**Desconfiança nos nobiliários** – um caso
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**Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Caros confrades:
Em tópicos recentes (nomeadamente sobre a ascendência de Fernão de Magalhães) tenho demonstrado a minhas reservas em relação às genealogias carreiradas até nós pelos nobiliários.
Vou-lhes trazer um caso paradigmático dessa minha desconfiança. Trata-se da descendência varonil de Vasco Pires de Sampaio, senhor de Vila Flor, aparentemente credível, com que o Dr. Júlio Teixeira inicia o IV volume do “Fidalgos de Vila Real e seu Termo”. Conheço o “Fidalgos e Morgados…” desde o início da década de setenta do século passado. Consultava-o durante as férias, no Alto Douro, em casa de um tio. Qual o meu espanto quando, no início da década de oitenta, pesquisando nos paroquiais de Casal de Loivos um ramo de Araújos Godinhos, que da vila de Gouvães se instalaram naquela freguesia, “esbarrei” naquela outra genealogia. Se já encarava os nobiliários com reserva, passei a fazê-lo com desconfiança metódica.
E, se isto se passa com um autor do século XX que consultou milhares de livros paroquiais que cotejou com outras fontes, o que se passará com tantos nobiliários de setecentos que muitas vezes se limitam a reproduzir o que viram escrito...
Cumprimentos,
António Taveira
Fidalgos e Morgados de Vila Real e seu Termo. IV volume. Genealogia dos Teixeiras de Sampayo – Famíla Sampayo Pimentel – Casa de Casal de Loivos – páginas 7 e seguintes.
1-VASCO PIRES DE SAMPAYO [8.º neto por varonia de Francisco Teixeira de Sampayo, n.º 10 em baixo].
……..
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10- FRANCISCO TEIXEIRA DE SAMPAYO, F.C.R. [que diz nascido em 12 de Julho de 1673, filho de Francisco Teixeira de Sampayo, FCR, senhor da casa do Outeiro, e de sua mulher D.Maria Pinto de Azevedo]. 2.º Administrador do Vínculo da Fonte Nova, Juiz do Ordinário e Presidente do Senado da Camara de Favaios, casou, em Favaios, em 22 de Junho de 1704, com D. Margarida Lopes, filha de António Jorge Lopes, e de sua mulher D. Margarida Lopes.
Filhos:
11- Luiz, nascido em 28 de Novembro de 1707, que morreu menino.
11- Manuel, nascido na Casa do Outeiro em 4 de Março de 1709, que segue.
11- MANUEL ALVARES PEREIRA DE SAMPAYO, F.C.R., 10.º Senhor da Casa do Outeiro, 9.º Morgado de Nossa Senhora dos Prazeres e 3.º da Fonte Nova, Capitão-Mor de Ordenanças de Favaios , casou, em Casal de Loivos, em 10 de Setembro de 1733, com D. Maria Pereira Lobato, 3.ª Senhora da Casa de Casal de Loivos, filha, e herdeira de José Pereira Lobato, C.O.C., e de sua mulher D. Joana da Silveira.
Filho:
12- Gonçallo, nascido na Casa do Outeiro em 21 de Agosto de 1734, que segue.
12-GONÇALLO PEREIRA DE SAMPAYO, F.C.R., Senhor das Casas do Outeiro e de Casal de Loivos e dos Vínculos de seus paes, casou em 2 de Setembro de 1753 com D. Maria Pereira de Freitas, filha de Manuel Pereira de Freitas, Senhor do Prazo de Síbio, e de sua mulher D. Mónica de Azevedo.
Filho:
13-José Bernardo, nascido na Casa do Outeiro em 1 de Outubro de 1754, que segue.
13- JOSÉ BERNARDO PEREIRA DE SAMPAYO, F.C.R., herdeiro de seus paes, C.O.C., Brigadeiro de Milicias, condecorado com as medalhas das Campanhas da Guerra Peninsular, casou, em 16 de Novembro de 1774, com sua prima D. Maria Magdalena da Cunha de Sampayo [que faz prima em 4.º grau de consaguinidade de seu marido, ambos terceiros netos de um Francisco Teixeira de Sampayo, pai do n.º 10 acima], filha de Paulo Alvares Rodrigues e de sua mulher D. Maria da Mesquita da Cunha Sampayo, neta paterna de Domingos Alvares de Sá e de sua mulher D. Guiomar Rodrigues, e materna de D. Maria da Cunha de Sampayo e de seu primeiro marido Pedro da Mesquita Moutinho.
Filhos:
14- D. Maria, nascida em 14 de Janeiro de 1776, que morreu menina.
14- Manuel Bernardo, nascido na Casa do Outeiro em 16 de Janeiro de 1777, que segue.
14- José Manuel de Sampayo, nascido na Casa do Outeiro em 30 de Abril de 1779, Capitão de Milicias, que casou, em 21 de Outubro de 1809 com D. Francisca Teixeira de Sampayo, filha de João Teixeira e de sua mulher D. Luiza Teixeira de Sampayo……
14- MANUEL BERNARDO PEREIRA DE SAMPAYO, F.C.R., herdeiro da grande Casa de seus paes, Capitão de Milicias, condecorado com a medalha das Campanhas da Guerra Peninsular, casou, em 7 de Outubro de 1810, com sua prima D. Anna Luiza Pereira de Freitas d’Affonseca, filha de Luiz Pereira de Freitas d’Affonseca, Senhor do Prazo de Sibio, e de sua mulher D. Anna de Carvalho.
