D. António Maldonado
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D. António Maldonado
Caros Confrades,
A 7 de Julho de 1664 ocorreu a Batalha de Castelo Rodrigo ou da Salgadela. Vivíamos então a guerra com Espanha, iniciada naquele Primeiro de Dezembro de 1640, o da Restauração da Independência, e de tão boa memória a todos nós portugueses.
Estando tão próximos da comemoração de mais um Primeiro de Dezembro justifica-se o relembrar de alguns acontecimentos que lhe estão associados. Assim, do livro publicado por Júlio António Borges – “Castelo Rodrigo Passado e Presente”, tomei a ousadia de transcrever algumas passagens que relatam aquele confronto.
Aqui são referidos alguns dos nossos Heróis, mas a minha particular atenção vai para três nomes: D. António Maldonado – Tenente General de Cavalaria, o Capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado e o Mestre de Campo Manuel Ferreira Rebelo. Será que algum dos Doutos Senhores, habituais frequentadores deste Fórum, tem algumas indicações sobre a origem, a ascendência e descendência destes personagens?
Desde já grato pela Vossa amável colaboração,
António Almeida
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“A 25 de Junho de 1664, saiu de Ciudad Rodrigo um numeroso exército, composto por 4.000 soldados de infantaria, 700 de cavalaria e 9 peças de artilharia, comandado pelo Duque de Ossuna, com a finalidade de cercar e conquistar Castelo Rodrigo. A fortaleza era uma das mais importantes defesas da região beirã, considerada como a chave defensiva da Beira duriense, era defendida por uma guarnição de 150 soldados, comandados por António Ferreira Ferrão.
Após dez dias de jornada, o exército invasor chegou à vasta planície que circunda Castelo Rodrigo. Lá no alto, os soldados portugueses terão ficado admirados com a ousadia dos espanhóis que, confiantes na vitória, vinham acompanhados por alguns frades que tomariam conta do convento de Santa Maria de Aguiar.
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Entretanto, Pedro Jacques de Magalhães, Governador Militar da Beira e que se encontrava no cerco a Valência de Alcântara, ao saber o que se estava a passar, partiu em marcha forçada, à frente de uma força de 3.000 homens, sendo 2.500 de infantaria e os restantes de cavalaria. Chegando exaustos a Almeida, o comandante deu-lhes ordem para descansarem e se reabastecerem.
Ao outro dia, quando a tarde já ia a meio, o exército português partiu em socorro de Castelo Rodrigo, que já estava cercado pelas tropas inimigas. Na madrugada do dia 7 chegaram à serra da Marofa, de onde vigiaram os movimentos dos atacantes.
Aproveitando a oportunidade em que mais um ataque inimigo tinha sido repelido pela heróica guarnição do castelo, Pedro Jacques Magalhães resolveu intervir, evitando que a praça sofresse mais danos. “Alegre e resoluto”, dirigiu-se aos seus homens, lembrando-lhes a honrosa missão de defenderem o solo pátrio, a valentia e coragem que deles esperava para vingarem as atrocidades que anos antes, o mesmo Duque de Ossuna tinha praticado naquela região, matando pessoas inocentes e saqueando os bens e as sementeiras.
Os briosos soldados acolheram com redobrado ânimo as palavras do general e depressas se integraram nos destacamentos. Formados os Terços e as Companhias de cavalos, Pedro Jacques de Magalhães ordenou à cavalaria, sob o comando de D. António Maldonado, apoiada pelos pelotões de mosqueteiros, que carregasse sobre a rectaguarda das forças espanholas, preparando o terreno para o ataque da infantaria que avançava em passo acelerado. “Foi só por esse terrível estrondo que o Duque de Ossuna teve notícia da chegada das forças portuguesas”.
Apanhado de surpresa, e julgando que o exército português era mais numeroso, o general inimigo resolveu retirar. Mandou que incendiassem as trincheiras das baterias e “aproches”. Feitas com paveias de trigo, que havias segado nos campos das redondezas, arderam num ápice, causando o pânico entre os soldados castelhanos que começaram a fugir. Avançaram decididos os portugueses, apoiados por fortes descargas dos mosquetes. De imediato conquistaram a primeira peça de artilharia. Do alto das muralhas, os soldados e a população seguiam com ansiedade e entusiasmo desfecho do assalto.
