Questões de aprendiz de genealogia.
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Questões de aprendiz de genealogia.
Caros,
Gostaria por gentileza que me ajudassem nas seguintes dúvidas. Peço desculpa de as reunir num só tópico, pois não sei sinceramente se será o mais adequado em termos de funcionalidade. Dentro da vossa disponibilidade, por favor, enumerem as vossas respostas/opiniões.
1. Nos assentos de baptismo só aparece o nome próprio, por exemplo, Ana. Sendo filha de Sebastião Ferreira Pacheco e neta paterna de Sebastião Ferreira Pacheco, devo assumir que o seu nome é Ana Ferreira Pacheco ou devo cruzar com outras fontes como o seu assento de casamento (se o houver) ou o de óbito?
2. Que metodologia costumam seguir para a transcrição dos nomes? Mantêm a forma como se encontram grafados, exemplos: Anna, Sebastianna, Victorino? E os lugares, Bustello ou Bustelo?
3. Quando pesquiso um fundo, por exemplo, paróquia de Penafiel, não estou a pesquisar em todas as freguesias que pertencem a este concelho, certo? Ou seja, a freguesia de Bustelo, concelho de Penafiel, tem um livro próprio: paróquia de Bustelo. Logo, quando tenho num assento de casamento de dois indivíduos, um natural de Penafiel e outro de Bustelo, Penafiel, devo procurar os respectivos assentos de baptismo em paróquia de Penafiel e paróquia de Bustelo, certo?
4. No caso de conhecer apenas a data de nascimento e a naturalidade do meu bisavô, sabendo o nome do seu pai, existe alguma técnica para encontrar a data de nascimento do meu trisavô para além de ter de procurar nos livros de registo de baptismo com um intervalo de cerca de 20 anos?
5. Por vezes, sabemos, por tradição oral, que determinado indivíduo não tinha em princípio irmãos, como é o caso do meu bisavô paterno. Como é que vocês, especialistas, resolvem este caso: imaginem que encontram um assento de baptismo de um indivíduo (cujo seu pai tem o mesmo nome do meu bisavô) e, principalmente, os avós paternos desse indivíduo têm precisamente o mesmíssimo nome dos meus bisavós e são naturais do mesmo lugar. Em suma, devo considerar que o meu bisavô não seria efectivamente filho único? Ou é muito comum existirem tantas coincidências, indivíduos com o mesmo nome em lugares tão pequenos no século XIX?
Com os meus cumprimentos, PP
PS: agradeço a atenção dispensada e peço uma vez mais desculpa por tantas questões, provavelmente demasiado básicas e pelo facto de as ter colocado tão exaustivamente.
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Prezado PP,
Tentarei responder as suas dúvidas.
1- É melhor que cruze as informações com outras sim, pois não havia uma regra clara quanto a estas questões de nomes de família. As vezes assumia-se somente o nome da família materna por esta, em algum aspecto, ser mais conveniente (por ex., nobreza da linhagem materna, prestígio, ser mais conhecida que a família paterna). Há ainda o costume ibérico de colocar o nome da mãe por último e o do pai no meio, como é até hoje na Casa Real Espanhola (por ex. O príncipe Filipe é Filipe de Bourbon e Grecia, Bourbon do Pai e Grecia da Mãe). Em minha família mesmo há casos de sobrenomes que já tinham desaparecido e foram pegos de antepassados, sendo que o filho terminou por ter nomes totalmente diferentes do dos pais, por ex. Manoel Coelho Pecegueiro filho de João Bernardo Moreira Coutinho e Ana Dias d'Oliveira).
2- Eu mantenho as grafias dos nomes próprios. O nome Pecegueiro, por exemplo, é pelas regras gramaticais com dois esses (Pessegueiro), mas no meu antepassado mais remoto sempre foi escrito com c, logo, eu mantenho a grafia, mesmo porque minha mãe e meus tios são registados e assinam Pecegueiro e não Pessegueiro.
3- Os Distritos são divididos em Concelhos e estes em Freguesias, até onde tenho conhecimento. Portanto ao fazer a pesquisa em um livro de Penafiel (Concelho), na verdade, sempre se vai estar pesquisando em um livro de uma freguesia de Penafiel (do Concelho de Penafiel), que pode, inclusive ser , por exemplo o livro de batismo de 1822 da Freguesia de Penafiel, do Concelho de Penafiel ou ainda, o livro de óbito de 1710 da Freguesia de Bustelo do Concelho de Penafiel. Sim, os noivos devem ter seus assentos de batismos cada um na sua respectiva paróquia/freguesia e, regra geral, os matrimônios são celebrados na freguesia da noiva.