Filhos:
15- Manuel, nascido em Casal de Loivos em 21 de Abril de 1820, que segue.
15- Dr. José Maria Pereira de Sampayo, nascido em Casal de Loivos em 4 de Outubro de 1821. Bacharel em Direito, que faleceu solteiro.
15- Dr. MANUEL ALVARES PEREIRA DE SAMPAYO………..
Ascendência por varonia do Manuel Alvares Pereira de Sampaio pelos paroquiais:
……………………….
10- FRANCISCO PEREIRA FILGUEIRAS. Casou em Casal de Loivos em 21 de Maio de 1668 com Clara Moutinho. Esta é certamente a Clara, baptizada em Casal de Loivos em 23 de Agosto de 1648, filha de Domingos Rodrigues e de sua mulher Maria Moutinho, sendo padrinhos João de Barros, morador em Provesende, e Maria Gaspar mulher de Domingos Fernandes. Maria Moutinho faleceu em Casal de Loivos em 13 de Abril de 1676. Seu marido teria falecido em 13 de Novembro de 1661.
Filhos:
11- Maria, baptizada em Casal de Loivos em 31 de Agosto de 1670. Foram padrinhos Simão Gonçalves e Maria Pereira mulher de António Pires, todos de Casal de Loivos.
11- António, baptizado em Casal de Loivos em 20 de Outubro de 1672. Foram padrinhos António Carvalho e Maria Gonçalves mulher de António Rodrigues, todos de Casal de Loivos. Que segue.
11- Isabel, baptizada em Casal de Loivos em 14 de Fevereiro de 1675. Foram padrinhos Bartolomeu João e Beatriz de Carvalho filha de Gaspar Fernandes, todos de Casal de Loivos.
11- Domingos Pereira Moutinho. Baptizado em Casal de Loivos em 25 de Novembro de 1678. Foram padrinhos Domingos Lopes, de Vilarinho de Cotas, e Ana Fernandes mulher de António Carvalho de Casal de Loivos. Casou em Casal de Loivos em 2 de Fevereiro de 1701 com Maria Ribeiro, filha de Manuel Taveira e de sua mulher Maria Ribeiro. Com geração.
11- Manuel, baptizado em Casal de Loivos em 5 de Agosto de 1681. Foram padrinhos Manuel Lopes e Maria Francisca mulher de António Lopes Jerónimo, todos de Casal de Loivos.
11- Maria, baptizada em Casal de Loivos em 5 de Dezembro de 1683. Foram padrinhos José Afonso, viúvo, e Maria filha de António Lopes, todos de Casal de Loivos.
11- Manuel, baptizado em Casal de Loivos em 31 de Agosto de 1687. Foram padrinhos António Afonso e Maria filha de Manuel Lopes, todos de Casal de Loivos.
11- ANTÓNIO PEREIRA MOUTINHO. Casou em Casal de Loivos em 19 de Janeiro de 1704 com Maria Lopes filha de Bartolomeu João e de sua mulher Maria Lopes, de Casal de Loivos. António Pereira Moutinho faleceu em Casal de Loivos em 30 de Outubro de 1753 com testamento escrito. Este testamento vem trasladado a folhas 7 e 8 do livro de testamentos de Casal de Loivos. Nele, feito em 27 de Agosto de 1753, deixa o usufruto dos bens a sua mulher sendo herdeiros os filhos Gonçalo Pereira e Quitéria Pereira. Entre outras disposições manda rezar 70 missas por sua alma. Nomeia como testamenteiro o filho, Gonçalo Pereira, que assina o registo do traslado. Pela sua assinatura, presente muitas vezes nos pariquiais de Casal de Loivos, não podem existir dúvidas que se trata do mesmo referido no nº 12 abaixo.
Filhos:
12- Caetana, baptizada em Casal de Loivos em 21 de Setembro de 1710, nascida no dia 11. Foram padrinhos Manuel da Rocha, de Gouvães, e Ana Teixeira mulher de Tomé Lopes, de Casal de Loivos.
12- Teresa, baptizada em Casal de Loivos em 5 de Fevereiro de 1713, tendo nascido em 27 de Janeiro. Foram padrinhos Luis de Sousa Correia e Domingas Alves filha de Domingas Fernandes, todos de Casal de Loivos.
12- Domingos, baptizado em Casal de Loivos em 10 de Agosto de 1714, tendo nascido no dia 4. Foram padrinhos Domingos Moreira e Maria Taveira mulher de João Lopes, todos de Casal de Loivos.
12- Gonçalo Pereira. Que segue.
12- Quitéria Pereira. Casou em 27 de Junho de 1742 em Casal de Loivos com José Taveira, filho de Bartolomeu Gonçalves e de sua mulher Catarina Taveira.
12- GONÇALO PEREIRA. Casou com Maria de Freitas. Moradores em Casal de Loivos. Fizeram testamento escrito na nota do tabelião de Provesende, António Esteves Teixeira, em 17 de Dezembro de 1787, trasladado no livro de testamentos de Casal de Loivos. Nele, entre muitas disposições, mandam rezar 200 missas pela alma de cada um deles. Deixam os bens um ao outro e, depois deles, aos seus netos filhos de seu filho José Bernardo e de sua mulher, moradores em Favaios. Maria de Freitas faleceu em Casal de Loivos em 7 de Abril de 1788. Gonçalo Pereira veio a falecer em Casal de Loivos em 16 de Outubro de 1794.
Filhos:
13- José Bernardo, que segue.
