freguesia de Alentém: Vieiras, de Soutelo (séc. XVII)
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freguesia de Alentém: Vieiras, de Soutelo (séc. XVII)
Caros confrades:
Tenho interesse num grupo familiar da freguesia de Alentém (hoje Vilar do Torno e Alentém), Lousada, de que faz parte um António Vieira, constante da base de dados em
www.geneall.net/P/per_page.php?id=348143
Tive o duplo gosto de descobrir, há dias, que esse António Vieira estava aqui referido (e nos Carvalhos de Basto), e agora de verificar que os dados foram ampliados, pelo que mais alguém estará interessado nesta família.
Com os dados de que disponho, e relativamente a essa familia:
João Dias e sua mulher Juliana Vieira viveram no lugar (ou casal, ou aldeia) de Soutelo, em Alentém, casados decerto antes de 1617-18, pois a 30.1.1633 dois filhos deles, solteiros, António e Beatriz, foram padrinhos na sua freguesia; desse assento apenas consta o nome da mãe, Juliana Vieira; mas do assento de casamento de Beatriz, a 5.1.1646, consta o nome de João Dias, com a indicação de ser então já falecido (e já falecido em 1633, decerto). O António irmão de Beatriz deve ser o 'António de Soutelo' que testemunhou a 22.5.1636 (decerto solteiro, por ser referido sem apelido) o casamento de Antónia Gonçalves, filha de Bento Dias e de Maria Gonçalves, com um Gaspar Teixeira, da freguesia de Borba de Godim (a que me refiro adiante); e deve ser o António Vieira que aparece a 6.10.1647 (sempre em Alentém) casado com Marta Vaz, baptizando então um filho Manuel; têm mais dois filhos, António, baptizado a 22.5.1650, e Belchior, b. a 8.3.1654.
Esse filho mais velho, Manuel, já aparece na base de dados, e é o avô paterno do António Vieira a que me referi acima. O irmão, António, tem um interessantíssimo testamento que se pode consultar nos paroquiais de São Pedro fins do Torno (livro de testamentos) feito com mais de oitenta anos de idade em Janeiro de 1733, em que refere o seu sobrinho Manuel Vieira e o seu sobrinho-neto António Vieira.
Admito que o João Dias casado com Juliana Vieira é que fosse ligado a Soutelo: provavelmente irmão ou filho daquele Bento Dias casado com Maria Gonçalves (Bento Dias deve ter morrido antes de 1614), o que explicaria a presença de António Vieira ("Antonio de Soutelo") como testemunha no casamento de Antónia Gonçalves; quer porque uma das testemunhas do casamento de Beatriz Vieira é o Gaspar Teixeira casado com éssa Antónia Gonçalves, e que era filho de Belchior Teixeira, morador no lugar de Vilarinho em Borba de Godim, onde se documenta desde 1605 (provavelmente com o ofício de sapateiro), ou seja, não era oriundo de Alentém.
Admito que estes se liguem familiarmante ao António de Sousa com que os Carvalhos de Basto começam a dedução da Casa das Pereiras (e que era filho de Manoel Vaz e de Maria de Sousa) mas ainda não consegui confirmar esse ponto; o filho desse António de Sousa é referido como "António [Dias] de Sousa", o que pode, ou não, ser significativo.
A Marta Vaz a que me referi acima era filha de Gonçalo Vaz, morador em S. Tiago de Cernadelo (mas que talvez não seja natural daí) e de Catarina Gonçalves.
Como estou a escrever directamente aqui (e por isso sem voltar a consultar a base de dados) penso que falta referir que o casamento de Manoel Vieira com Maria Coelha foi celebrado em S. Miguel de Silvares a 25.2.1685, sendo a noiva filha de Pêro Coelho 'de Môs' e de Maria Gonçalves.
Agradeço qualquer informação complementar.
