Judiarias
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Judiarias
BS"D
Shalom!
Nos últimos tempos, este digno e útil espaço tem sido enriquecido por algumas contribuições de eminentes cabalistas, que nos vêm iluminar sobre as ignotas origens mosaicas de apelidos perfeitamente vulgares em Portugal.
Hoje em dia, Baruch Hashem, é moda descender-se de conversos... existindo inúmeros sites que, saudosamente, nos pretendem guiar na fascinante descoberta das nossas origens sefarditas, oferecendo ainda valiosos “support groups” (decalcados dos Alcoólicos Anónimos) em que os membros se brindam mutuamente com ridículas especulações semânticas e antropológicas, para as quais estão, mor das vezes, absolutamente impreparados.
Tais espaços são também foruns onde impera um forte e arcaico complexo anti-católico (também patente nalgumas mensagem enviadas para o Genea), sabe-se lá motivado por que ocultos desígnios freudianos de agradar a alguns rabinos, que na maioria das vezes estão bem cientes do ridículo dos impropérios e devaneios ali despejados.
Mais um dos efeitos colaterais da Internet, onde há de tudo para todos os gostos. Daqui a uns anos teremos certamente a Liga dos Descendentes dos Mouriscos Expropriados, em coligação com Nação Zulu de Portugal e Arredores, a reivindicar as devidas indemnizações.
O problema, no entanto, é grave, por duas razões: por um lado, envolve o valioso património histórico e familiar luso-judaico; por outro, diminui a Genealogia que é, antes de tudo, uma CIÊNCIA, baseada em provas documentais, sociológicas (e, cada vez mais, biológicas) e não um vão exercício de hermenêutica bastarda ao serviço das necessidades New Age ou da reconstrução de identidades que nunca existiram.
Independentemente de todas as especulações AtBash sobre pressupostas origens hebraicas, só existem, na minha opinião, dois meios de provar tal asserção: documental (processos da Inquisição) ou, em casos mais raros, sociológica (filiação numa comunidade marrana). Acrescento ainda um terceiro: prova por ADN, mas neste caso tem de se descender por linha varonil de um Cohen, o que quer dizer que um dos avós será Aarão, irmão de Moisés.
O resto não passam de teorias baratas da conspiração, género Código DaVinci, versão “israelita”, vis simulacros de uma verdadeira investigação realizada nos arquivos e bibliotecas.
Recorrendo ao jargão de Marx (marrano da mais pura cepa como se comprova pela análise das três primeiras letras do apelido...), isto é “lumpen” do mais vulgar e acéfalo que existe, responsável por prestar um péssimo serviço à memória da vítimas da Inquisição, de Portugal e dos nossos parentes israelitas do passado e do presente.
As pessoas são livres de embarcarem nas utopias e devaneios da sua predilecção, mas não o façam em prejuízo da Verdade, bezrat Hashem, inundando a Internet com rebuscadas fantasias onomástico-genealógicas, travestidas de sólidas conclusões históricas.
E, a propósito, a tradução de “David ben Shem Tov” (conjugação de nomes inédita em hebraico) será algo como “David filho do Bom Nome” (de Deus, subentenda-se). Já “David filho do Santos” dará algo como “David ben Ha Hassid”, “David ben Ha Tzadik” ou “David ben Ha Kadoshim” (respectivamente, Piedoso, Justo e Santos).
G.
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RE: Judiarias
Caro confrade:
Se me permite um adendo, investiguei a "linha davidica" segundo o Código, e, conforme a teoria deste ultimo, os primeiros reis portugueses, Afonso Henriques e sancho I sao descendentes de Abraao e de Jesus. O estroncamento se daria através de Hugo Capeto, descendente de Carlos Magno e dos "reis pescadores" merovingeos.
Cordialmente,
Joao Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho
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