13- JOSÉ BERNARDO PEREIRA. Casou em Casal de Loivos em 16 de Novembro de 1774 com Maria Madalena da Cunha e Mesquita. No assento de casamento é referido como José Bernardo Pereira de Freitas. No mesmo assento é dito que, feitas as denunciações, não surgiu impedimento. Não era pois primo no 4.º grau de consaguinidade de sua mulher, ao contrário do que refere o dr. Júlio Teixeira. Maria Madalena era filha legitima de Paulo Alves Rodrigues e de sua mulher Maria de Mesquita da Cunha e Sampaio, de Favaios. Neta materna de Pedro de Mesquita Moutinho e de Maria de Sampaio e Cunha, casados em 26 de Junho de 1732 em Favaios. Bisneta por esta última de Manuel Dinis e de Madalena de Sampaio. Esta era certamente a Madalena, baptizada em Favaios em 1 de Agosto de 1691, filha de Francisco Teixeira de Sampaio e de Ana solteira, sendo padrinhos o padre Maurício de Morais e Maria Fernandes.
Filhos:
14- Maria. Baptizada em Favaios em 20 de Janeiro de 1776, tendo nascido a 14 do dito mês. Foram padrinhos o avô Paulo Alvares Rodrigues e sua filha Maria.
14- Manuel José. Baptizado em Favaios em 21 de Janeiro de 1777 tendo nascido a 16 do dito mês. Foram padrinhos por procuração os avós Gonçalo Pereira e Maria de Freitas, de Casal de Loivos. Que segue.
14- José Manuel de Sampaio. Casou com Francisca Alves, filha de José Teixeira Canelas e de
Luisa Alves. Foi seu filho: 15 – João, nascido em 31 de Janeiro de 1813 em Favaios. Baptizado em 3 de Fevereiro, sendo padrinhos João Baptista de Lima Barbosa e D. Luisa Pacheco de Sampaio
14- António de Sampaio.
14-MANUEL ALVES PEREIRA DE SAMPAIO. Que também se documenta nos paroquiais como Manuel Bernardo Pereira e Manuel Pereira. Casou em Casal de Loivos em 7 de Outubro de 1810 com Ana Maria Luiza Pereira, de Casal de Loivos. Esta nascida em 12 de Abril de 1781 em Casal de Loivos, baptizada em 17 de Abril, sendo padrinhos Francisco da Veiga Cabral e Sampaio, pároco de Casal de Loivos, e Ana Maria Moreira Alves, filha de Luis Alves Pereira. Ana Maria Luiza Pereira era filha de Luis Pereira da Rua e de sua mulher Ana Luiza de Carvalho (ou Ana Luiza da Fonseca), de Casal de Loivos. Neta paterna de António Pereira da Rua, de Casal de Loivos, e de Maria Gonçalves, de Vila Chã. Neta materna de João Taveira e de Ana Carvalho, de Casal de Loivos.
15- António. Baptizado em Casal de Loivos em 7 de Janeiro de 1813, tendo nascido no dia 1. Foram padrinhos António de Sampaio, solteiro e sua mãe Maria Madalena de Sampaio, de Favaios.
15- Manuel. Baptizado em Casal de Loivos em 1 de Maio de 1815, tendo nascido no dia 25 de Abril. Foram padrinhos Manuel António Pinto Sobral e sua mulher D. Carlota Adelaide Pinto Metelo Falcão, da Pesqueira.
15- José. Baptizado em Casal de Loivos em 24 de Maio de 1818, tendo nascido no dia 18 do dito mês. Foram padrinhos António Alves de Sampaio e Ana Joaquina de Sampaio.
15- José. Baptizado em Casal de Loivos em 7 de Novembro de 1820, tendo nascido no dia 1 do dito mês. Foram padrinhos Manuel José de Sampaio e D. Maria da Veiga Cabral, de Casal de Loivos.
15- Manuel. Terá nascido em 1822, que segue.
15- MANUEL ALVES PEREIRA DE SAMPAIO, bacharel…..
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Meu Caro António Taveira,
Brinda-nos com mais uma intervenção muito oportuna, e clara, de como encarar as genealogias do passado.
Só depois de rigorosamente peneiradas pelo crivo de uma atenta e muito crítica investigação se podem utilizar.
Pena é que muito poucos ainda o creiam. O silêncio que se seguiu ao seu post não será revelador disso mesmo?
Então nada a dizer desta sua descoberta fantástica???? Ninguém a louvá-lo???? Tratando-se como se trata de uma família até aqui com varonia medieval dos Sampaios de Vila Flor ???
MUITOS PARABÉNS!
Pelo menos eu não posso deixar de lhe agradeçer mais este excelente serviço prestado em prol da verdade, da genealogia e do conhecimento.
Um abraço e os meus agradecimentos,
Miguel Côrte-Real
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Guia prático para a falsificação de genealogias luso-brasileiras
Artigo perfeito!
Abraço,
Granada
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Guia prático para a falsificação de genealogias luso-brasileiras
(...essas carapuças hão de ter seu gasto.
Lá se avenham; quem vir que lhe ajusta
alguma fique-se lá com ela...)