Os invasores, na fuga desordenada em direcção a Espanha, abandonaram as peças de artilharia, carros de munições e de abastecimento, as tendas e demais equipamento que compunha o arraial. Ainda tentaram impedir a perseguição na ponte da Ribeira de Aguiar, perto da Mata de Lobos. De nada valeu a aflitiva descarga dos arcabuzes. Os portugueses avançaram e muitos espanhóis pagaram com a vida a ousadia. A investida continuou pelas íngremes encostas das arribas do rio Águeda. Para além do elevado número de mortos que juncaram o terreno, os portugueses fizeram muitos prisioneiros.
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Da notícia publicada no jornal “Mercúrio Portuguez” (reedição de 1874, da Imp.Nac.):
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Demais do Governador das armas, Pedro Jacques de Magalhães e do Tenente General da Cavalaria, D. António Maldonado, e do Mestre de Campo Manuel Ferreira Rebelo, procederam com muito valor o Mestre de Campo António Veloso de Figueiroa, os capitães de cavalos Paulo Homem Teles, António Ferrão de Castelo Branco, João Soares de Almeida, Cristóvão Correia Freira, Martim Afonso de Melo; o Sargento-mor José Figueiredo da Silveira; Álvaro Saraiva da Gama, Governador de Pinhel; Francisco Coelho Osório, Alcaide-mor de Castelo Mendo; o Sargento-mor António de Figueiredo, e outros que diremos em outra relação, e na defesa da Praça merecem particulares louvores o Mestre de campo António Ferreira Ferrão e o Sargento-mor João da Fonseca e o Capitão João Gomes.
Relação de prisioneiros:
O Tenente General de cavalaria D. António Isac, cavaleiro do hábito de Santiago; O capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado, o Sargento-mor, governador de Abadêgo, Dom António Colmenero. E ainda mais dezoito Capitães, seis Ajudantes, vinte e quatro Alferes, quinze Sargentos; três Tenentes ,e mil e oitocentos soldados, entre os quais se entende haver mais oficiais, que o encobrem por facilitarem sua liberdade.
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RE: D. António Maldonado
Caro António Almeida
Pelas condições atmosféricas e horas de regresso a casa, não nos foi possível continuar a nossa conversa, nem nos despedirmos... fica para outra altura.
Falei entretanto com um amigo meu, que tem estes Maldonados estudados. Prometeu-me, que logo que lhe seja possível, dará a resposta neste tópico.
Um abraço,
José de Azevedo Coutinho
Bombarral - Portugal
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RE: D. António Maldonado
Caro José de Azevedo Coutinho
Muito lhe agradeço a sua atenção e fico na expectativa dos dados prometidos.
Um abraço,
António Almeida
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RE: D. António Maldonado
Caro Almendra:
D. Antº Maldonado é filho de D. Miguel Maldonado cc D. Madalena Soares d´Espeleta, neto de Gaspar Maldonado cc D. Luisa da Silva os quais 2 últimos citados fizeram parte de um grupo de conjurados desta familia na revolução de 1640. É bisneto de Fernão Maldonado que teve CBA em 1548. D. Antº apenas teve descendência ilegitima e não participou directamente na revolução por ser ainda muito novo, embora tenha entrado posteriormente nas campanhas de consolidação da independência de Portugal.
Para mais desenvolvimentos genealógicos e biográficos poderá consultar a obra de Rocha Martins «Grandes Vultos da Restauração»(1940) onde a par de estes são traçadas as várias biografias dos conjurados de 1640. Quanto aos ascendentes do referido Fernando Maldonado poderá consultar no AHG do Visconde Sanches de Baena a respectiva carta de armas de 1548.
João Maldonado Correia
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RE: D. António Maldonado
Caro João Maldonado Correia
O meus agradecimentos pelas informações que disponibilizou. Foram uma óptima ajuda no sentido de melhor compreender a actuação de D. Antº.Maldonado.
Neste combate de Castelo Rodrigo surge um outro Maldonado, mas no campo oposto, que veio ser feito prisioneiro e posteriormente libertado por estar ferido - o Capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado. Não abusando, será que tem alguns dados sobre ele?
Com os meus melhores cumprimentos,
António Almeida
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