D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
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D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caros confrades
É benvindo tudo o que quizerem informar sobre D. Pedro, Duque de Coimbra, tão maltratado pelos nossos historiadores e tão merecedor de uma redempção!
Em homenagem a D. Pedro, em homenagem, também ao seu maior defensor, José Alfredo Pinheiro Marques, igualmente merecedor da tal redempção dados os tratos de polé a que tem vindo a ser sujeito pela academia coimbrinha, e não só, lanço este tópico.
Existiu o tal Henrique,o Navegador, ou apenas houve um Henrique de Arzila e Tânger e o Navegador foi Pedro? Ou melhor, terá sido D. Pedro e o Mapa de Fra Mauro a inspiração para a aventura do Príncipe Perfeito?
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara Maria Benedita
Como vai?
Desde o tempo em que iniciei aquele tópico sobre os Moreira Rato da Cunha, do seu amigo Carlos Eduardo, que não trocámos mais palavra aqui no fórum. É verdade que também do Carlos Eduardo não tive qualquer eco às minhas 2 cartas, que lhe escrevi, a pedir alguns dados para o seu ramo dos Sousa Prego - Rodrigues da Cunha.
Mas vamos ao tema deste seu oportuno tópico, dedicado ao Infante das Sete Partidas, ao avô materno do Príncipe Perfeito, e bisavô do 2.º Duque de Coimbra, D. Jorge de Lancaste, cujo falecimento hoje se assinala.
A história que nos foi ensinada não é a História com H grande, verdadeira no sentido humano, trágica na sua dimensão real. Foi antes a que os vencedores de Alfarrobeira, e os seus panegíricos, construíram sobre os ossos, insepultados durante dias, do antigo Regente D. Pedro.
Mas não foi apenas "A MALDIÇÃO DA MEMÓRIA" que lhe foi imposta, pelos seus detractores, como um estigma. Os inimigos poderosos perseguiram-lhe os filhos, mataram-nos pelo veneno ou pelas armas, aqui em Portugal, na Catalunha, na Borgonha e em Chipre. Até o neto, rei, sucumbiu ao veneno dos inimigos, dentro da sua própria casa, dentro da sua própria família.
Os vencedores apagaram-lhe a memória, perseguiram e prenderam parte da sua família, usurparam-lhe as vastas terras do ducado ao longo do Baixo Mondego, de Coimbra a Buarcos, de Condeixa e Tentúgal até Ílhavo e Aveiro.
Até mesmo mais tarde, na homenagem pictórica prestada à sua família, na pessoa do seu filho D. Jaime, naquela que muitos consideram a obra maior da pintura portuguesa - os paineis do Poliptico de S. Vicente de Fora, a sua vera efige foi usurpada e dada de mão beijada ao seu "cinzento" irmão Henrique, o não Navegador.
Não quero cair no mesmo erro, embora de sinal contrário dos detractores de D. Pedro. O Infante D. Henrique teve os seus méritos, mas nunca com a ressonância que a historiografia lhe pintou o retrato e emprestou as roupas ... do irmão Pedro. Adorava ver o misantropo infante passear-se pelas arribas de Lagos, até Sagres, com aquele chapeirão borgonhês que usurparam ao seu verdadeiro dono. O Infante D. Pedro, retratado nesse painel por detrás do neto D. João, ladeando D. Jaime, Cardeal do Santo Eustáqio, juntamente com sua irmã a Infanta D. Isabel, então duquesa viúva de Borgonha e uma das principais mecenas dessa obra maior da pintura portuguesa - que só por un triz não foi parar a Florença, a S. Miniato...
E por hoje já chega, que são horas de conciliar o sono.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara Maria Benedita:
"...D. Pedro, Duque de Coimbra, tão maltratado pelos nossos historiadores e tão merecedor de uma redempção..."
D, Pedro foi maltratado pelo meio irmão e redimido pelo neto, o prícipipe perfeito. Julgo que é o único caso de um perdedor da nossa história, para mais morto em combate contra as hostes reais, "benquistamente tratado" pelos historiadores. Até pelos cronistas. Fica melhor na fotografia do que os vencedores, o duque de Bragança, ou mesmo o jovem rei D. Afonso V. É um tratamento EXCEPCIONAL, único na nossa história, sempre parcial, sempre a do lado vencedor.
Se compararmos com a rainha D. Beatriz (que nem como rainha é tratada, e foi-o durante alguns anos), o rei D. Sancho II, os Filipes ou com D. Miguel I, percebemos a diferença. Estes sim merecem ser redimidos.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
:::::::::::::::::ERRATA::::::::::::::::::::::::
"o prícipipe perfeito" saiu...imperfeito...
Nos perdedores, mantendo-nos só nas figuras reais, podemos acrescentar à lista D. Carlos e D. Manuel II.
E temos o absurdo de um rei (D. Pedro IV) que, segundo julgo, nunca foi rei. Em que dia foi coroado e até que dia reinou ? Nunca consegui saber. Se me puder esclarecer, ficava-lhe grato.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira,
Em Portugal, segundo me consta, um monarca não era coroado desde a ascensão dos Bragança com D. João IV... Havia apenas aclamação, missa e juramento... Se isso acontecesse, havia novo rei.
Cordiais cumprimentos,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro José Filipe Menendez
O meu amigo Carlos Cunha Dias é um preguiçoso que, desde que se aposentou, só pensa em viagens. Inveja a minha que gostaria de fazer o mesmo e, muito especialmente, o tipo de viagens que ele faz. Mas vou dar-lhe um puxão de orelhas por nada ter informado daquilo que, a si e a mim, prometeu.
Gostei muito de o ler, esse eco do que foi Alfarrobeira e o apagamento da memória da Casa de Coimbra mantêm enorme pertinência se comerçarmos a ver de onde vieram os navegadores das descobertas: Buarcos, Figueira, Coimbra, Tentúgal, Mira e Condeixa, tudo terras do Infante D. Pedro. E é aí que deveremos investir na respectiva genealogia, pois é exactamente aí que tudo começou. E tudo isto consta do " Vida e Obra de D. João II, o Príncipe Perfeito", de Pinheiro Marques, escrito com a espantosa simplicidade de quem nem sequer está a dar novidade nenhuma, apenas a constatar factos. Este "apagamento da memória", iniciado pelo bastardo de Bragança e continuado pela própria família, é um dos processos mais ímpios que surgem na nossa história e que bem merece aclaramento.
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro Granada
Voltamos a encontrar-nos, agora neste tópico da prezada Maria Benedita.
É como você diz. A coroa real foi deposta aos pés da Virgem Santa Maria, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, por esse acto tornada Rainha e Santa Padroeira do Reino de Portugal.
E se é verdade que Portugal já há quase 100 anos que não é reino, mas uma república, é também verdade que continuamos tendo uma rainha - Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
É daquelas condições permanentes, daquelas situações imutáveis que, por mais que os governos quisessem, nunca se poderia mudar por decreto. Podem transformar a situação dizendo simplesmente que Ela é apenas a Santa Padroeira de Portugal que, todos nós que conhecemos um pouquinho de história sabemos que ela é, e será, a Rainha de Portugal.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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Pola Ley e Pola Grey
Caríssimo confrade José Filipe Menéndez,
Certamente! É essa a tão verdadeira e bela história de Fé.
Fez-me, por acaso, lembrar-me de uma carta que meu querido amigo-mestre Otto de Alencar de Sá Pereira, por muitos anos Chanceler do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro, hoje Decano do Instituto D. Isabel I "a Redentora", endereçou a Juventude Monárquica Restauração, a maior do Brasil. Não sei porque cargas d'água, isso em começos de 2009, alguns membros eram ateus, o que é, na melhor das hipóteses, algo que soa mais do que ridículo. Um monárquico ateu! Todos nós sabemos que, filosoficamente, existe uma sã ligação entre a Religião (a Cruz) e a Monarquia (a coroa)... Mas, alguns jovens de lá persistiam no erro, declarando-se, ao mesmo tempo, monarquistas e ateus (nem católicos, nem ortodoxos, nem protestantes, nem evangélicos, nem budistas, enfim, "nihil"), raramente participando, aliás, de algum evento religioso de qualquer ordem.
