Casa Torre Nova
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Casa Torre Nova
Caros amigos
Ao ler um documento datado de 1750 (prazo)encontrei a seguinte descrição relativa a uma casa :"hua casa Torre nuova bem solhada e forrada com sua varanda de pedra e escada para a parte do nascente tudo esquadria".
Nos nossos dias ao percorrer-se o exterior da casa fica-se com a impressão que a " Torre nuova" (nova), só pode ser a ala esquerda do corpo arquitectónico,que apresenta como característica dominante um andar acrescido de formato quadrangular.Haverá alguem que me possa esclarecer sobre este assunto? Ou seja, era frequente chamar-se "casa torre nova" a uma casa que não tinha torre , mas apenas mais um andar numa das alas?
Cumprimentos
Miguel Brandão Pimenta
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RE: Casa Torre Nova
Tenho um caso semelhante na família. A casa dos meus avós era bastante antiga, tenho indícios de que pelos menos já no século XVIII ela existia. Uma das divisões da casa, ou seja, um quarto que dava para um fontanário que existe na aldeia, era chamado de "Torre Velha". Ninguém me soube explicar porque é que o chamavam assim, visto que aquilo não era uma torre e muito menos um andar. Já agora, punha aos colegas uma outra questão. Esta casa, em particular, tinha bancos de pedra junto às janelas. Alguém saberá dizer quando é que em Portugal se deixou de construir bancos de pedra junto às janelas?
Cumprimentos
Rosário
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RE: Casa Torre Nova
Caro Miguel Brandão Pimenta:
Era usual designar por casa-torre uma edificação com mais de um andar, por oposição a casa-térrea. Bastava, aliás, que a construção tivesse, pelo menos, um piso "sobradado". Assim seria uma casa nova, provavelmente com um andar "soalhado" ou "sobradado", tendo este piso acesso por uma varanda através de uma escada, provavelmente exterior.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Casa Torre Nova
Minha Senhora:
Condição essencial para a existência dos bancos de pedra (que nalguns pontos do país chamavam "conversadeiras") era que a espessura das paredes de pedra permitisse a sua implantação. Hoje já não se fazem paredes exteriores com meio metro de espessura. O seu fim resultou, pois, dos novos processos de construção e do uso do tijolo.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Casa Torre Nova
Meu caro João
Gostei imenso destas suas duas explicações. Precisas e concisas.
Lembra-se do antigo aquartelamento da GNR em Vila do Conde?
Pois tb. tinha num dos cantos do edifício uma bem lançada torre que muita imponência dava à casa. Diria q. um certo ar senhorial.
Há pouco tempo, conversando com o B. Ferrão sobre essa e outras torres em casas de vilas piscatórias do nosso litoral, explicou-me este sábio arquitecto que as ditas torres tinham na grande maioria dos casos, um fim bem específico.
Eram, ou haviam sido de armadores pesqueiros e por elas vigiavam os movimentos de saída e entrada dos seus barcos de campanha. Serviam tb. para balizar a entrada nos ancoradouros e, por simples sistemas luminosos dar auxílio à navegação, em situação de tormenta.
A Casa Pitta, em Caminha, tem tb. uma bela torre, justamente considerada um "ex-libris" da vila e que é bem visível (já terá sido mais...) ao largo, algumas milhas fora. Pergunto-me por isso, se não terá havido algum ascendente daquela casa, que tenha tido negócio de pescaria.
Presumo que as torres velhas no interior, tivessem igualmente outros fins, que não meramente decorativos, tal como em muitas construções do séc. XIX e mesmo XX, com ameias e belos merlões, e, fantásticas pedras d'armas lavradas no termo de Guimarães... aquelas q. A. Vaz-Osório da Nóbrega denuncia com tanta graça!
Acredito q. as antigas torres nas casas do interior servissem tb. para vigilância da propriedade.
Grande Abraço
Manuel Maria Magalhães
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RE: Casa Torre Nova
Meu Caro Manuel Maria:
Gosto sempre de ouvir falar de Vila do Conde!
E falando de casas-torres, mas estas mesmo com torre, um outro exemplo em V. do C. é a casa de S. Sebastião dos Carneiros Rangel. Não sei se serviria apenas de miradouro ou teria funções mais pragmáticas, com as que refere.
