A concessão massiva de títulos no séc. XIX
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A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Gostava de saber o que motivava a concessão de títulos no último século da monarquia lusitana. É que foram tantos desde D. Luís! Está bem que sempre houve uns que sei que foram agraciados pelos seus serviços de uma vida à nação ou às artes e ciências... Mas a maioria não terá sido agraciada só... por ter "comprado" os títulos, por ser simplesmente gente endinheirada?! Como é que eles foram merecer o título (que ninguém se ofenda: tenho um parente latifundiário que também não faço ideia como ele foi entitulado)...
Muito obrigado.
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Caro DiogoA
Veja o tópico "Compra de títulos. É verdade ???".Deve encontrar algumas respostas.
Cordiais cumprimentos
Manuel da Silva Rolão
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Caro DiogoA
De facto, devem ter sido centenas os títulos criados por D. Luís e D. Carlos! Com tanta variedade, certamente que houve vários motivos para tantas “mãos largas” e cada caso terá uma explicação própria. Queria referir aqui um em especial, que na minha modesta opinião pessoal deve ser dos mais (senão o mais) importante: o caciquismo político dos meados/finais do séc. XIX e inícios do XX.
Como se sabe, nessa altura começou a haver partidos políticos e eleições nas quais, pelo menos alguns, votavam. Surgiram então os designados “caciques”, i. e., os dirigentes partidários ou membros de larga influência em determinado concelho ou região, que tudo faziam para atrair os votantes, tal como hoje, mas não necessariamente pelos mesmos métodos. É conhecido o interesse em “controlar” os padres das freguesias e outras figuras influentes, ou potencialmente influentes, de modo a aumentar o peso de determinada facção no local. Na 1ª linha desse tipo de pessoas estariam sem dúvida as novas fortunas, a maior parte das quais nas mãos dos chamados “brasileiros”, indivíduos que tinham emigrado para terras de Vera Cruz e lá tiveram sucesso e regressaram ricos. Em bom abono da verdade, muitos deles, fizeram obras importantes na sua terra, em verdadeiros actos de generosidade para com o bem comum. Mas quer por essa condição de gente abastada, quer por os lugares de funcionalismo público ainda estarem, se não na lei, pelo menos na prática, “reservados” aos descendentes das antigas famílias da nobreza do Antigo Regime (até porque muitos destes tinham outra preparação cultural, muitas vezes, incluindo um Bacharelato por Coimbra), não era com “jobs” que se podia cativar esta gente. Antes sim, com umas comendas de Cristo ou mesmo Vila Viçosa e mais ainda, um título nobiliárquico, normalmente, barão ou visconde. Parece-me que haveria também aqui algum jogo de conveniência por parte das famílias tradicionais com estas nobilitações: é que se muitas desdenhavam deste “distribuir de coroas”, muitas também tiraram partido disso, pois verificaram-se inúmeros casamentos entre gente de “sangue velho”, mas em situações económicas cada vez menos desafogadas, com pessoas dos neo-nobres, sem pergaminhos, mas com muito melhores finanças.
É claro que não foi só este “tipo” de gente a ser agraciada, mas também indivíduos que se destacaram nas armas, letras, ciências, comércio, indústria ou cargos palatinos. Casos houve em que o simples acto de hospedar a Família Real em sua casa quando esta andava em viagem pelo país, valeu um título aos donos da dita casa.
Convém também relembrar que os títulos dessa época eram puramente honoríficos, já sem qualquer cedência de direitos régios, mas bem antes pelo contrário, obrigando o agraciado a pagar os direitos de mercê, que não eram propriamente baratos e foram muito oportunamente expostos aqui por Nuno Borrego (veja o tópico “Direitos de Mercê dos Títulos e outras mercês”). Portanto, mesmo para o Estado esta questão dos títulos não era nada mau “negócio”, o que certamente facilitou a sua disseminação.
Esteja é certo que nunca houve compra de títulos do tipo “Quanto custa?”; “barão-x, visconde-y, etc”; “Então, dá cá um de ...”. Antes sim toda uma rede de interesses, que não só dos agraciados!
Volto a frisar que esta é apenas a minha ideia pessoal, de mero curioso destas coisas histórico-genealógico-nobiliárquicas!
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Vasco
Uma vez mais, encantado! Uma explicação simples, suficientemente esclarecedora.
Bem gostava que muitos sociólogos e historiadores "encartados" o lessem e sobretudo consigo aprendessem.
Parabéns e um grande abraço!
Manuel Maria
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Era de uma vêz um cidadão barcelense, homem de grandes cabedais, o qual foi abordado por um cacique político para que aceitasse o título de Visconde. Recusou e disse : Tomás nasci, Tomás morrerei, não preciso de ti nem do rei.
... e a mercê foi para outro, porque era preciso obter esse valor! Verdade? Simples Estória republicana ? O certo é que verifiquei a existência da concessão do título em 1905.
Tambem nunca consegui saber a razão da atribuiçâo do título de Visconde de Semelhe ao irmão do meu bisavô José. O investimento nas Termas de Caldelas parece que foi posterior ao título.
Mas casos havia em que o título era concedido sob o compromisso de realização de benfeitorias públicas , como escolas, asilos , etc.
vbriteiros
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Ao menos o Alpendurada ainda espadeirou no Exército Libertador e de uns tiraços com as pistolas Forsyth - que me não tocaram...
e para além das campanhas no Algarve e Alentejo, onde muito sofreu com a falta do chá, e das suas tisanas e outras infusões, com água de confiança, soube fazer bons e rendosos negócios para si e para os munícipes do Porto! Acho que tb. protegeu algumas orfãs, viuvas e cantatrices italianas, mas não há notícia de bastardos...
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
Faço minhas as palavras do magalp referentes aos seus esclarecimentos! Muito obrigado.
Diogo
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RE: A concessão massiva de títulos no séc. XIX
A este propósito ocorre-me a expressão "foge cão que te fazem barão?"
"Para onde, se me fazem visconde?".
Estou à vontade para a citar pois sou detentor de dois títulos do sec. XIX, embora a nenhum deles se possa atribuir a origem de favor.
Alexandre Burmester
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