Acho que, por tudo, vale a pena postar essa carta, a qual, creio eu, será interessante ler, mesmo com os excessos dogmáticos dum vetusto e bom ultramontano...
Melhores cumprimentos,
Granada
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Mensagem aos Monarquistas,
especialmente aos do Rio de Janeiro
do Círculo Monárquico e
especialissimamente à Juventude
Restauração
- Jesus Cristo Nosso Senhor é Deus, o Verbo Encarnado, a Luz do mundo.
- Assim, Nossa Senhora, Maria Santíssima é Mãe de Deus, Onipotência Suplicante Medianeira de todas as Graças.
- Monarquia, sem Ele e sem Ela não existe.
- Lutar por algo que não existe, é, no mínimo, uma asneira.
- Por que não existe Monarquia sem Ele e sem Ela?
- Porque sem Ele e sem Ela, nada existe, e muito menos uma Forma de Governo que é, por sua natureza intrísica, Taumatúrgica.
- A Monarquia Ocidental nasceu da Monarquia Medieval e do Império Romano Cristão, ambos tendo suas origens doutrinárias dos Padres da Igreja e nas Sagradas Escrituras.
- Quem não sabe isso, não pode considerar-se monarquista.
- Entre os Padres da Igreja temos o Grande Santo Agostinho que em suas obras a "Cidade de Deus" e "Confissões", ensina-nos que a História da Humanidade consiste na luta entre o Trono do Bem e o Trono do Mal e que o Trono do Bem (Cidade de Deus) nos prega:
"Feciste nos ad Te et inquietum est cor nostrum, donec requiescat in Te"
(Criaste-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós)
- Está é a função do Estado Cristão; levar os homens para repousarem em Deus.
- Mesma função da Igreja, porém utilizando a Chave de Prata (Poder Temporal), enquanto Aquela usa a Chave de Ouro (Poder Espiritual).
- Segundo São Lucas as duas Chaves entregues a Pedro, para que ele se utilize da de Ouro e entregue a de Prata a Imperadores e Reis.
- Quem não conhece e aceita isso não sabe o que é Monarquia.
- Na Monarquia Medieval temos também o "Doutor Angélico", São Thomaz de Aquino, que nos transmite o ensinamento de que a melhor Forma de Governo é a Monárquica, porém, com temperos aristocráticos e democráticos.
- Transmite-nos também que todo Poder se origina em Deus, embora por meio da Nação, o que a sabedoria popular medieval passou-nos este delicioso aforismo: "Pola Ley e Pola Grey", ou seja: "Pela Lei de Deus e do Povo."
- Quem não entende isto não pode se considerar monarquistas, ou, se for humilde, procurará esclarecer-se.
- Finalmente nas Sagradas Escrituras abundam passagens que nos dizem que sem Deus não há Monarquia.
- Vejamos uma só: o Rei de Israel, Saul, preparava-se para enfrentar mais uma vez o inimigo filisteu.
- Só não começou o combate porque esperava a "Bênção do Profeta de Deus", que no caso era Samuel. Os generais inquietos e céticos aventavam a hipótese de que talvez Samuel seja um falso Profeta.
- A resposta de Saul resume toda nossa História: "Se Samuel é um falso Profeta, eu sou um falso Rei."
- O monarquistas que não conjuga com a frase do Rei Saul, esse sim é um falso monarquista.
- Mas como a Humildade é a Verdade e a Monarquia está na Verdade, o monarquistas que não entenda tudo o que aqui foi dito deve esclarecer-se humildemente para alcançar a Verdade.
- Porque sem a Verdade, sem o Caminho e sem a Vida, ou seja, sem Ele e sem Ela não teremos nunca uma Monarquia.
- Pode-se até combater os filisteus sem a Bênção de Samuel, mas depois ver-se-á tudo perdido, tudo derrotado, tudo arrasado, todo o esforço perdido.
Sem Ele e sem Ela nada pode ser feito.
Otto de Alencar de Sá Pereira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro Granada:
Tem toda a razão. Com D. João IV nunca mais os reis de Portugal foram coroados nem representados com coroa na cabeça. Sei bem isso e expressei-me mal. O que eu pretendia "saber" era entre que datas foi o seu "reinado"?
Curiosamente, ou não, ninguem responde a esta pergunta.
Cumprimentos,
António Taveira
P.S. Desculpe-me só agora me ter apercebido da sua mensagem.
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro confrade António Taveira,
Não há o que desculpar!
Creio que D. Pedro I do Brasil seria D. Pedro IV de Portugal à partir de 10 de março de 1826 (morte de D. João VI, também Sua Majestade Imperial o Augusto Senhor D. João I, 1º Imperador - titular - do Brasil, na verdade), tendo renunciado, segundo consta, depois de 8 dias, na pessoa de sua filha D. Maria, princesa do Brasil e infanta de Portugal à época, depois D. Maria II de Portugal.
Abaixo, tomo a liberdade de postar um trecho de artigo da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_I_do_Brasil
Saudações,
Granada
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As Coroas de D. Pedro
D. Pedro I e a coroa imperial do Brasil. Artista: Henrique José da Silva.[editar] Rei da Grécia
Após cerca de quatrocentos anos de domínio opressivo turco, as antigas províncias do Império Romano do Oriente (erroneamente, mas popularmente chamado de Império Bizantino) na região dos Bálcãs estavam conseguindo sua liberdade. Apesar da recusa dos países ocidentais em colaborar com as insurreições contra o Império Otomano, diversos europeus se voluntariaram espontaneamente para combater ao lado dos cristãos orientais. Contudo, não havia Casas Principescas, Reais ou Imperiais nativas nos países balcânicos.
A Dinastia Comnenus e a Dinastia Paleólogo, que imperaram em Constantinopla, tinham se extinguido cerca de quatrocentos anos antes. A Grécia, um dos novos países que surgiram das insurreições que perduraram por todo o século XIX, buscou um príncipe estrangeiro para ocupar seu trono vago.[70]
Os gregos enviaram emissários a D. João VI para propor que o seu filho mais velho, D. Pedro, viesse a tornar-se o primeiro Rei da Grécia independente. D. Pedro, apesar de membro da Casa de Bragança (que por sua vez era um ramo português da Dinastia Capetíngea), era descendente dos Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo. Para os portugueses, a proposta era-lhes muito interessante, pois acreditavam que com o príncipe longe do Brasil poderiam impedir a independência do Brasil e retorná-lo a condição de simples colônia.[71] As mensagens dos gregos com a oferta do trono heleno alcançaram D. Pedro logo após os acontecimentos do Dia do Fico, mas o:
[…] "príncipe regente, porém, não traiu a confiança nele depositada pela nação brasileira, que o aclamaria seu Defensor Perpétuo. Amando verdadeiramente o povo da pátria que o viu nascer e tendo a intuição profunda da missão histórica que lhe seria dada desempenhar na terra bárbara e selvagem do Novo Continente, resistiu à vaidade de ostentar em sua fronte o diadema da pátria de Homero e de Péricles".
"E, assim, o Príncipe D. Pedro, primeiro imperador do Brasil, recusou a coroa dessa Grécia imortal, berço maior da cultura humana".[72]
Com a recusa de D. Pedro, os gregos optaram em 1832 pelo príncipe Oto da Casa de Wittelsbach como seu Rei e após sua deposição, em 1862, escolheram Jorge, príncipe da Dinamarca, da Casa de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, ramo cadete da Dinastia de Oldemburg.
