Partilhando e pedindo informação
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Partilhando e pedindo informação
Caros confrades
Chegou-me às mãos um livro que considero muito interessante e que, para os investigadores alentejanos e não só, se reveste de grande importância, pelo menos sob o meu ponto de vista.
Trata-se de uma obra publicada pelas Edições Colibri, da autoria de Francisco Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva, dada à estampa em 2002 - " Tratado das Alcunhas Alentejanas".
É um volume razoavelmente grande, 608 páginas, cuja matéria consubstancia um estudo feito nos distritos de Beja, Portalegre, Évora e Setúbal, com os respectivos concelhos. A investigação levada a cabo procurou ser exaustiva, tipificando a matéria em dois grandes pares de categorias:
- Individuais/colectivas
- Herdadas/adquiridas
Quer umas quer outras foram sistematizadas em 4 grandes sub-grupos:
- Físicas ou anatómicas
- Geográficas
- Profissionais
- Comportamentais
Estas, por sua vez, ainda foram classificadas em sub-grupos:
Astronómicas
Gastronómicas
Linguísticas
Mediáticas
Ornitológicas
Políticas
Referenciais
Tecnológicas
Vinícolas
Zoomórficas
A arrumação/apresentação é feita em formato dicionário, por ordem alfabética. Para uma clarificação do que escrevi, deixo dois ou três exemplos:
= Faz Meia, m.ind.fam.adq./herd.ass./rej.trat./ref.class: comportamental/filiação; história: O alcunhado é efeminado (Redondo); o nomeado herdou a alcunha do avô, que fazia meias (Moura).
= Meia P'rás Oito, m.ind.adq.ass.trat.class: comportamental/linguística; história: o receptor e um grupo de rapazes costumavam brincar no largo de uma igreja. Quando já estava a ficar tarde e lhe perguntavam as horas, olhava para o relógio da torre e respondia sempre da mesma maneira: "São meia p'rás oito!" (Portalegre).
= Ratola, m.ind.adq.rej.ref.class: zoomórfica/física; história: epíteto aplicado a um sujeito que tem os dentes da frente muito grandes (Montemor-o-Novo).
Na mesma obra há uma listagem de apelidos que derivaram de alcunhas, em 10 páginas.
Chave de leitura:
m. -alcunha aplicada a um indivíduo do sexo masculino
ind. -cognome individual
adq. -alcunha adquirida
fam. -alcunha familiar
ass. - designação assumida
rej. - designação rejeitada
trat. - alcunha de tratamento
ref. - alcunha de referência
class. - classificação
Agora, outro assunto:
Encontrei o processo do TSO de um irmão de uma 15ªavó, avó esta que não foi muito explícita em relação aos seus pais nem avós quando foi presa pela Inquisição. Já ele foi mais aberto em declarações. Ele nasceu em 1502. Quando relata a sua genealogia perante a Mesa, em 1582 (com oitenta anos), diz, textualmente: "Seu pai se chamava Mestre Luís e foi baptizado em pé e sua mãe Helena Gonçalves, também baptizada em pé".
Gostaria que os confrades me esclarecessem dois pontos, dada a vossa experiência:
- Mestre tem aqui significado de quê? (construtor de naus? físico?...)
- Baptizados de pé (seriam ambos judeus e pelo édito de conversão foram baptizados à força, em monte, com muitos outros?--será esta a explicação?)
Gostaria que me dessem a vossa opinião. No caso de o baptismo de pé ser o que penso, significa que dantes teriam nomes judaicos? Em caso afirmativo, há algum meio/obra de mostrar a reconversão dos nomes?
Agradeço desde já o vosso apoio no esclarecimento.
Com os meus melhores cumprimentos
Maria
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RE: Partilhando e pedindo informação
Cara Maria Céu,
Conheço esse Tratado que refere pois ofereci-o como prenda de aniversário há tempos!
Quanto à desiganção Mestre não posso ajudá-la, quanto a "baptizado de pé" sempre ouvi essa expressão como se referindo a Judeus, por terem sido baptizados na idade adulta (daí de pé, e não ao colo dos padrinhos como seria normal).
Cumprimentos,
Nuno M. Figueira
PS: Já recebi os meus resultados de ADN e fiquei intrigado, pois este 2.º teste deu exactamente o contrário do outro. E Sábado lá estaremos na nossa Tertúlia.
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RE: Partilhando e pedindo informação
Boa noite, Nuno
Acabei de jantar e vi a sua resposta.
Sobre os baptizados de pé, e pela sua resposta, acho que a minha dedução estava certa pois só os judeus e os "infiéis (negros, índios, mouros, etc...) eram baptizados em adulto, logo de pé. Eu queria apenas uma confirmação e assim sendo, neste agregado familiar que apresentei, este facto pode "provar" que se tratava de judeus.
Quanto à categoria de Mestre, pode haver várias interpretações e daí eu estar vivamente interessada na opinião dos nossos confrades que já se debaterem com este problerma de conceito. Vou aguardar respostas.
Sobre o jantar de sábado, conto ir. Estou neste momento em Castelo Branco e penso arrancar depois de almoço. Só espero que não haja engarrafamentos na auto-estrada que me impossibilitem de chegar a tempo dos meus amados e desejados salgadinhos!!! lol...sabe como eles são óptimos e eu super gulosa....
Aproveito para lhe pedir que leve os seus resultados de ADN para confrontar com os que recebemos lá em casa. Também preciso de alguns esclarecimentos. Acho que o nosso presidente é um "expert" na matéria e vou aproveitar para lhe pedir esclarecimentos.
Procure ir cedo para conversarmos.
Abraço
Maria
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