Demanda de Martim Lopes de Azevedo - 1533

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Demanda de Martim Lopes de Azevedo - 1533

#193993 | fpercina | 23 abr 2008 19:04

Amigos.
Será possível, para alguém, descobrir e enviar a decisão dos Desembargadores dos Aggravos de Évora, Martim Docem e Ruy Gomes Pinheiro, que em 1533 decidiram a favor de Martim Lopes de Azevedo, na acção que este moveu contra seus irmãos sobre as partilhas, tendo livrado destas a Quinta de Azevedo, situada em Lama, Barcelos?
Existe nesta casa uma inscrição em que é relatada esta vitória, e a relação dos bens assegurados, e em particular a referência "e a Igreja de Santa Maria de Galegos com sua anexa Quiraz, padroado feito na era de 1536". É essencialmente esta última parte que mais me interessa para perceber de que maneira a minha freguesia estava ligada à Casa de Azevedo e ao seu Padroado.
Assim, muito grato ficaria se alguém de entre os mais experimentados nestas coisas, fosse capaz de elucidar sobre esta questão.
Saúdações.
Francisco Sousa

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A primogenitura dos Azevedos

#193997 | S.João de Rei | 23 abr 2008 19:47 | In reply to: #193993

De José de Sousa Machado, em "O Poeta do Neiva" 1929

A primogenitura de João Lopes de Azevedo afirmada nos nobiliários quinhentistas (entre os quais se conta o escrito por D. António de Lima — seu bisneto) foi, no século XVIII, impugnada por alguns genealogistas acreditados, como José Freire de Monterroio Mascarenhas, que afirma que o filho mais velho do grande Lopo Dias de Azevedo, foi Martim Lopes de Azevedo.
Felgueiras Gaio, cujo nobiliário se conserva na Misericórdia de Barcelos, segue Montarroio e concede a João Lopes de Azevedo o quarto lugar na serie dos filhos varões do 1.° snr. de S. João de Rei e Terras de Bouro! Montarroio, Felgueira Gajo e outros linhagistas mais ou menos respeitáveis, fundaram-se na sentença alcançada por Martim Lopes de Azevedo (neto do suposto primogénito) em 30 de Agosto de 1533; e na inscrição gravada em 1536 na Torre da casa solar dos Azevedos.
O meu bom amigo e prezado parente Conde de Azevedo, actual senhor e digno representante da casa solar dos Azevedos, no seu valioso e apreciado livro Cartas Inéditas de Camilo Castelo Branco ao 1.° Conde de Azevedo, perfilha essa opinião, e reproduz, a páginas 218, as decisivas palavras do memorável documento, ao oferecer a fotogravura da inscrição.
Eu, mais experimentado nas investigações genealógicas, afirmo, sem hesitação, a primogenitura de João Lopes de Azevedo, porque os documentos valem mais que uma inscrição gravada a capricho, séculos antes da censura libaral (que ainda não passou do papel à pedra) e porque a cópia da sentença, cujo original não aparece, está pejada de inexactidões, que lhe roubam prestígio para ser respeitada por quem não foi citado no respectivo pleito.
O processo de fazer lançar nos livros de notas antigos documentos foi muito usado no século XVIII, e, todavia, ainda não consegui ler qualquer desses preciosos originais, em papel ou pergaminho, que seus detentores tanto apreciavam que até temiam o apetite das democráticas e vorazes ratazanas.
Os documentos provam:
l.o —que João Lopes de Azevedo sucedeu nos senhorios e padroados que teve seu pai, com excepção de Jales (que ficaram a sua irmã D. Maria Coelho e passou por sucessão aos Lemos, snr. da Trofa) e de Souto, que teve seu irmão Martim Lopes de Azevedo.
2.o — que os netos de João Lopes de Azevedo (filhos de Diogo Lopes de Azevedo) receberam em Braga ordens menores nos anos de 1452,1455 e 1457; e que Diogo de Azevedo, filho e sucessor de Martim Lopes as recebeu em 1456. (1) Os netos do primogénito foram, sem dúvida, coevos dos filhos de Martim Lopes.
3.o — que Diogo de Azevedo, snr. da casa de Azevedo, filho, repito, de Martim Lopes, sobreviveu a Pedro Lopes de Azevedo, bisneto de João Lopes de Azevedo. Morreu nonagenário em 1529; mas seu pai não podia ser mais velho que João Lopes de Azevedo 3.o avô de António de Azevedo Coutinho que já em 1520 era snr. de S. João de Rei e de Terras de Bouro.
4.o — que Martim Lopes de Azevedo viveu em Santa Maria do Souto de Riba de Homem, onde nasceram seus filhos.