[editar] Rei de Portugal e dos Algarves
O Rei D. João VI faleceu em 10 de março de 1826. Pressentindo o seu fim, e desejando evitar que sua esposa tomasse o poder, o monarca português nomeou sua filha dona Isabel como um dos membros da regência que perduraria até que D. Pedro recebesse a notícia de sua ascensão ao trono lusitano. Pelo tratado de reconhecimento da independência brasileira, D. Pedro manteria sua posição como Príncipe Real e herdeiro da coroa portuguesa. Mas a Constituição Brasileira de 1824 proibia qualquer possibilidade de união do Brasil com outro país.
D. Pedro na qualidade de rei de Portugal, envergando a Banda das Três Ordens.Dona Isabel logo enviou um enviado oficial para o Brasil para avisar seu irmão do falecimento de D. João VI. O Imperador tornava-se então D. Pedro IV, Rei de Portugal e dos Algarves daquém e d'além mar, em África Senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação, Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia, e da índia, etc.
D. Pedro era defensor do Liberalismo e Constitucionalismo, enquanto o seu irmão D. Miguel era o representante da causa absolutista. A morte de D. João VI criou um problema de sucessão do trono: por um lado, D. Pedro não podia acumular os cargos de Rei de Portugal e Imperador de um Brasil independente; por outro lado, o seu irmão D. Miguel tinha participado por duas vezes em tentativas de assassínio do seu pai e não era visto com bons olhos pelos portugueses.
Em 1826 D. Pedro torna-se Rei de Portugal, tendo abdicado cerca de sete dias depois em favor da sua filha Maria da Glória e regressado novamente ao Brasil, já que a Constituição brasileira não lhe permitia ser monarca de dois países. Ficou acordado que Portugal manteria a Constituição por ele aprovada e que a sua filha Dona Maria se casaria com D. Miguel. Esperava-se assim com este matrimónio selar um armistício entre liberais e absolutistas portugueses.
D. Miguel aceitou o consórcio e partiu da Áustria onde estava exilado desde que realizara um golpe de Estado para destronar seu pai. Ao chegar a Portugal fez pela segunda vez (a primeira ocorrera ainda em Viena) o juramento de aceitação da nova Constituição e do casamento com sua sobrinha, assumindo a regência em nome desta. Porém, aliando-se aos sectores mais conservadores da nobreza, foi proclamado Rei de Portugal a 23 de Julho de 1828. Isto provocou o início das Guerras Liberais portuguesas, uma guerra civil entre os liberais partidários de D. Pedro e os absolutistas partidários de D. Miguel.
D. Pedro viu-se assim forçado a regressar a Portugal para lutar pela causa liberal e pelo reconhecimento do direito da sua filha ao trono português. Em 1831 D. Pedro abdica da coroa do Brasil em favor de seu filho Pedro II e parte para Portugal, primeiro para os Açores, onde irá consolidar apoios e preparar uma armada capaz de invadir Portugal. O desembarque desta armada, a norte da cidade do Porto é conhecido como o Desembarque do Mindelo. Seguiram-se numerosas batalhas, com graves perdas para ambos os lados, culminando em 1834 com a vitória dos liberais, o regresso de D. Maria II à coroa e o exílio de D. Miguel para a Alemanha.
[editar] Rei da Espanha e Imperador da Ibéria
A Espanha passava por um período de repressão sem precedentes desde a restauração da Casa de Bourbon ao trono com a queda de Napoleão Bonaparte. D. Fernando VII, Rei da Espanha e irmão de Carlota Joaquina, completamente inabalável em relação ao seu sentimento absolutista, extingue a Constituição e ordena a prisão em massa dos espanhóis que defendiam o liberalismo. A imprensa foi censurada e eliminou-se qualquer vestígio das garantias individuais. A Espanha entra num caos que perduraria durante todo o século XIX até o final da Guerra Civil espanhola na primeira metade do século XX. Os conflitos entre absolutistas e liberais atinge proporções internacionais, criando instabilidade também nos países vizinhos, como Portugal e França.
Em 1826, os liberais espanhóis ofereceram a coroa de seu país a D. Pedro, a quem consideravam um "bem-feitor dos Povos" e muito "digno", e que resultaria na unificação do Império do Brasil, do Reino de Portugal e dos Algarves e do Reino da Espanha sob sua pessoa.[73] Se tivesse aceitado, D. Pedro imperaria sobre um Império que se estenderia de Cuba, passando pelo Brasil, pelo continente africano nas colônias de Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, e atingindo no extremo oriente em Macau e nas Filipinas. Mas não o aceitou, alegando que era necessário primeiramente consolidar o Império brasileiro e repetira tal asserção três anos mais tarde, após uma nova proposta por parte dos espanhóis.[74]
Contudo, a situação se agravou na Espanha durante este período com o falecimento de D. Fernando VII. Seu herdeiro era seu irmão mais novo, D. Carlos, mas o Rei modificara as regras de sucessão para beneficiar sua filha, dona Isabel, que se tornou Rainha com a sua morte. D. Carlos não aceitou a perda do trono e aliou-se aos absolutistas, que formaram a facção dos Carlistas que viria a causar grandes problemas a Espanha durante todo o século XIX.[75] No ano de 1830, os liberais mais uma vez se voltaram para D. Pedro I e propuseram dessa vez que se tornasse o Imperador da Ibéria, resultado da unificação de Portugal com a Espanha..[74]
Desta vez, entretanto, o monarca brasileiro aceitou a proposta e realizou os preparativos para partir para a Europa e derrotar os absolutistas em favor dos constitucionalistas. A aceitação da oferta da coroa imperial da península Ibérica seria uma das razões que levaria D. Pedro a abdicar do trono brasileiro.[76]
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro Granada:
A história da Wikipédia é uma, a realidade outra.
Como é que um imperador de país estrangeiro poderia ser rei de Portugal ? Por isso mesmo é que não foi aclamado, nem poderia ser. Ficámos com uma regência após a morte de D. João VI e sem sucessor indicado.
O filho mais velho de D. João VI ser imperador do Brasil, afastavo-o pelo direito sucessório. Isto era uma realidade inultrapassável senão por realização de cortes gerais da nação.
Por isso mesmo, arranjou-se uma pseudo abdicação de direitos (perdidos) a um título que nunca teve, numa filha que não estava em condiçao de os receber e combinou-se o casamento desta com o legítimo herdeiro da coroa. Esta é a realidade de que alguns não gostam.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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D. Pedro I e IV - Imperador do Brasil e Rei de Portugal
Confrade António Taveira,
Com a devida venia, permita-me tentar discordar de alguns pontos.
Certamente que a Wikipédia não é fonte absolutamente confiável, todavia, o artigo em questão está razoavelmente embasado, mesmo falando do livro de Isabel Lustosa, que peca na má avaliação, pessoal, que faz de D. Pedro I, todavia, o que lá consta de história é, de fato, história, e não estória.
Dom Pedro I (e IV) acaso era estrangeiro? Não nasceu em Queluz? País estrangeiro, de fato, era e é o Brasil, todavia, segundo me parece, 4 meros anos não seriam capazes de dissolver as ligações mais do que profundas e seculares do Brasil com Portugal, e vice-versa... As nacionalidades, até então, ainda estavam se assentando, entretanto, houve alguma exclusão formal de D. Pedro da linha de sucessão portuguesa, seus filhos deixaram de ser, igualmente, infantes de Portugal e príncipes do Brasil? Parece-me que não. Aliás, fui buscar algumas cópias de documentos e subsídios em livros sobre, no qual podemos concluir que apenas no Brasil houve uma lei expedida pela Assembléia Geral que excluiu da sucessão brasileira D. Maria II (lei nº 91, de 30 de outubro de 1835), até então Princesa Imperial do Brasil, desde 7 de abril de 1831(posto que segunda na linha de sucessão a seu irmão D. Pedro II!).
