O que é ser nobre
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O que é ser nobre
Já tem sido aqui falado, dito e descrito muitas posições sobre a nobreza, o conselho de nobreza, a varonia, a descendência, a legitimidade, etc...
Pergunto aos participantes:
O que é ser nobre em 2001 num estado republicano?
Quais são as suas( de quem é nobre) obrigações? E os seus deveres?
Quem é que é nobre?
O que é que atesta a nobreza?
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RE: O que é ser nobre
Caro domconde
Eis algumas definições:
Muito conhecido; notável; célebre; que é de descendência ilustre; majestoso; generoso; elevado; sublime relativamente à classe dos que pertencem a nomes ilustres; que tem títulos nobiliárquicos.
Superlativo absoluto sintético: nobílissimo; substantivo masculino do singular: indivíduo que pertence à nobreza; fidalgo.
Fonte:
Bueno, Silveira
Grande Dicionário Da Língua Portuguesa-Lisa, 1987; pág. 407
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: O que é ser nobre
Caro Artur Camisão Soares,
Há uns anos assisti a uma conferência do Prof. Augusto ATHAYDE, na qual este apresentava três elementos para a definição de Nobreza:
O elemento espiritual, o jurídico e o material.
Em bom rigor todos deveriam confluir, na prática nem sempre é assim.
Acho que hoje em dia, a nobreza subsite como uma realidade sociológica, identificável por via do elemento jurídico, mas que beneficia da verificação das outras duas condições. Veja-se o caso dos M. de Fronteira, onde o elemento material, além de outros evidentemente, lhes permite assumir um papel de grande destaque cultural, por exemplo. Pode, contudo, subsistir sem menor dignidade em circunstâncias mais adversas.
Por outro lado, subsiste, ainda jurídicamente, pelo menos no tocante a armas e títulos, no ordenamento civil, com alguns mecanismos de protecção do direito ao nome.
O mais importante parece-me é que subsista como património cultural.
A lei do património cultural protege tradições e fenómenos culturais. Penso que determinados modos de vida se inserem nesse esquema, até porque o modus vivendi da nobreza portuguesa é bem diferente de outros europeus.
Se a subsistência como realidade sociológica é algo que interessa fundamentamente aos próprios e que é discutível que seja ou não desejável, uns dirão que sim outros que não, se a subsistência jurídica, também é de pouca valia social, servindo, apenas, para evitar negócios lucrativos com exploração de nomes históricos, já a n. como património é a única coisa que penso que interessa a todo o país.
ou seja devem os próprios e o Estado tentar preservar aquilo que possa existir de específico, como contribuição para o nosso modelo cultural nacional, através de inventariação, ou quando seja possível da preservação.
o que acha?
Um abraço,
Lourenço.
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RE: O que é ser nobre
Caro Lourenço
O assunto foi inicialmente colocado pelo Francisco Teixeira: honra lhe seja feita.
Só agora é que tive oportunidade de lhe responder. Vou tentar ser o mais
objectivo e racional, possível.
Penso que a grande questão, que se nos coloca hoje em dia, reside na falência de valores. Dir-lhe-ei que não sendo algum Santo(eles estão nos Altares), estou muito pessimista com o rumo que a nossa Pátria está a levar, o "buraco" que se está cada vez mais a abrir: parece-me que o desgoverno é total. Os valores tradicionais são manipulados consoante a conjuntura(veja-se a recuperação que há pouco tempo tem sido feita de fontanários
e palácios, um pouco por todo o país), e nunca de forma estrutural, organizada, sistematizada.
Mas o que é a tradição? A maior parte dos republicanos considera que é tudo o que é popular ou demasiadamente belo para ser destruído(ter um prémio Valmor, ajuda), ou então ser-se gentil para quem nos visita(o que no Algarve muitas vezes não se verifica), ser-se solidário para o próximo(veja-se o que acontece nas discotecas, onde os próprios seguranças me dizem que têm medo da quantidade de armas de fogo existentes), ser-se fraterno( veja-se a política descriminatória relativamente aos postos de trabalho: onde cada vez mais se empregam pessoas de Leste, pois essas não "fazem ondas".
