A Princesa da Armênia e as DFAs
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A Princesa da Armênia e as DFAs
O texto abaixo é parte do ensaio ``Lendas, Mitos,'' publicado na coletânea _Convergência: Ensaios em homenagem a Emmanuel Carneiro Leão_, Sette Letras, Rio, 1999, que teve a mim mesmo como editor.
Há uma série de suposições implícitas, como p.e., que o documento a que já me referi, citado por fr. Bernardo de Brito, embora talvez um falso posterior, é correto na parte genealógica, ou que o Conde Ardabasto, cuja ascendência não é dada nas fontes imediatas, é, conforme a memória posterior, um filho bizantino de Athanagild. Deixo o texto intocado, assim mesmo, para que se discuta tudo isso.
Francisco Antonio Doria
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1. A Princesa Estuprada.
A história é tão estranha—
D. Mendo Alão viveu no Reynado dos Reys D. Fernando o Magno, e D. Affo. 6 de Leão foi Sr. de Bragança q alguns dizem q tomou aos Mouros. O Conde D. Pedro no seu Nobiliario lhe chama D. Mendo Alão de Bragança, e o da por chefe dos Bragancoes [...] M.el de Sousa da Silva nas Notas ao do. Conde D. Po. alegando o livro Antigo dis q cazou com hua filha de hum Rey da Armenia q veio com seu pay de romaria a S. Thiago de Galiza..
Cito esse parágrafo do título dos Alões, no Nobiliário do linhagista português Felgueiras Gayo, que o escreveu em fins do século XVIII. Gayo dá como suas fontes um outro linhagista, que pouco lhe é anterior, Manuel de Sousa da Silva, além de dois dos três livros de linhagens medievais portugueses, o Livro Velho, e o Nobiliário do Conde D. Pedro. Estes, datando de entre os fins do século XIII e meados do XIV.
A lenda da princesa da Armênia, princesa sempre inominada, é singela: Dom Mendo Alão era senhor das terras de Bragança, mais ou menos a nordeste do Porto, terras altas, montanhosas e de gente conhecidamente áspera. Isso, no século XI. Santiago de Compostela tem uma rota que atravessa esta região, onde fica também o mosteiro de Castro de Avelãs. Gayo resume o que o Conde D. Pedro e os outros linhagistas seus contemporâneos contam às claras. A princesa e o rei seu pai, peregrinos a Santiago, hospedam-se no mosteiro. Lá os encontra o senhor de Bragança Dom Mendo, que estupra, violenta a princesa, e filha-a de um filho, Dom Fernão Mendes, senhor de Bragança, chamado o velho. Personagem histórico, esse, a quem se referem documentos do tempo do Conde D. Henrique, no princípio do século XII.
A base histórica.
Têm muito má fama esses primeiros Braganções. Neto homônimo de Fernão Mendes o velho, Fernão Mendes o bravo, rapta e estupra a irmã do próprio rei, D. Afonso Henriques, segundo outra narrativa do Livro de Linhagens. Isso porque o rei caçoara de seus modos porcos à mesa, quando ao tomar um pouco de leite, caíram-lhe nas barbas restos de nata—babava o leite, o senhor de Bragança. Pior: queixa-se a mãe da barregã do filho, e o filho o bravo, manda matar à mãe. O estupro da princesa é episódio menor em tudo isso.
Mas, de onde vem essa narrativa inacreditável, sobre um rei da Armênia pacífico e indefeso, em peregrinação a um santuário, que vê a filha ser brutalizada dentro de um convento pelo senhor das terras onde fica o convento?
São Mendo, ou Santo Hermenegildo.
Nosso guia é o nome do senhor de Bragança, Mendo, isto é, uma forma corrupta do nome germânico Hermengild. Nome que significa “guerreiro ilustre,” e que aparece entre os visigodos em certa família no século VI, quatro, cinco séculos antes da lenda que envolve o senhor de Bragança. Certa família muito especial: a família real visigoda, os descendentes de Leowegild, rei da Espanha visigoda.
Leowegild sobe ao trono dos visigodos em 568. É um nobre sem parentesco à antiga família real, os Baltunge, à qual pertenciam Alaric e Athaulf, os conquistadores do século anterior. Mais ainda: Leowegild é de confissão ariana, quando aos poucos vai-se fazendo católica a população da Espanha. Seu filho primogênito, Hermengild, casa-se com uma princesa católica, Ingundis, filha de Sigebert de Austrasia e de Brünnhilde—sim, são as matrizes históricas para outro casal mítico, Siegfried e Brünhilde. Instigado pela mulher, Hermengild abjura o arianisno, converte-se à religião católica, declara guerra ao pai, é vencido, aprisionado, e assassinado na prisão em 585, um ano antes da morte de Leowegild. (Filipe II pede, e o papa de plantão canoniza-o; é Santo Hermenegildo, mártir da fé.) A Leowegild sucede o filho segundo, Reccared, que pacifica o reino convertendo-se ao catolicismo.
Mas a linha de Hermengild fica por uns tempos excluída do trono. Seu filho (com Ingundis) Athanagild exila-se em Bizâncio, onde encontraremos agora o núcleo duro, histórico, da lenda da princesa da Armênia.
Príncipes armênios em Bizâncio.
Pois em 578 vemos um príncipe armênio, Vardan ou Vardanes, terceiro do nome, da dinastia dos príncipes Mamikonianos da Armênia—dinastia que, segundo fortes e fundadas evidências (mostradas no livro de Christian Settipani, Nos Ancêtres de l’Antiquité, de 1990), remonta aos Arsácidas, aos Aquemênidas, aos Ptolomeus, e talvez mesmo aos faraós do Médio Império egípcio—vemos este príncipe Vardan exilar-se em Bizâncio, onde se casa com uma filha do patrício Philippikos e de Gordia, irmã do imperador Mauricius. Muito provavelmente foi mulher de Athanagild, filho de Hermengild, uma filha de Vardan Mamikonian. Este Vardan era sobrinho de outro dos grão-príncipes da Armênia, Artavazd IV, cujo nome se reproduz naquele do filho de Athanagild, Ardabasto.