(1) Arquivo Distrital. Matriculas d’ordës gerais.
5.° — que a quinta de Azevedo não estava vinculada e pertenceu a seus irmãos Lopo de Azevedo e Inês de Azevedo.
6.0 — Que Lopo de Azevedo, snr. da Casa de Crasto, fez doação a sua irmã D. Inês, a 15 de Fevereiro de 1439, da parte que lhe havia tocado na quinta de Azevedo; e que Fernão Afonso, marido de D. Inês de Azevedo «por se achar fraco e cançado e não poder correger a Quinta de Azevedo de que era senhor a vendera por 12:000 reais a Diogo de Azevedo, filho de Martim L. de Azevedo a 15 de Junho de 1454.
7.o — Que Diogo de Azevedo, filho de Martim Lopes de Azevedo, teve o padroado de Santa Maria de Galegos e da sua anexa S. Salvador de Quirás, por doação dos respectivos fregueses, a 23 de Maio de 1480. O arcebispo D. Diogo de Sousa confirmou essa doação em 1505.
8.0 — E que Diogo Lopes de Azevedo, neto de Lopo Dias de Azevedo, e 3.o snr. de S. João de Rei, teve os padroados da coroa dados por D. João 1.° e foi compíïdroeiro de S. Clemente de Basto, como herdeiro de Diogo Gonçalves de Crasto. A 23 de Dezembro de 1466, foi confirmado em S. Clemenso de Basto, o abade Diogo Gonçalves, apresentado por Diogo Lopes de Azevedo e Fernão de Sousa, herdeiros de Diogo Gonçalves de Crasto e de Martim Afonso Botelho. (1)

(1) Arq. Dist.—Livto de Mostras de D. Diogo de Sousa, fl. 405.

O snr. Conde de Azevedo, que usa um nome ilustre e o sabe honrar, merece-me o conceito de juiz imparcial ainda mesmo quando seja interessado.
Não sacrifica a Verdade ao interesse, como eu, neste caso e sempre, a não pretiro para ser lisongeiro.
Há de concordar, como espero, com a solução deste problema de mero interesse genealógico; mas, se eu não lograr convencê-lo, resta-me a certeza de que não duvida da minha sinceridade e da consideração e simpatia que lhe consagro. (1)
A História não regista a primogenitura de João Lopes de Azevedo, nem discute a pretenção dos descendentes de seu irmão Martim: narra comovida, os feitos desses dois heróis em Ceuta, Tânger e Arzila e conta-os entre os mais intrépidos mártires da nossa Pátria.
Ambos morreram em Arzila, em serviço del-Rei, para dilatar a Fé e enobrecer Portugal.

(1) Luís de Azevedo, irmão inteiro de Diogo de Azevedo, snr. da Casa de Azevedo (como mostra a justificação feita em Prado, pelo tabelião Simão da Rocha Pimentel, a 29 de Janeiro de 1592, na qual juraram, além de outras testemunhas, Martim Lopes de Azevedo, snr. de Azevedo e sua mulher D. Leonor da Silva) é ascendente da casa da Torre de Vilar que possuo e represento. Este facto torna-me absolutamente insuspeito para considerar primogénita a linha dos senhores de S. João de Rei e Terras de Bouro.

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