Em qq caso, julgo que a necessidade de um bom posto de observação já era reconhecida nos tempo dos Filipes, quando os corsários holandeses e ingleses assomavam as costas nortenhas. Organizaram-se então as chamadas companhias "dos fachos" que "no tempo de verão e no mais que ho mar mandava auguas havião hua barqua no mar com gente vigiamdo se vinham alguns navios de Cosairos que de ordinario amdavam nesta costa [de V.C.] fazemdo prezas ... e sem embarguo de trazerem como traziam a dita vigia por o mar de ordinario .. tinham vigia (na torre) por estar em alto...
E sendo mamdado por ordem de sua magestade por fachos na costa do mar per avigiar de noite, etc." -- conforme reza um documento da época.
Outras torres seriam meramente defensivas, como muito bem diz, mas da maioria julgo que só restam ruínas.
Obrigado pela sua nota que alegrou uma sensaborona tarde de Sábado.
E um forte abraço,
João
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RE: Casa Torre Nova
Caro Miguel Pimenta
Num testamento que me passou pelas mãos lá vinha « Duas moradas de casas terreas e torres» e sei hoje que uma dessas casas tinha um andar.Esse testamento era de 1825,e como vê ,relativamente recente.
Cumprimentos do amigo
José Luiz T.C.Melo
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RE: Casa Torre Nova
Caros J.P.C. e Magalp
Li com muita satisfação o que ambos escreveram sobre as Torres, e penso serem referidas só as medievais, pois também há infelizmente , algumas levantadas recentemente por alguns « patos bravos », das quais eu conheço pelo o menos duas.
Das autenticas, contrariamente ao que dizem, nem todas estão em ruínas; assim, conheço a TORRE DA SILVA, na freguesia do mesmo nome , concelho de Valênça , que se encontra em perfeito estado de conservação.
Ultimamente, ali foram feita obras de restauro, na parte destinada a habitação dos proprietários, que já nesse tempo era separada da Torre, mas em ligação com esta por um passadiço, que comunicava com uma pequena entrada na torre, que sendo este passadiço todo em madeira era incendiado em caso de assédio, ficando a torre completamente isolada .Convém dizer que a entrada a que levava este passadiço é bastante elevada em relação ao solo
Todo este belo conjunto incluindo a parte residencial, foi restaurado recentemente pelo seu proprietário que, caso talvez único, com o auxilio de um arquitecto que estudou a fundo as origens da casa e a recuperou dando-lhe a traça original.
Motivo para um belo passeio de verão.
Cumprimentos do
José Luiz T.C.M
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RE: Casa Torre Nova
Sr. J. de Castro Trovisqueira,
Agradeço-lhe a amabilidade com que respondeu à minha questão. Efectivamente, o acesso para o tal quarto se fazia através de um único degrau, portanto, a denominada "Torre Velha" estava numa posição mais elevada da casa. Esse quarto estava virado para uma estrada que segundo me informaram era a antiga estrada Porto-Braga. Penso que era por essa estrada que passavam peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, pois, segundo contavam as gerações mais velhas, os viajantes que passavam por ali podiam pernoitar e guardar os cavalos em casa do meu avô e numa outra casa que fica em frente a esta. Infelizmente, eu só tive a oportunidade de conhecer a casa do meu avô em 1976, era eu ainda uma criança, por isso guardo lembranças muito vagas dela. Essa casa já não existe, pois ruiu por completo em 1979, só ficaram de pé o forno e a chaminé da cozinha. Por sorte, ainda está intacta a eira que deu nome à casa.
Lembro-me de ter visto num documentário que a partir do século XVIII se generalizou a utilização de móveis de madeira nas casas e pensei que poderia determinar melhor o século em que a casa foi contruida a partir do pormenor dos bancos de pedra que, curiosamente, não encontro com muita frequência em casas igualmente antigas e com espessas paredes de pedra.
