Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
This topic is classified in the following rooms Pessoas | Genética | Regiões
Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
O líder nacionalista senegalês e teórico da "negritude", L.S.Senghor, escreveu o prefácio do livro "História da Guiné-Portugueses e Africanos na Senegâmbia-1841-1936" de René Pélissier, e de que existe uma edição portuguesa.
Na altura, ainda não se teria dado a independência da Guiné-Bissau daí referir-se à Guiné Portuguesa e também cometerá um erro biológico, parece-me, já que o sangue de tipo A, não é necessariamente europeu mas antes predominante nos europeus. De qualquer forma faz referência ao seu sangue português. Segue a citação:
"De facto, os meus antepassados "fulas" e "mandingas" provêm de Gabu, no Nordeste da Guiné Portuguesa, para se integrarem em Sérères do Sine, masi exactamente na Petite Côte do Senegal, onde Joal, minha terra natal, é um porto banhado pelo Oceano Atlântico.Além disso, o meu apelido Senghor tem origem na palavra portuguesa Senhor. Acresce ainda que, além de outras coisas, tenho sangue português como prova o facto de pertencer ao grupo sanguíneo A, como se sabe de origem europeia. Last but not least, no Senegal predominam os nomes, e portanto, o sangue português, sobre os nomes e o sangue franceses.
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Alguém sabe de quem descenderá Senghor?
ReplyDirect link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Léopold Sédar Senghor,n.9.10.1906 Joal-la-Portugaise,uma pequena aldeia piscatória 100,6 Km a Sul de Dakar,m.20.12.2001,Verson França.Vindo de uma família rica a sua infância não teve problemas.O Pai era um rico proprietário de terras e com ascendentes nobres.A sua Mãe era uma Peul,uma das tribos nómadas de pastores.Estudou na Igreja Católica,Colégio Libermann,o curso secundário em Dakar e depois Paris no Liceu Louis-le-Grand e na Sorbonne.
Não posso dizer onde colhi estas informações na contigência de ser sensurada....
Talvez um contacto com a Embaixada do Senegal o possa ajudar ou quem sabe a Sorbonne ou o Liceu Louis-le-Grand ambos em Paris.
Cumprimentos
Maria
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Os pais chamavam-se respectivamente:
Djogaye Senghor
Gmilame Bakhoum
Pode saber "tudo" se se dirigir à Fundação Mário Soares.Não sei se isto não é censurado
Beijinhos
Maria
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Segundo o texto que segue, da autoria de Margarida Cardoso, o apelido Senghor ou Senhor deriva de alcunha de antepassado marinheiro valente.
A dificuldade para fazer pesquisas genealogicas naquela parte de Africa deve ser insuperavel quando a familia estudada nào é assaz poderosa e prestigiada para ter seu proprio "griot" (cantador/narrador, cuja profissào é hereditaria, de pai para filho, e que conta geraçào apos geraçào os feitos da familia de seu amo).
--------------------------------------------------------------------
Senghor, gota de sangue português no mar da Negritude
Foi em 20 de Dezembro último que morreu, na Normandia, um dos maiores vultos da poesia francófona: Senghor. O seu coração errante mergulhou, um dia, na sombra profunda do tempo para melhor escutar a voz do sangue que ecoa no seu nome. Sangue. Senghor. Senhor. Revelou, então, a origem do seu apelido, descoberta, em Coimbra, no acaso dos segredos e prodígios que os livros encerram. Como afirma no poema “Élégie des saudades”, trata-se de uma corruptela da palavra “senhor”, alcunha que um capitão pusera outrora a um corajoso homem do mar senegalês:
J’écoute au fond de moi le chant et la voix d’ombre des saudades.
Est-ce la voix ancienne, la goutte de sang portugais qui remonte du fond des âges? ( ...)
Goutte de sang ou bien senhor, le sobriquet qu’un capitaine donna autrefois à un brave laptot ?
J’ai retrouvé mon sang, j’ai découvert mon nom, l’autre année à Coïmbre, sous la brousse des livres.
Se no fundo de si próprio, nesse abismo da vertigem em que o passado e o presente se confundem, continua a ressoar o canto elegíaco da saudade, a verdade é que o mar da negritude lhe submerge a alma: ”Mon sang portugais s’est perdu dans la mer de ma Négritude”.