A Constituição do Brasil é que proibia "união" de coroas. Nada consta na portuguesa, até pelo menos 1838; aliás, tal constituição era uma cópia, "ipsis litteris", da Imperial Brasileira. Parece-me que estamos legislando o passado com base em realidades constitucionais e legais posteriores. Ademais, não se pode misturar direito privado e público (mesmo que sejam anteriormente adquiridos).
O fato é que abdicou. Está lá: preto no branco. Todavia, a abdicação foi apenas de cunho pessoal e não tinha quaisquer efeito em sua descendência (existente), salvo a do presuntivo imperador do Brasil. Mesmo porque D. Pedro não teria poder algum para abdicar em nome de outrem, no caso, em nome de sua sucessora natural ao trono português. Lembremo-nos que "dormientibus non sucurrit jus", ou seja, "o direito não socorre aos que dormem." Dom Miguel, assim, à época, seria o 3º na sucessão, atrás de D. Januária, D. Francisca e, mais do que naturalmente, de D. Maria, depois II. A única filha de D. Pedro que não teria direitos ao trono português, mas teria ao brasileiro, seria D. Maria Amélia, sua filha com Amélia de Beauharnais, nascida em data posterior a abdicação de D. Pedro I-IV.
Respeitosa e cordialmente,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro confrade António Taveira
Permita-me que discorde da posição que toma em relação aos direitos de D. Pedro IV á coroa portuguesa. Assim como D. João VI foi Rei de Portugal e Imperador do Brasil, igualmente o foi seu filho, D. Pedro IV. D. Pedro era português, e o facto de se ter tornado Imperador Brasil não lhe retirou nem nacionalidade nem direitos.
Sobre esta questão, em tempos analisada neste Fórum e que contou com a brilhante participação do Dr. Eduardo Albuquerque, remeto para
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=189879
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=146148
Com os melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara Maria Benedita:
É o que eu lhe digo: a história é escrita pelos vencedores. Permita-me que discorde do que diz. O facto de ter declarado a independência unilateral do Brasil, cujo título de imperador era de seu pai, e ter declarado guerra a Portugal, fez-lhe perder os direitos sucessórios. Tanto assim é que não foi declarado rei após a morte de D. João VI, como seria se não existisse ese impedimento. Quando morre D. João VI, onde está indicada a linha sucessória ? Aconteceu o mesmo que tina acontecido quando faleceu o cardeal D. Henrique. O resto é esgrimir aos "Joãos das Regras", com todo o respeito pelos juristas como é o seu caso. Está aí a raiz da guerra civil.
Essa situação só poderia ser superada por cortes gerais da nação.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro I e IV - Imperador do Brasil e Rei de Portugal
Caro Conde de Granada:
É o que eu lhe digo: a história é escrita pelos vencedores. Permita-me que discorde do que diz. O facto de ter declarado a independência unilateral do Brasil, cujo título de imperador era de seu pai, e ter declarado guerra a Portugal, fez-lhe perder os direitos sucessórios. Tanto assim é que não foi declarado rei logo após a morte de D. João VI, como seria se não existisse ese impedimento. Quando morre D. João VI, onde está indicada a linha sucessória ? Aconteceu o mesmo que tina acontecido quando faleceu o cardeal D. Henrique. O resto é esgrimir aos "Joãos das Regras", com todo o respeito pelos juristas. Está aí a raiz da guerra civil.
Essa situação só poderia ser superada por cortes gerais da nação como aconteceu em 1385 ou 1580 ou 1641.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira,
Mais uma vez discordo.
Veja: como chamar de estrangeiro um príncipe português que nunca deixou de sê-lo (ao menos oficialmente, assim, peço que mostre-me os papéis...), filho de um imperador do Brasil e rei de Portugal? D. João VI deixou de ser rei de Portugal por ser, mesmo que nominalmente, imperador do Brasil? A resposta é: não.
A independência foi apenas uma mera e mais do que simplícima formalidade. Lembre-que o Brasil era reino-nação independente-soberano desde 1816, quando da sua elevação a Reino, aprovado pelo Congresso de Viena a pedido do próprio D. João VI e do seu Conselho de Estado.
Meu caro, nem no Brasil quanto em Portugal era necessária quaisquer ratificações de caráter parlamentar para as renúncias de dinastas terem validade. Eleição ou ascenção de dinastas e dinastia é outra história. Seria absurdo que alguém, em virtude da lei, ou por quaisquer tipos de imposição fosse obrigado a aceitar responsabilidade sucessórias. Em suma, nem sequer a abdicação do Imperador do Brasil ou do Rei de Portugal exigia o "placet" do Parlamento/Cortes. No Brasil, e depois em Portugal, a única disposição que versava sobre percas de direito ao trono era a saída do imperador/rei do território nacional, veja: "Art. 104 - O Imperador não poderá sair do Império do Brasil sem o consentimento da assembléia geral; e, se o fizer, se entenderá que abdicou a coroa." Basta trocar, depois, os termos Imperador, Império e Brasil por Rei, Reino e Portugal. Não cabia à Assembléia/Parlamento (Brasil) e as Cortes (Portugal) senão registrar o fato e aclamar o sucessor. A renúncia é ato unilateral.
Raíz da guerra? A usurpação de D. Miguel não conta?
Por aí vai...
Saudações,
D.
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro Conde de Granada.:
Essa de que a declaração da independência foi uma mera formalidade... .Já agora, a declaração de guerra a Portugal também não passou de mera formalidade ? Sabe, é que há situações inultrapassáveis. Não há direito que lhes valha...
D. Miguel, usurpador ? Não. Foi aclamado em Cortes, como teria de ser no impasse sucessório após a morte de D. João VI, sem haver herdeiro declarado. D.Pedro nunca poderia ser aceite pelos portugueses e D. Isabel engendrou aquela solução. O povo é que não foi na conversa, como não foi em 1385.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira
Claro que a história é escrita pelos vencedores..... mas a lei aplicável é sempre a vigente á data do evento. Significa isto que a previsão legal era o rei ser português, isso, sim, estava previsto. O facto de esse português ter dado o "Grito do Ipiranga"e ter independentizado o Brasil ( aliás com a conivência de seu pai), em nada diminui os direitos que lhe advinham da primogenitura. Não havia previsão legal. Á morte de D. João VI a coroa passa para quem de direito de acordo com o jus regni, seu filho primogénito, D. Pedro.
Citando o nosso ilustre confrade Eduardo Albuquerque
"a Carta de Lei de 15 de Novembro de 1824, de ratificação do tratado luso-brasileiro, que veio reconhecer a independência do Brasil.
Na verdade é pelo RECONHECIMENTO conferido pelo Estado, na pessoa do Senhor D. João VI, que o Brasil, para nós portugueses, adquiriu o estatuto de independência.
Até ao dito reconhecimento, o Brasil continuou, para nós, a ser “terra” portuguesa, independentemente de qualquer “grito do Ipiranga”.
Convirá dizer, também, que nunca o Senhor D. Pedro deixou de ser português.
Ora no acto do reconhecimento, D. João VI, expressamente considera o Senhor D. Pedro, passo a citar: « HERDEIRO E SUCESSOR DESTES REINOS.», e perguntar-se-á porquê?
Parece-me que o Senhor D. João VI teria em mente conceder uma independência “mitigada” ao Brasil, já que concentraria, em D. Pedro, as duas coroas.
Por outro lado, em termos sucessórios, problema para Portugal seria ter um rei estrangeiro e não UM SOBERANO PORTUGUÊS poder acumular duas coroas.