Cumprimentos
Rosário
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RE: Casa Torre Nova
Minha Senhora:
A sua simpática resposta despertou a minha curiosidade, até porque estou muito ligado a essa região minhota. Para quem ia do Sul, os caminhos de Santiago mais percorridos eram o que atravessava as vilas costeiras e o que seguia por Barcelos e Ponte de Lima. Mas, evidentemente, também alguns peregrinos tomariam a rota que indica. Gostaria de saber o nome da casa e da aldeia que menciona. Há aqui no Forum vários "especialistas" desta zona que, talvez, melhor a possam esclarecer.
E fui co-proprietário de uma "casa-torre" perto de Braga que, já no fim do século XVII, tinha bancos de pedra em todas as janelas da frontaria. Conheço bem pelo menos outra, ainda na posse da família.
Melhores cumprimentos,
João de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Casa Torre Nova
Sr. João de Castro Trovisqueira,
A casa do meu avô era conhecida na aldeia como a "Casa da Eira". Esta casa ficava na freguesia de Laúndos (Póvoa de Varzim), no lugar de Rapijães. Entretanto, consegui extrair da minha mãe mais alguns pormenores relativos ao local e à casa em questão. Segundo a minha mãe, a antiga estrada Porto-Braga que passava em frente à casa do meu avô, acompanhava o caminho dos Arcos, passando por Terroso, Beiriz e Vila do Conde (não chegavam a entrar na Póvoa). De Laúndos partia para Rates e daí para Braga. Diz a minha mãe que na infância chegou a fazer esse trajecto no interior das aldeias, até Vila do Conde, a pé. Em frente à casa do meu avô, onde hoje existe uma casa particular, teria havido em tempos uma estalagem. Segundo a minha mãe, os viajantes aí paravam para comer. A casa do meu avô serviria de hospedaria aos viajantes (dormiam no palheiro!). Julgo que não pagavam nada para lá ficarem ... Já tentei ir por essa estrada de carro, mas nessa zona, em particular, ainda está tudo em terra e lá só passam os carros dos agricultores.
Cumprimentos
Rosário
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RE: Casa Torre Nova
Senhora D. Rosário:
Muito obrigado pela interessante explicação. Esse era de facto um dos caminho mais percorrido pelos romeiros. Partindo do Porto, seguiam por Moreira-Labruje-Azurara e Vila do Conde e daí, por S. Pedro de Rates até Barcelos. Era ponto de paragem "obrigatório" a Matriz de S. Pedro de Rates, santo a que é atribuída a fundação da diocese bracarense e que "fazia muitos milagres, especialmente em mulheres que padeciam dificuldade de parto", segundo rezam as crónicas...
Cumprimentos,
João de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Casa Torre Nova
Caro José Luíz T.C.M
Algumas Torres até estão à venda , como por exemplo a bela Torre de Penegate, em pleno Minho e anunciada num site aqui na Net.
Tem por esse Portugal muitas mais Torres, por exemplo no Alentejo a Torre de Coelheiros, construção medieval ( um confrade ficou de me enviar uma foto e até hoje nada). Felizmente que um turista passando casualmente por lá me enviou a desejada foto e tudo o que encontrou sobre Cogominhos de Évora.
Cumprimentos
Vasco Briteiros
( nascido numa Torre de uma Casa com Torre e aquecimento central e Apeadeiro CP quase privativo - se os trens não paravam punha-se um garrafão no cais; não sei se poderá ser classificada como " de Pato Bravo" , mas que o reconstrutor da Casa dos Coimbras em Braga procurou os serviços do mesmo Arquitecto, isso é verdade e está escrito!!!)
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RE: Marcos da Casa de Bragança
Sr. João Trovisqueira,
Saberá dizer-me algo acerca de marcos da Casa de Bragança? Teriam por função delimitar terras pertencentes a essa Casa? Nesta aldeia encontram-se alguns, e embora apareçam referidos numa monografia ("Monografia de São Miguel de Laúndos", Pe. Dinis da Silva Lopes), nada há que explique a sua presença.
Antecipadamente grata por qualquer esclarecimento.
Rosário
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RE: Marcos da Casa de Bragança
Senhora D. Rosário:
É, como diz. A Casa de Bragança possuia directamente grandes extensões de terra que, parceladas, eram normalmente emprazadas a particulares; este pagavam um foro anual, normalmente em espécie. O domínio útil da propriedade era assim transferido, normalmente por três gerações ou "vidas", ao foreiro ou enfiteuta.