- Padre topes Gama -
O Carapuceiro
Roteiro
Iª - REGRA: Considere o sobrenome da família a ser promovida socialmente como usado por uma só família, isto é, por aquela de maior importância. Assim sendo, parta do principio de que está pesquisando um ramo oculto de árvore ilustre. Adiante, quando tiver entroncado, por que artifícios forem, a prosápia pesquisada na prosápia famosa, mude, então, de atitude;
- Existem muitas famílias que usam determinado sobrenome por terem sido clientes, servos, escravos ou protegidos de grandes senhores de igual apelido. Como seu objeto de pesquisa já está devidamente plantado onde deseja, cabe-lhe desprezar e ignorar as demais genealogias desentroncadas do patromínico célebre.
IIª - REGRA: Procure, na árvore da família famosa, notícias contemporâneas às primeiras noticias que tem da família a promover. Concentre seus esforços no ramo da família fidalga, em que datas, locais e prenomes mais se aproximarem das ditas primeiras noticias que tiver da família em promoção. É útil ignorar a filiação materna, do primeiro personagem a promover. É muito difícil encontrar casais contemporâneos homônimos, ou quase, quando os sobrenomes são exóticos, duplos ou famosos.
IIIª - REGRA: Tenha paciência. A falsificação pode levar de anos a gerações. A árvore genealógica fraudada só frutificará bem através de várias gerações atentas a fabricar provas literárias e cartoriais de nobreza.
Trabalhe em cima da personagem mais antiga que houver detectado na novel família. Exemplo: - A primeira personagem é João de Souza, nascido Amarante, vivente petos meados do século XVI.
Nas genealogias de Amarante e de Souzas, isto é, pelo local e pelo sobrenome, procure -um- obscuro João de Souza contemporâneo à sua primeira personagem. Quanto mais apagado o membro da família ilustre, mais fácil a falsificação.
O seu até então humilde João de Souza pode ser timidamente, ou mais incisivamente, identificado ou, simplesmente, apontado como sendo outro João de Souza. Passa ele, então, a ser filho de um bem nascido Gonçalo de Souza. O nosso simples João de Souza passa a ter um lugar na boa sociedade de sua época.
IVª REGRA: Descase, como primeiríssima providência, os pais legítimos da sua primeira personagem. Há grandes inconvenientes do genearca, da nevei família, ter pais casados. Veja como deve agir através do exemplo abaixo:
- Retome João de Souza, nascido Amarante, e vivente em meados do século X1 11. Convenhamos que tenha aparecido o nome de seus pais: Luiz de Souza e Maria Rodrigues. O recurso, anterior, de pô-lo como filho de Gonçalo de Souza tomou se inviável. Lance-o, de imediato, como filho natural de Luis de Souza e Maria Rodrigues. Depois, com tempo e paciência, forje a identificação da nova personagem, Luiz de Souza, com um seu homônimo conveniente. A possibilidade de se encontrar esse homônimo é grande em virtude do pequeno estoque de prenomes e sobrenomes usados no Portugal do século XVII.
Uma vez fraudada a identificação de Luiz de Souza com um seu ilustre homônimo, não convém abandonar Maria Rodrigues. Acrescente um sobrenome falso ao sobrenome verdadeiro, da recém-descasada, de maneira que forme um sobrenome duplo que seja famoso. Designe Maria Rodrigues por Maria Rodrigues de Sá, ou da Silva, por má leitura. A colocação de dúvida, por parte do falsificador, dá foros de veracidade à "pesquisa". Com o passar do tempo, a nossa aldeã, sem pergaminhos de nobreza, será entroncada nos "Sá das Galés", porque não? Basta que o fraudador crie a personagem genealógica de uma priorieza, D. Maria Rodrigues de Sá, de decantada graça e beleza.
Vª REGRA: Trabalhe só com a contemporaneidade, prenome, sobrenome e, caso haja, registro de naturalidade ou lugar de moradia. Esta regra é aplicável somente quando não encontrarmos, para o antepassado do "alpinista social", pai conveniente-nas genealogias consultadas.
Veja como deve agir através do exemplo abaixo:
- A primeira personagem chama-se João Freire e nasceu, ou viveu em Monte-mór-o-novo em fins da- século XVII.
lnicie a falsificação lançando uma primeira semente vaga e singela. - João Freire, segundo memórias antigas, teria nascido em meados do século XVII no Bispado de Évora. A afirmação é vaga mas convincente da veracidade da pesquisa, quando o descobrirem natural ou morador em Monte-mór-o-novo.
Uma vez assente a primeira semente, lance outras: - Na sita família haveria militares, magistrados e jesuítas. Perfil que se enquadra em quase todas as famílias de melhor posição em Portugal, inclusive nos freire Perdigão. Não convém supô-lo como possível membro da família Freire Perdigão/Freire de Andrade de Monte-mór-o-novo. Caberá a outros tal suposição que uma vez publicada em vida do autor da fraude dará a este um excelente apoio para que continue falsificando deste ponto o fraudador pode arriscar um acrescento: - João Freire era protegido do magistrado Thomás freire Perdigão. A ligação com os freire Perdigão, de Monte-mór-o-novo, estará feita, sem que o autor nada tenha afirmado. Desta forma, mesmo sem dar-lhe pais, o fraudador pode "encaixar" sua personagem em família conveniente.
Vlª REGRA: Cite, com todos os detalhes a fonte publicada ou manuscrita em cima da qual delirou uma ligação genealógica para sua primeira personagem. Exemplo: - (*) D. Antonio Caetano de Souza História da Casa Real Portuguesa/Coimbra/1954 - Atlantida - Livraria Editorial Ltª, Tomo XII, Parte II, pág. 123. Dificilmente alguém irá verificar a referência. Caso um leitor mais curioso vá à fonte, encontrará nela somente as afirmações sobre as quais o fraudador construiu sua fantasia. Poderá acusálo de inconseqüente, mas nunca de falsificador.
