Hoje Vigilia pelo Património

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Hoje Vigilia pelo Património

#198525 | JoãoGaspar | 29 May 2008 19:46

Pela calada da noite, as máquinas vêm e destroem memórias. Destroem Portugal.
As estações de comboio da Linha do Alentejo, hoje conhecida como Linha do Sado que ligava Lisboa ao Alentejo, que para quem leu “Equador” e outros livros, tantos, elas estão lá.
Estação de Comboio que viram entrar e sair gerações, que assistiram a mortes trágicas e a pedidos de namoro, que viveram tais como os Homens que por elas passaram.
As estações de comboio desde o Barreiro a Palmela, são de 1860, na estação da Moita, destruída esta semana, parou Dom Carlos I, antes de ser brutalmente assassinado no Terreiro do Paço.
Hoje é a vez da velha estação de Alhos Vedros ser destruída, para os mais desatentos que não viram as notícias de ontem, deixo aqui a noticia triste, que as estações estão a desaparecer pelas mãos da REFER e com o conhecimento de todos os nossos governantes, que aos poucos varrem a nossa memória.
Um país sem memória não tem futuro.
Hoje as 22:30 na Nobre Vila de Alhos Vedros, concelho da Moita, vamos ter uma vigília em nome do Património colectivo dos Portugueses que nos tem sido roubado pela calada da noite. Sim pela calada da noite… quem quiser a nós se juntar, todos seremos muitos.
Aos moderadores e usufruidores deste site peço desculpa por esta intervenção um pouco inflamada, é a voz do coração a falar, concordo que o tema não terá directamente interesse à genealogia, mas isso é aparentemente, e o geneall até tem uma secção de património.
Deixo então aqui uma história entre as tantas da estação de Alhos Vedros.
A minha mãe, quando era pequena, lembra-se com saudade do pavão que existia na Estação de Comboio de Alhos Vedros, este era do Chefe da Estação, e quando era hora do comboio partir era o pavão e não o apito do Chefe, que na estação de Alhos Vedros, dava partida ao Comboio.
Com esperança me despeço,

Cumprimentos

João Paulo Gaspar

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Património Intangível

#198550 | salen | 29 May 2008 22:08 | In reply to: #198525

Caro João Gaspar,

Moro longe e não poderei juntar-me ao grupo. Mas deixo a minha expressão de solidariedade com a acção.

Victor Ferreira

P.S.: ... Bom, e embora fuja bastante do tom sério do Tópico que não queria deixar de sublinhar, não resisto à tentação e deixo uma outra história ligada aos combóios, menos sublime, mais picaresca, um tudo-nada cruel, mas sem dúvida alguma «património intangível» à mesma. Há muitas décadas atrás, quando as galinhas ainda tinham dentes e ainda ciscavam para a frente, houve um chefe de estação da linha do Norte que tinha uma filha. É provável que hoje já tenha feito uma ou mais recauchutagens, e oxalá lhe tenham corrido bem as anestesias ... Mas à época, devia tanto à beleza a pobre, que o seu ar de comboio esbarrado entrou na tradição 'teenager' local, vejam lá, como paradigma de negação à formosura pela expressão: "Isso é mais feio que a filha do chefe da estação de Mogofores".

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RE: Património Intangível

#198567 | Mavasc | 29 May 2008 23:14 | In reply to: #198550

Caro Victor Ferreira

De Mogofores!!!!!!!!!!!!!!! Em Mogofores é tudo bonito, até o Chefe da Estação e respectiva família!!!!!!
Não é por nada, mas esses seus ascendentes beirãos não serão de certa terra onde não se podia perguntar, nem da janela do comboio, " Quem matou o Juiz de Fora?" sem se levar de imediato com o que estivesse mais á mão dos arborígenes?

E agora falando a sério: A minha solidariedade para si e para o João Gaspar nesta atitude.

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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RE: Património Intangível

#198600 | JoãoGaspar | 30 May 2008 10:27 | In reply to: #198550

Caro Victo Ferreira,

Muito obrigado pela história que aqui nos deixou e que me fez soltar uma saudável gargalhada e por expressar a sua solidariedade.