Sobre esta matéria, pode ler aqui o tópico
"Morgadios/Vínculos/Capelas/Prazos/Foros", onde encontrará várias informações sobre a antiga organização da propriedade.
Os marcos assinalavam as terras cujo domínio directo pertencia à Casa de Bragança.
Melhores cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Marcos da Casa de Bragança
Muito obrigada pela ajuda. Vou ler o tópico que me indicou.
Com os melhores cumprimentos
Rosário
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RE: Casa Torre Nova
Caros João de Castro e Mello Trovisqueira, José Luis Melo e sr. D. Maria do Rosário
Só hoje vi as respostas ao meu pedido.Fiquei completamente esclarecido sobre o assunto.Na verdade trata-se de uma casa que sofreu obras entre 1720 e 1740.Foi nessa altura que lhe foi acrescentada mais um andar, na ala esquerda (dois quartos),razão pelo qual lhe chamaram Casa torre nova.
A todos os meus agradecimentos
Miguel Pimenta
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RE: Casa Torre Nova
Miguel
É também um dos meus entertimentos imaginar como teriam sido as casas de família nas suas origens.
E nesse exercício de imaginação, procurar ter uma ideia de como se vivia o quotidiano a esse tempo. Os usos e costumes dos nossos mais remotos avós.
É um facto que as casas primitivas, dos sécs. XV e XVI, era de muito reduzidas dimensões e, salvo raras excepções, atrevo-me a quantificar áreas não muito superiores a 100 metros quadrados de planta, quando não menos... isto por observação de ruínas autênticas, no interior do nosso Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes.
Ruínas e não só...
Bem me lembra q. em 1965 me foi mostrada uma escola primária (semi-oficial, ainda com «Mestra-Régia»...) nos concelho de Moncôrvo, q. não mais me esqueceu!
Planta térrea com menos de 40 m2, havia sido sempre coberta a colmo e as janelas não tinham q.q. vidros ou vidraças. Tinham sim umas portadas q. ali se colocavam para obstar a entrada da chuva, bem como um verdadeiro "lar" para aquecimento, mas, sem chaminé!
Claro q. quando chovia e ventava muito, não havia aulas...
O pequeno casario junto (isto acontecia num pequeno lugar) poucos mais cómodos mostravam do q. a dita «escola», posto que já tivessem sobrado e vidraças nas principais janelas!
Claro q. o lugar não tinha electricidade (embora a poucos kms das barragens internacionais do Douro...), e muito menos água, saneamento e telefone...
É tb. claro q. por aquelas terras longe passava o caminho de ferro e as poucas acessibilidades eram como que caminhos de cabras, naqueles domínios dos Oliveira Martinho, Mendonças, Sarmentos, Botelhos, Pintos, Athaides, Sampaios, Moraes, Pimentéis, etc.
Mas, nas povoações por onde passou o caminho de ferro e as acessibilidades eram melhores (sobretudo quando nas velhas famílias aconteciam mais vantajosas alianças matrimoniais) e ainda, entrou algum dinheiro do Brasil, África e até mesmo de «proventos» da Administração Pública (autarcas e outros políticos "súbitamente" enriquecidos, não é cousa só de agora...), bem como por outros negócios mais limpos, o progresso aconteceu e de algum modo acompanhámos (a alguma distância) a melhoria de condições de vida que os nossos vizinhos, além fronteiras, experimentavam já.
Flagrantes exemplos disso encontro no património da minha famíla...
A belíssima Casa do Campo, em St. André de Molares, Celorico de Basto!
Pois ao tempo das primeiras Inquirições, não era mais q. uma modestíssima construção térrea, colmeada, não tendo talvez 50 m2 de área, onde viviam e cultivavam a sua já “qta. do Campo” , os primitivos Carvalho (ditos parentes do Cavº de Basto, Martim Pires de Carvalho), casa essa abrigada por um charrascal ali existente.
Pois, rigorosamente, esse era o berço dos Pinto Álvares de Carvalho, donde, entre muitos outros, vêm o Prof. Diogo Freitas do Amaral e a 1ª mer. do Prof. Eduardo Pinto da Costa, por exemplo...