VIIª REGRA: Traga a genealogia de gap em gap ilustrando ou embranquecendo a prosápia em promoção. Veja como deve agir através dos exemplos abaixo:
- Traga, desde os reis lombardos, um sobrenome italiano, por exemplo abaixo:
Tomazzini. De repente, faça um stacato. Em 1542 passa a Ponte de Lima um Tomazo Tomazzini.
Este Tomazo Tomazzini é o putativo ascendente da família que está passando pelo processo de promoção social. Mesmo que sua primeira personagem, Tomazzini de Ponte de Lima, tenha vivido no século XVIII, sua ancestralidade ficou, ainda que vagamente, muito bem colocada. E depois, não é necessário dizer prepontoriamente que uns Tomazzini, se ligam aos outros A simples colocação em seqüência cronológica passa esta idéia. Traga uma genealogia portuguesa muito bem documentada desde o século XIV.
Dê um gap e aluda à passagem desta para o Brasil em finais do século XVI. Em virtude da época, a falta de documentos é facilmente aceitável Continue, no Brasil, por uma segunda família, que nada tem a ver com a primeira, mas que é de mesmo sobrenome. Excluída a "ligação" feita pelo fraudador, a segunda descendência também é inatacável. Dê, então, outro gap e entronque uma terceira família, a que está sendo promovida, na segunda família, a qual, em realidade, só serviu de "mula" nesse contrabando de ascendências.
Use o mesmo estratagema de gap para branquear e para ligar, genealogicamente, famílias de cor aos seus antigos senhores.
Famílias de cor costumam assumir à falta de sobrenome africano, o sobrenome de seus antigos senhores. Basta afirmar, por exemplo, que Antonio Góes Cavalcanti, mulato sem ascendência comprovável, é pelo local em que nasceu e pelo status (na realidade retêm adquirido), descendente dos antigos proprietários locais. A novel família de cor fica, assim apensada, à família de seus antigos senhores, como se deles proviesse por sangue.
VIIIª REGRA - Embaralhe umas três famílias de sobrenomes semelhantes. Não poderá importar-se de produzir um texto confuso e que lhe advenha fama de mau genealogista. Misture, por exemplo, Vaz Pinto, Vaz Ribeiro de Sampaio e Pinto Ribeiro de Sampaio. Em meio à confusão, plante uma linha coerente em datas, locais e prenomes, com a linhagem que quer afidalgar, não há neste caso, qualquer necessidade de se citarem fontes. Esta única linha compatível no recorte de tempo, espaço e antroponímia, conterá a personagem a ser promovida, a quem podem até ser atribuídas diferentes filiações. Basta então, esperar que o leitor paciente, metódico e ingênuo extirpe da obra, confusa, as incongruências e os absurdos os mais visíveis, mas que por fim, se deparará com uma única parte aparentemente confiável por não ser confusa, nem incoerente. Isto é, deparar-se-á com a linha propositadamente plantada. Essa linha passa a ligar o personagem em promoção, antes humilde, aos reis godos, qualquer que seja a filiação que se adote para ela, como certa ou mais provável. Está alcançado o intento do fraudador.
IXª REGRA: Publique seus trabalhos, pois a mística da palavra impressa tem grande valor de convicção. Publique, também, cópias "autênticas" de provanças de fidalguia, cujos pergaminhos ou cujas cartas foram perdidos. Só haveriam sobrado as ditas cópias ou as traduções estropiada. Os erros que forem sendo descobertos e apontados poderão ir sendo atribuídos aos copistas. Os originais teriam estado em mãos de pessoas idôneas e teriam sido lidas por, também, idôneos e antigos cronistas ou genealógicos.
Xª REGRA: Compare, resolva dúvidas, dê explicações e novas conclusões ao manusear velhas-falsificações literárias e cartoriais, as quais o tempo deu aparência de verdadeiras. É o ápice da falsificação e o coroamento de profissionais da genealogia e familiares atentos e laboriosos em falsificar através de gerações.
XIª REGRA: Preencha vazios incômodos que possam suscitar dúvidas e levar a novas pesquisas
- Crie, para tanto, personagem ou personagens genealógicos que não necessitem ter tido uma existência histórica real. Nenhum documento fala deles, nenhum genealógico o citou antes; mas as personagens preenchem coerentemente um vazio genealógico, e é de tal maneira inócuo, que não há porque desconfiar deles,
Xllª REGRA: Use armas, brasões alheios ou inventados. A visualização das armas da família e/ou sua exibição convencem a maioria da fidalguia da estirpe
Não estará sozinho:
- De antanho, pagava-se a descendentes pobres de família famosa e de mesmo sobrenome daquela a ser promovida para que esses declarassem em cartório que seus avós tratavam os avós dos novos-ricos ou novos-poderosos como parentes. Esses documentos abriam caminho para se tirar carta de brasão, já uma prova cartorial fabricável.
Mais recentemente, o Rei de Armas do Brasil, Boulanger, tornou as armas das famílias portuguesas como se logotipos fossem. Explica-me, aos Carvalhos, qualquer que fossem corresponderiam às primeiras armas registradas por alguém desse sobrenome.
Foi uma época de curiosos entroncamentos ao dar-se ao novo "fidalgo de cota d'armas" as armas dos verdadeiros Alpuim, quando, na realidade, o agraciado só havia nascido em lugar assim denominado.
