Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
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Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caros confrades,
Uma curiosidade histórica.
Iniciei a leitura da biografia do Infante D. Henrique publicada em Inglaterra pelo Professor de Oxford Sir Peter Russell (Yale University Press).
Trata-se de um livro muito crítico (excessivamente, na minha perspectiva) em relação à figura do Infante, mas ao mesmo tempo muito interessante pois ele investigou muitas fontes novas nomeadamente relatos de fidalgos estrangeiros que estiveram em 1415 em Ceuta e arquivos italianos que detêm correspondência entre a Côrte portuguesa e os seus representantes no Concílio de Basileia.
Mas a minha questão é outra.
Segundo o autor o Infante é feito duque de Viseu em 1411 e passou a dispôr de uma residência ducal que seria a Quinta de Silvares próximo de Viseu. Alguém sabe do que se trata?
Cumprimentos
JLiberato
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
A quinta de Silvares era em Silgueiros. Julgo que não existe actualmente, com este nome, nem se sabe muito bem onde era,mas não estou bem certo. No entanto já vi em tempos, várias referências sobre esta quinta. Vou ver se encontro alguma coisa sobre ela e depois digo.
Cumprimentos,
José de Castro Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caros J. Castro Canelas e J. Liberato
Ando também em buscas com o Ducado de Viseu cujas origens me interessam igualmente.
Para já nada encontrei no "Portugal Renasfido" de Fr. Manoel Rocha, bem como em "Noticias de Portugal" de Severim de Faria, e "Parallelos de Principes, e Varoens Illustres" de F. Soares Toscano.
O Pe. Carvalho da Costa diz pouco. Na sua CP, vol.II, Tratado V, pág. 177, começa a historiar as ruínas da "Cidade de Vacca... aonde hoje fe moftra a cova de Viriato".
Na pg. 179 diz:
..."Depois foy poffuida dos Chrsftãos, & fó em tempo delRey D. Joaõ o Primeyro foy entrada dos Casftelanos no anno de 1375.
Abrazada então efta Cidade, & o caftello livre com a gente, que nelle eftava, fez Duque della ao Infante Dom Henrique, feu filho, que tratou por vezes mudala a outro fitio, mas fem effeyto."
Pág. 186;
"S.Maria de Silgueyros, Abbadia do Bifpo, tem 250 vifinhos." (presumo q. em 1708)
Vou tomar fôlego para averiguar o q. diz a (difícil) Monarchia Lusitana, Beneditina Lusitana, HGCRP e Pinho Leal. Transmitirei o q. seja interessante.
Cumprimentos,
Manuel Maria Magalhães
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro Manuel Maria Magalhães
Penso que o Pinho Leal tem referências à quinta de Silvares. Procure em Silgueiros. Eu tenho uma cópia dessa parte mas não a tenho de momento comigo.
Julgo que o livro Memórias de Viseu de José Coelho refere também esta Quinta de Silvares, donde provinha um excelente vinho para a mesa do Infante D. Henrique.
Como vou regularmente a Silgueiros vou tentar procurar mais alguma documentação sobre a referida quinta.
Cumprimentos,
José de Castro Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Meus caros amigos Manuel Maria Magalhães e José de Castro Caldas,
Muito obrigado pelas vossas contribuições que eu também vou estudar.
A minha reacção intuitiva é que um palácio ducal, mesmo que tenha sido "modesto" não pode ter-se "evaporado". Devia haver pelo menos umas ruínas, um edifício muito adaptado, um vestígio. E uma figura do tamanho da do Infante D. Henrique, ainda por cima tão protegida e mitificada, deveria ter justificado que se conhecesse algo mais.
E, curiosamente, a Escola de Sagres julgo que sofre do mesmo problema...
Cumprimentos
JLiberato
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro José de Castro Canelas
Pois tem sim senhor! Um artigo a duas colunas e meia, identificando a freguesia na Beira Alta, distrito e Bispado de Viseu; 9 kms a S. desta cidade, a 275kms distante de Lisboa; 850 fogos (não aumentou muito em cerca de 200 anos…).
Refere claramente a dita Qta. de Silgueiros, doada que foi por D. Sancho II a João Annes Loureiro e sua mulher D. Sancha Gonçalves, pessoas nobres e muito ricas, vinculadas “in perpetuum” para que dos seus rendimentos se sustentasse o culto da Senhora. Inicialmente numa pequena ermida (S. Bartolomeu), foi depois erguida a actual igreja pelo dito padroeiro João Annes Loureiro, para ali albergar todos os paroquianos da freguesia logo formada que toma o nome desta quinta.
Mais refere nesta freguesia a quinta do Loureiro, solar da família. Noticia a aliança com os Figueiredo. Descreve algumas pedras d’armas desta família.