Cumprimentos

joão Paulo Gaspar

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RE: Património Intangível

#198601 | JoãoGaspar | 30 May 2008 10:29 | In reply to: #198567

Cara Maria Benedita,

É bom começar o dia e ver que pelo menos a senhora e o confrade Victor Ferreira estão solidários.

Cumprimentos

João Paulo Gaspar

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Para o rol de atentados

#198624 | Alvares | 30 May 2008 15:18 | In reply to: #198525

Caros confrades,

não só me solidarizo com o João Paulo Gaspar, como aproveito para aqui "escarrapachar" mais alguns atentados ocorridos na minha região:

- Palacete do século XVII em Tamengos, Anadia, propriedade da Câmara Municipal de Anadia, alegadamente demolido para alargar a rua

- Casa apalaçada da família do grande atleta Mário Duarte (o mesmo que dá o nome ao estádio do Beira Mar), situada no centro de Anadia, propriedade da Câmara Municipal de Anaida (que aí teve os SM a funcionar), demolida provavelmente também para alargar a rua!

- Antiga casa da Câmara e Cadeia de Oliveira do Bairro, edifício raro, da primeira metade do século XVIII, na época considerado "casa de câmara nobre e cadeia forte", propriedade da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, classificado pelo IPPAR, demolido para abrir uma avenida -- processo corre em tribunal

- Outra casa antiga em Oliveira do Bairro (das poucas que a novel cidade conserva), demolida com o mesmo objectivo (e outra ainda que estou certo vai ter o mesmo destino)

- Árvores centenárias (uma delas um freixo plantado em meados do século XVIII) abatidas em Avelãs do Caminho, Anadia, pela Junta de Freguesia


E muito mais haverá a chorar!

Cumprimentos,
Luís

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RE: Património Intangível

#198631 | AIRMID | 30 May 2008 16:53 | In reply to: #198601

Caro João Gaspar

Há mais ou menos um ano quando passei por Silves, o Castelo estava em obras, e também aí ouvi o lamento dos velhos moradores, que se queixavam não só da destruição de casas antigas levadas pela voracidade "modernizadora" da autarquia, à qual a velha ponte romana escapara por pouco, mas também da destruição das árvores centenárias do velho Castelo.
Iriam ser substituidas por um Salão de Chá, metalizado.
E ainda há pouco, fiquei a saber que também as ruínas da antiga Igreja de Santo André no Barreiro , irão desaparecer completamente, também elas engolidas pelo betão.

E a questão que se coloca, face a tantos e tantos atentados, e que me parece a fundamental, é esta.

Até onde, poderá ser permitido a uma autarquia, qualquer que ela seja, dispôr do património público.
Até onde, poderá ser permitido aos governantes, quaisquer que eles sejam, dispôr do património que não lhes pertence.

E até quando, nos iremos limitar a lamentar?!

Talvez até ao dia, em que o Mosteiro da Batalha for substituido por perfurações para prospecção de petróleo.

Melhores Cumprimentos

Airmid

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RE: Património Intangível

#198649 | salen | 30 May 2008 20:16 | In reply to: #198567

Caríssima,
Não, não tenho nada a ver com Mortágua (com todo o respeito pelos naturais), senão por lá passar a caminho 'da terra'!
Os meus costaditos estão mais lá para as 'terras de Zurara e terras de Senhorim'.
Bom fim de semana! E viva a finha do chefe da estação de Mogofores de há dezenas de anos atrás, que hoje deve ser uma beldade!... hmmm, ... madurita, mas uma beldade!
VFerreira

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RE: Património Intangível

#198772 | felpo | 31 May 2008 23:46 | In reply to: #198600

Sou solidário contra todos os atentados ao património!

Qual é o património mais importante de uma comunidade?
É, seguramente, o seu instrumento de comunicação, a língua.
Também à revelia de todos, entre os quais os maiores especialistas da língua, os escritores, os poetas e os usuários da língua em geral, fizeram alterações arbitrárias à maneira de escrever o português, com a cumplicidade oportunista de muitos.