Com a Expansão vem a bela Torre, por certo q. destinada aos fins de q. falámos já. Estudos recentes atribuiem-lhe 480 anos de idade. A tb. muito bonita Capela armoreada e respectivo passadiço ao corpo central da Casa, são nítidamente setecentistas; uma muito feliz criação de Torquato Álvares de Carvalho, “brasileiro rico”, depois Vereador da Câmara de Celorico. Oitavo filho de Francisco Álvares de Carvalho que cedo emigrara para o Brasil, na companhia dum Cardoso de Amarante, onde ambos fizeram fortuna no interessante negócio do engenho dos acúcares – como vês, já é velha a nossa amizade com os muito queridos Sousa Cardoso!
Na sequênicia dos anos e mesmos séculos, a Casa foi sempre habitada em permanenciao, sede de razoável Morgado (vínculo a Nª Sª da Abadia) que passou maus dias e muitas agruras com a Revolução Liberal, e mais tarde, com a implantação da República.
Mas nunca deixou de ser conservada e melhorada, mantendo os seus belos jardins (muito copiados...) com todo o esplendor, tornando o seu conjunto, Casa, Torre, Capela, passadiço e jardins, como um dos mais belos e equilibrados, velhos solares do Entre Douro e Minho, muito louvado e apreciado pelos mais sabedores na matéria, além Pirineos!
Outro exemplo vivo (hoje mais ainda...) é a Casa de St. Antonino, em Alvite, Cabeceiras de Basto.
Berço dos Machados de Basto, era igualmente uma construção modesta, abrigada na meia-encosta dum pequeno monte. Tomou uma forma muito idêntica à q. hoje tem, em 1715, tendo então sido feitos largas terraplanagens (com que custos se imagina...) para criar o terreiro fronteiro à Casa.
Rebocada a caliça, ao uso minhoto da época, formava um U, mas desnivelado, o q. lhe permite ter uma entrada directa ao andar nobre, pelos jardins e parque (foi já belísimo, com muitas tonalidades de verde, dado por diversas árvores de bom porte e especial qualidade!), que é realmente cousa rara.
O seu interior era um verdadeiro e muito variado museu, predominando a militária e (naturalmente) a arte de bem cavalgar em toda a sela; na sua livraria, o usual nestas casas, manuscritos genealógicos, e algumas velhas impressões dos mesmos, de vidas de santos, romances de cavalaria, coleccções de antigas revistas culturais...
Lembro-me de ter sido feito o 1º Q.B., pois os antigos asseios eram directos à nitreira...
Passou a ter canalizações e torneiras, mas para a água jorrarera preciso carregar-se no azulejo certo! As cerâmicas «Higienic» com flores azuis, passeavam-se um bocado (mais do q. queríamos...) pelo que por vezes era difícil fazer coincidir o jacto saído do azulejo certo, com o buraco extractor... enfim, um verdadeiro poema trágico-cómico!
Pois hoje, está completamente diferente, já com todos os cómodos modernos, a funcionar perfeitamente. Diria até (sem q.q. espécie de crítica) que irritantemente bem, para o meu saudosismo do antigamente...
O meu muito estimado e querido primo Gonçalo Meirelles, modificou tudo de alto a baixo, não sendo agora preciso entender bacias e baldes de zinco (plástico não chegou a entrar naquela Casa até aos anos 70!) para aparar as pingas dos tectos de maceira, esmaltados e purpurinados a ouro e prata!
Lembou-se tb. de retirar o reboco exterior da Casa, deixando a pedra à vista. A meu ver, esta modificação não foi feliz, mas mostra claramente as sucessivas modificações de fundo que foram feitas ao longos dos anos! Essas, tal como agora, sempre no sentido de fazer crescer e embelezar a primitiva construção.
Honra e glória ao Gonçalo e à Isabel, que tão bem conservam aquilo q. tão querido nos é! Por certo que com muitos trabalho, sacrifícios, privações de luxos burgueses, que bem poderiam ter, em lugar de preservar a velha herança da família!
Abraços
Manuel M/
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