Nascido em 6 de Junho de 1906, em Joal, no Senegal, Léopold Sédar Senghor instala-se, aos vinte e dois anos, graças a uma bolsa de estudos, em Paris, importante centro cultural para onde, na altura, convergiam artistas e intelectuais do mundo inteiro. Era a época em que as potências coloniais descobriam a arte africana e os espirituais negros. Dividido entre o território que o viu nascer e o país anfitrião, jamais deixou de exprimir a nostalgia das suas raízes (“Ah ! de nouveau dormir dans le lit frais de mon enfance!”), mesmo quando respirava o ar do que dizia ser “une chambre peuplée de Latins et de Grecs”. Um poeta para quem “l’émotion est nègre comme la raison est héllène” não pode senão representar a síntese dos dois mundos que lhe alimentam o espírito e encarnar a esperança de uma união conciliadora e universal entre todas as raças. Contudo, as suas origens nunca o deixaram esquecer a situação dos países colonizados.
Com o escritor antilhano Aimé Césaire, seu amigo, foi responsável pela criação do chamado movimento da negritude que Sartre define como “um racismo anti-racista” e que Senghor considera ser “o conjunto dos valores culturais do mundo negro”, capaz de assimilar a “civilização do universal” sem, no entanto, perder a sua identidade nem a sua dignidade. Não é por acaso que se sente irmão de armas e de sangue dos atiradores senegaleses mortos pela França durante a Primeira Guerra Mundial e se insurge contra o aproveitamento risível da imagem destas figuras populares nos anúncios publicitários de Banania, prosaica mistura de pó de banana, chocolate e açúcar, destinada exclusivamente ao consumo europeu. Poeta militante, proclama aos quatro ventos: “Je déchirerai les rires Banania sur tous les murs de France”. A fórmula “y’a bon” que completa o retrato do militar é um exemplo do que os franceses designam por “petit nègre”, linguagem caricatural destinada a ridicularizar a fala dos africanos. Após a independência do Senegal, em 1958, a figura do atirador foi estilizada, dissiparam-se as alusões ao passado colonial e o produto recorreu a outra imagem de marca: o sorriso de uma criança europeia, principal consumidor do produto. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Embora a ideologia subjacente à negritude tivesse sido criticada pelas gerações posteriores, por se revelar muito dependente das concepções europeias sobre o continente africano, ela contribuiu para pôr em causa o discurso colonialista. É inegável a influência europeia na formação cultural de Senghor, como é indelével a marca deixada pela gota de sangue português no mar da sua negritude. Mas é sobretudo a literatura africana que o interessa e impressiona: “J’ai surtout lu, plus exactement écouté, transcrit et commenté des poèmes négro-africains”, afirma o poeta.
Presidente da República do Senegal de 1963 a 1980, Senghor foi o primeiro Negro a entrar para a Academia Francesa, vendo assim reconhecidos o seu valor e a sua obra. Após uma vida de luta, talvez o seu coração errante vogue agora num mar de paz em busca da Ilha Feliz:
“Perdu dans l’Océan Pacifique, j’aborde l’Île Heureuse - mon coeur est toujours en errance, la mer illimitée”.
Margarida Cardoso
Professora de Francês
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Fiquei curiosíssima.Já foi à Fudação Mário Soares? Depois diga-nos qualquer coisa.
Maria
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Para alguém com disponibilidade de tempo e que queira responder ao NISGM,a Fundação M.Sores está aberta ao grande público das 14h e 30 min às 19h e 30 min todos os dias úteis .Tem uma obra com a àrvore genealógica do Leopold Sédar Senghor.
Maria
Direct link:
RE: Léopold Sédar Senghor-ascendentes portugueses
Cara Maria,
Agradeço as suas informações, mas para já ainda não houve disponibilidade para dar um salto à Fundação. Esta questão surgiu-me essencialmente da leitura da referida História da Guiné prefaciada por ele.
A informação da Fundação MS e o texto que Carlos Silva deixou ainda me abriram mais o apetite.
Julgo que seria muito interessante entroncar Senghor com muita gente que possa andar aqui pelo forum. Daria uma entrada de peso para as celebridades.
Com os melhores cumprimentos,
Nuno Magalhães
Direct link:
Forum messages ordered by date.
Time in GMT. It is now: 15 Nov 2024, 07:55