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RE: Para o rol de atentados

#198792 | ivomartínez | 01 Jun 2008 05:38 | In reply to: #198624

Solidariedade com João Gaspar, mesmo sendo eu brasileiro e ainda não conhecendo Portugal fico triste com a contemporaneidade qua ela não valoriza seu patrimonio artistico e cultural, tenho ancestrais de Alhos Vedros e isso corta o coração de um futiro turista em busca de suas origens. Cordial saudações. Ivo Fraiz Martinez Filho

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RE: Para o rol de atentados

#198914 | JoãoGaspar | 02 Jun 2008 04:10 | In reply to: #198792

Caros Amigos,

Obrigado pelo apoio e solidariedade, infelismente as vigilias não foram suficientes, a REFER nem sequer nos respondeu e ja demoliu as estações de comboio do seculo XIX das Vilas de Alhos Vedros, Lavradio, Moita e Barreiro.
Agora acho que a proxima luta sera contra a tentativa de retirarem o Pelourinho da Vila de Alhos Vedros, Pelourinho este que é Manuelino e unico no Distrito de Setubal, porque querem construir um parque de estacionamento!!!!!!!

Cumprimentos

João Paulo Gaspar

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RE: Para o rol de atentados

#198924 | Augustus_o | 02 Jun 2008 10:31 | In reply to: #198914

Caro João Gaspar,

a conselho seu andei a pesquisar na internet sobre essa predilecção em nos arrancarem as nossas raízes...
Vi diversos blogues, li as intervenções, tentei encontrar fotos sobre as ditas estações a deitar abaixo. encontrei umas bem bonitas, com azulejos bem bonitos (será que se lembram de os aproveitar??), enfim vi o que a sanha do oportunismo da engorda deseja deitar abaixo.

:(

Eu que moro em Corroios, conheço, de vista, um palacete em ruínas, que está defronte da BP, que salvo erro dizem ser do séc. XIV... um pouco ao longe fica o Moinho de Maré, do tempo de D.João II.

Caro João,

a sanha de destruir o que é parte de nós, não se limita à grande lisboa, sequiosa de terrenos para a malfadada construção civil.
é passear pelo alentejo e ver a memória desvanecer-se, e não é só nas terras mais pequenas.
Castelo de Vide, conhecida pela Sintra do Alentejo, pelas suas múltiplas capelas e igrejas, já não tem razão de ser. A maioria está fechada, sem património, e a serem devoradas pelo maior adversário que pode existir, o tempo.

Em Mourão, a fortaleza está em ruínas, o fosso e as suas muralhas estão "comidas" pela terra e pelas ervas daninhas.

Infelizmente, muitos, mas mesmo muitos mais exemplos existem... concerteza conhecerá outros...

Com os melhores cumprimentos,
Augusto Costa

Ps: apesar de nascido na Mat. Alfredo da Costa, fui criado desde que nasci em Alcantâra. Aqui há tempos descobri que na zona mais antiga de alcântara, um bairro que se tornou um gueto desde que foi construido o acesso à ponte salazar...
Existe lá os vestigios de um baluarte ligado a uma casa apalaçada do tempo de Filipe I (salvo erro já existira uma estrutura do tempo de D.Sebastião )... tudo em ruínas.

Com os melhores cumprimentos,
Augusto

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RE: Para o rol de atentados

#198940 | Mavasc | 02 Jun 2008 12:42 | In reply to: #198924

Caro Augusto

A engorda dos costrutores civis não é só feita em Lisboa, infelizmente estão por todo o lado e crescem como a erva daninha!

Cpts

Maria Benedita

PS. Conheço 2 estações com azulejos belíssimos. Aveiro e o Pinhão! Mas há mais, evidentemente!

