Que nome e apelidos usar?
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Que nome e apelidos usar?
Prezados confrades,
Muitas vezes os costados de uma determinada família nomeiam uma pessoa de maneira diferente da que encontramos nos paroquiais, especialmente no que diz respeito aos apelidos. Muitas vezes encontramos, ou nós mesmos fornecemos ao Geneall, os apelidos "deduzidos" e registados nos costados, mas a meu ver o mais certo é que se corrijam sempre os apelidos para aqueles que encontramos documentados nos paroquiais.
Não sei qual é o procedimento e o entendimento do Geneall quanto a isto, mas gostaria de ouvir opiniões.
Saudações,
GRM
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RE: Que nome e apelidos usar?
Caro (a) GRM
A sua questão, que creio ser muito pertinente e interessante, muitas vezes foi motivo para a minha reflexão, e embora não tenha certezas tenho uma opinião formada com base da experiência em leitura de documentos, entre eles os referidos paroquiais.
Encontro como é comum em paroquiais nomes normalmente mais simples do que constam depois nos estudos por todos nós conhecidos, ou em outro tipo de paroquiais. Qual o nome mais correcto? Na minha opinião depende. Não creio que existam regras gerais que possamos dizer que eram transversais a Portugal continental e ilhas. Muitas vezes os podemos encontrar nomes simplificados em que é revelado uma relação de proximidade entre Pároco e diversas famílias locais, e ao mesmo tempo, o contrário acontece quando o acento é feito fora da paróquia em que os estudados eram assistentes. Mesmo agora estive a rever dados sobre uma Dona Inês que ora aparece referida como "de Vilhena" e nos paroquiais como "de Cárcome Lobo". Outros casos porém podem também reflectir uma moda ou pretensão do Sec. XVIII, em que a nobilitação ou a procura dos seus antepassados e consequente consciência das suas raízes e reconhecimento social, usando vários apelidos nos estudos muitas vezes encomendados a genealogistas da época, o que nem sempre correspondia aos nomes usados pelos seus antepassados. Usando um exemplo simples, refiro por exemplo Francisca Rodrigues, terceira mulher de Duarte Rodrigues Pimentel, que nos paroquiais surge-nos sempre e apenas como Francisca Rodrigues mas que é conhecida pelos genealogistas como Francisca Roiz Arrais de Mendonça, sem dúvida que é a mesma pessoa, mas duvido que os ultimos apelidos fossem usados por esta. Outro factor que também tem alguma influência, é a herança, em tempos em que a linhagem e nome de família estavam estritamente ligados à propriedade imóvel ou seja o património cultural, social e material estavam bastante ligados e muitos foram os Morgadios que tinham como obrigação o uso de determinado nome e apelido pelos seus sucessores mesmo que estes não usassem até à data da herança os apelidos exigidos, acrescentando-os ao seu nome e apelidos. Exemplo será o caso de um Morgadio de uns Almadas que é deixado em testamento a um filho de um amigo, de seu nome Rodrigo da Fonseca, que depois se passaram a chamar "de Almada" ou os Quinhones de Almeida que em Alhos Vedros surgem como herdeiros dos Morgados do Xaro que eram Matos Cabral e que quando herdaram(?)o dito morgado usaram chamar-se de Quinhones de Matos Cabral e assim continuaram por várias gerações.
Estes são apenas alguns exemplos que me lembrei agora, mas que espero que revelem o que de importante queria transmitir, ou seja que são tantas as variantes pelo qual uma pessoa no Século XVI ou XVII nos poderá hoje aparecer com apelidos ou mesmo nomes próprios mais ou menos compostos.
Outros exemplos poderei deixar aqui, Catarina Rodrigues Pereira, que na sua paróquia ora nos surge como Catarina Roiz, ou Catarina Pereira, mas em Santos o Novo de Lisboa, é referida como D.Catarina Roiz Pereira. Também posso dar outro exemplo Jacinta Teresa Caetana da Frota, que por vezes aparecia apenas como Jacinta Teresa ou Jacinta Teresa da Frota, ora será na minha opinião, nestes casos utilizar o nome mais completo que se encontre em registos neste caso "Jacinta Teresa Caetana da Frota".
Esta é apenas a minha opinião, no entanto será importante ter em mente que os apelidos que usaram tantos antepassados nossos mais ou menos elaborados ou extensos, visavam salvar uma memória das suas ilustres raízes, e que sem essa memória, foram muitas as famílias que perderam o uso dos seus apelidos.
Com os melhores cumprimentos,
João Gaspar
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