Diz, e muito bem que os Nobres e o Estado devem dar o exemplo, refere inclusivé o "modus vivendi" da nobreza portuguesa. Mas eu pergunto-lhe como é que se pode ter nobreza de valores quando o "modus haciendi" do Estado, penaliza quem é honesto? Basta pensarmos nos impostos que pagamos, nos salários que não acompanham o custo de vida, nos investimentos que fazemos(repare bem o que a tão famigerada lei das mais-valias, que impende sobre nós como um machado prestes a cortar, tem feito ao mercado bolsista). A realidade é que quando se pensa em recuperar património familiar, o sistema bancário não ajuda: para se pedir um empréstimo exige-se á partida que um cidadão tenha bens reais para garantir o empréstimo!
Meu caro, a verdade nua e crúa é que necessitamos de recuperar valores: e de ter coragem para fazer ver às pessoas que os sistemas de monarquia constitucional, não são nenhum "bicho de sete cabeças" onde os cidadãos percam direitos.
Mas, o mais urgente, no meu entender, é repensar Portugal. Para que Portugal "se cumpra"!
Postos estes considerandos, dir-lhe-ei que sou honesto, não sou racista(embora como qualquer pessoa, tenha o sentido de raça); serei "tanso"?
Um abraço
Artur Camisão Soares
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RE: O que é ser nobre
Agradeço as vossas respostas.
A reflexão que procuro fazer surge como uma exigência, pelo menos para mim, nos dias de hoje em que não temos tempo para nada.
Ser nobre, sobretudo após 91 anos de república, portanto mais de 3 gerações passadas, deverá ser qualquer coisa mais do que ser descendente de fulano ou beltrano. A identificação com um título, com um alvará, ou até a simples adesão a um sistema que mantenha vivo esta estrutura deve trazer consigo um qualquer valor acrescentado para ser um ideal pelo qual valha a pena uma pessoa se identificar, e até lutar.
Qual é esse valor acrescentado?
O que é que o distingue?
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RE: O que é ser nobre
Caro Senhor,
Se me permite, eu diria que o valor acrescentado será uma cultura e uma tradição, que me vem por formação. Quanto á distinção será a história da nossa nação, que nos permite ter uma identidade própria, para melhor ou pior, mas diferentes dos outros povos deste Mundo. E por isso eu acho que somos uns distintos Portugueses.
Cumprimentos
Vasco de Sousa Cyrne
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RE: O que é ser nobre
Caro domconde
A minha opinião sobre o assunto é a seguinte: não há que ter dúvidas que a Nobreza como classe oficial desaparece em consequência do 5 de Outubro de 1910. A partir daí, o que existem são meros descendentes (é evidente que nos primeiros tempos existiam ainda as pessoas que compunham classe recém extinta).
Esse grupo evoluiu ao longo deste quase um século, de acordo com os ditames gerais da sociedade, basicamente, de acordo com as possibilidades de cada um.
Não há dúvida que é neste grupo de descendentes que temos de encontrar os “Nobres” actuais, se não oficiais, pelo menos oficiosos.
Como se pode balizar este grupo? Serão todos eles igualmente herdeiros das prerrogativas sociais, económicas e culturais que caracterizavam a classe da Nobreza?
