Oficiais Generais (1640/2000)

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Oficiais Generais (1640/2000)

#27560 | alentejo | 28 Sep 2002 23:28

Informação retirada dum site militar, que julgo merecer divulgação:


"O General CEME atribuiu à Biblioteca do Exército* a direcção e coordenação de um projecto de investigação histórica sobre os Generais do Exército Português, pretendendo-se que abranja todo o período decorrido desde a Restauração (1640/2000), com vista à edição de um dicionário biográfico.



Trata-se de um trabalho de grande envergadura - uma vez que se estima ter havido mais de 2000 Oficiais-Generais nestes quatro séculos - que terá a colaboração de várias instâncias e órgãos militares.



Mesmo assim, torna-se óbvio que a sua conclusão só será exequível em prazo razoável se nele tiverem participação activa outras pessoas que se voluntarizem para pesquisarem e redigirem as curtas biografias de todas essas personalidades.



Tendo em vista permitir que os investigadores possam vir a fazer, no futuro estudos de âmbito sociológico, será desejável que também se reunam, além dos dados sobre a carreira militar, elementos de carácter social e familiar (ascendentes, colaterais, descendentes) e bem assim sobre outras actividades não militares que tenham desenvolvido ao longo da sua vida, designadamente cargos políticos, administrativos ou em órgãos sociais, actividade literária ou artística, entre outros.



Ciente da boa vontade e do desejo de participação num empreendimento de tão grande interesse para o Exército, o General CEME endereça convite a todas as pessoas, militares ou civis que, de alguma forma, desejem colaborar nesta obra."



* Biblioteca do Exército

Rua do Museu de Artilharia

1149-065 Lisboa

Tel. 21 884 23 59 (militar 423 059)

Fax. 21 884 25 23 (militar 423 223)

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27568 | magalp | 29 Sep 2002 11:50 | In reply to: #27560

Meu Caro Nuno

Esta sua notícia enche-me de júbilo!
Vai o Exército honrar a memória dos seus Príncipes, publicando as respectivas biografias. Evidentemente q. tenho o maior interesse nisso, pois nestes cabem muitos avós e tios avós meus que muito me dizem, exactamente por isso, por terem sido Oficiais Generais, ainda q. uns menos afortunados do q. outros... e talvez porque seja um teimoso "navegador" contra corrente dominante, tenha mais simpatia pelos perdedores do q. pelos ganhadores.
Por isso muito me comovi em Vilar d'Ossos, lá no cú de Judas da raia transmontana, tendo nas mãos pertences particulares e vasta correspondência dos 1º e 2º Generais Viscondes de Montealegre, veteranos das "campanhas peninsulares" (a bela segue do 2º Visconde foi óptimamente restaurada e está hoje na posse do Engº Gonçalo Meirelles, na sua Casa de Sto. Antonino).
O T. General Gaspar Teixeira de Magalhães, igualmente veterano das "campanhas peninsulares", controversa figura militar e decididamente um perdedor, é tb. um meu muito estimado avô e como tal, o seu retrato oficial está na minha sala, lado a lado com três Tios, igualmente ilustres e igualmente perdedores -Lopo Vaz de Sãopayo, IX Governador da India, e os T. Generais Manoel da Silveira Pinto Teixeira e Gomes Freire de Andrade.

Mas não menosprezo a memória de ganhadores ilustres. tenho para mim como o mais brilhante Oficial General (dentro do período) o Marechal Duque de Saldanha. Figura ímpar, no seu tempo! Muito no mesmo plano e até com algumas vantagens, o Marechal Duque da Terceira. Outro Príncipe feito em campanha, verdadeiro exemplo de dedicação à Pátria, a SM a Rainha e à "Carta", foi o T. General Francisco Azeredo, Conde de Samodães. A sua biografia é um encanto, um verdadeiro modelo de honestidade e valentia.
Bem no nosso tempo, temos o "meu" General, verdadeiramente o último Príncipe do Exército, Marechal António Ribeiro de Spínola. Felizmente vivos, há alguns (poucos) Tenentes Generais que muito honram a História do Exército. Não exito, citando Kaúlza de Arriaga, Luz Cunha, Carlos Azeredo, "o Senhor de Cacine e Aldeia Formosa", Diôgo Netto, "o Tigre de Bissalanca"...

Mas Nuno, tenho grandes dúvidas de q. os familiares destas grandes figuras possam dizer, escrever algo sobre as mesmas. Até porque "ninguém é profeta na sua terra... ou, em casa de ferreiro, espeto de pau...".
Diria q. mais por ignorância do que por modéstia. Conheço alguns representantes desta Ilustre Gente, q. parecem fazer gala em desconhecer os feitos dos seus maiores...
Mas, para além dumas poucas biografias, temos o "Dicionário Portugal", de Esteves Pereira bem como NPB, onde encontramos biografias muito completas.
Relatos familiares, só conheço os do 2º Conde de Samodães, referindo-se ao seu ilustre Pai.

Fico na expectativa da obra anunciada!
Grande abraço,
MM

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27569 | magalp | 29 Sep 2002 11:56 | In reply to: #27568

Passe largo o exito (talvez influencia de corredores publicos...) em vez de hesito. Faltou-me o nosso sargento, que tem de saber ler e escrever, segundo SA o Príncipe De Lippe...