Assim:
- sendo o Senhor D. Pedro o primogénito;
- conservando a nacionalidade portuguesa;
- havendo D. João VI, expressamente, declarado sucessor, para que não restassem dúvidas;
- considerando-se, ainda, à época, que a vontade do soberano é lei ,
neste sentido, Vicente J. Ferreira Cardozo da Costa, em Compilação Systematica das Leis Extravagantes de Portugal, Lisboa, 1799, págs. 25 – 26:
“ A lei em huma Monarchia, como a nossa, na qual o poder Legislativo reside inteiramente na pessoa do Rei, pode definir-se
A VONTADE DO PRINCIPE DECLARADA A SEUS VASSALLOS PARA REGULAREM POR ELLA AS SUAS ACÇÕES.”
Não o desmente as Ordenações Filipinas que no Livro III, Título LXXV, §. 1.º, vêm dizer:
«...O REY HE LEY ANIMADA SOBRE A TERRA, E PODE FAZER LEI E REVOGA-LA, quando vir que convem fazer assi. »
normativo já consagrado nas Ordenações Manuelinas onde se lê idêntica afirmação no Livro III, Título LX, § 1.º,
“status quo” que só viria a ser ultrapassado com o Liberalismo ;
Nestes termos, a conclusão parece evidente.
Convirá ter presente que as regras sucessórias, antes de se corporizarem em textos constitucionais, resultavam de NORMAS CONSUETUDINÁRIAS, implícitas nos testamentos régios, o designado “JURE REGNI”.
Ora, segundo o “jure regni”, a sucessão operava-se de acordo com a ordem seguinte:
- em primeiro lugar, sucederia o filho varão mais velho e seus descendentes;
- esgotada a linha, a sucessão passava aos outros filhos varões e seus descendentes, conservando-se a ordem de nascimento;
- esgotada a geração masculina, era chamada a feminina, utilizando-se o critério supra indicado.
- Na ausência de descendentes, a coroa passaria aos irmãos do rei, empregando-se o método já referido;
- na falta de herdeiros, parece que o assunto era avocado pela Nação representada nas cortes, a qual escolheria o novo rei.
A outro título, não deixa de ser curioso a invocação de critérios normativo-parlamentares por outros que, parecem ter, na vontade despótica do rei, toda a fonte do direito.
Quanto ao primeiro facto enunciado por mim na precedente mensagem, cumpre dizer que ele “é publico e notório” vindo mencionado na:
1.º - História de Portugal, direcção de Damião de Peres, 1935, volume VII, página 125;
2.º - História de Portugal, direcção de José Hermano Saraiva, 1983, volume 6, página 21;
3.º - Dicionário de História de Portugal, direcção de Joel Serrão, tomo IV, página 291;
4.º - Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, tomo 17, página 201."
E isto não é brincar aos "Joãos das Regras", é apenas aplicar as regras!
Com os melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara Maria Benedita:
D. João VI não deixou herdeiro da coroa. Pouco antes de morrer nomeou um conselho de regência presidido por D. Isabel. Este último, em vez de convocar cortes, escolheu o herdeiro da coroa, D. Pedro, imperador do Brasil que nunca poderia ser aceite pelos portugueses - não há tratado de paz com o Brasil que faça esquecer a guerra declarada. Não há direito que lhes valha...
O povo é que não foi na conversa, como não foi em 1385.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira,
Como? E por acaso D. Maria II não foi aclamada pelas Cortes? Aliás, o foi antes de D. Miguel (que, aliás, em regência de D. Isabel Maria, havia jurado a Constituição em 4 de outubro de 1826, reconhecendo D. Maria II como legítima herdeira do trono português), que conseguiu sua aclamação por meio de conchavos políticos, não raro recorrendo a suborno e farta distribuição de mercês... Ademais, D. Miguel foi um golpista! Armou um golpe de Estado, e as cortes, atropelando a Constituição o proclamaram rei absoluto...
Pois bem, e o que dizer dos preliminares do tratado de 25 de agosto de 1823, de reconhecimento da Independência do Brasil? Veja o que dizia o artigo secreto do mesmo, anteriormente já apresentado na conferência de 9 de agosto: "Como por causa da aceitação da renúncia pessoal do imperador do Brasil, D. Pedro, à Coroa de Portugal, as Cortes de Portugal devem determinar qual dos filhos do imperador será chamado à sucessão daquela coroa por morte do presente rei: entende-se que as ditas Cortes podem chamar à sucessão o filho mais velho do dito imperador do Brasil, ou a filha mais velha, na falta de descendência masculina."
Quem declarou a "guerra"? Portugal. Quantos tiros? Muito poucos. Lembro-me que um desembargador no Rio de Janeiro levou um no pé... Sem dúvida, a mais pacífica guerra de Independência. O Madeira de Melo é quem, na Bahia, amparado pelas Cortes (que queriam a todo custo arrancar do Brasil a condição, anterior a 1822, de reino, soberano, nacional, mas unido a Portugal), acabou ficando praticamente preso, e, depois, acabou humilhando-se ao coronel Lima e Silva e a lorde Cochrane, enviando o Cunha Meneses, em segredo, a pedir, por si, que lhe permitissem sair sem hostilidades... Do resto, só houve baderna e balburdia popular...
Melhores e mais respeitosos cumprimentos de,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira,
Nomeou porque o herdeiro estava do outro lado do Oceano... Alguém tinha que governar Portugal com a morte dum rei e a ausência do outro...
Cumprimentos,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira
Discordo!!!O herdeiro da coroa não tinha que ser escolhido, era o herdeiro natural segundo o jus regni.
Mas, perdoe-me o caro confrade, eu não iniciei este tópico em comemoração da guerra civil, e já tanto foi debatido o velho confronto entre pedristas e miguelistas que me parece nada haver a acrescentar com interesse para qualquer das partes. Eu queria, isso sim, achegas ao apagamento do Infante D. Pedro e da Casa de Coimbra da gesta dos descobrimentos portugueses e respectiva substituição pelo mano Henrique, o tal que lá foi fazendo o que pôde depois de chegar atrazado a Alfarrobeira!
Com os melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara confrada Maria Benedita,
Peço-lhe sincero perdão por haver tomado o espaço com discussão alheia ao tema.
Respeitosamente,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro António Taveira,
Há-de se deixar claro que tais questões em nada alteram a actual situação dinástica portuguesa, posterior a 1910 e a morte de D. Manuel II, que não deixou herdeiros. É incontestável, portanto, que SAR D. Duarte Pio, Duque de Bragança, é o chefe da Casa Real Portuguesa e, portanto, legítimo Rei Titular de Portugal, ou seja, "de jure", posto que, aliás, é neto dos dois irmãos brigados (D. Pedro e D. Miguel), unidos com a brilhante aliança de D. Duarte Nuno com D. Maria Francisca de Orleans e Bragança.
Viva El-Rei!
Cordialmente,
Granada
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Caro Conde de Granada
Deixa-me aflita, sem saber como lhe pedir desculpa da minha gaffe. É evidente que, num tópico, os temas surgem , como as cerejas, e a intenção inicial nem sempre coincide com o resultado final.
Quem lhe pede desculpa sou eu, que quero "obrigar" os confrades a tomar partido por D. Pedro...de Coimbra, e, já agora, por D. Pedro IV, rei de Portugal.
Com os melhores cumprimentos
Maria Benedita
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RE: D. Pedro de Lencastre, Duque de Coimbra
Cara confrada Maria Benedita,
Fico-lhe, então, por demais grato. Quem aqui cometeu gafes, em demasia aliás, fui eu, tomando espaço alheio, mesmo sem quere-lô; é verdade... os temas de fato surgem sem pedir licença... Tomemos, então, o partido dos dois Pedros, do Infante-Duque e do Imperador-Rei!
