Camilo Castelo Branco menciona Alão de Morais
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Camilo Castelo Branco menciona Alão de Morais
Do seu livro A Corja repleto de nutrida argumentação, extraí estes fragmentos:
“Não se deve dar valor ao que escrevi numa das Novelas do Minho a respeito de Gil Vicente. Fiei-me na Pedatura de Cristóvão Alão de Morais, a quem retirei as minhas crenças quando, com um pouco mais de estudo, conheci que este genealogista era às vezes ignorante e outra vezes mal-intencionado nas suas fraudulentas origens das famílias. Depois darei a razão da minha descrença.
Eram concordes as notícias, posto que vagas e não assentes, em dar nascimento nobre a Gil Vicente, quer ele houvesse nascido em Guimarães, Barcelos ou Lisboa. Quem primeiro o fez filho de um ourives de prata foi Alão de Morais. E o Sr. Teófilo Braga que o dera fidalgo na História da Literatura Portuguesa, fê-lo depois plebeu, à conta do citado Alão, quando a procedência popular lhe conveio à profissão mecânica do escultor e poeta.”
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RE: Camilo Castelo Branco menciona Alão de Morais
Adenda:
“Não duvido que Cristóvão Alão de Morais se equivocasse com a origem dos homónimos Gis Vicentes de Guimarães; porque, de feito, houve dois contemporâneos, um que fazia os Autos e outro as esculturas. No equívoco de Alão tem grande parte a superficialidade das investigações. Como linhagista, os seus ditames raro mereceram crédito, e a opinião comum dos doutos a seu respeito era esta de D. António Caetano de Sousa, que reproduzo com todos os aleijões gramaticais:
Cristóvão Alão de Morais, desembargador do Porto, onde viveu e morreu, homem letrado na sua profissão e erudito, e mui dado às genealogias, de que escreveu seis volumes. Não se lhe pode negar que soube muito, mas não tinha intenção mui recta e que no que toca à genealogia, não merecem os seus livros estimação, porque escreveu sem escolha, de pessoas desconhecidas, e que não deviam entrar em Nobiliário, e ainda que somente para deslustrar umas e outras as meteu entre as famílias ilustres e nobres. Estes livros vi nesta corte em poder de um religioso de S. Francisco que os tinha para os vender, e querendo um grande senhor comprá-los, mo comunicou, a que lhe respondi que só para os queimar o podia fazer, porque no mais não serviam para nada. (Ap. Geneal., pág. CXXII.)”
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Caros confrades:
Há quem desconheça que Camilo Castelo Branco também foi genealogista; embora forçado pelas suas carências financeiras; a este propósito, desabafou este gigante da literatura pouco mais ou menos isto:
Dantes lia as genealogias para me ajudar a adormecer. Agora, é a necessidade que me obriga a dedicar-me a elas.
Cumprimentos,
Miguel
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Em "Amor de Perdição", cuja personagem principal é o seu tio Simão Botelho, Camilo faz uma resenha genealógica da sua família paterna:
"Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Menezes, (avô de Camilo) fidalgo de linhagem, e um dos mais antigos solarengos de Villa Real de Traz-os-Montes, era, em 1779, juiz de fóra de Cascaes, e n'esse mesmo anno casara com uma dama do paço, D. Rita Thereza Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castello-Branco,(avó) filha d'um capitão de cavallos, e neta de outro, Antonio de Azevedo Castello-Branco Pereira da Silva, tão notavel por sua jerarchia, como por um, n'aquelle tempo, precioso livro ácerca da Arte da Guerra." e continua ao longo de todo o primeiro capítulo.
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