Pedro Maria Alcântara, suposto filho D. Pedro, Imperador do Brasil
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Pedro Maria Alcântara, suposto filho D. Pedro, Imperador do Brasil
Com o título D. Pedro Real descobri recentemente na Internet um texto que afirma, uma vez mais, que Pedro Maria de Alcântara (PMA) é filho bastardo do Imperador do Brasil e de uma açafata da sua filha Maria, rainha de facto de Portugal.
Aí afirma-se que PMA era conhecido por D. Pedro Real e, entre outras afirmações destituídas de qualquer referência documental, que era filho do Imperador do Brasil.
Penso que não se deveria insistir nesta filiação, inclusive neste site de genealogia, pois uma não verdade repetida muitas vezes pode acabar por se tornar uma suposta verdade. Além disso, a data de nascimento de PMA aqui publicada pode ser verdadeira, mas não a freguesia onde nasceu ou foi baptizado, S. Jorge de Arroios - basta ir verificar e nada se encontra. Se o tal texto "D. Pedro Real" nessa parte estiver correcto, PMA foi baptizado nessa data, mas na Igreja da Misericordia - S. Roque - por ter sido posto na roda da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Ignoro, como qualquer outra pessoa, se o é ou não é, mas o que é um facto é que não existe qualquer documento que o prove e, portanto, até prova em contrário não é! Não se pode, de fonte em fonte, ir repetindo um facto para que não existe a menor prova. O contrário é abusivo e não abona a favor da ciência auxiliar da História que é a genealogia.
Aliás, o bom-senso indica que não é filho do Imperador coisa nenhuma:
- o Autor do texto refere que a visita do Imperador à Santa Casa da Misericórdia pouco depois de PMA aí ter sido posto, foi arranjada. Como sabe?
- Faz sentido que tendo lá ido tenha tido dó e tenha querido conhecer e apadrinhar o bébé que mais recentemente lá chegara. Era uma maneira de facilitar a sua criação e a vida posterior de um destes bébés abandonados. E é igualmente natural que lhe quisesse, como padrinho, dar o seu nome Pedro de Alcântara, acabando este por passar a apelido à sua descendência
- Seria muito estranho que um pai quisesse ser padrinho do filho!
- Qualquer pai, se não quisesse reconhecer o filho, mas lhe quisesse facilitar a vida futura, dar-lhe-ia um "bom" padrinho, mas não ficaria seu padrinho! Nesse caso o Imperador teria pedido a um dos grandes do Reino para apadrinhar o seu filho, mesmo sem necessidade divulgar que era seu filho,
- Atendendo à quantidade de filhos bastardos que o Imperador teve não se entendem eventuais pruridos para reconhecer mais um...
- Mesmo que, num exercício meramente teórico, fosse pai do PMA, ao não o reconhecer demonstrava que não o queria ter como filho ou, ao menos, que teria dúvidas que o fosse.
- O texto acima referido transcreve o registo de entrada do recém-nascido na Santa Casa da Misericórdia e verifica-se que ali chegou com roupas pobres e velhas: "...por cueiro um trapo de chita... tudo velho". Se fosse filho do Rei e da açafata haveria necessidade de nem sequer o vestir minimamente bem, mesmo que fosse para o deixar na roda? O mínimo seria, não digo deixar-lhe um enxoval de principe, mas ao menos vesti-lo com roupas não velhas.
Refere o mesmo Autor que até 1920 este suposto "segredo" permaneceu escondido e só nesse ano foi "revelado" por Marcelino de Almeida Lima na sua obra "Famílias Faialenses" e, infelizmente, repetido noutras obras sem, repito, sequer qualquer indício científico.
As principais fontes que o Autor do texto "D. Pedro Real" invoca são as informações de um seu descendente... É natural que um descendente de um filho de pais incógnitos (também tenho um de pai incógnito) queira descobrir de quem esse seu antepassado seria filho e, mais ainda, que lhe queira dar a melhor ascendencia possível. Neste caso, sendo afilhado do Imperador, e assim tendo vivido no Paço, nada melhor.
