Será de bom tom?
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Será de bom tom?
Caros confrades:
É de bom tom, um duque ou um pretendente ao trono colocar antes do seu nome (na assinatura) S.A.R.? Como se assinavam os monarcas, incluindo os Arquiduques e Grão-Duques? Também escreviam Alteza Sereníssima? E os duques, marqueses, condes, viscondes, barões, cavaleiros?
Desde já um grande obrigado aos confrades.
Duque
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Será de bom tom?
Caro Duque,
Enquanto Duque como é que assina?
Poderá ter ai a sua resposta.
Nos últimos exemplos lusitanos , Dom Carlos enquanto Principe e duque de Bragança ,antes de ser aclamado Rei, assinava “ Carlos de Bragança” numa carta timbrada com um belissimo monograma que compunha o nome “Carlos”, já numa outra carta do seu filho , Dom Manuel II em 1908 este simplesmente assinou “Manuel” por baixo da Coroa em papel timbrado.
Penso que os Reis de Portugal tinham por noma assinar : “ D.nome Rex , etc
Em frança no Sec.XVI os Reis assinavam o seu nome sem títulos a frente, pois estes eram intrínsecos à sua condição e conhecidos de todos, não havia necessidade de se distinguir dessa forma quem “per si” é já tão distinto.
Já quem é pouco conhecido ou inseguro nas pretensões, tende a repetir e insistir em formalidades que nos parecem de alguma forma aberrações, porque as são de facto, e assim passar ser reconhecido.
Na heráldica o mesmo também acontece, dou-lhe um pequeno exemplo que é aceite por todos nós, as Armas de Portugal, são de uso pessoal do Reino e do Rei ou Rainha de Portugal, ora a Serenissima Casa de Bragança sempre teve as suas armas distintas do Reino ( além de ser a Casa mais poderosa de Portugal, vinha por duas bastardias seguidas e com regras muito próprias na construção das suas armas , só após 1640 a Casa de Bragança e a Casa Real se tornaram una , mas ainda assim o filho mais velho , herdeiro dos Reis da Casa de Bragança / Bragança de Saxe-Coburgo-Gotha eram duques de Bragança, assim o foram Dom Carlos I e Dom Luis Filipe , Dom Manuel II fora duque de Beja antes de ser Rei de Portugal. Basta uma visita ao Palacio da Ajuda ou a Vila Viçosa para constatar que os Principes Reais de Portugal herdeiros ao trono eram duques de Bragança e usavam as suas armas pessoais enquanto duques de Bragança , apenas o Rei tinha ( e acho que ainda tem ) o direito a usar as armas do reino. Assim sendo, e parece ser de comum acordo, após 1910 ficando o país privado do seu Rei e do regime monárquico , Dom Manuel II seria rei no exílio de facto, e como tal poderia usar as armas do Reino assim como as armas de duque de Beja ou as de duque de Bragança por cortesia, após a sua morte as armas do Reino de Portugal tal como o seu trono ficaram vacantes , pois estão estritamente ligados um ao outro desde a sua fundação. Polémicas à parte, penso que ninguém duvida que S.A.R. Dom Duarte de Bragança é o actual duque de Bragança e demais títulos associados a ele, é o Chefe da Casa Real mas não é nosso Rei . Assim, penso que poderia usar as armas de duque de Bragança enquanto pretendente e jamais as do Reino de Portugal, pelos motivos que atrás expliquei. Mas se de facto ilustres mais qualificados cegos por querer tanto uma causa, aceitam o uso inapropriado dos nossos símbolos nacionais justificado por uma pretensão ainda que legitima, isso poderá retirar a confiança em tais instituições, saindo assim o tiro pela culatra.
Penso que a sua questão da assinatura tem pontos em comum com esta minha questão heráldica, motivo pelo qual escrevo estas palavras, assim em correspondência formal ou invocado por terceiros SSAARR serão assim apresentados mas quando assim assinam leva-me a crer que se trata de desconhecimento ou insegurança nas suas pretensões , recordo que a soberana mais antiga Europeia e a mais popular no Mundo , assina tão somente " Elizabeth Regina “
Com os melhores cumprimentos
João Paulo Gaspar
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Será de bom tom?