A mãe inominada de Ardabasto (helenização do nome Artavazd), nora de Hermengild, o santo, é a matriz, o modelo, o molde de onde sairá a lendária princesa que é violentada pelo senhor de Bragança Dom Mendo.
Mas, estamos em Bizâncio. Como relacionar tais fatos à lenda que tem como cenário um pequeno senhorio no norte de Portugal, tão distante?
Condes dos cristãos em Coimbra.
Ardabasto volta à península ibérica e usurpa o trono visigodo; é deposto em 649, e morre em 652. Seu filho Erwig volta ao trono e morre em 687. Nos começos do século VIII, quando a Espanha é invadida pelos árabes, um descendente destes, Sisebut, é nomeado pelos conquistadores comes dos cristãos em Coimbra. Sábia estratégia dos conquistadores muçulmanos: melhor deixar cada comunidade sob a direção de seus próprios líderes, e conduzi-los, aos líderes, e não diretamente às populações. Assim sendo, cada região possuía seu “conde dos cristãos,” assim como cada comunidade judaica (pois que essas haviam, na Ibéria do ocidente, desde o tempo da queda de Cartago) se mantinha organizada sob seus rabis.
A convivência dos condes dos cristãos de Coimbra com os muçulmanos nunca é muito pacífica. Sabemos, no século VIII, de duas intervenções do abade de Lorvão, mosteiro que ficava nas proximidades de Coimbra, junto ao vali muçulmano, o governador da área, em defesa do conde. (Na verdade, o vali em causa poderia ter sido o próprio emir de Córdova, Hisham, ou Abu al-Walid ar-Radi Hisham.) Finalmente, em 878, Hermenegildo ou Mendo Guterres, o último dessa linha, expulsa os muçulmanos do território de Coimbra e se declara feudatário do rei Afonso III de Leão—o que na prática o fazia um senhor independente.
Forma-se a lenda da princesa da Armênia. .
Imaginemos o seguinte. Bragança, nos começos do século X, é um lugar no fim do mundo, montanhoso, terra hostil a seus habitantes, e tendo como senhores a uma família de brutamontes. Esta família, talvez longínqua descendente dos Álanos que se fixaram na península depois da dispersão dos hunos (aos quais os álanos acompanhavam), esta família dos Alões exerce o padroado senhorial sobre o mosteiro de Castro de Avelãs. Um dos senhores se interessa, se afeiçoa nalguma das freiras do convento, talvez de origem nobre. Estupra-a, e mais ainda, torna-a sua mulher. Seu nome é Mendo, ou Hermenegildo.
À distância, duas, três, quatro gerações depois, este Mendo, descendente bruto dos Álanos, se confunde ao grande presor de Coimbra, Hermenegildo Guterres. Lendas se formam como se foram sonhos sonhados ao longo de alguns séculos por uma população sem grandes tradições escritas. Há inflação—um senhor menor, Mendo, o dos Alões, incha-se na memória oral até capturar a imagem, o molde, de um grande senhor, Mendo de Coimbra—e conflação, ou condensação—o Mendo inflacionado toma para a sua própria história os detalhes mais notáveis da história do outro Mendo. Assim nasceu a lenda da princesa da Armênia.
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro Francisco Antonio,
Antes de mais devo agradecer a sintese assim oferecida ao publico do forum. No que me toca, ja conhecia um pouco a lenda da princesa armenia sem saber ao certo do que se tratava, salvo dizer respeito à linhagem medieval dos Bragançoes.
Afinal o assunto gira mais em volta dos condes de Coimbra. A questào essencial reside em saber se a familia condal de Coimbra, tào bem estudada por Jose Mattoso era de origem Astur-Leonesa (seguindo J. Mattoso) ou autoctone, ou melhor visigoda, e nào so visigoda como tambem descendente da casa real visigoda (uma delas).
Quero arriscar algum comentario.
Neste aspecto tambem, nào se vai dar com certidoes de nascimento. Desta vez tambem se deve, no meu entender, considerar isso como hipotese de trabalho.
Elementos favoraveis à essa hipotese existem. Nào desconheço a continuidade que deve ter existido na administraçào de certas comunidades cristàs em territorio dominado pelo Islào. Um género de Etnarquia bem interessante.
Suponho que é hoje geralmente admitido que o territorio de Coimbra pode ter gozado tratado com os Arabes, semelhante ao de Tudmir em Murcia.
Por outro lado, colaboradores da invasào de 711 no seio da mais alta aristocracia visigoda, continuaram detentores de patrimonios, latifundios, agregados de aldeias.
Portanto a ideia que se impoz quanto às origens da nobreza medieval europeia em continuaçào (parcial) da aristocracia romana misturada como elemento invasor germanico, tambem resulta em Espanha (em circunstancias diferentissimas).
Nào discordo.
Mas a continuaçào genealogica, em parte estabelecida no caso dos condes ou juizes cristàos de Coimbra, nào é total. Os perigos da "ruptura" da linhagem sào bem patentes. O proprio conteudo do documento de Lorvào, quando se lhe da fé, é elucidativo.
Uma cabeça de governador ao longo das "fitnas" pequenas e grandes que ilustram a historia da Espanha muçulmana era apêndice facil de perder.
Como as tribos Arabes e Berberes podiam apesar das vendettas, dos assassinatos de grupo, das batalhas sangrentas, permanecer como linhagens no meio das vicissitudes, o caso tambem se pode dar com os "governadores" cristàos. Certo.
Julgo no entanto, seguindo nisso o caso das familias da aristocracia visigoda andaluza, que os ramos cristàos das mesmas eram mais frageis "biologicamente" que os ramos muçulmanos (criou-se por vezes novas dinastias de cadis ou coisa parecida)das mesmas familias
No entanto, quando aos etnarquas cristàos de Coimbra a ligaçào nào està bem estabelecida e tem pontos de grande fraqueza.
