Morre Valentim Diniz, fundador do Pão de Açúcar

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Morre Valentim Diniz, fundador do Pão de Açúcar

#188675 | S.João de Rei | 17 mar 2008 13:51

Conheci-o pessoalmente três anos atrás. Muito simpático, encontrava-se tal como eu, na inauguração do novo consulado Português em S. Paulo, a 1 de Dezembro de 2004.
Foi o maior benemérito da colônia portuguesa (já bastante envelhecida) dos últimos anos, em S. Paulo.
JAC

SÃO PAULO - Em todas as 550 lojas e em cada um dos andares da sede do Grupo Pão de Açúcar, em São Paulo, sempre há duas pequenas imagens, uma de Nossa Senhora de Fátima, de quem Valentim dos Santos Diniz era devoto, e outra de Santa Rita, a quem seu filho mais velho, Abilio, presta devoção, principalmente após ser seqüestrado em 1989. A religiosidade era um traço marcante de seu Santos, como era chamado pelos funcionários, que morreu ontem aos 94 anos, de falência múltipla de órgãos, no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O empresário, que fundou um dos grupos mais importantes do país, nasceu no dia 18 de agosto de 1913 numa pequena aldeia da Beira Alta, em Portugal, e emigrou para o Brasil em 1929. Do navio em que viajava, na terceira classe, sua primeira visão do país foi o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, o que o impressionou profundamente. O porto de Santos, porém, seria o seu destino final.
A pequena doceira Pão de Açúcar na avenida Brigadeiro Luiz Antonio, em São Paulo, no mesmo endereço que ainda hoje abriga a sede do grupo, só foi fundada por ele e sua mulher, Floripes, em 1948. A era Vargas chegava ao fim e o general Dutra acabara de ser eleito pelo voto direto. Em 1956, Juscelino Kubitschek assumiria a presidência e levaria o país a um acelerado processo de industrialização.
Santos soube acompanhar todas as mudanças por que passava a economia e os hábitos de consumo dos brasileiros. A história do Grupo Pão de Açúcar, que viria a ser nos anos 70, 80 e 90 a maior cadeia de supermercados do país e a maior rede varejista de capital nacional, é um espelho da trajetória do varejo e dos anseios de modernização da sociedade brasileira.
Um dos traços mais fortes da família Diniz é a inovação. Em muitos momentos, o grupo foi pioneiro na implementação de novas tecnologias, como o lançamento de uma das primeiras pontocom do país, o extinto site Amélia.
Mas, no fim dos anos 50, a grande novidade eram os supermercados, ou as lojas de auto-serviço. Até então, os consumidores estavam acostumados a ser atendidos pelo dono da venda do bairro, que conhecia seus fregueses pelo nome. Resgatar este elo perdido, por sinal, transformou-se hoje em uma das maiores ambições das grandes redes.
Em 1952, Santos já possuía duas filiais de sua doceira. Mas o mundo girava cada vez mais rápido, os produtos eram feitos em massa, as mulheres ingressavam no mercado de trabalho e não sobrava mais tempo.
Em 1959, Santos inaugurava o seu primeiro supermercado. A primeira aquisição viria em 1965, com a incorporação da cadeia Sirva-se . O Pão de Açúcar chegava a 11 lojas. Depois desta, várias outras redes foram incorporadas pelo grupo nos últimos 40 anos. Nesta lista estão marcas como a Eletroradiobraz, Peg-Pag, Bazar 13, Morita, Barateiro, Paes Mendonça, Sé, Comprebem e Peralta. A companhia ficou ainda com algumas lojas das extintas redes Mappin, Mesbla e G. Aronson, que faliram.
Enquanto os supermercados foram a grande inovação nos anos 60, os hipermercados causavam frisson nos anos 70 e 80. No Brasil, em especial, a hiperinflação criava um terreno fértil para este novo formato, que era capaz de suportar o grande fluxo de pessoas que corria aos supermercados todo início de mês, após receber o salário.
A primeira experiência do Pão de Açúcar no setor de hipermercados foi com a rede Jumbo, ainda anos 70, mas o projeto não vingou. Em 1989, a primeira loja da rede de hipermercados Extra era inaugurada, dando origem a um novo negócio que hoje responde por cerca de 50% das vendas.
Ao abrir a pequena doceira Pão de Açúcar, seu Santos não poderia imaginar que estaria lançando as raízes de um grupo que faturou R$ 17,6 bilhões em 2007. No entanto, o sucesso empresarial teve o seu preço. As desavenças entre os seus cinco filhos e a falta de foco nos negócios quase levaram o grupo à bancarrota no início dos anos 90. Após vários desentendimentos com Abílio, Alcides e Arnaldo aceitaram sair da empresa e venderam suas participações ao irmão. Lucilia, a caçula, manteve-se ao lado do irmão mais velho, que assumiu o comando do grupo e conseguiu dar uma volta por cima triunfal. No ano 2000, a companhia superou o Carrefour, reconquistando o título de maior varejista do país. No ano passado, a rede francesa voltou ao topo do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e o Pão de Açúcar ficou em segundo lugar.
Em 2005, Lucilia e seu pai deixaram definitivamente o grupo de controle, convertendo suas ações ordinárias em preferenciais. Desde então, Abilio é o único da família Diniz que ainda é acionista do Pão de Açúcar. O empresário divide o controle do grupo com a varejista francesa Casino.

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