4- Não há, a meu ver, fórmulas mágicas. A melhor fórmula ou maneira, de facto, é supor que a data de nascimento de seu trisavô tenha ocorrido entre 18 e 25 anos (este número não é absoluto) antes do seu bisavô.
5- Em minha opinião, se ele tiver os mesmos pais e os mesmos avós do seu bisavô, há 99,9% de probabilidade dele ser irmão de seu bisavô. Claro, pode existir coincidências, mas seria uma grande coincidências tantos nomes iguais.
Espero ter podido ajudar em alguma coisa.
Com meus cumprimentos,
João Dias Rezende Filho
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caro João Filho,
Desde já o meu muito obrigado por não se ter limitado a responder às minhas inquietações de iniciante, mas, sobretudo, pelos conhecimentos que partilhou.
Tenho ficado agradavelmente surpreendido com a forma como as pessoas se disponibilizam no campo da inter-ajuda aqui no fórum. Há sempre alguém que dá rapidamente uma resposta clara e, nota-se, com precisão e vontade.
Uma vez mais, o meu muito obrigado pela sua disponibilidade.
Relativamente ao ponto 3, deixe-me que esclareça a minha dúvida, pois posso não ter sido explícito: Se eu tenho um indivíduo que nasceu na freguesia de Penafiel, o seu assento de baptismo está no livro de registos de baptismo da Paróquia de Penafiel, certo? Mas, se existir a Paróquia de Bustelo (que existe, e é outra freguesia de Penafiel), um indivíduo que ali tenha nascido é naquele livro que é registado. Em suma, se eu desconfio que por tradição oral um familiar meu nasceu na freguesia de Penafiel, mas ele efectivamente nasceu na freguesia de Bustelo, concelho de Penafiel, não encontrarei o seu respectivo registo no livro de registo de assentos de baptismo da Paróquia de Penafiel.
Sobre o ponto 4: esse indivíduo (A) não tem os mesmos pais. O pai de (A) é que tem o mesmo nome que o avô paterno de (A) . E os avós paternos de (A) têm os mesmos nomes e são do mesmo lugar que os meus bisavós. Isto, para mim, é que é estranho pois pressupõe que o meu bisavô possa ter tido mais que um filho, o que ninguém sabia. E, a esse filho deu-lhe o seu nome, que, por sua vez foi pai do indivíduo (A). O assento de baptismo apresenta como avós paternos deste indivíduo (A) os mesmos nomes e naturalidades, mas o pai de (A) desconhecíamos. (Depois desta «brilhante» explicação, ou melhor, charada, julgo que não falará mais comigo... :)
Com os meus respeitosos cumprimentos, PP.
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Prezado confrade PP, julgo que PP é muito indeterminado, não seria melhor o senhor nomear-se? :) não é interessante estar a falar com alguém que usa letras apenas para identificar-se.
Sim, é como o senhor pensa ou a senhora (afinal PP, podem ser iniciais de um nome feminino) pensa. Se ele nasceu em Bustelo, o seu assento estará em algum dos livros de Bustelo.
Sobre o ponto 4, a sua "charada" está um pouco confusa mesmo :), mas isto não significa que não possamos tentar perceber melhor.
Explique-se melhor. Está mesmo muito obscura sua explicação. O melhor é dar nomes. Tente fazer um gráfico, escrever o nome dos seus antepassados. Pelo que eu já percebi, você está confundido avôs com bisavôs. Veja bem, se vc diz assim:"...um indivíduo (cujo seu pai tem o mesmo nome do meu bisavô) e, principalmente, os avós paternos desse indivíduo têm precisamente o mesmíssimo nome dos meus bisavós..." O pai do individuo seria seu bisavô e depois você fala em avós paternos deste individuo, ora, estes avós paternos não podem ser seus bisavós, mas sim seus trisavós, pois você mesmo afirmou, inicialmente, que o pai do individuo (que podemos chamar de A) tem o mesmo nome de seu bisavó, logo os avós paternos de A, não seriam seus bisavós, mas seus trisavós ou então A teria pai e avô com o mesmíssimo nome, o que também é possível. Compreende?, bom, é isto, tente ser mais claro.Talvez seja melhor transcreverem se aqui os assentos que você achou?
Com meus cumprimentos,
João Dias Rezende Filho
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caro confrade PP
Se me permite, vou dar-lhe também uma achega que é, e não passa disso mesmo, uma opinião discutível. Alías o Confrade João Pecegueiro Dias já lhe respondeu e muito bem.