Depois a onomastica pode ilustrar o sentimento de pertencer a determinado grupo etnico e nào forçosamente como membro de determinada linhagem (por exemplo Ataulfo).
Sabemos, no que diz respeito mais precisamente as genealogias das familias reais visigodas, antes de 711, que eram mais que nebulosas.
As origens "bizantinas" de Ardabasto nào sào problematicas, e a traduçào de Ardabasto em Artavazt, é tentadora.
Mas a multiplicaçào dos pontos de fraqueza é algo preocupante nessa hipotese de trabalho.
De modo geral devo dizer, sem que isso constitua uma opçào definitiva, que a ligaçào genealogica de Constança de Arles (antepassada de D. Afonso Henriques, que é uma importante referencia genealogica para portugueses) à dinastia bizantina de Leào VI, e por via de consequencia aos Mamikonians da Armenias, ou aos Arsacidas de Armenia (sem ir além), continua à "menos hipotetica" via de LGA, no que diz respeito a genealogia portuguesa.
Dito isto com toda a reserva (a mesma reserva que vem na obra de Christian Settipani, em que se acha exposta a hipotese).
Sào estes os poucos elementos que posso trazer ao lume do debate. Bem pouco, é certo....
Um abraço.
Carlos Paulo da Silva
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caros colegas
Gostaria de aprofundar, um pouco mais, várias questões:
a) Sendo altamente provável o grau de rudeza de Mendo Alão, seria possível, um estupro com posterior filhamento?
Apesar do fim pacífico da deslocação (da Arménia para Santiago), não acredito que não tenham trazido o seu séquito; que incluiria naturalmente "gente de armas": uma guarda pessoal!
b) Respeitando muito o trabalho do Francisco António Dória, quer-me parecer que o trocadilho de nomes, relativamente à tese pela qual o estupro, teria sido feito por um elemento da família Condal de Coimbra, seria contra um principio ético primordial: o juramento Divino. O Conde de Coimbra, para além do juramento perante os Homens, teria concerteza feito um juramento Divino: este último, parece-me constituir o cerne da questão.
Os "comes" juravam em nome de "Nosso Senhor", defender o território e as populações de ameaças externas. Tinham também como imperativo, o dever moral de bem acolher estrangeiros. Ainda para mais peregrinos!
c) É minha convicção que se terá cometido um "alegado estupro". Mendo Alão de Bragança terá seduzido a filha de Vardan Makimonian. Tudo o que se passou posteriormente terá sido feito no intuito de salvaguardar a reputação de N... da Arménia.
d) Uma coisa porém continua problemática: a razão do ocultamento do nome da Princesa. É verdadeiramente intrigante.
Com os melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro Artur, e caros colegas,
Minha opiniào, provavelmente decepcionante, quanto à princesa Armenia é a seguinte :
Conhecendo um pouco (como amador) as caracteristicas gerais das DFA/LGA (Ligaçào Genealogica com a Antiguidade) com suas qualidades e defeitos estruturais, nào me espanta que os Mamikonian « sirvam para tudo » como parecem servir para todas as DFA/LGA. Como se fossem a unica familia principesca Bizantina (alias Armenia). Assim é porque os Mamikonians sào portal muito razoavel para periodos mais antigos, favorecendo tendencia natural da DFA/LGA.
Seja como for, devo dizer que nào entendo bem o que iria fazer uma princesa de rito armenio ou bizantino em Santiago de Compostela. Nào imagino.
Tambem nào vejo uma princesa Armenia ou Bizantina viajar pela peninsula Iberica, nem tàopouco pela Europa ocidental.
Se o fizesse seria por ocasiào de casamento. Os casos sào muito raros. O casamento com um principe de Europa occidental nào era julgado honroso, pelo contrario, nas monarquias bizantinas e armenias.
Claro que aconteceram tais alianças matrimoniais de alta poltica internacional, com principes dos poucos estados que estavam em medida de intervir em força na politica do Imprerio bizantino.
Estes apenas, e com pouca vontade, por se tratar no parecer Imperial, de paises semi-barbaros, rudes e suspeitos do ponto de vista religioso perante o rigoroso clero bizantino.
O mesmo se poderia dizer no seu todo a proposito das familias principescas semi-independentes da Pequena-Armenia.
O rapto de princesa armenia em territorio Trasmontano nào me parece razoavel.
Outra questào é saber se em periodo anterior, a saber durante a presença bizantina no Levante Iberico se pode conceber alianças matrimoniais entre mulheres bizantinas/armenias e poderosos visigodos.
Podemos com efeito imaginar que um comandante ou governante bizantino tivesse filhos (portanto filhas) em territorio espanhol. Muito se pode entào imaginar. Imaginar digo.
A lenda da Princesa Armenia é um mito fundador na linhagem dos Bragançoes. Tambem é tendencia natural de linhagista medieval (e nào somente) nào começar ex-nihilo uma linhagem sem deixar antever um passado ainda mais antigo, e prestigioso, mas forçosamente misterioso.
Parecida com mitos fundadores de outras linhagens Europeias, a lenda da Princesa misteriosa vinda de terras longinquas e exoticas.
O pais basco é rico de lendas linhagisticas parecidas (com princesa escocesa por exemplo). Em França os Lusignan, em Espanha os Haros, em Portugal a Dama-Pe-de-Cabra, sào variantes com a mesma raiz.
Julgo que se trata de reutilizaçào cristianizada de material lendario antigo (Mélusine por exemplo), presente em toda a Europa.
Percebe que nào dou credito a uma princesa Armenia, salvo do ponto de vista literario, e é fenomeno para se estudar ; mesmo em genealogia, porque a lenda genealogica faz parte dos dados genealogicos (entre os mais valiosos), mas como lendas : A literatura propria (ou adaptada) da linhagem.
Um comentario mais, a proposito dos « comes ».
Nào podemos minimamente generalizar o respeito que os « comes » « dux » « vicarius regis » e outras categorias de governadores medievais, pelo juramento ou pelo proprio juizo divino.
A percepçào do dever moral, do pecado, do perdào, do bem, do mal, do justo, do injusto, na idade media, ou melhor nas idades medias é assunto altamente complexo.