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27585 | alentejo | 29 Sep 2002 14:28 | In reply to: #27568

Meu Caro Manuel Maria,

Esta iniciativa do EME é para mim a mais importante tomada desde a publicação, nos idos anos 50, dos Decretos do Conselho da Guerra. Importante é também a abertura do General CEME ao solicitar ao público em geral a participação nessa obra, na qual penso colaborar com o pouco que sei sobre algumas figuras, essencialmente dos séc. XVII a XIX.
Curioso também é terem solicitado elementos genealógicos (camuflados como ascendentes, descendentes e colaterais), como importante é começar-se a dar relevo às biografias, à semelhança daquilo que se faz em Inglaterra, EUA e na generalidade dos países com história, ainda que o caso dos EUA seja recente de mais para investigações góticas.
Em relação ao decreto de Lippe, de 1762, diz (mais ou menos), que o sargento das companhias tem que saber ler e escrever, porque o oficial, sendo fidalgo, pode não o saber. Ora a razão de ser deste decreto prende-se com a escrituração de toda a documentação das companhias, surgem por esta época os livros mestres e todo o Exército sofre uma remodelação a todos os níveis, sendo uma das mais importantes não ser permitido aos oficiais "venderem" os seus postos a outros. O serviço da artilharia começa a ser alimentado com oficiais da 1.ª nobreza já que até então eram essencialmente oficiais estrangeiros a terem o seu comando. Enfim, aguardemos :-)

Grande abraço

NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27586 | LCM | 29 Sep 2002 14:38 | In reply to: #27585

Caro Nuno,

Correu tudo bem?

Desculpa a minha ignorância: acima de que posto é que são Oficiais Generais: Brigadeiro? Pode ser que eu possa escrever algumas biografias mas gostava de saber de quem...

Abraço
Lourenço

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27587 | alentejo | 29 Sep 2002 14:49 | In reply to: #27586

Viva Lourenço,

Correu tudo muito bem, depois falamos.

Exactamente. Essa designação hoje já não existe, agora são Majores-Generais; antes Generais de Brigada e antes Marechais de Campo.

Abraço

NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27588 | artur41 | 29 Sep 2002 14:53 | In reply to: #27587

Caro Nuno


Por favor não esquecer o posto de Brigadeiro-General: é o General de "Uma estrela". Ou seja, é o primeiro posto no "Generalato"!


Grande abraço

Artur

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27589 | alentejo | 29 Sep 2002 15:08 | In reply to: #27588

Caro Artur,

Obrigadíssimo. Tinha-me esquecido desse.
Esse posto foi criado em 1823 e ainda existiram alguns. Hoje esse posto também existe, vem "substituir" o Coronel Tirocinado, mas julgo que ainda não existe nenhum promovido. É o equivalente ao Comodoro, na Armada.
A sua re-criação prende-se com o facto de existir este posto nas forças aliadas e cada vez que pediam um brigadier-general para missões nível NATO, Portugal enviava um Brigadeiro, posto acima do solicitado.

Grande Abraço

NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27593 | artur41 | 29 Sep 2002 15:25 | In reply to: #27589

Caro Nuno


Não tens de quê!

Já existem Brigadeiros-Generais e Comodoros.


Grande abraço

Artur

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27595 | LCM | 29 Sep 2002 15:28 | In reply to: #27589

Caro Nuno,

Um "Tenente General" e um "Governador e Capitão General do Algarve" estão incluidos neste trabalho?

Abraço
Lourenço

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27596 | alentejo | 29 Sep 2002 15:32 | In reply to: #27595

Lourenço,

Tenho a certeza que sim. Amanhã tenho que ir ao AHM e passo pela Biblioteca do Exército, para ver em que pé está esse trabalho e daquilo que precisam, não vá o diabo tecê-las e estar a perder tempo com biografias que já existem, para saber se precisam de fotos/gravuras, etc. Depois digo-te o que houver.

Abraço
NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27598 | LCM | 29 Sep 2002 15:45 | In reply to: #27596

Caro Nuno,

Também estou a pensar ir de manhã (depois das 11.30...) ao A.H.M. acabar uma investigação. Aproveito para te pedir o favor de me trazeres o indice do Moser mesmo que não o tenhas digitalizado porque preciso mesmo dos originais.

Abraço
Lourenço

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27627 | aburma | 29 Sep 2002 19:45 | In reply to: #27568

Caro Manel,

Das matas da Guiné não tive felizmente experiência. Mas associo-me à tua homenagem ao nosso "avô" comum Gaspar, 1º Visconde de Peso da Régua. Acho contudo exagerado dizeres que era "decididamente um perdedor". Terá perdido mais vezes do que as que ganhou, é certo, mas não deixa de constar, por exemplo, do Quadro de Honra da Revolução de 1820 (pese embora o seu posterior alinhamento com outra facção).
A sua biografia, como todos saberão, está bem ilustrada em NPB.