Segue, logo abaixo, um interessante texto sobre a Batalha da Várzea.
Sinceros e respeitosos cumprimentos,
Granada
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IMINENTE BATALHA NAS VÁRZEAS
DE VILA NOVA DO CEIRA
A situação política no país
Recordemos a situação política que se vivia no país, nesses tristes anos 40 do século XV.
Quando D. Duarte morreu, em 9 de Setembro de 1438, menos de um ano após o desastre de Tânger, seu filho D. Afonso V, herdeiro do trono, tinha seis anos. O seu irmão D. Pedro viria a ficar regente do reino, até o sobrinho atingir os 14 anos, a maioridade para a governação.
O Infante D. Pedro, duque de Coimbra, foi uma das personalidades de maior prestígio da nossa História medieval e renascentista. Empreendeu uma longa viagem de investigação e estudo, ao longo de uma dezena de anos, pela Europa, da Inglaterra à Hungria, e pelo Oriente, tomando contacto com as estruturas sociais e as principais Cortes europeias e bebendo das melhores fontes do saber. Era pessoa culta, sensata e respeitada, cá dentro e lá fora.
Nos seis anos que esteve como regente, deixou a sua marca de estadista: manda iniciar o povoamento dos Açores; estimula as navegações, concedendo ao Infante D. Henrique, seu irmão, o monopólio da navegação, guerra e comércio das terras para além do Cabo Bojador; funda em Coimbra, um novo Estudo Geral, uma universidade reformada, para o ensino de leis, teologia e artes, dotando-a de rendas próprias; promulga as Ordenações (que ficaram conhecidas como afonsinas, por serem do tempo de D. Afonso V), que, na prática, seriam o primeiro código civil português.
Mas esse curto espaço de tempo de regência vem a ser muito conturbado, instalando-se uma grande crise política. Foi um período de desavenças, de torpes intrigas, de traiçoeiras conjuras, que daria origem a uma guerra civil.
Em 1943, D. Pedro perde seus irmãos, D. João, por doença, e D. Fernando, no seu martirizado cativeiro em Marrocos. Dos outros irmãos, sobrava-lhe D. Henrique, envolto na sua paixão marítima, em Lagos, longe da política, e D. Isabel, casada com Filipe, o Bom, duque da Borgonha, também bem longe, em Bruges, enquanto a rainha viúva D. Leonor, sua cunhada, fútil e irresponsável na governação, andava fugidia por terras de Espanha, onde morreria, em Toledo, em 1445. Dos filhos de D. João I, os da “Ínclita Geração”, D. Pedro era pois o único a lutar por uma política adequada às ambições do nosso país quatrocentista, que se queria abrir ao mundo.
Perante um reizinho fraco, de espírito mole, permeável à lisonja e à insinuação malévola, que marcaria aliás todo o seu longo reinado de quarenta e três anos, e rodeado de uma nobreza que sentia estar a perder os seus privilégios, na tendência de concentração do poder em rei absoluto, que se desenhava na época renascentista, D. Pedro esforçava-se por manter uma regência dentro de princípios honestos e justos.
Em 15 de Janeiro de 1446, D. Afonso V atinge a maioridade e dá-se a transferência formal de poderes para o jovem rei. D. Pedro, depois de lhe ter dado apoio, a quem sempre fora leal, retira-se para os seus domínios, terras do seu ducado em Coimbra, longe da ribalta e da política, em ambiente sossegado para projectos e estudos. Mas vai amargurado.
Amargurado, por ter caído no desagrado do rei, seu sobrinho e genro, e pelas calúnias e intrigas palacianas que se fizeram à sua volta, em reacção á sua actuação política durante a regência do reino. Os nobres consideravam um inimigo a abater. Entre eles, o conde de Barcelos e duque de Bragança, o seu meio-irmão D. Afonso.
D. Afonso era filho bastardo de D. João I, fruto de amores na sua vida de solteiro. Tornou-se o homem mais rico do país, casou com a filha de Nuno Álvares Pereira e fundaria a Casa de Bragança, a mais poderosa casa fidalga, depois da Casa Real. Mas isso não lhe satisfazia a ambição de ter mais poder no país.
Ressentido de não ser filho legítimo, recalcado, tornara-se vingativo e depois violento. Apesar da sua idade, não perdia qualquer oportunidade para criar conflitos no seio da família real, para tirar proveito próprio. Tudo fez para aniquilar D. Pedro, que, pela sua estatura intelectual e moral, era quem mais o obscurecia. Tornou-se a voz da reacção dos nobres senhores, o cabecilha dos conjurados. Astuto, a sua arma principal era a dissimulação no seio dos seus irmãos e da cunhada rainha, que ele acabaria por abandoná-la na desgraça, e no aproveitamento das fragilidades de um jovem rei, joguete nas suas mãos.
Foram estes dois meios-irmãos – D. Pedro, duque de Coimbra, então com cinquenta e sete anos e D. Afonso, duque de Bragança, com setenta e dois anos – que estiveram em vias de se defrontarem nas várzeas do nosso rio Ceira.
O senhorio de Góis
Em 1444, morre, na sua casa do Pombal, em Góis, a donatária Mécia Vasques de Góis, uma das personalidades de maior relevo de Góis, durante a Baixa Idade Média. Era viúva de Gomes Martins de Lemos, fidalgo da Corte, colaborador próximo de D. João I e dos seus filhos infantes, fazendo parte do conselho régio. Viúva muito nova, sozinha governaria o senhorio e educaria os seus cinco filhos.
D. Mécia tinha herdado uma grande fortuna, quer em propriedades quer em dinheiro, e não negligenciava os negócios, nomeadamente fazendo investimentos nas praças financeiras italianas, junto de grandes casas bancárias. Nas suas ajudas financeiras, saliente-se a que foi feita ao Infante D. Henrique (certamente para os seus projectos marítimos, para os quais ele tanto necessitou de apoio financeiro), pela qual, ele ficaria a pagar a D. Mécia, anualmente, a quantia de 19000 reais brancos. Eram boas, pois, as relações de D. Mécia de Góis com os infantes da Casa Real.
Com a sua morte, os dois filhos mais velhos vão travar uma longa luta pela posse do senhorio, luta essa que já vinha desde da morte do seu pai. Fernão de Goes, o mais velho e o natural sucessor, designado aliás em testamento pela sua mãe, toma posse do senhorio, numa altura em que D. Pedro era o Regente do país, o que seria confirmado por D. Afonso V, quando este assume o poder.
O outro irmão, Gomes de Lemos, continuou contestando. E, mais tarde, aproveita-se da guerra política entre D. Afonso V e D. Pedro, para convencer o rei em dar o dito por não dito, isto é, em lhe conceder o senhorio de Góis. O jovem rei, pouco escrupuloso e de espírito deformado, não hesita: era mais um fidalgo a combater ao seu lado contra D. Pedro, além de que as terras de Góis pegavam mesmo com a do ducado de Coimbra, de seu tio… Assim, em Julho de 1448, e depois de ter “cozinhado” uma justificação jurídica, D. Afonso V retira o senhorio de Góis a Fernão e dá-lo a Gomes de Lemos.
As terras de Góis estavam agora bem seguras do lado de D. Afonso V.
Desconhece-se a posição de Fernão Goes neste contexto, embora venha a aparecer depois em Alfarrobeira também do lado do rei.
A proximidade da batalha
Com a saída de D. Pedro para Coimbra, a camarilha aperta o cerco à volta do rei. Os inimigos, que ele fizera com os seus actos de justiça, não lhe perdoavam e incitavam o jovem monarca para o seu derrube. Uma conspiração é urdida nos paços reais. Nas guarnições de muitas vilas e castelos, foram colocados pessoas afectas ao rei, soprando-se intrigas e deturpações maliciosas contra D. Pedro. Por quase todo o país, sopravam ventos contra a sua pessoa.