0 Visconde de Mayrinck escreveu a outra família, de mesmo sobrenome, alemã. Perguntou-lhes sobre suas armas e foi respondido. Escreveu depois ao seu primo, o probo magistrado Ferrão Martens, relatando que seu pai sempre dissera que tais eram as armas da família.
O magistrado, diligente e ingenuamente, pesquisou e "descobriu" que tais armas correspondiam às de uma família Mayrinck com pequena diferença de grafia. Baseado nas investigações de parente tão conceituado, o Visconde não hesitou em usar as armas.
XIIIª REGRA: Estabeleça correspondência epistolar entre a família a ser promovida e o chefe da família ilustre.
Valem cartas frias e formais, mesmo que não afirmem tal parentesco; e, na verdade, basta que não o neguem.
Cartas em que se agradecem votos, presentes ou se confirma alguma informação pedida são "provas" de relacionamento entre os dois ramos de uma mesma, pretendida, família.
XIVª REGRA: Estude a família importante de igual sobrenome e passe a conhecer mais a sua história que os próprios membros. Abrem-se as portas para a genealogista da família, que, aceito e reconhecido como parente, é até consultado sobre o Parentesco- corte outros ramas.
XVª REGRA: Publique trabalhos sobre a família fidalga de mesmo sobrenome, sem declinar sobre qualquer parentesco, que é outra forma de "entrar" numa família.
Vimos, em São Paulo contemporâneo, o Coronel Salvador da Moya publicar exaustivamente trabalhos sobre a Casa de Moya, sem nunca se declarar membro desta e não lhe caber, de modo algum, a pecha de fraudador.
XVIª REGRA: Batize e crisme os membros da nóvel família com os prenomes da família fidalga.
Veja como deve agir através do exemplo abaixo:
- Prodigalize com o estoque de prenomes da família fidalga os rebentos do "novo ramo".
- Crisme rebentos antigos do "novo ramo" que foi enxertado na vetusta árvore genealógica original. Logicamente, aqueles rebentos que não vingaram. Aprenda com a exemplificação abaixo:
- Maria e Joana (só estes prenomes aparecem em seus batismos) nascidas em Elvas, em fins do século XVIII, e logo falecidas, podem ser crismadas como:
1.1. - Maria Violante Petronilha 1.2. - Joana Michaela Petronilha
O que-leva o conhecedor da genealogia local a considerá-las como possíveis descendentes dos "Athaydes", Inferno da vizinha Abrantes. Fica a falsificação reforçada, sem que nada seja dito ou escrito de mais comprometedor.
XVIIª REGRA: Conserte os casamentos socialmente desiguais, usando o recurso - João da Silva (pessoa modestíssima) casou-se com D. Domitila de Eça e Lancaster (pessoa de alta prossápia). Registre o fato verdadeiro com a seguinte adulteração:
- João da Silva (pode, aqui, se quizer acrescentar um d'Eça, casou-se com sua parenta D. Domitila, de Lancaster). Com este "sua parenta" teremos, de pronto, nova promoção social para João da Silva. A primeira fora verdadeira quando do seu casamento.
XVIIIª REGRA: Equalize os casamentos racialmente desiguais usando os seguintes recursos:
- João Garção teve de Maria da Costa da Guiné, sua escrava... Registre o fato verdadeiro coma seguinte adulteração:
- João Garção casou com Maria da Costa.
ou mais timidamente:
- João Garção teve de Maria da Costa, moça solteira...
XIXª REGRA: Falsifique a documentação jurídica para meter alguém em posse de títulos, como de antanho se fazia para sucessão por vínculo. Os Conselhos de Nobreza também são possíveis de serem enganados sobretudo por personagens de terras distantes...
XXª REGRA: Omita e "pode" galhos de uma árvore genealógica para dar um perfil mais gratificante à progênie,
XXIª REGRA: Selecione os documentos que permitam uma leitura promovedora da genealogia estudada; omita os que derem uma visão menos afidalgadora. Enfim, nunca faça uma pesquisa dialética.
XXlla REGRA: Desvie a atenção de uma série de conotações espúrias, duvidosas ou forçadas. Artifício muito usado quando se tratava, no passado, de cristão novo e, no presente, de mulatice. Os procedimentos, em cada
caso, são e/ou eram os seguintes:
- Para ambos, coloque uma série de ligações genealógicas falsas, duvidosas e improváveis, que leve sua "pesquisa" a "provar" a fraude engendrada. A seguir, chame com o estardalhaço possível, a atenção para o caso mais difícil de ser verificado e/ou até mais provável de não ser uma falsificação, mas somente uma afirmação leviana, sem provas.
- Chamar a atenção para, entre as muitas ascendências judaicas, um ramo distante e discreto que se cristianizou antes da grande "conversão" obrigatória.
- Chamar a atenção, entre muitas ascendências negras, para um antepassado do qual pode, com facilidade, provar a ascendência somente indo-portuguesa ou cabocla, que são "defeitos menores".
- Assuma, caso seja impossível historicamente ou por sobrevivência de traços étnicos na família, somente um ancestral negro entre os muitos que tenha, e, de preferência, que haja procriado com pessoa de importância, verdadeiramente ou não.
XXIIIª REGRA: Levante-se veementemente quando aparecem informações genealógicas verdadeiras sem citação de fonte e/ou de, difícil ou improvável comprovação. É a melhor forma de esconder que é um fraudador profissional.