Um abraço

Alexandre

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27653 | magalp | 30 Sep 2002 10:55 | In reply to: #27627

Alexandre

Do Avô Gaspar há realmente muitas notas biográficas aqui e ali, sendo talvez a mais interessante a de NPB. De resto já tinha dito ser NPB quem melhor desenvolvimento dá das pessoas notáveis da nossa História, sejam velhos sejam novos titulares.
Mas se analisares bem a vida do Avô Gaspar (oriundo e muito apaixonado pela Artilharia) para além das "Campanhas Peninsulares", a sua vida militar foi um somatório de desastres...
A sua marcha de "Mijavelhas" a caminho de Lisboa, em 24 de Agosto, (acompanhado pelos Generais Sepúlveda e Drago) foi mais uma acção de revolta contra Beresford do que propriamente uma revolta dita liberal...
Saberás o q. lhe aconteceu em Lisboa, após o seu pronunciamento vitorioso...
Aqui para nós os q. ninguém nos ouve, não achei bonito q. tivesse aproveitado a ida do velho Marechal inglês ao Brasil, para convencer SM a voltar a Lisboa, tratando importantes interesses de estado, duma forma q. a nenhum português de então lembou fazer...
- esta gostaria q. ATF/Portuguez comentasse -

Quando leres "O Senhor Visconde", acerca do sítio do Porto, poderás ver a série de disparates que ordenou a partir do seu QG de Águas Santas, então como Major-General de D. Miguel, comandando uma formidável força, tendo os mais honrados, valentes e briosos generais sob as suas ordens.
Como pequeno exemplo ilustrativo, dir-te-ei que na sua primeira salva de artilharia, espécie de cartão de visita dele, a partir de Vila Gaya e dirigido ao Porto, acertou nada mais nada menos do que em casa da filha - uma Senhora do Poço, c.c. José Augusto Leite, Morgado de Paço de Souza, Coronel das Milícias da Maia, que então estava igualmente envolvído no sítio ao Porto...
Outros "acertos" foram no único jornal miguelista da cidade, bem como aos frades loios, tb. miguelistas façanhudos!
Finalmente, vencido acolheu-se à maganimidade de SMI Dom Pedro, através do parente General Conde de Vila-Flôr, já Duque da Terceira.
Mas a sua fazenda pessoal, as suas Casas da Calçada e Celeiroz (donde vem o óptimo tinto "Ceiroz"...) estavam já a 1/2 passo do descrédito da ruína. Bom património que fora. Creio bem q. os primos Robys não herdaram já um palmo daquelas belas e velhas terras, em Vila Real.
Fiquemos por aqui, pois posto a falar disso não mais me calo!
Outro abraço!
Manel

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27654 | Rui Portugal | 30 Sep 2002 11:12 | In reply to: #27653

Caro Nuno,
Pelas últimas mensagens julgo que estarão incluídos oficiais generais miguelistas cujo posto não foi reconhecido pelos liberais. Será assim?
Um abraço do
Rui Portugal

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27710 | aburma | 30 Sep 2002 22:22 | In reply to: #27653

Caro Manel,

Realmente todos sabemos que o cerco do Porto foi um verdadeiro fiasco para os sitiantes, que reuniam todas as condições para o êxito. Aliás o fiasco começou no modo como o Exército Libertador, com todo o à-vontade, e provavelmente para sua própria surpresa, desembarcou e entrou no Porto. Também sou capaz de estar de acordo contigo que o objectivo de Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda em 1820 era apenas o de afastar o Beresford: não me parece que o animassem grandes ímpetos liberais!
A propósito desta última referência, recebi hoje o livro "Os Oficiai d'El-Rei Dom Miguel", aproveitando para felicitar os promotores da iniciativa, e em particular o noso confrade Nuno Borrego. O livro é realmente uma mina de informação. Já contava com a aparição do nosso avô Gaspar (meu 5º avô) e do meu tetravô (pai de Serpa Pinto) José Maria de Figueiredo, mas além destes dois contei mais dois tetravós (um dos quais o futuro 1º Conde de Alvelos), um tio-tetravô, um tio 5º-avô (Bettencourt) e ainda um tio 6º avô (este devia ser da "brigada do reumático" :)) Pode ser que depois disto o nosso amigo Briteiros me deixe de chamar "Malhado" (embora eu aqui não diga quantos antepassados e colaterais tive do outro lado, especialmente na família Serpa Pinto:)
E surgem também no livro, claro, inúmeros outros nomes conhecidos. Em suma, grande documento.

Um abraço

Alexandre

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27739 | magalp | 01 Oct 2002 11:43 | In reply to: #27710

Alexandre

Ainda não recebi o livro. Normalmente costumo pedir ao Nuno para me mandar as suas publicações para o Luís Barrozo, que muito frequento aqui ao pé, na esquina...
Desta vez não disse nada. Com a história das mudas, das obras, da falta de PC, sequer me lembro de ter feito a inscrição. Mas, com o maior rigor e as mais selectas formalidades, o Luís Amaral requereu-me há dias a minha direcção para o envio do mesmo livro. Já respondi em conformidade, quase ao som da marcha de Helgar...
Soube já q. o lançamento foi um sucesso!
Os nossos avós e tios miguelistas, convencionados ou não em Évora-Monte terão sido homenageados, ovacionados pelos presentes de nó na garganta e lágrima rebelde no canto do olho...
O desgosto q. não terá a mesa das 3ªs feiras, do Club, em não ter participado...

Imagino os "morras" aos liberais, malhados, jacobinos, maçónicos, estrangeiros, seguidores de SMI Dom Pedro IV e de sua filha Dona Maria II. Esses mercenários duma figa, pagos a peso de ouro pelo cofre pessoal de SMI...