Com os melhores cumprimentos,
Marcos Sousa Guedes
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RE: freguesia de Alentém: Vieiras, de Soutelo (séc. XVII)
Caro Marcos,
Tenho sido eu quem tem enviado últimamente esses dados para a geneallnet. Sou descendente directo desses Vieiras e foi há mais de 30 anos que comecei a investigar esse ramo da minha varonia. Sou apenas um amador nestas lides e para os dados mais recuados, que já conhecia ainda que parcialmente (João Dias, Beatriz Vieira, etc), pude contar com várias ajudas de amigos e especialistas como o António de Sousa Lara e o Dr. Maurício Antonino Fernandes. Foi aliás este último que conseguiu fazer essa ligação mais antiga com a Beatriz Vieira. Confesso-lhe que, apesar da minha confiança na competência desses estudiosos tenho mantido, até hoje, uma certa reserva em relação a esse «entroncamento», por isso, gostaria muito de confrontar os meus dados com os seus.
Já agora, o seu interesse é apenas genealógico ou é também familiar?
O meu e-mail é raul.vieira@mail.telepac.pt
Um abraço,
Raul Vieira
Direct link:
RE: freguesia de Alentém: Vieiras, de Soutelo (séc. XVII)
Caro Raul,
Muito obrigado pela sua resposta, e pela disponibilização do endereço; a seguir vou enviar-lhe o meu.
Hoje estou com dificuldade em escrever directamente aqui (parece haver qualquer falha neste campo) de modo que escrevi um texto que vou "colar" - espero que não fique desformatado ou ilegível...
Descendo também destes Vieiras, faltando-me encontrar um assento de baptismo para enviar os dados para a nossa base. A ligação vem daqui:
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=999481
Este Manuel Henriques da Silva, meu 6.º avô, terá ido para o Porto, onde morou na Ribeira (freguesia de São Nicolau) e casou a 11 de Janeiro de 1781; no assento do casamento diz-se ser ele “filho legitimo de Domingos Martins e de Luisa Nunes moradores na freguesia de Sam Pedro Fins de Torno, e neto paterno de João Martins e de Mariana da Cunha de Casanova freguesia de São João de Macieira, e materno de Antonio Vieira e Eufrazia Nunes da freguezia de Sam Mamede de Alentem" (esses já constantes da base de dados, e presumo que nossos antepassados comuns). Ainda não procurei o baptismo de Manoel Henriques, que terá nascido em São Pedro Fins do Torno, onde casaram os seus pais a 12 de Setembro de 1751, sendo aí referido que a noiva, Luísa Nunes, era “filha legitima de Antonio Vieira e de sua mulher Eufrazia Nunes desta freguezia de Sam Pedro Fins do Torno”. Curiosamente, é dito também nesse assento terem sido corridos banhos em cinco freguesias: a de São Pedro Fins onde o casamento se celebrou (e a noiva, ao tempo, residia com os pais), a de Alentém (de onde António Vieira e Eufrasia Nunes eram naturais), a de Macieira (do noivo), mas também as de Unhão e de Cernadelo (que não sei porque aparecem). O assento do baptismo dela (Luísa) já está na base de dados (eu não o tinha encontrado ainda).
Quanto às origens destes Vieiras, e tentando agora ser mais claro do que na minha um pouco confusa mensagem anterior, escrita à pressa:
Geração 1 – João Dias ‘de soutelo’ e Juliana Vieira
a) Em Março de 1611, foi baptizado na freguesia de São Pedro Fins do Torno, vizinha da de Alentém, um filho [cujo nome se não lê, por a folha estar rasgada] de Agostinho Rebelo ‘de juste’; foi madrinha “Juliana Vieira, mulher de João Dias de soutello” (é esta a mais antiga referência que encontro);
b) Dois filhos deles (ou pelo menos dela, mas não tenho razões para supor dois casamentos) estão documentados como tal: a 30 de Janeiro de 1633, “António e Beatriz, solteiros, filhos de Juliana Vieira de soutello” foram padrinhos em Alentém de uma Maria, filha de outra Maria, solteira, por sua vez filha de Domingas, também solteira, moradora no lugar de São Mamede; três anos depois, a 22 de Maio de 1636, um “António de soutello” testemunhou o casamento de Antónia Gonçalves, filha de Bento Dias, já defunto, e de Maria Gonçalves, com Gaspar Teixeira, natural da freguesia de São Miguel de Borba de Godim; e a 12 de Outubro do mesmo ano, “Beatriz, solteira, de soutello”, foi madrinha de Catarina, filha de Domingos de Meireles ‘de soutelo’ e de sua mulher Maria Jorge.