Caro Duque,
Na minha resposta , esqueci de referir o mais importante em relação à sua questão.
O que significa S.A.R. ? A quem é dirigido?
S.A.R. é um Pronome de tratamento.
Pronome de tratamento ou formas de tratamento, são palavras ou sintagmas usados pelo falante de uma língua com o objetivo de dirigir-se ou referir-se a outra pessoa estando em uma relação de interação comunicativa. Mais do que simples direcionamentos, as formas de tratamento são engrenagens linguísticas que designam uma série de significados na relação com o falante.
Ou seja não faz sentido o próprio referir-se a si ( Assinar ) com o pronome de tratamento, não se trata de ser “bom tom” ou “mau tom” é uma questão de certo ou errado o emprego do pronome de tratamento.
Penso que há uma confusão entre pronome de tratamento e assinatura pessoal e ou oficial.
Dando mais uma vez o exemplo d’El Rey Dom Carlos , enquanto duque de Bragança assinava Carlos de Bragança , enquanto rei muitas vezes assinou apenas C.R. no entanto se alguém se dirigisse ao Rei de Portugal deveria usar o Pronome de Tratamento: “ Sua Majestade Fidelíssima, El Rei Dom Carlos I de Portugal , Algarves etc. Ao Principe Real de Portugal ( Principe da Beira )e os Herdeiros aparentes usavam o Pronome de tratamento de Sua Alteza Real , no entanto os Infantes de Portugal e os filhos segundos do monarca tinham o Pronome de Tratamento de A.R. (Alteza Real o Principe Dom Afonso, duque do Porto, ex.)
"Em 1597, por alvará do rei D. Filipe I de Portugal datado de 16 de Setembro, dá-se a primeira provisão legal sobre o emprego de cada tratamento. A partir daqui, utilizam-se as formas de tratamento da seguinte maneira:
Vossa Majestade - estilo reservado ao rei e à rainha
Vossa Alteza - príncipes e seus sucessores no reino; princesas; infantes e infantas; genros, noras, cunhados e cunhadas do rei
Vossa Excelência — reservado aos filhos e filhas legítimos de infantes; por especial mercê, é este o tratamento reservado ao Duque de Bragança”
Assim sendo S.A.R. Dom Duarte, duque de Bragança deveria ser tratado como “Vossa Excelência” mas enquanto legitimo representante e pretendente ao trono de Portugal é de certa forma empregue por reconhecimento geral o prenome de tratamento de “ Sua Alteza Real” , por ser Principe de Sangue de uma Casa Real não reinante.
Este assunto leva-nos ainda para outra questão , Dom Miguel I de Portugal, nunca foi duque de Bragança, de facto foi Senhor da Casa do Infantado, duque de Beja e Senhor de Samora Correia , foi ja no exílio que foi pretendente com os demais subsidiários , mas como não podemos ignorar a nossa história , o ramo exilado não foram mais que pretendentes ao titulo de duques de Bragança quando de facto foram duques de Bragança os primogénitos da Casa Real de Portugal que reinou até a morte de Dom Manuel II o ultimo rei de Portugal em que o titulo de duque de Bragança estaria reservado para o seu primogénito caso tivesse tido filhos. Ora em 1932 faleceu Dom Manuel II de Portugal e em boa verdade Dom Miguel I nunca foi o 17º duque de Bragança, nem seu filho Dom Miguel o 22º duque de Bragança pois este faleceu em 1927, portanto antes de Dom Manuel II de Portugal. À Data da morte de Dom Manuel II , seria então o 21º duque de Bragança Dom Duarte Nuno e após a sua morte Dom Duarte Pio o 22º duque de Bragança e não o 24º como aqui consta. Estes pequenos detalhes contribuem para uma confusão de pretensões versus realidade que em nada ajudam a causa monárquica , que na tentativa de legitimar o que é mais do que legitimo , sem ser necessário incorrer em maquilhagens e truques que justifiquem o amor que o povo português tem pela Casa Real.
cumprimentos
João Paulo Gaspar
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