Enfim, se calhar ainda bem q. não fomos. Regressariamos talvez com a cabeça debaixo do braço...

E com tudo isto, sou levado a crer q. SAR o Duque de Bragança está a esquecer que é neto do nosso querido e muito estimado Rei Soldado, Comandante Honorário do histórico e heróico Batalhão de Caçadores nº5!

Alexandre, aqui para nós q. ninguém nos ouve: os nossos avós e tios mais inteligentes e emprendedores, eram sem a menor dúvida constitucionais, idefectíveis "Cartistas", honrosamente "malhados"!
Essa é que é a verdade.
Manel

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27817 | alentejo | 01 Oct 2002 19:20 | In reply to: #27739

Caro Manuel Maria,

Este seu pedido entrou pelo Genea, salvo erro. Aqueles que entraram por este seu criado já estão todos no correio desde ontem. A apresentação foi um sucesso, pelo brilhante discurso do Coronel Américo Fernandes Henriques, um verdadeiro tribuno, que pode ser confirmado por que, lá esteve, nesse fim de tarde de 24, saudados à entrada pelo "Tiro de Diu", o maior canhão do Mundo, facto que poucos conhecem.

Aquele Abraço

NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27818 | alentejo | 01 Oct 2002 19:21 | In reply to: #27817

Errata.

Leia-se Peça, o termo canhão (cannon) é termo inglês do séc. XVIII.

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27825 | vbriteiros | 01 Oct 2002 20:03 | In reply to: #27710

Caro Alexandre
Eu ainda não sei se essa coisa de Malhadismo se pega.Mas se fôr de pegar com antigamente as bexigas loucas realmente tenho que tomar precauções!
O que me vale é o meu cunhado ter na sala 5 veras efigies de SMDMI, mais uma estatueta, mais infinitas lembranças, de modo que quando la vou opurifico-me.
Outras vezes vou aqui ao lado chez alguem que ainda acende uma velinha junto do quadro a óleo que deve ter sobrado depois da derrota do MacDonell.
Já te disse que comecei a aprender genealogia sentado à mesa onde foi escrito " A Realeza de....". Não posso aceitar tanta malhadisse.
Qualquer dia saio pela Boavista abaixo e vai tudo raso até ao Molhe, quer tenham muitos MMMMM ou Bis-Vis.
Good-bye in pink.
Vasco halfpink

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27843 | aburma | 01 Oct 2002 22:58 | In reply to: #27825

Vasco,

Aconselho-te moderação, perante os seguintes exemplos de semelhantes acometidas (extraídos de "Memórias de Um Miguelista Renegado" de António Guedes de Quinhones):

- 8/1/1833 - tentativa frustrada miguelista de impedir o desembarque liberal na Foz;
- 4/3/1833 - ataque sobre o Lordelo e Foz, com grande perda miguelista, que se calculou em mais de 1500 homens.

Portanto, já vez o que te espera.

Good-bye in pink to you too

AB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27882 | magalp | 02 Oct 2002 11:16 | In reply to: #27843

Sabes tu Mui Nobre e Mui Querido Primo quem susteve essa importante incursão miguelista sobre Lordelo, em 33?
Pois nada mais nada menos que Schwalbach e Magalhães, com uma reduzida força da Divisão Ligeira daquele. Rechaçaram completamente as "terríveis guerrilhas" de Luiz Pinto Guedes, Visconde de Montealegre, apoiados por uma força de regulares de Telles de Jordão e pelas milícias da Maia, sob o comando de José Augusto Leite Pereira de Mello e Alvim, Morgado de Paço de Souza e do Choupelo...
No regresso da acção, AVM apresentando os prisioneiros, duas peças ligeiras e umas mulas carregadas de aprestos e munições, tomadas ao IN, diz ao Nobre General Conde de Vila-Flôr: "migalinhas é pão!"
E por certo que todos foram comemorar o feito, diante dum cangirão de tinto, da lavra de AVM...

Parece explicado o manifesto desinteresse de VB
pela leitura de "O Senhor Visconde"...
Igualmente me parece que a desproporção desses gloriosos tempos, 70000 contra 7500, teima em manter-se hoje...

Viva a Excelsa e Augusta Dona Maria II!
Vivam os Gloriosos Generais de SMI Dom Pedro, Vila-Flôr, Saldanha, Stubbs, Mascarenhas e outros mais!
Viva o glorioso Exército Libertador!
Viva a Carta!

Magalhães Malhado, detractor dos novos "Remexidos"!

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27948 | magalp | 03 Oct 2002 10:54 | In reply to: #27817

Caríssimo Nuno

Recebi ontem "Os Oficiais D'El-Rei Dom Miguel".
Parafraseando o nosso amigo Artur Camizão, "renovado abraço", com muitos parabéns, por mais esta feliz iniciativa!

Muito simples e conciso, de bom tom e total conveniência a vossa introdução, e por esta, a minha homenagem igualmente a António Mattos e Silva.

Espantosamente clara, objectiva e precisa a lição - pois assim considero - do Senhor Coronel A.F.Henriques.
Algo comovente o especial tratamento que soube dar aos jovens oficias subalternos fidelíssimos à Causa de Dom Miguel, até ao último momento.
Aqueles a quem a derrota doeu mais, aqueles em que o sentimento da Honra e do Dever é mais puro e espontâneo.