Nào tenho competencia para uma aula sobre o assunto.
Mas modelos de virtude nào eram na grande maior parte dos casos : homens de poder, usando a força, o constrangimento, a violencia quando julgavam precisar.
A figura do senhor medieval, servidor bondoso e justo do Amor divino, ou até do Amor Cortês, sào figuras literarias.
Se tiveram o Artur e demais colegas a paciencia de ler até aqui, segue mensagem mandada para outro forum de genealogia portuguesa, sobre origens estrangeiras lendarias, que tambem serve em parte (em parte somente) para a nossa antepassada mitica, a princesa Armenia :
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28/01/2002
Caro Keffer,
De facto interessante fenomeno.
Em pais do novo mundo julgo, sem ter certeza, que serà quase natural.
Mas fenomeno ao qual nào fugiu Portugal antes pelo contrario.
De modo geral as origens nào sào sempre francesas podendo ser tambem
Inglesas, Alemàs, Italianas (parte norte), ou até Hungaras.
Vi uma vez um estudo sobre a flor-de-lis, nào poucas vezes simbolo em
Portugal de pretendida origem francesa. Vem-me naturalmente o exemplo dos
Carneiros, familia de origem burguesa portuense, que pretendeu,
provavelmente bastante tarde à origem francesa (uns condes de Mouton).
Digo que a origem francesa nào é a unica, e penso neste momento aos Teives,
familia creio que Bracarense, que arranjaram uma origem inglesa (um Ricardo,
filho do Rei John, bastardo alias suposto ter nascido em França).
Os Fonsecas por sua vez seriam descendentes de fabulosos cavaleiros
hungaros. Ja é outra veia, mais fantastica.
Poderiamos citar mais os Magalhàes, cujo fundador Afonso Vaz seria fidalgo
bolonhês, parente da condesa esposa de D. Afonso III. Escusa dizer que os
Afonsos, e os Vaz, ou Vascos sào rarissimos em França, na referida época.
Quem encontrar um que mo diga.
O "refundador" da linhagem dos Magalhàes na epoca da tomada de poder pela
dinastia de Aviz, juntou uma pretendida origem Inglesa, por via de sua
esposa Ines, filha de Gil Duro (neste caso simples cavaleiro Ingles). Em vez
de ser simplesmente "de Urrô".
Os Abreus pretenderam por sua vez serem descendentes dos Condes de Evreux,
em Normandia. Nada mal para uma linhagem de relativamente pequena nobreza
até pelo menos o periodo Fernandino.
Os Pereiras por sua vez sào descendentes de fabulosos principe real
Longobardo embarcado no Norte da Italia, e desembarcado com um punhado de
companheiros no Norte da Galiza.
Neste ultimo caso temos ao serviço dos Pereiras um inventor escritor
bastante culto que conhece talvez a Eneida de Virgilio.
Escolhi apenas exemplos que no segundo creio nào tem fundamento. E no meu
parecer nem uma luzinha de verdade.
Para acabar a parte antiga, nebulosa de uma linhagem, nào ha melhor que
origem estrangeira, prestigiada embora misteriosa, muitas vezes real senào
Imperial e, digamos que isso deve ser importante, inverificavel na altura
em que foram redigidas as narrativas. Hoje começam a ser amplamente
verificaveis, e logicamente desaparecem.
As origens espanholas tem menos tendencia a desaparecer.
Algumas origens Francesas mantem-se como no caso dos Francos, dos Xiras, dos
Rabaldes e derivados, ou confirmam-se. Repare que sendo assim, sua origem
social e em boa medida geografica é totalmente desconhecida para periodos
anteriores à sua chegada. Isso é significativo. Nestes casos que acabo de
citar sabemos que eram "Francos" e nada mais.
Outras mantem forte incerteza : Os Gascos e as numerosas linhagens medievais
tradicionais que delas procederam.
Certo que o exemplo que servia de referencia a todos os linhagistas era como
é obvio o do conde D. Henrique, vindo de Borgonha e fundador da dinastia
Afonsina.
Um linhagista nào gostava (nào gosta) de escrever "antes deste nào se sabe".
Antigamente era importante questào de prestigio. Um antepassado francês
abria perspectivas interessantes. Podia ter até origem superior sem que se
fosse verificar. Os periodos anteriores nào necessitavam narrativa e ao
mesmo tempo a Honra estava à salvo.
As narrativas que acompanhavam o episodio da chegada a Portugal eram
legitimadoras das Honras, poder e riquezas, pela guerra geralmente (maior
parte das vezes guerra santa), recompensada pela autoridade real.
No seio da nobreza tradicional portuguesa posterior à idade media uma origem
estrangeira na arvore equivale em prestigio em certa medida a uma origem
nobre, ou burguesa.
Isto é uma curiosidade que me tem aparecido, e que està para se verificar.
Mas isso ja nào é assunto para mim.
Simplesmente quero dizer que ainda é apreciado, hoje em dia.
Veja o recente livro "Os Magalhàes" de Manuel Villas Boas, que apesar de
suas numerosas qualidades, favorece com certa delectaçào as origens
estrangeiras "pretendidas" dos Magalhàes.
Afinal, o que importa é que a origem seja diferente da origem do comum.
Na idade media e depois, de certa forma, nào era prestigiado ser autoctone.
No Brasil nào sei dizer se jamais foi.
Na Europa medieval ser descendente do mesmo povo que o povo era um género de
quebra de legitimidade do poder feudal.
Para acabar direi que nào é proprio dos Portugueses. A linhagem català dos
Montacadas pretendeu, apesar de seu enorme prestigio proprio a uma origem
Prussiana que nào tem.
Na Armenia a antiguissima e muito poderosa linhagem dos Mamikonians
pretendia ter origem em algum principe chinês, de ha séculos antes. Mas ja
estamos na antiguidade.
Vou portanto poupar o pessoal com o exemplo grego, suas origens autoctones,
suas origens estrangeiras, o sentido pratico que dai decorria, e sobretudo a
origem divina das familias reais, o que era o melhor meio de ser diferente e
superior, e portanto legitimo.