Aqui julgo que podemos ter dois pontos de vista. Um primeiro que posso designar como correspondendo a uma visão “de fora para dentro”, i.e., como pode ser visto e parametrizado este grupo social de modo a podermos saber quem são e quais as suas características. Penso que esses critérios variam conforme os objectivos a atingir: podemos querer saber como evolui a generalidade desse grupo e então trataremos como “nobres” todos os tais descendentes, independentemente de qualquer outra característica mais hodiernamente aceite como caracterizadora da situação social da família ou indivíduo. Pode ser no âmbito de algum estudo social ou até genealógico do tipo “Carvalhos de Basto” em que o que interessa é identificar toda e qualquer descendência (salvaguarde-se a distância entre o motivo desta obra – descendência de um único indivíduo - e uma eventual descrição abrangente do grupo completo; obviamente, é apenas exemplificativo). Pode ter um carácter mais restritivo, como por exemplo, para se fazer determinada publicação, que obrigue a limitar esse grupo a um número de famílias e, dentro destas, a alguns indivíduos. Este será o caso do famoso ANP, no qual são definidos os critérios de inclusão, que como se sabe, apresentam determinadas restrições.
Cabe ainda referir os critérios de admissão em determinada organização, como é o caso da ANHP – Associação da Nobreza Histórica de Portugal, a qual, se pretende agremiar os “Nobres”, terá obrigatoriamente de impor alguma coisa aos seus membros que ateste a ligação destes à antiga classe.
Serão estas metodologias suficientes para resolver o assunto? Não creio, pois umas ao serem demasiado restritivas, por exemplo, em relação à linha feminina, podem deixar de fora donos de solares históricos e seculares, sem dúvida uma das características mais importantes do grupo. Outras, podem ser demasiado latas e incluir elementos que já nada tem de comum com o que seria de esperar de indivíduos ditos “Nobres”.
Na realidade, parece-me que o que acaba por fazer a diferença, é aquilo a que podemos designar “visão de dentro para dentro”, i.e., como é que os elementos do grupo encaram ou lidam com a sua situação de descendentes dessa gente que em tempos foi privilegiada sobre vários pontos de vista. Mais concretamente, como se relacionam com essa herança? Com esta herança refiro-me não só aos bens físicos patrimoniais, como também aos culturais. Os primeiros, estarão condicionados por variadíssimos factores, desde a situação política – económica do País, ao regime jurídico sucessório (que mal ou bem, tem levado à pulverização do património familiar histórico) e, naturalmente, aos factores endógenos das famílias e seus membros, tanto mais que a carreira individual de cada um, tornou-se primordial.
Também em relação a este património cultural, as coisas estão longe de serem homogéneas: há os que tudo fazem para o conservar vivo, mantendo determinados padrões de educação, consciência de grupo, conhecimentos históricos da família (cá vem a nossa Genealogia), etc. Depois, há aqueles que são “bons” num ou outro desses aspectos, mas já começam a claudicar noutros. Por último, haverá aqueles para quem Nobre deve ser uma variante de Marcianos, não querem saber disso para nada, fazem mesmo os possíveis para se afastarem e desprezar essas realidades.
Em resumo, para mim aquele que é “Nobre” na actualidade, é aquele que necessariamente descende de indivíduos da antiga classe da Nobreza. Caso contrário, pode ser muito boa pessoa, muito bem educado, muito inteligente e culto, enfim, ser um monte de virtudes, mas não fará sentido em falarmos de Nobreza no sentido de classe histórica do termo. Deve ainda manter um nível educacional e cívico elevado, mentalidade que o permita inserir no grupo e, se possível, acompanhar tudo isto de pelo menos algum património familiar de cariz histórico e típico da antiga Nobreza. É claro que à face da Lei, não têm obrigações ou deveres diferentes de qualquer outro cidadão. Não devemos é estabelecer confusões com a inclusão ou não em determinadas publicações, presenças em festas, etc, etc.
Imenso haveria ainda a dizer sobre o assunto, mas por agora, acho que vou ficar por aqui.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: O que é ser nobre
Caro Artur Camisão Soares
Concordo com a sua análise, mas enfim, é para onde caminhamos.Não seria mais útil criar em cada partido político uma Ala Monárquica ? Pelo menos poderia funcionar como ala "ecológica" para consciências, atitudes e comportamentos e tornaria concerteza os partidos mais humanistas, que cada vez o são menos e cada vez mais esquecidos de que ainda há Portugal.Nunca vi tanta subserviência!
Cumprimentos
Manuel da Silva Rolão
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