De resto e "malgré tout" ainda acredito na nossa Juventude. Melhor, passei a acreditar mais, quando vi e soube do comportamento da guarnição da fragata "Vasco da Gama" em Bissau, recentemente, quando ali aconteceu a revolta de Anssumano Mané...
Então, se calhar sem quererem, os "media" souberam mostrar.

Já ofereceram o livro ao Prof. Veríssimo Serrão? Não duvido q. muito o pareciará.

Grande abraço!
Manuel Maria Magalhães

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27950 | magalp | 03 Oct 2002 10:59 | In reply to: #27948

Prosseguindo como que na imitação de Artur João...

Errata: apreciará e.v. de pareciará

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#27954 | alentejo | 03 Oct 2002 11:18 | In reply to: #27948

Caro Manuel Maria,


Muito estimo que o livro lhe tenha agradado. Pretendemos com esta publicação apetrechar o historiador, genealogista e público em geral, com mais uma ferramenta de trabalho.

Grande abraço

NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#29611 | fsomr | 28 Oct 2002 13:08 | In reply to: #27560

a

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Oficiais Generais

#56960 | fcorreia | 05 Feb 2004 16:13 | In reply to: #27560

Este projecto de investigação histórica sempre foi avante?


obrigado

Francisco Correia

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#56964 | Lobo | 05 Feb 2004 16:37 | In reply to: #27560

Caro Nuno

Este projecto tem pernas para andar? Passado ano e meio como evoluiu?
Tenho alguns familiares nestas condições, interessa-lhe?

Diga qualquer coisa.

Um abraço

A. de Sepúlveda

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RE: Oficiais Generais

#56978 | fsomr | 05 Feb 2004 18:06 | In reply to: #56960

Este projecto foi avante.
Já saiu o volume I, que já comprei.
Penso que estão a finalizar o volume II.
O volume I compra-se na
Biblioteca do Exército

Rua do Museu de Artilharia

1149-065 Lisboa

Tel. 21 884 23 59 (militar 423 059)

Fax. 21 884 25 23 (militar 423 223)

cts
Francisco Montanha Rebelo

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RE: Oficiais Generais

#57001 | fcorreia | 05 Feb 2004 20:37 | In reply to: #56978

Caro Francisco Montanha Rebelo,

Obrigado pela sua resposta. Já agora queria perguntar qual o nome da obra (será que existe na Biblioteca Nacional?) e se nela constam as biografias de todos os oficiais-generais desde 1640.

Obrigado

Francisco Correia

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#57037 | Francisco de Novais | 06 Feb 2004 04:33 | In reply to: #27560

Olá Nuno!

Esta obra também incluí oficiais-generais da Armada e da Força Aérea ?

Se recuarmos ao séc. XVII e princípios do séc. XVIII, também se podem incluir os mestres-de-campo generais e os sargentos-móres de batalha (acho que estes postos foram depois substituídos respectivamente pelos tenentes-generais e pelos marechais-de-campo) ?

Francisco

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#57055 | BARATA DE LIMA | 06 Feb 2004 11:53 | In reply to: #27560

Caros Confrades:
Haverá por acaso alguma informação sobre um João Rodrigues de Magalhães Coronel-Brigadeiro na altura das invaões francesas?
Atenciosamente
Antonio Barata

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#60941 | alentejo | 22 Mar 2004 21:23 | In reply to: #27560

Há 1 ano e meio lancei este tópico, na esperança da obra, que não conhecia, colmatasse lacunas existentes nas biografias dos oficiais generais do Exército Português.
Ora, depois da saídsa do 1.º volume, a montanha (minha) pariu um rato. O trabalho de pesquisa é francamente mau. Chamaram para prefaciar a obra um general, que de história militar não sabe nada (publicou pelo IAEM um livro chamado "Elementos de História para militares"). Organizaram as biografias 2 tenentes licenciados em histórias, aventam (como se isto fosse condição bastante), que usaram essencialmente a GEBP, o Chaby, o Madureira dos Santos, e pouco mais. É confrangedora a ignorância desta gente em relação a Figuras da História Militar.
Apresento, por isto e muito mais, um Cartão encarnado ao EME, pela bela porcaria que editaram, "matando" um tema que interessaria a muita gente.
Pergunto (aos Generais que me estão a ler) porque razão não chamaram o Cor. Fernandes Henriques para coordenar está Obra? Foi Prof. de História Militar no IAEM e é quem, possivelmente, mais sabe deste assunto em Portugal.
NB

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#60943 | doria_gen | 22 Mar 2004 21:46 | In reply to: #27568

Boa noite, prezado amigo.

Nossa biblioteca do exército já publicou um dicionário similar, há uns 40 e tantos anos, listando os generais do tempo do império e de nossa primeira república. Não lembro se relaciona os do período colonial, entre os quais conto dois parentes: o brigadeiro Rafael Pinto Bandeira (nos retratos que dele temos, é igualzinho ao sargento Garcia do Zorro...) e o marechal José Ignacio Acciaiuoli de Vasconcellos Brandão, potentado que hospedou em 1806 a Jerônimo Bonaparte em Salvador.