Voltando a periodos mais recentes
A familia francesa dos Lévis (uns duques) arranjou uma origem na familia do
Cristo, e outra familia em Ponço Pilato.
Muitas das nossas "Descents From Antiquity" ou "Liaisons Généalogiques avec
l'Antiquité" correm perigos semelhantes. Ao lado de todo o resto o
Genealogista nào gosta de nào saber a geraçào seguinte para se descobrir.
Tudo é possivel.
Melhores cumprimentos.
Carlos Silva
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Carlos Silva
Li com interesse as suas considerações sobre as fantasiosas origens de muitas famílias nobres ou tidas como tal.
O que diz sobre as famílias estrangeiras é tambem verdade - parece-me que todas as famílias inglesas (como a minha)que o vinho do Porto trouxe a Portugal tinham pretensões de nobreza - a havia sempre em Londres um "heraldic stationer" pronto a "conceder-lhes" carta de brasão, em pergaminho e tudo, ligando-os preferencialmente aos prestigiados conquistadores normandos...
No que respeita à princesa Arménia, e sem de forma alguma querer rebater o seu ponto de vista, queria apenas lembrar que no Nordeste Alentejano há frequentes referências a princesas arménias (nalguns casos há referencias a fugas para norte do Douro, para escapar aos "mouros". Isto está certamente relacionado com alguma familia poderosa da região, onde o antigo Municipium romano de Ammaia, depois de destruído pelos bárbaros, e esquecido o nome original, passou a ser denominado Araménia (ver inquirições de D.Afonso III). Actualmente existe no local a freguesia da Aramenha, onde se vêm as ruínas de um templo, da muralha e do Forum. Araménia parece ter resultado da corrupção de Ara Moénia ("as Muralhas do Templo"), da mesma forma que Juromenha veio de
Julius Moenia ("as muralhas de Júlio [Cesar]).
Não me leve a mal ter-me metido em assunto para o qual não estou, na verdade, preparado. Não resisti à tentação de pôr mais uma hipótese.
Cumprimentos, J.A. Allen
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Carlos
Não tinha apanhado esta. Está espantosamente clara e, providencial. Esqueceu os Rocha. Uns descendentes de Monsieur de La Roche (talvez do Laboratório...) desencontrados outros, concebidos sobre a primeira fraga q. encontraram num fim de tarde de verão, lá no monte...
Gostei da referência a Magalhães. Lá se vai a minha vaidade biscainha...
Grande abraço!
Manuel Maria
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Artur Jorge
Em relação à alinea b) entre as muitas razões para defesa do Comes ou contes, estaria justamente a arte de bem receber. Não esqueça o meu caro Artur que foi bom costume transmontano e beirão, meter uã filla, ou mesmo a mulher, na cama do hópede que se queria honrar. Se calhar, tratando-se duma hópede, seria o senhor da casa a fazer o frete...
Gostei muito da interpretação do nosso Carlos Silva.
Já agora, porque não tenho o seu e-mail. Encontrei um recorte do anúncio no JN, em 28.2.2002, participando a missa de 30º dia de D. Maria José Nunes da Costa Camizão, na Igreja das Antas, Porto.
Grande abraço.
Manuel Maria
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro Manuel Maria
Só agora é que lhe respondo: estive, de fim de semana, na Ericeira. Meu Deus, valha-nos o ar puro, bom peixe e marisco, porque quanto ao mais perdeu muito em tipicidade (tendo um índice desmesurado de construção).
Quanto aos hábitos transmontanos e beirões
, o que diz é possível, ironia à parte...!
Relativamente à Maria José: orações por sua alma; Nosso Senhor, de certeza, que a acolheu bem.
Grande abraço
Artur João
arturcamisao@netcabo.pt
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caríssimo Carlos
Tenho andado a matutar com a sua bela dissertação “Da verdadeira origem dos apelidos”, assunto muito mais profundo do que poderá parecer à 1ª vista. Não vou procurar defender aquilo que nos parece indefensável, não vou sequer repetir a estafada justificação de “onde fumega, há ou houve fogueira”. De resto, esta é uma questão já velha para mim, tanto que até lhe apresentei já alguns casos plenos de lendas e curiosas narrativas, sobre apelidos q. mais me dizem. São eles, os Magalhães, desde logo; Sampaio, Mello, Meireles, e até os Soares onde a lenda funciona de forma inversa, pois na sua origem teriam o tal Soeiro – supostamente de geração espontânea – guardador de porcos, e não um “Señor mui fuerte” das Astúrias, Leão ou Castela. Não pretendo com isto atacar ou ferir qualquer “Visconde” Soares de seu nome, até porque na minha mais remota varonia é a um Soares que se chega... E a propósito daqueles reinos, não duvido um milimetro que há em Portugal muitíssimo sangue, nomes e apelidos, por corruptela ou não, oriundos daquelas paragens. Assim como os há de França, Inglaterra, Paizes Baixos e outros, não tantos quantos dali, mas suficientes para serem já numerosas e muito espalhadas famílias, que até deixaram de ter conhecimento entre si.
Já sabemos que a Genealogia tem inúmeras limitações, como de resto todo o conhecimento. Nela cabem amiúde, as suposições, hipóteses, postulados, deduções e premissas, para se chegar a uma conclusão a qual, tantas e tantas vezes, para ser aceite é preciso ter fé...
Não quero com isto dizer que estou predisposto a aceitar que a origem que o apelido Mello vem da celebrada porta nas muralhas de Jerusalém, que os Magalhães derivam de Magalia e eram parentes da Condessa Mathylde, que os Meirelles vem dos de Chacim e assim se chamam por causa do brado “Myra elles que bravos som”, sendo q. eles eram 3 irmãos, esforçados cavaleiros de lança em riste contra mouros segundo uns, contra castelhanos, segundo outros (menos ambiciosos da antiguidade..). Que os “verdadeiros” São Payo, provém de Pelayo de Covadonga. Enfim, um ror de lendas e narrativas à semelhança do que no género se encontram por todas as Hispânicas Terras, por essa Europa fora, por todo o mundo afinal. Não é nem por sombras, meu caro Carlos, exclusividade nossa. Nas resenhas familiares dos grandes de França, quantos se afirmam descendentes directos de Charles Magne? Uma infinidade deles por esse mundo fora e mesmo aqui, exceptuando na China, Japão e para lá do círculo polar antárctico!!!
