uma origem antiga e, de uma certa forma, bem sinistra... Os Espartanos, assim como outras sociedades do mesmo periodo, tinham o costume de 'expor recem-nascidos as interperies' (ao tempo) ate que morressem (de frio, ou comido por animais selvagens); practica que atingia qualquer recem-nascido que fosse fisicamente defeituoso. Mas esta practica era usada tambem em outras situacoes quando, por exemplo na tradicao Romana, o 'Pai-de-Familia' tinah o poder de repudiar o recem-nascido e mandar que este fosse 'exposto', abandonado. Naturalmente, a bondade e caridade humana interferia, e os recem-nascidos com mais sorte erao entao salvos por instituicoes ou individuos. A minha impressao e que apos o periodo da Contra-Reforma, a Coroa ou o Estado tomou as redeas e iniciativa de tomar conta destes, como uma medida civilisante. Afinal, como se diz aqui na Autralia, "the degree of civilization of a country is measured by the way they treat the innocent, the elder and the infirm"...
Saudacoes,
Afonso D.Portugal
Sydney-Australia
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RE: Os expostos
Bom dia
Por acaso o meu bisavô e o meu trisavô também se chamavam Caetano e como eram de A-da-Delgada (a 5 ou 6 km de A-da-Dagorda) às tantas também descenderão de algum exposto apadrinhado pelo citado Procurador Real, quiçá...
O meu trisavô Eduardo Faria era exposto e na certidão de nascimento da minha bisavó diz que era "exposto da Santa Casa da Misericórdia de Caldas da Rainha". Alguém sabe se existem registos dos expostos desta Santa Casa e se são consultáveis nalgum lugar?
Nuno
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RE: Os expostos
boa noite,me cha edson exposto,sou de S.P, BRASIL,meu avõ era de portugal,Sr ADRIANO EXPOSTO, poderia me ajudar a saber algo sobre a familia EXPOSTO,agradeço.
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RE: Os expostos
boa noite, poderia me ajudar a obter alguma informação sobre a familia EXPOSTO, ai em portugal, me chamo EDSON EXPOSTO,moro em SP-BRASIL,desde já agradeço.
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RE: Os expostos
Caros Confrades
nas minhas pesquisas, surgiu-me uma bisavó.exposta na roda.Na certidão de casamento, diz que se chama LUCRECIA DE JESUS MENEZES, natural da cidade de Penafiel.Consultei on-line os livros de baptismos e encontrei uma LUCRECIA baptizada a 5 de maio de 1860 com o registo nº 274.
será que alguem me poderia saber mais alguma coisA
Obrigad acumprimentos
Maria Teresa
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RE: Os expostos
Caro confrade,
Em dois registos de um meu antepassado, que viveu nos inicios do séc. XIX no concelho de Cabeceiras de Basto, consta ser "rodeiro" e, num outro, ser "dono da roda".
Qual significado de tais expressões? A roda não era necessariamente propriedade de instituições de caridade ou das Câmaras Municipais?
Antecipadamente grato
António Franco
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RE: Os expostos
Caro António Franco
Também pode ser roda de moinho ou de azenha.
Cordiais cumprimentos
Manuel da Silva Rolão
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RE: Os expostos
Mas esse nº 274, é um número sequencial em relação ao nº de crianças registadas, ou no descritivo do registo consta, Lucrécia, nº 274 ? Se asim for pode ser o nºdo registo de entrada na Roda. Poderá confirmar consultando os registos de Expostos no arquivo da Misericórdia.
Cumprimentos
Safira
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RE: Os expostos
Os registos de Expostos, estão no arquivo da Misericórdia em Lisboa.
Cumprimentos
Safira
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RE: Os expostos
Cara Safira
Muito obrigada pela sua ajuda. Julgo que o número é sequencial, em todo o caso sabe informar onde posso consultar os arquivos da Misericórdia? É no Porto?
Aguardo sua resposta.
Cumprimentos
Maria Teresa
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RE: Os expostos
Solla
Os registos de Expostos, estão centralizados no arquivo da Misericórdia em Lisboa; contudo não sei se haverá alguns duplicados no Porto.
Boa pesquisa.
Safira
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RE: Os expostos
Ex.mos Srs
tenho um antepassado, que nasceu em Faria, Barcelos, que casou em 1847 em Faria, criado na freguesia Sao Pedro Alvite(Cabeceiras Basto) por Ana Maria Pereira.
como posso ter acesso ao seu registo de nascimento baptismo.
grato
Manuel
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RE: Os expostos
Cara Safira,
Saberá dizer-me se também os registos dos expostos de Vila Viçosa se encontram em Lisboa ou devo procurá-los na Misericórdia daquela vila?
O registo que procuro refere-se a alguém nascido em 1889.
Grato pela atenção
Cumprimentos
Alexandre Pais
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RE: Os expostos
Tanto quanto eu sei, afigura-se-me que todos os registos estão centralizados nos arquivos da Santa Casa da Misericórdia, em Lisboa, no tempo em que eu envestiguei, este arquivo estava na Av: D. Carlos, próximo da assembleia da República.«; o que não invada que nos cartórios da algumas igrejas, ainda possa hexistir alguns destes documentos
Boa sorte
Safira
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RE: Os expostos
Cara Safira
Tanto quanto me foi dado verificar, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estarão apenas os expostos em Lisboa. Alguns dos livros de expostos estão na Torre do Tombo, donde me foi dado fotocópia dum assento de familiar. Para continuar tive de me deslocar aos arquivos da Santa Casa, que neste momento já não funcionam na Av. D. Carlos mas sim na própria sede. Fora de Lisboa encontro muitos expostos registados nos livros paroquiais. Muitas terras tinham roda de expostos, algumas delas a funcionar não só em conventos como em Câmaras Municipais, que depois de arranjarem e pagarem amas de leite, mais tarde como já comprovei, eram criadas nas Misericóridias locais, no entanto o assento era efectuado nas Igrejas
Cumprimentos
Maria do Céu
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RE: Os expostos
Caros Confrades,
Para os eventuais interessados, devo informar que junto da Câmara Municipal de Vila Viçosa tomei conhecimento do facto desta ser a actual detentora do Arquivo Histórico da Misericórdia - Registo dos Expostos.
Cumprimentos,
Alexandre
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