Gdes abcs, fa

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#60964 | alentejo | 23 Mar 2004 01:32 | In reply to: #60941

Por forma a não parecer gratuito, ou turculento, aquilo que acima deixei, adianto uma ficha dum oficial, conforme se vê na dita obra, e a biografia do mesmo que publiquei no Jornal do Exército.
Para além desta, tenho mais 348 Of. generais, que aparecem na referida obra, biografados desta forma.

Ficha que consta da obra “Os Generais do exército Português (I)”, pág. 259

18-089
AFONSO FRANCISCO FURTADO CASTRO DO RIO DE MENDONÇA
Sargento-Mor de Batalha (?)
São desconhecidas (deveriam ter usado “desconhecemos”) as datas de nascimento e de morte deste militar do exército da transição dos Séc. XVII e XVIII (não há transição nenhuma, basta ver a data de nascimento).
Em 1708 era Coronel do Regimento de Infantaria de Elvas e, no ano seguinte, ocupou o mesmo posto no Regimento de Setúbal. Em 1711 aparece referenciado como Sargento-Mor de Batalha, em decreto de 13 de Julho.
Bibliografia: MADUREIRA (DOS) SANTOS, Vol. II, pp. 38, 47, 53, 64.



Esta biografia, aumentada, foi por mim publicada no Jornal do Exército em 1997.