De resto, já contava o nosso querido Julles Verne que todos os russos exilados eram Grão Duques e Condes, no mínimo Ajudantes d’ordens do Todo Poderoso e Autocrático Tzar da Santa Rússia!!
Não podemos, nem devemos ficar atrás e vai daí, uma grande parte dos nomes estrangeiros radicados em Portugal há mais de 200 anos, têm as mais dilectas e distintas origens, aparentados proximamente com o Sol, a Lua e as mais brilhantes estrelas!
Estas fantasias muito próprias dos linhagistas dos sécs. 16 e 17 eram como diz, e muito bem, uma forma de escape para o “horror ao vazio”, um passo em frente (neste caso bem atrás...) no desconhecimento daquilo que lhes pareceria evidente, transportadas para este tempo em q. vivemos, têm certamente uma explicação lógica na Sociologia, no comportamento humano. Não quererá o Carlos debruçar-se sobre a questão e fazer um comentário? Muito gostaria de o ler.
Cumpre-me uma conclusão. E uma vez mais vou a reboque da équipe GP, do seu discernimento e bom senso. Patronímicos e alcunhas, a mais provável origem dos apelidos que encontramos. A verdadeira razão das lendas e narrativas fantásticas, fica por esclarecer.
Grande abraço! /// Manuel Maria Magalhães
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Permitam-me que que transcreva um pequeno texto de Vahan M. Kurkjian - A History of Arménia:
Gagik I succeeded his brother Sembat II on the throne of Armenia in 989. Under the rule of this king, the Bagratid dynasty of Ani attained the zenith of its power. The construction of the main cathedral of Ani was completed,and the country was generously provided with new churches, chpels, monasteries and schools. Commerce attained a volume hitherto unknown.
Nakhitchevan, Ardzen, Baghesh (Bitlis) and many other cities became important centers in wich products of Persia, Arabia, India and even of China were exchanged for the merchandise of the West. Profiting by the era of tranquility, Gagik centered his attention on commerce.
Armenia became an intermediary markt between the Orient and Mediterranean countries, and was reward with an amazing increase of wealth.
Direct relations between the Moslem East and the Christian West were impossible. There were two peoples, who, by reason of their geographic position, could serve as intermediaries: the Armenians and the Georgians.
During this period, while Armenia was enjoying peace, her neighbors were not so happy. In the North, people were engagedin batttles against each other or Georgian marauders.
King Gagik deemed it wise to remain aloof from these affairs.
Gagik I died in the year 1020. He was succeeded by his son Johnnes-Sembat III.
( continua)
Cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Continuação:
Leo V is the most tragic king in Armenian history. He has the unsavoury distinction of being the last Armenian King.
During the 14th Century, INTERMARRIAGE WITH FRANKISH CRUSADING FAMILIES FROM WEST WAS COMMON AMONG ARMENIAN NOBLEMAN, and Frankish religious, political and cultural influence, though resisted by the more nationalistic barons, was strong. It was the custom of Armenian Kings to reform their courts on Western models. Leo V left no heir. The crown is given to the Lusignan family, starting with Guy de Lusignam, but he is assasinated by the barons. Constantine IV and Constantine V were elected by the barons but the later was also assasinated.
Leo VI ascended the throne in 1374. His reign was a very short one (1374-1375) as the Mamluks were advancing into Armenia. In 1375 the capital of Sis fell to the Mamluks, and the King was capturated. Hew was safe conduct to Egipt.
His ambassadors were fortunate enough to obtain from the Spanish Kings of Aragon and Castile funds for his liberation. In 1382 Leo VI was released and sailed to Europe. He wandered among the courts of Europe until his death in 1393. He was buried in the monastery of the Celestins in Paris.
Depois da Revolução Francesa o seus restos mortais foram trasladados para uma célebre Abadia ( não revelo o nome ) onde repousam ainda hoje .
Não transcrevo a séria dos Reis desde Arghisti I (786-764 AC) até Artavazd II (falec. 95 AC)por ser muito complicado e a maior parte do texto estar em arménio. Lembro que a este sucedeu seu filho Tigrane II que casou com Cleopatra filha de Mitridates VI, Rei do Ponto. Tigrane reinou 40 anos até 56 AC.
Em 287 AD, reinava Tiridate II ( ou Khosrov le Grand).
A este sucedeu Tiridate III que adoptou o cristianismo como religião do Estado e foi o primeiro país do mundo a fazê-lo. O primeiro chefe da igreja foi São Gregório e a sede era na Catedral de Etchmiadzin.
Todas estas informações foram transcritas do livro " The Kings of Armenia" editado em Montreal,1985 pela Armenian Cultural Association Hamazkain. Esta publicação tem a particularidade de apresentar uma série de gravuras a cores mostrando o vestuário e insígnias dos diversos Reis da Arménia que foram reproduzidos se encontram expostos no Centre Communautaire Arménien de Montreal.
A riqueza dos trajes e adornos é notável, sendo de salientar o de Gagik I e de sua mulher a Raínha Gorondoukht, que não posso reproduzir aqui.
Infelizmente este país sofre em 1915-1916 um terrivel genocideo , bem documentado em "Le Genocide Armenien dans la Presse Canadienne.
Pelo descrito não é dificil de prever uma ligação de um português com uma princesa arménia, quer antes de AH quer depois ou trazida por um Lusignan.