Daremos, a seguir, alguns exemplos das situações que deve explorar em prol do seu "conceito de probo" na comunidade genealógica. Omita:
- Filiação ou descendência espúria, pública, mas não reconhecida oficialmente de personagem famosa ou fidalga
- Reconhecimento tácito, local ou em pequena comunidade dos pais de filho registrado como expostos.
- Filho putativo de relacionamentos historicamente comprovados.
XXIVª REGRA: Africanize ou embranqueça a ascendência de seus desafetos e afetos e assim será genealogicamente temido e se porá a salvo de muitas críticas.
XXVª REGRA: Alegue .ligações mais ou menos vagas de parentesco usualmente não mencionados em documentos e tão difíceis de 'co-mprova-ção positiva quanto de comprovação negativa. Exemplos: - Concunhada, sobrinho, primos ou parente muito próximo de "Fulano de tal, Rico-Famoso-Poderoso, dá mesma-família da "Casa de Angeja" ou que têm a mesma origem que os "Bastos de Barcellos", etc.
XXVIª REGRA: Assuma sua vocação sacerdotal e case pares que nunca receberam tal sacramento e batize mouros e judeus de antanho que nunca conheceram água benta.
Estas regras aqui explicitadas serviram a antigos e atuais genealógicos desonestos e poderão servir hoje e amanhã, a novos fraudadores. Sabemos que estas regras ficam incompletas e que outras artimanhas, tão numerosas quanto a diversidade de inventivas e circunstâncias, têm e terão existido.
Esperamos, sem grandes esperanças, que estas regras venham a servir- mais para o reconhecimento das fraudes genealógicas que para a criação de outras fraudes.
Fraudes estas para as quais, o adagiário norte-fluminense não está omisso, quando nos doa o provérbio:
- "Há mais filhos de barões que de baronesas", ou sua variante:
- "Descender de barão é fácil, descender de baronesa é que é difícil."
Gilson Nazareth
Mestre em Educação IESAE-FGV
Doutor em Comunicação e Cultura ECO-UFRJ
deventer@uol.com.br
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Caro Confrade António Macedo
Os meus parabéns.
É interessante, sendo o Geneall um espaço para se falar de genealogia, esta sua intervenção pouco acolhimento teve.
Sinceros cumprimentos
Manuel Rufino
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Caro António Taveira:
Parabéns. A sua micro-análise é fabulosa! Engraçado é que até aqui encontro ascendentes, precisamente de Casal de Loivos
Cumprimentos
Nelita
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Caros confrades:
Eu já lancei aqui uma questão semelhante no tópico que inaugurei sobre os "Colaços Godinhos" e que ainda não foi esclarecida.
Veja-se em:
http://geneall.net/P/forum_msg.php?id=260280#lista
Abraço.
Pedro França
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** - um caso
Caro Miguel Corte Real:
Só trouxe o caso em apreço porque nos demonstra, de uma forma clara e objectiva, como um genealogista sério que, entre outra documentação, se apoiou nos registos paroquiais cometeu um tal erro na apreciação da documentação existente.
E se isto se passou com o Dr. Júliio Teixeira, o que acontecerá aos genealogistas de épocas mais recuadas, nem sempre de igual seriedade, que não se apoiavam na documentação primária.
Na questão "magalhânica" chocou-me também constatar a reputação que os nobiliários ainda têm para muitas pessoas. Não como elemento trabalho, indispensável a qualquer genealogista, mas como "prova" genealógica. Temos a obrigação, nomeadamente para com gente mais nova que possa ler o que por aqui se escreve, de alterar este estado de coisas.
Um abraço,
António Taveira
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** - um caso
Caro Manuel Rufino:
De facto, pelo menos aparentemente, não teve muito eco.
Quero crer que pelo menos o alerta ficou. E, possa ser uma gota de água que, com muitas outras, possa fazer gente mais nova encarar a genealogia de forma diferente do que se fazia até finais do século XIX. E levá-los a apoiar-se na documentação primária e na investigação, utilizando este extraordinário veículo que é o forum para trocar experiências e informações.
Com os melhores cumprimentos,
Ant+onio Taveira
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RE: Guia prático para a falsificação de genealogias luso-brasileiras
Caro conde de Granada:
Julgo que o "guia prático" que nos apresenta, carregado de ironia, teria de ter pequenas correcções para aplicação do lado de cá do Atlântico.
Mas é um excelente alerta para a busca da verdade.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Cara Nelita:
Calhou a ser "Casal de Loivos". Podia ser outra genealogia qualquer...de outra gente. Haverá tantas...
Há cerca de 27 anos fiquei boquiaberto com o que ia vendo. Esfreguei os olhos para ver se estava a ver bem...Na minha ingenuidade, parecia-me impossível o que estava vendo.
Já esclareceu os Camelos que andam por Casal de Loivos e Provesende ?
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Caro Pedro França:
Tem toda a razão. Mas o título que deu à sua questão, "Colaços Godinhos - Aditamentos e Correcções - aos moderadores do Fórum", parecendo uma mensagem com destinatário, não é mobilizadora.
É dirigida aos moderadores que, por norma, não se envolvem na discussão nem utilizam os temas abordados para proceder a correcções. A mim passou-me ao lado, sem me aperceber dela.
Mas tem toda a razão na observação que faz.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Caro António Taveira,
Ao contrário do que aconteceu consigo, achei coincidência que quase a seguir ao "post" do Pedro França, tenha surgido o seu sobre a mesma temática.