Não pretendendo aqui fazer História, até porque é matéria que dá para muitas divagações, face ao desencontro de opiniões manifestadas por quem se debruçou sobre o assunto, deixamos aqui apenas os pontos principais.
Estamos em Abril de 1449.
D. Afonso, duque de Bragança, que se dirigia de Chaves para a Corte, em Santarém, com as suas tropas (uma “numerosa escolta”), pretende atravessar as terras de D. Pedro. Este, em princípio, não coloca obstáculos à passagem do irmão, mas entende que ele vinha em som de guerra, pelas tropas que trazia, o que considera uma provocação. Sendo assim, mandou-o prevenir que não lhe permitia a passagem. E, acautelando-se para possíveis intenções do irmão, reúne as suas tropas em Penela.
D. Afonso atravessa o Mondego, talvez vindo de Trancoso a Celorico da Beira, seguindo o rumo da actual Estrada da Beira. Para evitar a proximidade de Coimbra, atravessa o rio Alva e segue por Coja e Góis, dando a entender continuar por Lousã, Miranda e Penela, estas três últimas, terras do duque de Coimbra.
D. Pedro aprestou as suas tropas e seguiu-lhe ao encontro até o limite da sua área.
“O ponto de Vilarinho, onde se fortificara D. Pedro, fechava a passagem ao Duque (…) D. Pedro avançou mais, obra de uma légua, sobre Serpins, porque do lado oposto o Duque de Bragança descera até à Várzea…’’
“No vale do Ceira, D. Pedro a jusante, o duque a montante, estavam a menos de uma légua afastados…”,
“…ambos acampados no vale do Ceira, mas provavelmente em margens opostas…”,
“…o combate parecia inevitável e prestes a travar-se…”,
são alguns dos comentários de cronistas e historiadores.
Mas o encontro entre os irmãos não se verifica.
Embora alguns seus correligionários quisessem que avançasse, desejado que se desse a batalha e se prendesse o duque de Bragança, “D. Pedro preferiu ficar na defensiva, dispondo as suas forças em ordem de batalha, e impedir apenas a passagem do irmão.”
E D. Afonso, ou por ter medo de D. Pedro, ou “por não encontrar na maior parte dos seus homens vontade de combater”, ou “por ter recebido ordens de El-Rei para evitar o encontro’’, fugiu, em direcção à Covilhã, segundo uns, ou em direcção a Alvares ou Pampilhosa da Serra, segundo outros. Em qualquer dos casos, abandonando os do seu exército, que seguiram outro caminho, subindo a serra, onde sofreriam as maiores clemências, alguns morrendo pelo frio e outros chegando a Santarém em estado lastimoso, o que mais faria acirrar os ânimos contra D. Pedro.
“Desde que avançara até à várzea, o Duque de Bragança metera-se num fundo de saco. Não podia retirar, porque as povoações tinham destruído as barcas para a passagem do Alva, que ia cheio na primavera, com o derreter das neves da serra.”
Porque teria vindo o Duque de Bragança provocar o irmão, ao entrar nas terras de Góis, mesmo nas suas barbas, e depois fugir? Não esperava ter aquela oposição? Sentira resistência da parte dos goienses, ao verem a sua terra invadida? Teria a gente da Várzea, certamente mais próxima do ex-donatário Fernão de Góis, manifestado mais simpatia por D. Pedro?
Pouco tempo depois, a 20 de Maio, numa terça-feira, dá-se a batalha de Alfarrobeira, perto de Alverca, onde seria morto o Infante D. Pedro. Encerrava-se uma fase da nossa História, felizmente tendo ficado ilesas as boas várzeas do nosso rio Ceira.
Nota: Este texto foi apoiado, entre outras, pelas obras: Os Filhos de D. João I, de Oliveira Martins (Guimarães Editores, 1973), Itinerário do Duque de Bragança em 1449, de Gastão de Melo de Matos (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1951) e Nos Caminhos dos Góis, de João Nogueira Ramos, com a bibliografia nela indicada (Tipografia Lousanene, Lda, 2001).
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RE: Pola Ley e Pola Grey
Caro Granada,
Sou monárquico. Mas antes de ser monárquico já era ateu. Isto talvez porque para ser ateu basta ser minimamente crítico. Para ser monárquico já é necessária outra maturidade, para entender o papel de irrefragável importância que tem um Rei. Ser monárquico é defender uma chefia de estado exercida por um Rei, sendo o cargo vitalício e hereditário. Ponto final. A religião não é para aqui chamada. É certo que em Portugal a Monarquia esteve sempre ligada à religião, mas esteve também durante séculos ligada, por exemplo, ao Absolutismo, e não é por isso que se vêem muitos monárquicos absolutistas nos dias de hoje. Tudo evolui. Ao monarquismo que é descrito na carta que transcreveu eu chamo outra coisa - tradicionalismo cego. Eu não quero fazer renascer o Portugal do passado. Eu quero um novo Portugal, para o qual acho indispensável um Rei, como ponte entre o passado e o presente de Portugal, e como garante do seu futuro. Agora diga-me em que é que isto me faz menos monárquico do que os demais? Com todo o respeito, comentários como o seu fazem-me impressão e só servem para alimentar preconceitos anti-monárquicos.
Não quero de forma alguma iniciar uma discussão sobre este tema, e por isso é que esta mensagem será a única da minha parte sobre o assunto neste tópico, que é dedicado a um ínclito antepassado. Sou monárquico ateu, e com muito orgulho. E como eu, há muitos.
Com os melhores cumprimentos,
João Guilherme
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RE: Pola Ley e Pola Grey
Caro João Guilherme,
Respeito seu ponto de vista e fico feliz pelo comentário, mas discordo dele em sua essência filosófica. É que, geralmente, o ateísmo é materialista e, notadamente, acaba tendo um "espírito" igualitário (não importa se de esquerda ou direita - lembre-se que Adolf Hitler queria uma sociedade igualitária - vide seu famoso discurso à juventude alemã)...
Todavia, como eu disse, a carta tem pontos excessivamente tradicionalistas e de um catolicismo, ao meu ver, por demais dogmático-ultramontano.
Ora, de acordo com essa carta eu também não seria um monárquico autêntico e nenhum pouco legítimo, uma vez que eu sou protestante, aliás, sou luterano. Portanto, peço suplicantemente que não se ofenda, como eu também não me ofendi.
Apenas achei o texto interessante, mesmo discordando de muitas acertivas, sejam elas políticas, filosóficas ou religiosas.
Certamente que aumentam os preconceitos anti-monárquicos. Estamos no século XXI, portanto, faz-se mister que o Movimento Monárquico consiga modernizar-se sem, com isso, mundanizar-se.
Melhores cumprimentos,
Granada
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“Monarquistas” e Monarquistas
Caro João Guilherme,
Permita-me compartilhar contigo um artigo que eu escrevi no começo deste ano, no antigo Portal M1 (monárquico).
Saudações,
Granada
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“Monarquistas” e Monarquistas
Já dizia o meu avô paterno que, na vida, existem “pessoas” e pessoas. Entre os monarquistas, como entre qualquer agrupamento/sociedade humana, acontece a mesma coisa. Assim, dentre o chamado “Movimento Monárquico”, possuímos, já há muito constituídas, inúmeras espécies de monarquistas, desde os tipos mais exóticos e deprimentes, aos sensatos e intelectualmente equilibrados. Vamos deixar o protocolo de lado e, assim, vamos tratar desse assunto com sinceridade.