O que costumo fazer em relação à grafia dos nomes, é actualizá-la. E por um motivo simples: Para me referir a um José, por exemplo, devo efectivamente escrever José, embora me apareçam muitas formas de o escrever. Pode aparecer Jozé, Joseph ou José. Se optar pela grafia original (a que encontro no registo X). mais tarde, não sei como procurar. Não sei se estou a ser claro.
Suponhamos que temos uma base de dados e que queremos encontrar uma pessoa que sabemos ter-se chamado José. Como já não me lembro de como era a grafia original (será muito difícil ao fim de umas centenas de registos lembrarmo-nos de todas as grafias no original...), então não sei como procurar. Assim José é mesmo José e Porfírio não é Porphyrio.
Por outro lado, também penso que é claro que, no caso do nosso Confrade João Pecegueiro Dias, é muito normal ( e desejável) que mantenha a antiga grafia, uma vez que ainda é usada.
Desculpe se não fui tão claro como desejava, mas o adiantado da hora também já não propicia um bom Português. Ainda assim penso que terei ajudado ou, pelo menos, contribuido para uma pequena reflexão.
Ainda lhe quero dizer o seguinte: Sou frequentador do Forum há já aguns anos e tal com o confrade PP, continuo a ficar muito contente com a gentileza que os confrades têm uns para com os outros, tentando ajudar e, por vezes, com uma incrível celeridade .
Cumprimentos e disponha
António Alferes Pereira
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caros,
É possível cruzar ambas as abordagens: utilizar a grafia actualizada e depois adicionar um "nome alternativo" com a grafia da época. Costumo fazer isto para conciliar duas vantagens: com a grafia normalizada posso mais facilmente ter acesso a estatísticas simples sobre os nomes na minha árvore, mas tenho sendo a possibilidade de aceder ao nome na sua grafia original. O mecanismo de "nomes altrenativos" é muito útil para muitas outras situações (é mais utilizado para os casos onde indivíduos "respondem" por nomes diferentes consoante os documentos ou épocas), mas creio que serve também para esta.
Cumprimentos,
Frederico
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Reforçando ainda estas duas opiniões a situação é ainda mais relevante no caso dos apelidos, senão vejamos: se escrevermos umas vezes Matos e outras Mattos, por exemplo, ao ordenar alfabeticamente irão surgir diversos outros apelidos entre uns e outros, dificultando a pesquisa: os Matosos, os Matonos, etc...
O que sugiro é que actualize a grafia guardando, eventualmente, outro local, a grafia original.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caro António Pereira,
Obrigado pelas suas sugestões. Foi muito claro e pertinente.
Aliás vou seguir a sugestão de actualizar a grafia, criando um campo para colocar a grafia antiga dos nomes e dos lugares.
Penso que também fará parte da história da famílias deixar registado a evolução do nome e dos lugares.
Com os meus cumprimentos, PP.
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caro João Filho,
Peço-lhe desculpa pela demora na minha resposta.
Vejo que leu atentamente a minha questão problemática e ainda a tornei mais enigmática porque, como afirmou, confundi efectivamente os graus de parentesco.
Passou assim este «exame» com distinção. É o que dá estar a dar os primeiros passos na área da genealogia. E garanto-lhe que lendo agora à distância, não era nada fácil entender a «charada».
Só alguém muito atento e disponível a descodificaria.
Efectivamente:
1. O pai do indivíduo (A) tem o mesmo nome do meu trisavô;
2. Os avós paternos do indivíduo (A) têm os mesmos nomes do que os meus trisavós;
3. Os avós paternos do indivíduo (A) moram na mesma freguesia do que os meus trisavós.
Em suma, estou muito convencido de que os meus trisavós não tiveram um único filho como todos pensávamos. É muita coincidência a questão dos nomes e dos lugares, daí a minha questão de como é que poderia deslindar ou corroborar as minhas suspeitas.
As minhas sinceras desculpas pelo tempo despendido e a minha inabilidade com os graus de parentesco.
Com os meus cumprimentos, Paulo Pacheco.
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RE: Questões de aprendiz de genealogia.
Caro Paulo Pacheco,
Com todo o respeito que a questão me merece, já pensou em "filhamento" e/ou "apadrinhamento"?
De qualquer das formas, os dados constantes nos registos variavam(como muito bem afirmaram ovários confrades).
Com os meus melhores cumprimentos,
Artur Camisão Soares
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