Vasco Briteiros
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Não tenho frequentado muito o fórum devido à dificuldade de acesso. Como fui alertado pela msg de resposta, faço apenas o seguinte comentário: o nome do Conde Ardabasto é indubitavelmente armênio (Artavazd), e típico na geração de Vardan III Mamikonian, atestado em Bizâncio algo antes. Estes são fatos de comprovacão histórica razoável. Como os nomes Mendo e Fernando aparecem na descendência dos Condes de Coimbra, e refletem o ancestral tradicional de Ardabasto, Sto. Hermenegildo, formulei assim a hipótese que começa o tópico.
Já comentei nalgum canto que mitos são um pouco feito sonhos, com mecanismos de condensação e similares. O mito da princesa da Armênia teria assim origem na história dos Condes de Coimbra, e de seus longínquos antepassados armênios.
Francisco Antonio Doria
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Alexandre
Aqui chamo o tópico da Princesa da Arménia , lendáriamente oriunda de um povo sofredor e que ainda não conseguiu a sua independência como nação, a que pela sua cultura e identidade étnica, teria todo o direito.
Quanto ao túmulo do Rei Leo VI ( e não Gargik) revelo que está actualmente na Abadia de Saint-Denis de Paris. Se algum confrade estiver perto pode aproveitar ir lá dar uma espreitadela e transmitir-nos o epitáfio.
A propósito da Arménia lembro que nós aqui no Porto, temos uma Rua Arménia e que tem uma lenda bem interessante. Quem a sabe?
Vasco
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RE: Saint Denis
Caro Vasco Briteiros,
com prazer vou voltar muito em breve à abadia de Saint-Denis, e tentar achar o dito tumulo.
melhores cumprimentos
C.P. Silva
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro Primo,
Artur Jorge? Onde está a intervenção dele, que não a encontro?
Confusos abraços
Alexandre
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro José Alberto Allen,
Saborosa a sua referência às famílias estrangeiras, em especial às que o vinho do Porto trouxe a Portugal (e neste caso posso asseverar-lhe, de conhecimento directo, que tais pretensões não se limitavam às famílias inglesas:)).
Interessante também a pista que adianta sobre as referências a princesas arménias no nordeste alentejano. Só não entendo por que coloca "mouros" entre aspas, pois que nos casos a que faz referência me parece que se trataria mesmo de mouros.:)
Um abraço
Alexandre Burmester
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RE: Saint Denis
Caro Carlos Silva
Bingo!! A minha mensagem efectivamente permitia supor a interpretação que lhe deu. Fico muito grato pelo seu oferecimento. Que dirá o epitáfio?
O tema da Arménia surge-me quando em 1985 tive um cliente canadiano que pretendia fazer importações de Portugal e era de origem arménia. Posteriormente contou-me que os Arménios se reduziam aos que vivem na Diáspora porque, lá no territorio da Arménia, os que viviam em 1926 e não puderam fugir foram exterminados pelos Russos e substituidos por outras populações que actualmente são os novos Arménios,mas não de etnia arménia. Foi um genocídio que o mundo inteiro acatou.
Cheguei a falar-lhe na FG. Desconhecia de todo.
Depois enviou-me uma série de documentação da Comunidade Arménia no Canadá, da qual extraí os dados lançados aqui no Forum.
Quando voltar cá , previna para se orgaizar outra bacalhoada.
Um abraço
Vasco
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RE: Saint Denis
Meu caro Vasco
Permita-me dar-lhe os parabéns pelo seu desempenho neste tópico. Os dados que lançou são mui importantes!
Um abraço
Artur
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro Alexandre
Caramba, foi ressuscitar uama intervenção já com longas barbas e na qual levantei - penso hoje, depois do muito que li - uma hipótese pouco respeitável. Quanto aos mouros, pu-los realmente entre aspas, porque essas "fugas para Norte", que parecem uma constante na história do Nordeste Alentejano (e já eram uma realidade no tempo de César), são HOJE sempre atribuídas a Mouros pelas gentes locais, quer se trate de romanos, suevos/ visigodos, mauri propriamente ditos, berberes ou árabes ....
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Muito a despropósito: lembro-me de ter lido algures que, ao contrário da ideia dominante, a influência Celta foi muito mais forte no Alentejo do que aqui no Norte dos Castros.
Fiquei impressionado quando, em vésperas de Natal, a RTP 2 (seria ?) transmitiu um longo programa com cantares natalícios da Irlanda. É que alguns deles eram inacreditavelmente parececidos com os cantares alentejanos, tanto nas melodias como nas tecnicas de vocalização !
Só não estavam de braço dado, marcando passo. Tudo o mais era igual.
Desculpe-me a divagação.
Um abraço
José Alberto Allen
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RE: Saint Denis
Caro Artur
Muito obrigado pelo elogio.
O genocidio foi um facto e possuo recortes dos da imprensa da época que o relatam; infelizmente são textos extensos e que não podem ser transmitidos aqui.
E fala-se agora de exterminações de tribos feitas no seculo das descobertas e esquecem esta feita pelos Soviéticos.
Um abraço
Vasco
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
Caro José Alberto,
Realmente não tinha reparado na vetusta idade da sua mensagem.
Agradeço os esclarecimentos adicionais.
Quanto ao folclore celta das Ilhas Britânicas, também por exemplo a gaita de foles escocesa encontra paralelo na Galiza e em Trás-os-Montes (e em relação a Trás-os-Montes é melhor eu não dizer mais nada, pois é assunto sobre o qual normalmente voz mais autorizada se alevanta, embora nunca tenha visto seu dono soprando numa gaita de foles).
Um abraço
Alexandre Burmester
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RE: A Princesa da Armênia e as DFAs
É instrumento pros lados de Vilar de Ossos!
Vasco
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RE: Saint Denis
Caro Artur
Apresso-me a corrigir: pelos Turcos entre 1915-16
Vasco
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RE: Saint Denis
Caro Vasco Briteiros,
Estive hoje de manhà em Saint-Denis e vi o tumulo de Leon VI de Lusignan (m. 1393), rei da Pequena Arménia (1374-1375).
O tumulo é de marmore, e o epitafio muito convencional em letra gotica indica a data da morte em 4 (se eu li bem) de Novembro de 1393, além do nome, do reino, e das referências costumadas (priez pour lui).