Como já se tem verificado frequentemente, o moderador "controla" os conteúdos, e só certamente pelo momento conturbado que o GP está a passar, pôde passar despercebida a mensagem do Pedro. É inimaginável, como no seu caso também, que após aturadas investigações, o autor tenha que seguir os procedimentos habituais de publicação/actualização de dados. Não lhe parece?
De resto, e já agora para juntar a minha voz à "multidão", só com muita dificuldade, e nem com provas de "papel passado" se consegue que no próprio GP, seguindo os trâmites normais, sejam feitas correcções a dados constantes de obras de referência como por exemplo "Azeredos de Mesão Frio".
Continua a ser dificil contrariar o já publicado.
Os meus parabéns a si e ao Pedro.
francico pinto de almeida
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Caro António Taveira:
Como dizem os nossos conterrâneos "parece impossível, mas é verdade"
Quanto aos Camelos, ainda pouco sei. Continuo a pesquisar.
Cumprimentos
Nelita
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Caríssimos:
Parece que se está afinal a criar um estado de espírito no sentido de que se deve ter em conta toda a fonte primária e proceder à necessária incursão crítica nos documentos tornando-os credíveis.
Apreciei as posições tomadas aqui com o António Taveira e o Francisco Pinto de Almeida (que conheço de outras "guerras")... De facto, era bom que os actuais genealogistas ou fazedores de genealogia tivessem em apreço que não interessa mais ser mero "copy paste" dos genealogistas de outrora, que já agiam também por "papel químico" muitas vezes (atente-se nas metáforas de acordo com as épocas).
Interessa ao genealogista de hoje pôr em causa as genealogias do passado confrontando-as com as fontes e corrigindo-as na medida do possível. Quando reparo em reedições de obras de autor antigo, essas reedições muitas vezes não trazem nada de novo ao interessado, estudioso, ou mero curioso dos dias de hoje. Frequentemente penso que essas reedições interessam mais ao próprio autor por questão de protagonismo e para dizer que "tem obra feita"...
Esta é a mensagem que eu deixo e pela qual também procuro nortear-me quando realizo trabalhos do género.
Abraço.
Pedro França
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** - um caso
Caro António Taveira,
Penso que neste caso em particular o problema não foi uma má apreciação da documentação por parte do Dr. Júlio Teixeira. Mas sim aceitar toda uma genealogia que lhe chegou às mãos exactamente para que ele a publicasse. O erro de Júlio Teixeira foi aceitar publicá-la sem uma prévia mínima confirmação documental. Erro que infelizmente tem acontecido mais vezes.
Há excepções, obviamente, mas o problema é o advogado em causa própria....
São sempre situações muito desagradáveis que se poderiam evitar perfeitamente.
O princípio da confirmação parece acanhar os nossos espíritos. Até no comércio isso se nota. Se compramos qualquer coisa com cartão de crédito e nos é pedida a identificação quase que nos ofendemos. Quando este é que é o procedimento certo e que deveria ser invariavelmente seguido.
Como se resolvem e gerem as consequências da aceitação à "papo-seco" dessas genealogias ? São os inocentes dos descendentes dessas famílias que depois se veêm a braços com situações muito complicadas.
O que fazer no caso de uma dessas genealogias ter dado azo a que a família ingressasse no Anuário da Nobreza de Portugal ou na Ordem de Malta ?
Tudo muito complicado e perfeitamente escusado.
Bastaria uma mudança de atitude por parte de quem é confrontado com qualquer genealogia!
Um abraço do
Miguel Côrte-Real
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** - um caso
Caro Miguel
Decididamente, és um leader. Bastou umapalvra tua para surgir uma onda de apoio. :-)
Quanto ao texto, como sabes, não posso estar mais de acordo. Por alguma razão ainda não entronquei os meus Juzarrte de Santa-Maria, apesar de tudo indicar a quem eles se ligam.
Abraço
João CC
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
caro francico pinto de almeida
pode resumir os erros dos "Azeredos". Fiquei curioso
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** um caso
Carissímo,
De partida para Lisboa, para um fim de semana revivalista, deixo-lhe aqui dois "links" para comparar:
http://www.geneall.net/P/per_tree.php?id=224456
http://pagfam.geneall.net/3323/costados.php?id=1107014
Um bom fim de semana também!
fpa
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RE: Guia prático para a falsificação de genealogias luso-brasileiras
Caro confrade António Taveira,
Concordo contigo.
A verdade acima de tudo!
Á propósito, do lado de cá do Atlântico, fraudes não faltam. Talvez o exemplo que ultimamente tenha tomado maiores vultos e fama seja: http://www.travessa.com.br/O_NOME_E_O_SANGUE_UMA_PARABOLA_GENEALOGICA_NO_PERNAMBUCO_COLONIAL/artigo/7276552b-342a-474a-ab80-998bc0a32a32 (livro que recomendo!)
Cordial e respeitosamente,
Granada
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RE: **Desconfiança nos nobiliários** - um caso
Caro João,
Fico contente por saber que ainda mexes!
Há muito que estamos de acordo quanto ao tema em causa. Quanto a lideranças só se for cá em casa entre os meus, e mesmo assim... os mais velhos já a vão disputando!
Um abraço amigo do
Miguel
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**Desconfiança nos nobiliários** – um caso
Caro Gilson Nazareth,
Reli com o gosto o seu manual. Também regularmente utilizado deste lado do Atlântico. Quanto à recomendação do livro, é uma aplicação do método? O livro ou o caso aí estudado?
Cordiais cumprimentos,
M.
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