AFONSO FRANCISCO FURTADO DE CASTRO DO RIO DE MENDONÇA, nasceu na freguesia de Santiago, Penamacôr, a 28-X-1690 onde foi baptizado a 27-XII-1690 pelo Bispo da Guarda D. Frei Luís da Silva, tendo por padrinhos D. João de Lima, Visconde de Vila Nova da Cerveira, e D. Madalena Antónia de Távora.
Foi 3.º Visconde de Barbacena; Comendador da Ordem de Cristo ; em 06-III-1709 foi-lhe confirmada, por sucessão, a Jurisdição da Vila de Barbacena e a 05-IV-1709 os Direitos Reais da mesma Vila .
Em 01-IV-1696 assentou Praça de soldado no Terço Novo da Guarnição da Côrte, onde era Mestre de Campo o Marquês de Fronteira, passando com este Terço para a Praça de Campo Maior, governada nesse tempo por Luís de Saldanha da Gama.
Participou, muitas das vezes ao lado de seu pai, em toda a Guerra da Liga, tendo assistido com a sua companhia de guarnição na vila de Ouguela, foi promovido a diversos postos e tomou parte na Campanha que foi até ao Rio Sever, sendo Governador das Armas do Alentejo o Conde de São Vicente.
Em 1702 marchou com o seu Terço, sob o comando do Mestre de Campo Manuel Soares de Albergaria, em socorro da costa de Aveiro, por se achar, e existirem fortes suspeitas, que os castelhanos tentariam entrar por aí, portando-se de tal forma que a todos serviu de exemplo, na opinião do seu comandante.
No ano de 1704 era alferes na Companhia do Mestre de Campo D. António de Noronha, tendo sido mandado com o seu Terço de guarnição para a Praça de Portalegre, sitiada pelo exército espanhol, e após a capitulação da dita Praça é feito prisioneiro, mas não falta às suas obrigações acatando tudo o que lhe era ordenado; ao ser libertado continuou a servir no Alentejo até final dessa Campanha.
No ano seguinte, já como Capitão de Infantaria, esteve presente na rendição da Praça de Valência de Alcântara, sendo um dos capitães que com 55 soldados foi mandado abrir os ataques; no sitio e rendição da Vila de Albuquerque e durante o cerco de Badajoz foi o comportamento do seu Terço extremamente positivo sendo, após a retirada das nossas forças, nomeado para guarnecer a sua retaguarda.
Em Abril de 1706 prestava serviço na Praça de Elvas quando a mesma sofreu o cerco das hostes castelhanas, comandadas pelo General Marquês de Bay, e novamente o seu correcto comportamento não só serviu a muitos de exemplo como, também, de estímulo para não faltarem às obrigações dos seus postos, oferecendo-se como voluntário para as situações de maior perigo e trabalho, até que o inimigo resolveu debandar com elevado número de baixas nos seus Corpos. Nesse mesmo ano acompanhou o exército que foi a Jerez de los Caballeros, esteve presente nos sítios e rendições das vilas de Santa Ana, Vales, Mata Mouros e Oliva, castelo de Alconchel, Barca-Rota, Salvaterra, Nogales, Almendral e Torres; no assalto a Barca-Rota foi ele dos primeiros a entrar e ocupar as casas mais próximas do castelo, ai permanecendo até ser levantado o cerco.
Em 1707, por ordem de Sua Majestade, marchou com o seu Terço para a Província da Beira, indo juntar-se ao exército que se formava em Vila Viçosa; sendo posteriormente mandado reconhecer a Praça de Moura com o comando de um destacamento e, juntamente com o Conde da Ericeira, Sargento-Mor de Batalha, elaborou diversos preparativos militares, dando mostras, nesta e nas demais ocasiões, do seu valor e capacidades militares e é frequente ler-se em diversos documentos da época que era tido pelos portugueses e estrangeiros como um dos melhores oficiais do seu posto.
Por Decreto do Conselho de Guerra, de 16-VII-1708, foi-lhe concedida licença para ir à Côrte, sendo tratado como Coronel do Regimento de Infantaria de Elvas, e em 20-XII-1709 servia já como Coronel do Regimento de Setúbal.
Em 1711 foi nomeado, pelo Governador das Armas do Alentejo Conde de Vila Verde, Governador da Praça de Elvas, por doença do Governador Luís de Mesquita Pimentel e nesse mesmo ano foi promovido ao posto de Sargento-Mor de Batalha.
Em 1712 aparece-nos como General de Batalha e sofrendo a cidade de Elvas, com uma guarnição de 1200 homens e 200 cavalos, um forte sítio montado pelo Marquês de Bay, conseguiu introduzir-se nesta Praça alentejana, nas barbas das hostes castelhanas, a 23 de Setembro. O Exército castelhano estava frente a Elvas desde o dia 20 desse mês e era composto por 70 Esquadrões (8000 cavalos de excelente qualidade), 33 Batalhões (10000 infantes), 22 Peças de bater, 18 Peças de campanha, 11 Morteiros, 3000 gastadores, fornos de campanha e 100 carros de faxina e estacas, sendo este enorme potencial bélico comandado por 7 Mestres de Campo-Generais, 8 Sargentos-Mores de Batalha, 15 Brigadeiros e dezenas de outros oficiais .
A 13-IV-1713, com 22 anos, resolve abandonar a vida militar e abdica do Título e Morgado em seu irmão Luís, destinado à vida eclesiástica, professando na Ordem de São Bento, no Mosteiro de Tibães, onde toma o nome de Afonso dos Prazeres.
Deixa, entretanto, duas cartas escritas , uma dirigida a sua mãe e outra a seu irmão, sendo a primeira delas do maior interesse e que aqui se transcreve: «Minha Mãe e Senhora. Não sei se para fazer esta carta a V. S. correm mais as lágrimas que a tinta, mas quando a causa do meu pranto é tão gostosa, não podem ser tristes as lágrimas. Para enxugar as que pode fazer derramar a V. S. o amor de Mãe, e de tal Mãe, peço-lhe que se não esqueça do amor de Deus, que sempre andou tanto na sua lembrança, até para a minha educação, e de que já colho tão bom fruto ainda na flôr da minha idade. Enfim, para não gastar tempo, dou a V. S. a noticia de que a jornada que a minha dissimulação fingiu, era para ir ver meu tio à Castanheira, se trocou em tomar a posta para vir tomar o hábito do glorioso Patriarca S. Bento, no Convento de Tibães, donde assiste o Geral.
Ditosa mudança, deixar de ver um tio para buscar um Pai, e de tanta misericórdia que quando as minhas culpas incitavam a sua justiça, então é que me oferece a Sua Divina graça, muito mais segura na vida Religiosa.
Muitos tempos há que tenho este desejo, mas a prisão das Coisas deste Mundo, que é de cegueira, embaraçava alguma parte da minha liberdade, agora que acabei de abrir os olhos para o conhecimento, ou com as meditações, que sempre se frequentam mais no tempo da Quaresma, ou com o auxílio particular de Deus, conhecendo que era já tempo não quero perdê-lo e arriscar-me a perder esta vocação.
Não se aflija V. S. nem se admire. Não se aflija, porque fôra não só erro da fé, mas também do entendimento, deixar de acomodar a nossa vontade com a de Deus, que maior Fortuna podia eu esperar neste mundo, ou qualquer vassalo, que a de chamar-me El-Rei para dar-me, com os maiores títulos, a parte que pudesse dar-me da sua Monarquia. Pois, quando Deus me chama para dar-me o Seu reino, havia eu de ficar no mundo, fôra não conhecer a diferença que vai de um rei a outro Rei.