Foi para Saint-Denis em 1817.
Vi tambem sepulcros de antepassados de D. Afonso Henriques : Charles Martel, Pepin le Bref, Berthe aux grands pieds, Henri I, Robert II, Constance d'Arles. todos de 1263-1264 (encomenda do rei S. Luis IX).
Melhores cumprimentos
Carlos Paulo
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Armênia, Pequena Armênia, e Teresa Sanches
Caro Vasco Briteiros,
Leon VI de Lusignan era rei da Pequena Armenia.
Devemos assinalar uma grande diferença genealogica (pelo menos) entre os reis da Armenia e os reis ou dinastas da Pequena Armenia.
Sendo assim podemos assinalar, para dar razào ao texto citado, que Teresa Sanches (por exemplo), mulher do primeiro conde de Barcelos, Joào Afonso Teles de Meneses tinha, por via do pai D. Sancho IV de Castela, ascendência arménia, como descendente de dinastas da Pequena Arménia : mais precisamente por Morfia de Melitena, filha de Gabriel, principe de Melitena, e mulher de Balduino II, rei de Jerusalem.
Note-se no entanto que nào é possivel estabelecer com o minimo de rigor uma ligaçào genealogica entre o senhor de Melitena e as familias tradicionais arménias.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: Saint Denis
Caro Carlos Paulo
Obrigado pela sua notícia, que vou acrescentar às minhas notas sobre a Arménia.
Pelo seu relato , o túmulo corresponde exactamente à foto que recebi do João Trovisqueira.
Como curiosidade vou tentar enviar-lhe as fotos que obtive sobre a reconstituição dos trajes dos Reis da Arménia e das quais já enviei uma ao João.
Tenho tido falta de tempo para estudar a maq. digital que recentemente adquiri.
Um grand abraço
Vasco
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RE: Armênia, Pequena Armênia, e Teresa Sanches
Caro Carlos Paulo
Como se distingue a pequena Arménia da Arménia?
Ainda não cheguei a esse ponto. É o resultado de se viver numa cidade muito longe da "Cidade Luz"!!
Obrigado por estas informações.
Um abraço
~Vasco
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RE: Armênia, Pequena Armênia, e Teresa Sanches
Caro Vasco,
A Pequena Armenia corresponde grosso modo à Cilicia, nos limites portanto entre Turquia e Siria.
Sobre Gabriel de Melitene uma pesquisa na rede internet deve ser suficiente para obter bastante informaçào.
Abraço
Carlos Paulo
P.S.:A dita Teresa Sanches é antepassada da mulher do 4° senhor de S. Joào de Rei que pelo visto tem tantos amigos neste forum.
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Doux, Emir, Protokouropalates, Protonobelissimos
Caro Vasco,
Repare na interessante titulatura usada por Gabriel de Melitene, com forte dominante bizantina, mas tambem com influência muçulmana.
Os selos do dinasta referiam à titulatura seguinte :
Doux, emir, protokouropalates
e tambem Protonobelissimos
Tirando o titulo de Emir que é muçulmano temos
- Nobelissimos que era um comandante militar de alto nivel do sequito do emperador, e o protonobelissimios devemos supor o primeiro inter pares.
- Kouropalates - uma dignidade importante de general, sendo o Protokouropalates, o primeiro entre os Kouropalates.
- O Doux comandava um vasto distrito militar.
Dada a independencia de facto do pequeno estado de Melitene, é de supor que esta titulatura nào correspondia a nada concreto, senào a vontade de legitimaçào do poder.
No entanto o principe Gabriel pertencia ao rito bizantino e nào ao armenio, salvo erro.
Nào sei se a titulatura tinha sido toda ou em parte concedida, ou assumida unilateralmente sem mais.
O casamento da filha Morfia ou Malfia foi um das primeiras unioes entre Francos e Armenios. Nào é a ùnica, inclusive para periodos tào antigos no decorrer das cruzadas.
As tais familias armenias eram pequenas dinastias semi-independentes, e de relativamente pouco poder, e provavelmente pouca duraçào.
Mesmo assim a convivência nào foi nada facil, sendo a desconfiança e a hostilidade religiosa quase uma regra geral.
Abraço
Carlos Paulo Silva
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Mito só é Mito até Aparecer as Provas
Vasco Briteiros, sua intervenção foi oportuna ao transcrever eventos nefastos que ocorreram à Armenia durante o sec 14. É um contributo fundamental na elucidação desse caso. Há pessoas afoitas que costumam desmerecer de imediato um fato, tachando-lhe de lenda, sem ao menos dar oportunidade de analisar a história e os eventos que a acercam. Pois bem, aquilo que em antanhos vinheram tachar de lenda, começa a se desconfigurar como tal. Os panfletários apregoavam a impossibilidade de intercâmbio social entre armênios e europeus ocidentais, em virtude do rito que seguiam aqueles. A história é bem mais ampla que meras circunstâncias religiosas, e a insurgência belicista no seio armênio, foi a força motriz a conduzir o relacionamento desta monarquia (que desmoronava) com reis ibéricos. Essa aliança política, assim como, as condições adversas vivenciadas por aquele país, conduziu seu rei à Europa. Certamente veio acompanhado de sua comitiva, ainda mais quando tinha sido deposto. É de se imaginar que o primeiro solo europeu ao rei tocar foi o dos reinos ibéricos, pela participação que tiveram na constituição de fundos à sua libertação. Àquela altura, encontrava-se no Egito, quando fizera o translado para Europa. Na comitiva que trazia, o acompanhavam príncipes e nobres. É neste âmbito que se insere a princesa armênia. Uma breve observação da história já traz pro campo do provável aquilo que tinha sido qualificado como lenda (improvável). É na linha da investigação que se deve pautar o pesquisador genealogista, refutando qualquer afirmação ou negação a priore. É no término dos estudos, e baseado em fontes sólidas, que podemos opinar sobre a veracidade ou inveracidade de algo. Nunca antes ou durante um estudo! Parabéns Vasco Briteiros!
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