Mas, não tem uma única referência ao Infante Dom Henrique, o Navegador, não seguindo portanto o nosso Pe. Carvalho Costa na sua Corografia Portuguesa.
Lá terei de ir à “Monarchia Lusitana” e/ou à “Chronica de D. João I”, do Fernão Lopes…
É curioso que os Maya Coimbra Machado, senhores da Casa de Mosquete, em S. Cristóvão de Lordelo, Felgueiras, tinham um historial de padroado semelhante na capela do Divino Espírito Santo, essa, anterior à Fundação, onde por direito próprio ficavam sepultados numa espécie de cripta sob o altar-mor, com os seus “creados e creadas, servos e servas”. Todavia esse mesmo padroado é muito posterior, pois essa família só ali aparece nos finais do séc. XVI. Perdi o rasto a essa gente que, entre outros, se ligaram no séc. XIX aos Rola Pereira e aos Osórios ou Castros, de Juste. Os primeiros tinham perto uma bela casa armoreada, a Casa da Mata, deixada aos Frades Carmelitas (agora por certo melhor calçados do que eu…), os segundos mantêm a óptima casa que vejo muito publicitada.
Cumprimentos,
Manuel Maria Magalhães
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro J. Liberato
Leia p.f. a minha mensagem das 20:24.
Cumprimentos,
MM
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Manel
Em vindo o bom tempo podemos programar uma visita a Silgueiros em busca do "Paço" desaparecido e se possivel tomar um copo do tintol de lá , que é "super".
Mas lê primeiro a ML+ChDJ1º para contares ao almoço.
Um abraço
Vasco
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro Manuel Maria Magalhães,
Segundo Sir Peter Russell, D. João I terá comprado a propriedade em 1411 por troca, com Gonçalo Vasques Coutinho. Existirá um documento com tal troca descrevendo a propriedade como tendo mais de 23 casas à volta da residência principal, o tal Paço. A fonte não é indicada.
Um abraço
JLiberato
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro Manuel Maria Magalhães e J. Liberato
Não me lembrava concretamente o que referia Pinho Leal, mas pelo que transcreve confirma-se o que eu pensava, pois existem aqui algumas confusões.
A freguesia de Silgueiros é muito extensa e é constituída por várias povoações entre elas Loureiro de Silgueiros.
D. Sancha Gonçalves foi casada com Daganel, e não João Anes do Loureiro (descendente destes).
Foram senhores do Loureiro e fundaram a Igreja de Santa Maria de Silgueiros no ano de 1186, numa sua "Quintã" dotando-a com propriedades suas e vinhas para seu sustento, conforme documento em Latim bárbaro do Cabido da Sé de Viseu. Terão vivido na sua Quinta do Loureiro que deu origem a esta familia.
Mais tarde João Anes do Loureiro, talvez seu bisneto, dotou e acrescentou a Igreja de Santa Maria de Silgueiros, conjuntamente com suas irmãs, e instituiu um padroado que ficou vinculado à família Loureiro.
A quinta do Loureiro nada tem a ver com a referida Quinta de Silvares (e não Silgueiros), que pertenceu ao Infante D. Henrique.
A capela de São Bartolomeu situa-se no Largo do Loureiro, junto à Quinta do Loureiro e foi feita com dinheiro do povo da freguesia.
Hoje a Quinta do Loureiro pertence a uma tia minha e eu colaboro na sua administração pelo que terei muito gosto que lá venham provar o vinho de Silgueiros e colaborar na procura da Quinta de Silvares.
Quanto a ser difícil perder-se a localização do Paço, como refere o confrade J. Liberato, lembro que o Paço de Almeirim que foi demolido no séc. XIX, não se sabe ao certo a sua localização e este como sabemos, foi residência preferida dos nossos reis da 2ª Dinastia, ao contrário da Quinta de Silvares na qual o Infante D. Henrique, presumo eu, terá feito apenas umas passagens fugazes pelo local.
Cumprimentos,
J C Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caros confrades
Só mais uma achega: as referências que me lembro de ver a esta propriedade referem sempre a Quinta de Silvares que pertenceu ao Infante D. Henrique; não me recordo de ter lido alguma vez sobre um Paço Ducal.
Cumprimentos,
J C Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caros confrades
Consultei a Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e apesar de haver um lugar chamado Silvares na freguesia de Silgueiros, no que se refere à Quinta de Silvares situa-a num outro local, na freguesia de Cavernães, Viseu.
Diz ser uma honra notável ou quintã fidalga na alta idade média e confirma que Gonçalo Vasques Coutinho tem de sua herança "a quintã que chamam de Silvares que é em termo da cidade de Viseu, com seu assentamento de casas e com vinte e três casais de arredor que pertencem à dita quintã e foreiros a ela, e com uma vinha que o dito por si lavra".