Muitas vezes para consolar-me, de algumas aflições temporais, me costumava V. S. dizer que Deus tudo faz para melhor. Boa ocasião é esta de lembrar-se de tão Santas, como verdadeiras palavras, e se por esta razão não devemos sentir uma aflição, uma doença, um desdouro, ou coisas semelhantes, porque são para nosso bem, ainda que se sua natureza sejam más, quanto mais o deixar o mundo para buscar a Deus, que nem pode ter semelhanças de mal. Isto é quanto ao espiritual, que enquanto ao temporal também V. S. tem a consolação de ficar com outro filho em meu irmão Luís, para suceder na Casa, e suponha V. S. que esta minha resolução foi uma troca que fiz com ele da vida eclesiástica, para que ele estava destinado, com a secular que de boa vontade lhe largo.
Não se admire V. S., porque sempre houve no mundo semelhantes resoluções para deixá-lo, e eu bastante experiência tenho dele para conhece-lo porque, sem embargo de não ser muita a minha idade, como o mundo se conhece pela sua corrupção e enganos, em 22 anos no tempo presente se experimentam tantas imperfeições como em muitos séculos passados, em que a oração compungia o amor do próximo e edificava e a rectidão da justiça serviu de prémio e consolação para os bons e de castigo para os maus. Mas agora, que o que naquele tempo era oração, se tem trocado em passatempo e em divertimento, fazendo moda até da forma de entrar e assistir na Igreja, e sendo a maior parte dos homens católicos mais no nome e exterior pelo que toca à honra, no que no interior pelo que toca à alma; o que então era amor do próximo hoje é só impertinência dos a quem chamam escrupulosos, porque se tem introduzido serem as conversações mais políticas em que se descobrem as faltas alheias, e muitas vezes mais alheias dos de que dizem que dos mesmos.
Todos na sua imaginação são tudo e com nada se contentam, e querem que os outros sejam nada e tirar-lhes tudo. O que até agora na justiça se conservou rectidão já se torce, sem nenhum pejo, com o menor interesse; na punitiva pela maior parte só há castigo quando não há valimento e na distributiva só quando há valimento é que há prémio. À vista desta fealdade do mundo a quem há-de haver que não meta medo para fugir dele, principalmente os que vivem em Portugal e com particularidade nesta Côrte. Queira Deus dar auxilio a este Reino, para que se emende e pare na precipitação com que há-de perder-se. Estas, minha Mãe mais do que nunca do meu coração, são as forçosas razões que me obrigam, para descanso espiritual e temporal, a buscar uma Religião e em parte tão distante desta Côrte e de todo o meu conhecimento.
Não me faz honor nem atracção o que peno pela utilidade do que busco. Rogue V. S. a Deus por mim e dê-lhe graças pela altíssima mercê que me fez em alumiar o meu pobre entendimento.
Dou parte a V. S., para que a minha consciência não vá com esse peso, que em Elvas devo 50 moedas a André da Silva e 200$000 rs. a Manuel Dias Cegonha, ou a seus herdeiros se acaso fôr já morto, e quando se ajustarem as contas com Gaspar Gracia se pedir oito moedas, que me deu em Elvas em tempo de meu Pai, que Deus tem, bem se lhe podem levar em conta, ainda que não mostre recibo meu. Também costumava dar todos os meses, por esmola, 2$000 rs. à mãe e irmã de João Baptista, sem mais fim que o terem por meu respeito padecido algumas adversidades e levantando-se-lhe contra a sua honra um testemunho tão falso, como sempre disse e de que tomo por testemunha o mesmo Deus que agora busco com toda a verdade. Se o meu procedimento o não desmerecer estimara que V. S. lhe continuasse a mesma caridade. Também peço a V. S., pelo amor de Deus e pelas cinco chagas de Cristo, que se João Baptista quiser ser religioso em qualquer Religião que escolher, como não seja a minha, que o ajude com tudo o que lhe for necessário e que assim lho diga da minha parte para que, já que foi o criado que mais logrou do meu valimento, lhe pague agora com tão santo conselho e não fique com remorso de tê-lo tirado da vida eclesiástica, confesso a V. S. que será para mim a maior consolação espiritual. Dê V. S. a minha irmã as mais finas lembranças e que neste retiro a terei sempre dela, e deite-me a sua Benção para que cresça na virtude e no amor de Deus (...). Lisboa 14 de Abril de 1713.
A Aires Furtado pedi 14 moedas que me deu, sem saber que eram para fazer esta jornada. Afonso Francisco Furtado de Mendonça.»
Nota-se nas suas palavras que se sentiu injustiçado, como seu avô homónimo, em relação a outros fidalgos o que se pode confirmar numa apresentação que fez, a 20-VI-1709, onde relata todos os seus serviços militares e que finaliza com o pedido do título de Conde, dando os exemplos de Diniz de Mello e Castro, despachado com o de Conde das Galveias e o de Francisco Barreto com o de Rio Grande, que se verificou em seu genro Lopo Furtado de Mendonça. Encontrei, ainda, uma outra folha onde detalha, pormenorizadamente, toda a sua actividade militar e que remata considerando-se não desmerecer que Sua Majestade lhe faça mercê do governo do Estado da Baía.
Entrou, posteriormente, no Convento do Varatojo com intenção de ir missionar para África mas, ao que parece, isso nunca lhe seria concedido e em 1746 encontramo-lo a missionar em Elvas na companhia de Frei Francisco de Deus .
De 1713 a esta referência de 1746, nada sabemos, pois nem D. António Caetano de Sousa, na sua História Genealógica da Casa Real Portuguesa, nem Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana, adiantam mais do que aquilo que aqui se escreve.
Foi autor e deixou publicada a seguinte obra: “Máximas Espirituaes, e directivas para instrução mystica dos virtuosos, e defensa Apostolica da virtude fabricadas à luz da rasão natural, estabelecidas na verdade da Sagrada Escritura, e confirmadas com as doutrinas dos Santos Padres, Tom. I. Lisboa por Miguel Rodriguez 1737. 8. Tom. 2. Lisboa pelo mesmo impressor, e no anno 8. e mais acrescentados. Lisboa por António Isidoro da Fonseca 1740. 4. 2. Tom.” .


(P.S. faltam aqui referências a documentos)

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#132628 | chartri | 30 Oct 2006 23:11 | In reply to: #60964

Caros confrades
Encontrei já publicados o II Volume (Tomo I e II) da obra Generais do Exercito Português. O Tomo I cobre o periodo de 1807-1864. O Tomo II cobre o periodo de 1864 a 1910.

Obra interessante, mas com muitas lacunas.

Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo

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RE: Oficiais Generais (1640/2000)

#132715 | chartri | 31 Oct 2006 19:55 | In reply to: #132628

Caros confrades

Esqueci-me de dizer que os Volumes I, quer os dois tomos do volume II se encontram, naturalmentà venda na Livraria do Guarda Mor (ver: http://genealogia.netopia.pt/livraria/ )

Cumprimentos

Ricardo Charters d'Azevedo

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