Uma última precisão, não se pense que tenho alguma contra a ideia, aliás, só teria a favor já que dessa forma os meus filhos seriam próximos descendentes da Casa Real portuguesa, uma vez que PMA é trisavô da minha Mulher. Trata-se tão só de uma questão de rigôr. Enquanto não houver uma prova documental, PMA é filho de pais incógnitos, pai e mãe!
Outra ainda, nunca o meu sogro sequer indiciou essa filiação do seu bisavô PMA.
Repito que só haveria vantagens em acabar "de vez" com esta corrente de imprecisões até, eventualmente, se encontrar uma fonte documental que indique a filiação de PMA.
Melhores cumprimentos
Luiz de Albuquerque Veloso
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Boa tarde
Hoje em dia seria fácil de comprovar: DNA (Y) se tivesse descendentes por linha varonil.
Cumprimentos
João Reis Caldeira
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Meu Caro João Caldeira
De qq modo, não é com ADNs que se faz genealogia, mas com docs,
É uma pena que se insista em fantasias que desacreditam a genealogia, os seus investigadores e os seus apaixonados!
Lembro-me de dois outros casos relativamente recentes, nossos, portugueses, de muita imaginação que, tb, foi reflectida nalgumas obras, mas cuja verdade, por falta de provas, acabou reposta e os delírios genealógicos ultrapassados. Esperemos que este tb seja um desses casos e que em breve se ponha um ponto final a esta fantasia. Era bom que isso fosse reflectido neste site...
Melhores cumprimentos
Luiz de Albuquerque Veloso
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Caro Luiz de Albuquerque Velozo
Lamentávelmente muitas pessoas preferem uma ficção ilustre à realidade comum.
Concordo consigo que qualquer tese genealógica deve ser comprovada documentalmente, porém não afasto a questão do DNA.
A investigação genealógica tem muitas centenas de anos (vem de outros milénios) e o estudo do DNA apenas décadas. Porém sendo eu um defensor da documentação para a comprovação geneológica (contra a simples dedução), não afasto, num caso tão específico e relativamente recente o estudo genético.
Se o Pedro Maria tivesse sucessão varonil e houvesse da parte dos descendentes boa fé, seria fácilmente comprovado se era filho ou não de D. Pedro.
Pelas razões que invoca parece-me mais que provável que não seja e sendo assim concordo inteiramente consigo que não há razão para que esta ligação esteja assim na base do Geneall.
Com os melhores cumprimentos
João R. Caldeira
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Na verdade neste caso nem precisa da comparação do Y-Dna. Dependendo do n. de gerações até ao pretenso antepassado em comum (neste caso se os testados forem bisnetos ou mesmo trinetos de D.Pedro), qualquer teste autossomico já serve para comprovar ou não um suposto parentesco com bastante segurança.
A utilização das ferramentas genéticas em casos especificos da genealogia é muito comum nos países anglo saxonicos mas em Portugal não parece despertar o mesmo interesse.
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E eu diria que ainda bem que os testes ADN não servem para a pesquisa genealógica... Além da maçada, incertezas e mesmo complicações jurídicas poderiam levantar alterações à filiação, certamente que originaria muitas surpresas desagradáveis e totalmente desnecessárias.... ao se "descobrir" que afinal aquele filho não o era do marido da mãe como consta....
Ponho as mãos no fogo pela minha Mãe, pelas minhas Avós e mesmo pelas minhas Bisavós, agora mais para trás, sei lá como eram e como se comportavam as minhas antepassadas.... Tal como agora, também havia certamente mulheres muito "arejadas" como eufemisticamente a minha avó paterna dizia...
Melhores cumprimentos
Luiz de Albuquerque Veloso
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