Diz ainda que o lugar de Silvares se fez na e à roda da dita quintã.
Gonçalo Vasques Coutinho deu esta quintã ao rei (D. João I) e outras terras, em troca de certos préstamos no termo de Lamego.
Em 1401 D. João I doou estas terras ao Infante D. Henrique.
Peço desculpa de ter induzido em erro ao dizer que esta quinta era na freguesia de Silgueiros, apesar de já o ter lido algures, mas deve-se certamente a existir um lugar também chamado Silgares nesta freguesia.
De qualquer maneira, tanto quanto sei, não se sabe localização exacta das referidas casas.
Cumprimentos,
J C Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Vasco
Com o pressuposto da leitura prévia da "Monarchia Lusytana" como condição para a visita a Silgueiros, terá esta de ser adiada para as calendas.
Não te esqueça que esta obra é dividida em oito partes, correspondendo cada uma a um avantajado e bem pesado volume de textos "fac-simile" da sua impressão no séc. XVI, portanto com aquela leitura que adivinharás fácil e rápida...
Consta que o genial Camilo que tinha a ML como sua enorme fonte de inspiração para zurzir liberais, sobretudo os titulares, não terá lido senão 3/8 da obra para desfazer dúvidas criadas na atenta leitura do “Nobiliário” de Manoel de Sousa e Silva!
Para além disso ainda continuo com o castigo das dietas e tisanas, das quais serei (eventualmente) liberto em finais de Março.
Resumindo: sou um parceiro péssimo!
Abraço
MM
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Manel
Visto isso impõe-se um adiamento para os tempos primaveris que se aproximam, talvez em Maio. Tambem dantes tinha lá uma tia Figueiredo a fazer as honras da terra, mas agora resta-nos talvez uns petiscos no Martelo a preços do Maxim's.
Todavia temos sempre a hipótese do primo do Gonçalo, que nos deslumbrou da outra vez e renovavamos um abraço ao busto do ilustre lexicografo e tambem primo Cândido de Figueiredo.
Até breve e um grande abraço
Vasco
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caros confrades J. Liberato e Manuel M. Magalhães
Estive em Silgueiros no passado fim de semana e tentei saber mais alguma coisa sobre a Quinta de Silvares.
Reencontrei numa publicação de António Lopes Pires "Silgueiros - 800 anos de 1 paróquia" o seguinte:
"Não há dúvidas de que os vinhos de Silgueiros estiveram, desde há séculos, na mesa de reis e de princípes.
Ficou famosa a quinta que o Infante D. Henrique possuia em Silvares (povoação de Silgueiros), 'com casas e com 23 casais ao redor que pertenciam à dita quinta e com todas as outras pertenças'.
Daqui mandou o Infante levar vinhos para as grandes e prolongadas festas realizadas em Viseu, desde o Natal ao dia de Reis de 1414, pouco antes da conquista de Ceuta, festas que causaram, pela sua imponência e novidade, a maior admiração de naturais e estrangeiros.
De Silgueiros, para esta e outras festas e banquetes reais e da grande nobreza, em Viseu, em Lisboa e outras cidades onde a corte permanecia, seguia o nosso vinho já então conhecido e apreciado."
O mencionado entre parentesis é meu.
Surge pois aqui a versão, que eu tinha referido inicialmente, sobre a quinta de Silvares ser em Silgueiros, não mencionando qualquer Paço mas apenas casa e casais.
Esperemos que mais alguém possa acrescentar mais alguns dados para determinar em que local se encontrava a dita quinta de Silvares.
Cumprimentos,
J C Canelas
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro J. C. Canelas,
Muito obrigado pela sua contribuição.
A menção à quinta com 23 casais deve figurar nalguma publicação da Comemoração Henriquina, porque o número preciso é também citado no livro que me suscitou a abertura deste tópico.
Quanto a vestígios da dita não há nada, não é verdade?
Cumprimentos
JLiberato
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RE: Quinta de Silvares em Viseu-Infante D. Henrique
Caro J. Liberato
Realmente este número de 23 casais é comum a várias fontes; vi-o na Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e no livro que referi de Silgueiros. Certamente haverá outras fontes que os referem pois estes dois situam-nos em freguesias diferentes.
Quanto a vestígios teremos que continuar a procurar mas, creio, que não se saberá ao certo o local pois há uns anos um investigador queria situá-la na Quinta do Loureiro, em Silgueiros, pois a sua casa nalguns locais é referido como Paço. No entanto isso é fácilmente posto de parte porque, desta conhece-se relativamente bem a sua história pois pertenceu ineterruptamente, entre o século XII e XIX à família que aqui teve origem e que aí instituiram 2 morgadios.
Cumprimentos,
J C Canelas
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