Família Maltez - Serpa, Beja
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Família Maltez - Serpa, Beja
Prezados, boa noite.
Gostaria de indagar se alguém tem informações sobre a famíla Maltez, de Serpa, Beja.
Procuro dados especificamente de Thomas dos Santos Maltes (ou Maltez).
O único registro que encontrei onde aparece o nome dele é o batismo de seu filho, Jorge. Segue link:
http://digitarq.adbja.arquivos.pt/viewer?id=1043818
Segundo referido registro, Thomas dos Santos Maltez teria nascido em Serpa (Santa Maria) e seria filho de Joaquim José Maltez e de Margarida da Saúde.
Teria casado com Patrocinia das Dores em Santa Maria.
Agradeço qualquer informação.
Saudações.
Lucas
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Família Maltez - Serpa, Beja
retirado do FB (genealogia e história da familia)
A morte do Maltês
Maltêz significa natural da ilha de Malta, ou cavaleiro da Ordem de Malta.
Contudo em Portugal, sobretudo no Alentejo, não se sabe bem porquê, atribuiu-se o nome
de maltês, a mendigos de passagem, índividuos mal encarados, "homens desprezíveis". A palavra maltês, é quase sempre empregada com sentido pejurativo.
As condições de vida no Alentejo, por meados do séc . XX, eram muito penosas, e o número de pessoas sem trabalho fixo, ou mesmo, sem nenhum trabalho, era muito elevado, sendo a única possibilidade de sobrevivência, a esmola. Parte desses homens que andavam de Vila em Vila, de aldeia em aldeia, e até de Monte em Monte, eram denominados malteses. Ao contrário dos ciganos, que chegavam a permanecer num sítio, por vezes, uma semana; os malteses, esses, nunca dormiam no mesmo sítio mais que uma noite, circulando sempre, entre os locais onde sabiam ter certa uma esmola, quase sempre em alimentos, como sopas de pão alentejano , migas, etc.
Mas o maltês da minha infância tem laivos de Romantismo. Refiro-me ao maltês que ecoou no imaginário alentejano feito cultura. Este vagabundo, uma espécie de sem abrigo camponês, sem marca étnica que não a da rebeldia, tipificado como corpo de resistência à ordem latifundiária. Recusando o alinhamento social e os códigos de compromisso ou luta, vivendo da poesia do luar feito almofada e cobertor e de pequenos roubos de alimentos em estado bruto para matar a fome. Permanentemente acossado por guardas republicanos, o maltês estava muito longe do estereótipo do camponês proletário que lutava pelas quarenta horas. Depois, como se sabe, o último maltês não foi morto por um guarda republicano, nem por pancadas de um feitor. O último maltês faleceu por lhe terem liquidado o atrevimento da dissidência, o olhar de vagabundo com que teimava ser livre.
"Canção de maltês"
Bati à porta do monte
porque sou um deserdado.
E chovia nessa noite
como se o céu fosse um mar
entornando-se na terra.
- Quem abre a porta a desoras
morando num descampado?
E continha o rafeiro que ladrava,
na ponta do meu cajado.
Mas veio abri-la o lavrador
com a espingarda na mão,
e pôs um olhar altivo
tão no fundo dos meus olhos
que as minhas primeiras falas
foram assim naturais:
- guarde a espingarda, senhor,
sou um homem sem trabalho.
Fui secar-me à lareira.
E a filha do lavrador,
que era uma moça perfeita,
ficou a olhar de gosto
a minha manta rasgada
e o meu fato de maltês.
E com licença do pai,
estendeu-me um canto de pão
com azeitonas maduras.
Não aceitei como esmola;
antes roubar que pedir;
paguei com a melhor história
da minha vida sem rumo.
Foi uma paga de rei.
P:rá filha do lavrador
tinha muito mais valia
a história que lhe contei
que o trigo do seu celeiro,
pois estava a olhar de gosto
a minha manta rasgada.
E quando o fogo na lareira
ia aos poucos esmorecendo
agradeci como é de uso;
despedi-me até mais ver
e fui dormir pró palheiro
que é palácio de maltês.
Despedi-me até mais ver
que a gente da minha raça
mal o Sol tenta nascer
ergue-se e parte pelo mundo
sem se lembrar de ninguém.
Assim me deitei ao canto
a esperar pela manhã.
Manuel da Fonseca
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