Saia à rua e desate à perguntar aos pedestres (ao menos aos mais cultos, os metidos a sabidos – geralmente, os burgueses que quase chegaram à academia) o que é um monarquista. A primeira impressão, absoluta e totalmente eivada de preconceitos, será a mais comum de todas, o clichê por excelência, enfim a “carapuça” que nos foi imposta por um sistemático e ativo trabalho dos republicanos e pelo passivo (?) de certos monárquicos… Certo é que de tudo um pouco se ouvirá. Falarão de reacionários saudosistas, esnobes travestidos de aristocratas, orgulhosos fidalgotes almejando algum brilho na Corte ou alguma ocupação (apenas nominal, diga-se de passagem) no funcionalismo estatal (qualquer semelhança com os petistas é mera coincidência…), empedernidos genealogistas cheios de recalques, traumas e sentimentos de inferioridade arvorados em suposta superioridade, enfim, veremos tomar forma e vida a velha personagem extremamente abominada pela trilogia revolucionária francesa no ápice da sua sangüinolência: a nobilíssima sanguessuga do Antigo Regime. Querendo ou não, é essa a imagem que predomina no imaginário popular e, por vezes, na própria academia, onde se supõe “residir” a nata da intelectualidade. Todavia, é imperioso saber que, de todo, tal imagem não apresenta uma absoluta distorção do que possa ser a realidade do “Movimento Monárquico”, ao menos do atual (se é que existe um corpo unido que possa tomar tal nomenclatura).
Infelizmente, estamos abarrotados dessas figuras que, desde 1889, se autoproclamaram a nova “Corte Imperial”. Ou são uma turma de museológicos quatrocentões cujos sobrenomes, ao menos para eles, ainda representam passagem livre para o topo da questionável e fálica “pirâmide social”, ou são gente do povo que, mais por devaneios megalomaníacos e loucura em estado um tanto quanto que mais brando, apenas se achegam aos príncipes e aos bons e verdadeiros monarquistas para alcançar algum reconhecimento ou famigerado status social. As festinhas e encontros despropositados estão por aí para provar o que digo. Além do que, em estado quase que de moléstia mental, os mesmos, pedantescamente, se esforçam em apresentar uma personalidade em extremo reacionária que chegaria a chocar o próprio Maurras e seus assombrosos discípulos da Ação Francesa. A democracia lhes parece um atentado maligno, verdadeiramente uma cria do inferno pronta para acabar com seu culto extremado ao medievalismo.
Os falsos monarquistas não buscam o bem da Pátria-Mãe, antes, visam apenas e tão somente o brilho, o glamour, enfim, as plumas e firulas que os atraem tal qual a carniça atrai o urubu. Não possuem um projeto definido de Nação, não discutem as enfermidades sociais, políticas e econômicas que viralmente atacam nossas instituições e, dia após dia, nos afastam de nossa honrosa posição: a de Florão da América. Olham para o povo de cima para baixo e, entre si, gastam da sua falsa verbosidade a destilar meia dúzia de palavras de ordem quando necessário for. Da monarquia não conhecem nada além do protocolo e das convenções sociais, gastando lisonjeiras palavras e caçando comendas aqui e acolá. Estão entupidos de honras palacianas, de servilismo, de mesquinharias das quais execravelmente se ufanam. Esse tipo não é, visceral e verdadeiramente, monarquista. É uma transmutação mal feita, um clone inumano, uma falha, um monstro ideológico. Eles são tão monárquicos quanto Hitler era um rabino. Os falsos monarquistas são a causa primeira de não avançarmos suficientemente em busca do grande Brasil. Como eu disse há pouco tempo, são estes, e não os republicanos, esquerdistas, comunistas, ateus, liberais, laicistas, abortistas e toda sorte de “hereges” os principais inimigos da Causa, antes, são muitos daqueles que fazem parte dos nossos círculos monárquicos, que partipam e se congregam em nossas reuniões, fazem alarde de um sonho no qual não crêem além daquilo que lhes sirva. Portanto, tais monárquicos são, definitivamente, os piores adversários do Movimento Monárquico, pois nos atacam de dentro para fora, corroem nossas possibilidades e consomem nossos sonhos desde o cerne, contribuindo para a vitória das imensas hordas dos dilapidadores da Nação. Por conta dessa propaganda desvirtuada, os monarquistas descentes e sóbrios acabam “tomando nome” por conta dos referidos atos estapafúrdios desses verdadeiros idiotas que pululam por aí… Como diz o sábio provérbio popular: louco e tiririca se acham em qualquer lugar…
Já os verdadeiros monarquistas, gastam do seu tempo, desinteressadamente, pelo triunfo da Causa. Trabalham, escrevem, discutem, lêem, enfim, divulgam e pregam com ardor e amor no coração, tal qual profetas, esse nosso Ideal-Mor. Buscam tão somente a maior grandeza do Brasil e não se importam com as afrontas que recebem, posto que não se deixam atemorizar pelo agigantamento das forças verdadeiramente malignas que os impele à abandonar a Causa. Vivem em busca do Reino de Deus e vivem em defesa da Civilização Cristã. Não possuem estereótipos artificiais gravados em si, antes, com retidão de caráter, negam todos os excessos, sejam eles oriundos da esquerda ou da direita. Se uma palavra pudesse defini-los com precisão, essa palavra seria: Equilíbrio. Um verdadeiro monarquista é equilibrado; sabe diferenciar o certo do errado e, muito embora tenha posições firmes, democraticamente sabe conciliar todos os coloridos políticos e do pensamento humano em busca de algo maior: o bem geral e comum.
Um verdadeiro monarquista olha para o Ipiranga com saudades de um tempo que nem mesmo viveu; ele canta o hino nacional com o coração apertado e jubiloso ao mesmo tempo, por ter ciência do atual estado de sua Pátria mas, ao mesmo tempo, cultivar em si a esperança de que, “quando o imperador voltar, as coisas vão melhorar.” Ele carrega a divisa da nossa liberdade no espírito. “Independência ou morte” é um grito que para ele não está restrito à proclamação do Fundador do Império. Seu sonho é um Brasil justo, equilibrado social, política e economicamente; um país sem favelas, sem fome, sem violência, com uma população educada, consciente e ativa no cumprimento do seu papel de povo (já que hoje não passa de “massa”, e de manobra). Um verdadeiro monarquista se apropria, com o consentimento do Céu, do mais glorioso e bendito título imperial: Defensor Perpétuo do Brasil. Ele ama, ele defende, ele luta, mesmo sabendo que, por enquanto, é tudo uma doce utopia. Por isso, ele é consciente e tem os pés no chão, sabendo que, mesmo que talvez não veja a “coroa bragantina dos trópicos” sendo cingida, ele terá contribuído para a maior de todas as causas: a verdade. Será que, um dia, quando o verdadeiro monárquico que dorme em cada brasileiro acordar, tudo melhorará? Responda a si mesmo.
Por isso, lembrem-se: existem “monarquistas” e monarquistas. Mutatis mutandis, os primeiros são os chupins cortesãos da corte bourbônica, os segundos são os santos e heróis da Vendéia.
Que um dia se brade: Viva o Imperador!
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RE: "Monarquistas"; e Monarquistas
Caro Granada,
Tiro-lhe o chapéu por tão brilhante intervenção. Subscrevo tudo quanto diz neste seu artigo. São os falsos monárquicos, os que buscam regalias pessoais e estatutos balofos, que atrasam o triunfo da Causa! Os monárquicos de corpo e alma já escasseiam...
Viva o Rei de Portugal!
Viva o Imperador do Brasil!
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RE: "Monarquistas"; e Monarquistas
Caro confrade João Guilherme,
Fico feliz que tenha gostado do artigo. Infelizmente, cá, no Brasil, muitos não gostaram. A verdade, disse algum sábio, dói. Que Deus nos ajude!
Viva o Imperador do Brasil!
Viva o Rei de Portugal!
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