O Drama dos Távoras
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O Drama dos Távoras
O drama dos Távoras
por RITA ROBY GONÇALVESHoje
O nome Távora ainda hoje é sinónimo de drama, crime e intriga. Ao contrário dos planos do marquês de Pombal, a família não foi extinta e hoje existem centenas de Távoras em Portugal.
Estava uma manhã fria, enevoada, e em Belém, à beira-Tejo, o vento frio não afastava os mirones que queriam assistir à execução sumária da família mais poderosa do país. Eram 9.00 da manhã quando subiu ao cadafalso D. Leonor, marquesa de Távora. Era uma mulher snobe e fria de feitio irascível e com manias de superioridade. Antes de se entregar às mãos do seu carrasco, disse alto e bom som: "Deus permita que saibam todos morrer como quem são." E foi imediatamente decepada num só golpe. Seguiram-se José Maria Távora, conde de Atouguia, e Luís Bernardo de Távora, cuja mulher era amante do rei. Depois, o marquês suplicou clemência, mas mesmo assim partiram-lhe as pernas e os braços e terminaram-lhe o sofrimento com um garrote.
Às quatro da tarde, não restava um Távora vivo em Belém. Para terminar, os seus corpos foram cobertos de alcatrão e queimados. Nesse dia 13 de Janeiro de 1759, o nome Távora era tão malvisto que o chão por baixo do cadafalso onde morreram foi salgado para que ali nada nascesse, nem sequer uma erva daninha. Os seus bens foram "nacionalizados" pelo reino.
Para assegurar a extinção total dos Távoras, os mais novos, que escaparam à morte, foram encarcerados nos conventos de Chelas e Rilhafoles.
A origem dos Távoras é tão antiga como a nacionalidade. Todos os marqueses de Távora são descendentes de Afonso Henriques e alguns genealogistas asseguram que o nome descende de Ramiro II, filho do rei de Leão.
Fizeram ao longo dos séculos alianças poderosas e casamentos de interesse que lhes asseguraram um lugar permanente no topo da hierarquia social portuguesa e uma proximidade especial com os monarcas. Valeu-lhes uma política restritiva de casamentos entre alta nobreza com o objectivo de assegurar a chamada "limpeza do sangue".
"Eram gente soberba e altiva habituada a viver com aparato e ostentação. A marquesa, herdeira do título, que casara com um primo, também Távora, para manter a varonia, era uma linda mulher mas juntava à arrogância um feitio quezilento e colérico", escreveu José Norton no livro O Último Távora.
Poderosos e convencidos - a divisa que rodeava as armas da família dizia: "Para nós não existem obstáculos" -, os Távoras alimentaram ódios e invejas sem medo das repercussões dos seus actos. Os que de fora do exíguo círculo familiar a ele se juntavam por força de casamento queixavam-se da petulância do clã. D. João de Alorna, casado com uma das filhas dos marqueses de Távora, descreveu várias vezes a arrogância dos sogros. "Aqueles senhores têm o prejuízo de que basta o simples nome Távora para se fazerem formidáveis em matéria de reputação e valor", escreveu num ataque de cólera durante o ano inteiro em que esteve de relações cortadas com a marquesa.
No séc. XVIII, Portugal assistiu simultaneamente à ascendência máxima do clã mas também à sua queda mais violenta.
De regresso a Portugal, após uma temporada como vice-rei da Índia, o marquês de Távora apresentou-se no paço. O rei recebeu-o friamente sem a corte por perto para lhe dar as boas-vindas. Foi o primeiro sinal de que as coisas tinham mudado. Na altura, em Lisboa, o tema quente dos serões era a relação íntima entre o rei e a nora dos marqueses.
O marido traído, Luís Bernardo Távora, quis repudiar a mulher, mas o rei não permitiu que a sua amante favorita fosse humilhada publicamente. Começaram os insultos e as ofensas e aos poucos nasceu um ódio de morte entre o monarca e o clã. Acresceu a aversão que Sebastião José de Carvalho e Melo (marquês de Pombal) nutria pela alta nobreza, em especial pelos Távoras. O drama culminou em Setembro de 1758, quando o rei, regressado de mais uma escapadela com uma amante, levou um tiro no ombro. Os Távoras foram presos, torturados e acusados de regicídio.
Depois das execuções sumárias, os filhos de Mariana Távora e do 11.º conde de Atouguia e netos dos marqueses de Távora foram recuperados por D. João VI, em 1800. Hoje, existem centenas de Távoras em Portugal, mas o poder que exerceram ao longo de mais de 300 anos nunca mais recuperaram.
http://dn.sapo.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1249386
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RE: O Drama dos Távoras
Caro Monigo,
Não bastou o castigo aplicado, tendo os suplicados que sofrer artigos deste calibre 250 anos após a sua morte.
Haja Deus!
Francisco
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RE: O Drama dos Távoras
Caro Francisco,
Apesar de ser um defensor do Marquês de Pombal, considerando-o das mais importantes figuras da nossa História, sinto-me tentado a concordar consigo: Haja Deus!
Nada justifica o castigo aplicado aos Távoras...
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: O Drama dos Távoras
Prezada D. Rita, minha avó dizia que meu avô era descendente dos Távoras mas eu nunca soube de tamanha tragédia.
Que tristeza.
Como posso saber mais?
Desde já obrigada.Sandra de Noronha.
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RE: O Drama dos Távoras
Prezada Sandra, para mais e melhor informação queir abrir o tópico: 250 anos - suplício dos Távoras. Se pesquisar por Távoras acede a várias entradas neste fórum.
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RE: O Drama dos Távoras
À luz dos padrões etico-culturais do séc. XXI o episódio dos Távoras é medonho. Mas era assim um pouco por toda a Europa (para não mencionar os suplícios abjectos que os Imperadores da China aplicavam a quem ousasse enfrentá-los) e a Revolução Francesa, 30 anos depois, continuou a aplicar a receita.
Do ponto de vista estritamente político, o que aconteceu foi uma luta pelo Poder.
Mais tarde, creio que até os descendentes de Pombal acabaram por se cruzar familiarmente com o que sobrou dos Távoras.
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