c) Finalmente, a 5 de Maio de 1646, Beatriz Vieira, que no assento é dita filha de João Dias “já defunto” e de Juliana Vieira, casou, na sua freguesia, com um Domingos António, já viúvo de N… Fernandes, e filho de Domingos António e de Domingas Fernandes da freguesia de Santa Maria de Airães (?) do concelho de Unhão; ora uma das testemunhas do casamento é aquele Gaspar Teixeira que tinha casado a 22 de Maio de 1636, sendo então testemunha o “Antonio de soutello” que julgo ser o irmão de Beatriz. A noiva de Gaspar Teixeira (que como disse acima, não parece ser desta região, pelo menos tinha nascido em Borba de Godim) era filha de um Bento Dias também do lugar de soutelo, que me parece poder ser irmão do “nosso” João Dias: se assim for, o António testemunhou o casamento de uma prima direita (cujo pai já tinha morrido então, e talvez o pai dele, João Dias, também, ou seja, António Vieira, ainda solteiro, já está, digamos assim, na ‘primeira linha’ da representação familiar, o que justifica a menção no assento.
[e se for assim, é curioso notar que o António Vieira pai de Ricardo Vieira Coelho e de Luísa Nunes será trineto por varonia de João Dias e Juliana Vieira, e a sua mulher Eufrasia Nunes trineta de Bento Dias e de Maria Gonçalves: os noivos serão parentes no 5.º grau de consanguinidade, que já não exige a dispensa canónica]
d) Se esta conjectura estiver certa, quer dizer, se forem os irmãos Bento Dias e João Dias os naturais de soutelo, talvez a Juliana Vieira pudesse ser natural de São Pedro Fins, ou pelo menos ser ela a parente do Agostinho Rebelo ‘de juste’ em grau que justifique o compadrio de 1611; mas não encontro nos paroquiais de São Pedro Fins, até 1650, moradores com o apelido Vieira (nem com o não muito comum prenome Juliana).
Geração 2 – Antonio Vieira e Marta Vaz
Admitindo que aquele “Antonio de soutelo” é o filho de João Dias e Juliana,
a) deve ser ele o “Antonio Vieira de Soutelo” que no mesmo ano do casamento da sua irmã Beatriz, 1646, apadrinhou em São Pedro Fins do Torno (a 11 de Novembro) uma Domingas filha de Manoel Rebelo (que por outros documentos se sabe ser do lugar de juste, e que poderá ser filho daquele Agostinho Rebelo do documento de 1611: o que volta a indiciar um parentesco que não pude estabelecer, e reforça a ideia da ligação de Juliana (ou de João Dias?) a São Pedro Fins e ao lugar/casal de juste;
b) no ano seguinte, 1647, Antonio Vieira aparece casado com uma Marta Vaz, moradores em soutelo (mas a noiva decerto estranha a Alentém, pois não consta dos paroquiais o assento do casamento), baptizando três filhos:
- a 6 de Outubro de 1647, Manoel, afilhado de Paulo da Cunha Coutinho, da freguesia de São Pedro Fins, e de Maria, “irmaa da mesma parida” (ou seja, tia materna do baptizado) da freguesia de Cernadelo;
- a 22 de Maio de 1650, António, afilhado de Domingos Gonçalves ‘de juste’, de São Pedro Fins, e de Margarida “irmaa da parida”, filha de Gonçalo Vaz, de Santiago de Cernadelo;
- a 8 de Março de 1654, Belchior, afilhado de Pedro, solteiro, filho de Pedro Nunes, e de Joana, solteira, filha de Gonçalo Vaz ‘de São Pedro’, ambos de Cernadelo (este sem mais notícias).