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RE: Para o rol de atentados

#198991 | JoãoGaspar | 02 Jun 2008 19:08 | In reply to: #198940

Cara Maria Benedita,

Queria somente referir que a existir uma culpa, não será exactamente a dos Construtores Civis mas sim das entidades competentes tanto estatais como municipais que permitem a construção massiva e a destruição de tanto e tanto património arquitectonico/histórico/edificado em Portugal.
Os técnicos responsáveis e os rogãos eleitos por nós que tutelam o Urbanismo e as Obras Publicas, as secretarias de estado dos transportes, os Engenheiros e Arquitectos que constituem estas equipas que desenham cidade é que têm a culpa pois são eles que autorizam ou não os construtores a fazer o que quer que seja. So para referir que a Câmara Municipal da Moita tem uma equipa de aprox. 15 arquitectos e mais outros tantos tecnicos como desenhadores, engenheiros, etc e estes sim estão completamente aliados do que se passa alem de que o opurtunismo politico gerado após o movimento de cidadãos se ter manifestado foi tão evidente e triste. Gostaria de saber se o Arquitecto Manuel Salgado, autor do PDM da Moita e com ele vencedor de alguns prémios, sabia destas decisões da REFER / Camara Municipal da Moita e se ja no seu plano contemplava estas destruições ou se tristemente nem existe dialogo entre as diferentes instituições que tutelam o território Português?

Cumprimentos

João Paulo Gaspar

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RE: Para o rol de atentados

#198993 | artur41 | 02 Jun 2008 19:18 | In reply to: #198991

Caros Confrades,


Notícias destas deixam-me triste...,muito triste. Assitse-se ao desgoverno e á impunidade.
Esquece-se o passado!


Meus melhores cumprimentos,

Arur Camisão Saores

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RE: Para o rol de atentados

#199026 | Mavasc | 02 Jun 2008 22:26 | In reply to: #198991

Meu caro João Gaspar

Será tudo isso junto, construtores, Câmaras, etc, isto é: dinheiro!
Enquanto o dinheiro nos governar...nada a fazer! Se existe diálogo entre as instituições...só se fôr para partilhar os lucros!

Com amizade

Maria Benedita

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RE: Para o rol de atentados

#199028 | JoãoGaspar | 02 Jun 2008 22:51 | In reply to: #199026

Cara Maria Benedita,

Não poderia concordar mais consigo, mas mesmo assim deixe-me acrescentar que quanto aos primeiros (construtores) são privados e o Estado e as Câmaras Municipais e outros organismos tutelares de património colectivo Português são publicos.

Cumprimentos

João Paulo

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RE: Para o rol de atentados

#199049 | AIRMID | 03 Jun 2008 02:36 | In reply to: #199028

Caro Confrade

Pode juntar ao rol de atentados, o Hospital do Desterro, em Lisboa.

Antigo Convento de são Bernardo, extinto em 1834. Foi projectado por Filipe Tezio, e a sua construção iniciou-se em 1591 estando concluída em 1640.
Após o terramoto de 1755, restaram a fachada e os mármores do interior, procedendo-se à sua recuperação. A Igreja, totalmente reconstruída, data do Século XIX.

Foi posto à venda por 11 M. de Euros.

Aguardemos pelo próximo!

Cumprimentos

Airmid

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RE: Para o rol de atentados

#199083 | Alvares | 03 Jun 2008 13:13 | In reply to: #199049

Caros confrades,

a culpa pode ser de todas essas entidades, mas é acima de tudo de todos nós!

Uma andorinha não faz a primavera, e de facto somos poucos a clamar pela preservação do património.

No caso concreto passado em Oliveira do Bairro, e que referi na mensagem de 30-05-2008, 15:18, houve bastante discussão nos jornais regionais, com artigos de várias pessoas com conhecimentos a defender a preservação do edifício, que aliás já estava classificado. No entanto, as sondagens de opinião, também publicadas nesses jornais, indicavam claramente que o cidadão comum se estava nas tintas. O cidadão comum queria ver a avenida larga e moderna surgir, ainda que isso significasse a demolição do núcleo central da antiga vila, incluindo a antiga casa da câmara. Como tal, a actual autarquia não hesitou e demoliu!!

Cumprimentos,
Luís Seabra Lopes

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