c) A 2 de Junho de 1657 Marta Vaz morreu em Alentém, ao fim de uns dez anos de casamento; curiosamente, sendo ela de Cernadelo (onde deve ter casado, estando então o assento perdido pois os paroquiais só começam em 1656), é sepultada em Alentém em “jazigo dos seus antepassados”; o vigário de Alentém desta época era cuidadoso com esta referência, que apenas faz em alguns óbitos (de determinadas famílias), o que pode ser muito útil para nós pois indicia a presença em Alentém em data anterior ao início dos paroquiais de algumas delas; mas como isso ocorre pouco tempo depois de começarem os paroquiais ainda existentes (os padres subsequentes não lhe seguem o exemplo), não é possível, por exemplo, saber se esta Marta Vaz não terá sido, antes, sepultada em jazigo da família do seu marido (e por simplificação o padre diga “seus antepassados”, referindo-se genericamente à família onde ela entrara por casamento). Sabemos que Marta Vaz era filha daquele Gonçalo Vaz ‘de São Pedro’, mencionado como pai de Joana, irmã de Marta, no baptismo de 1654; e existe o casamento dessa Joana (Joana Vaz) em Cernadelo em 4 de Fevereiro de 1658, em que se nomeia também a sua mãe, Catarina Gonçalves (o noivo Luís de Basto, da freguesia de Santão); nada mais sei sobre estes pais de Marta, Joana, Maria e Margarida Vaz, mas um deles, pelo menos, talvez fosse ou tivesse raízes em Alentém.
d) Logo a seguir ao assento de óbito de Marta Vaz está um outro, infelizmente rasgado, em que se não lê a data [será entre 2 de Junho de 1657 e Outubro de 1658] nem o prenome da falecida; percebe-se que se trata do óbito de uma mulher, de apelido Vieira, e que tem um filho António – creio que seja o de Juliana Vieira, compatível com um casamento cerca de 1605, ela com uns 70/75 anos a esta data. Não há referência à “sepultura dos antepassados” (pode indicar ser ela, como atrás sugeri, de São Pedro Fins?)
e) Para complicar um pouco as coisas, a 20 de Abril de 1659, um “António Vieira de soutello” e sua mulher Maria Pinta baptizaram em Alentém um filho, João, afilhado de Gaspar Gonçalves de b… da freguesia de São Tiago de Cernadelo e de Catarina, solteira, filha de Domingos de Meireles – pode ser o nosso, casado novamente? Não encontrei assento deste casamento. E um Antonio Vieira morreu de “morte imprevista” em Alentém a 15 de [Abril?] de 1660, sem testamento, ficando como herdeiros sua mulher (designada como Maria Gonçalves, se leio bem; poderá ser a Maria Pinta?) e seus filhos menores, e ficando sepultado na “sepultura dos seus antepassados”.
Geração 3 – Manoel Vieira e Isabel Antónia
a) A 7 de Abril de 1665, exactamente corridos dezassete anos e seis meses sobre o dia do seu baptismo, Manoel Vieira, o mais velho dos filhos conhecidos de António Vieira e de Marta Vaz (e expressamente filho deles no assento) casou na freguesia de São Miguel de Lousada com Isabel Antónia, filha de Gonçalo Gonçalves e de Ana Antónia, já defunta então; serviram de testemunhas Francisco Vaz ‘dos moinhos’, João Coelho, da freguesia do Salvador de Unhão, e Gonçalo Vaz, da freguesia de Cernadelo (decerto o avô materno do noivo, pai de Marta Vaz, ou um tio homónimo).
A partir daqui há bastante mais documentação em Alentém, de modo que para esta geração e as duas seguintes a dificuldade está na coexistência de vários Manoel Vieira e António Vieira…
abraço
Marcos Sousa Guedes
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RE: freguesia de Alentém: Vieiras, de Soutelo (séc. XVII)
Caro Marcos,
O meu amadorismo fica envergonhado com tanto estudo e tão bem feito. Vou até imprimir esta folha para a estudar com atenção em casa. Entretanto enviei-lhe por e-mail, como já talvez tenha dado conta, vários elementos que digitalizei e que podem ajudar a completar eventuais lacunas ou a confirmar algumas teorias.
Vamo-nos mantendo em contacto.
Um abraço deste seu novo primo,
Raul
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