Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
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Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Apenas uma questão de Português, que talvez sirva de mnemónica.
Há inúmeros tópicos onde os nomes de família surgem no singular.
Ora os apelidos, precedidos do artigo "os" passam a plural.
Diz-se "Os Maias", como se diz "Os Braganças", como se diz "Os Teixeiras", "Os Sampaios" ou "Os Sousas" .
Não se diz "Os Maia", "Os Bragança", Os Teixeira", "Os Sampaio" ou "Os Sousa"
A mesma regra para os outros apelidos todos.
Atentamente,
nuno de m.
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Sim, Claro!
Se numa frase disser: os Pereira. Quererá significar os indivíduos cujo o apelido é Pereira.
Mas se disser: os Pereiras. Não se está a referir ao apelido mas sim às pessoas (com o apelido Pereira).
Parece-me que é mais correcta a segunda maneira pois que na primeira está-se a subentender o sujeito.
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Não, não, não.
Eu não estava a colocar uma dúvida estava a lançar uma mnemónica.
Diz-se Os MaiaS, como se pode ler por exemplo iciberdúvidas (ou no blogue letratura, em post que já não achei)
"Tratando-se de um antropónimo (e não do substantivo comum correia), dir-se-á o(s) Correia(s), como se diz o(s) Pires ou o(s) Costa(s), e, claro, por exemplo, a(s) Franco(s), com o artigo a indicar o género dos utentes."
Atentamente, nuno de m.
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=1949
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro Nuno de M.
Embora a regra geral esteja certa, dever-seá ter algum cuidado com apelidos que por si já são plurais, como é o caso de, por exemplo, Paulo / Paulos, Santo / Santos, Anjo / Anjos, Domingo / Domingos.
Cumprimentos
Jorge Afonso (de apelido Paulo)
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro confrade:
Inteiramente de acordo! Sei que há quem defenda o contrário alegando que um apelido não tem plural (o saudoso Marquês de Abrantes era dessa opinião); parece-me que a confusão vem dos apelidos ditos "de solar", que em rigor deveriam sempre preceder-se de preposição e assim, logicamente, não teriam plural. Assim deveria em rigor dizer-se "os de Sousa", "os de Bragança", "os da Maia", mas na linguagem corrente assimila-se também esses apelidos aos provenientes de alcunha para os quais não há qualquer razão para omitir o plural (obviamente mais que um Coelho ou mais que um Pinto são "Coelhos" e "Pintos", etc.). Ou seja "alcunha-se" com o nome do "solar"; nesse caso não me parece fazer qualquer sentido gramatical manter o singular quando se refere uma pluralidade de "alcunhados"; confesso que me "incomoda" bastante ouvir falar "nos Coelho" ou mesmo "nos Bragança".
Cumprimentos,
António Bivar
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Os nomes e o respectivo plural.
"...confesso que me "incomoda"..."
Parabéns!
Custou!
Mas, lá saiu ao fim destes anos todos observando silenciosamente estes atropelos ao "nosso" idioma.
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Caro confrade quemteavisaamigoé:
Se tivesse observado esse atropelo em algum tópico que me tivesse passado pelos olhos teria provavelmente reagido, porque é o que faço normalmente (tenho alguma dificuldade em conter-me e tenho algum gosto nestas polémicas mais ou menos bizantinas - esta em particular é uma em que já tenho entrado em diversas ocasiões); Mas como posso ter-me distraído, é capaz de me indicar algum dos tópicos em que me viu observar silenciosamente esses atropelos durante os anos em que se manteve silenciosamente atento a essas minhas observações?
Cumprimentos,
António Bivar
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Peço desculpa pelo engano no nome; onde está quenteavisaamigoé deveria estar quemteavisateuamigoé, mas a mensaqgem era mesmo dirigida a quemteavisateuamigoé e não a quemteavisaamigoé.
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
E espero que releve as gralhas (são fáceis de corrigir)
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Senhor António Bivar:
Não duvido do que afirma.
Mas, poderia ter a bondade de exemplificar? Chega um.
Eu não o faço por esquisitice ou por razões fúteis.
Cumprimentos,
quem te avisa teu amigo é
NB: se me responder, não perca tempo a escrever o meu pseudónimo comprido: omíta-o.
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Caro confrade "quem te avisa teu amigo é":
Uma vez que escolheu este pseudónimo e não assina as suas mensagens com outro nome, não tenho outro meio para identificar a pessoa a quem respondo; se gasto tempo a responder prefiro gastar mais algum e deixar claro a quem se dirige a mensagem. Por esse motivo não sigo a sua sugestão, embora agradeça a preocupação com que procura que eu poupe o meu tempo.
Pede-me para exemplificar exactamente o quê? Expliquei-lhe (por outras palavras)que não tinha memória de alguma vez ter visto um tópico em que se utilizasse um apelido no singular com o artigo no plural, mas que se tivesse visto provavelmente teria contestado esse uso. Como deve concordar não posso dar exemplos do que não me lembro de ter existido; em contrapartida o confrade afirmou que ao longo de anos eu teria mantido o silêncio enquanto observava situações dessas, pelo que me parece ser a si que cabe apresentar um só exemplo dessa minha observação silenciosa de casos desses. É bem possível que me tenha distraído e que alguma vez tenha sido culpado de tal omissão, mas gostava que me lembrasse em que tópico ou tópicos tal aconteceu.
Não sei exactamente como conseguiu levar a cabo essa observação atenta da minha suposta atitude de silenciosa observação de atropelos ao longo de anos, mas é também a curiosidade que essa sua afirmação me despertou que me leva a continuar esta troca de impressões e que me leva a reiterar o meu pedido de que apresente um exemplo (chega um).
Cumprimentos,
António Bivar
P.S.: Como é habitual neste fórum, pelo meu lado dispenso a formalidade do tratamento de "Senhor".
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Caro confrade "quem te avisa teu amigo é":
Passou-me pela cabeça que o exemplo que pede tenha a ver com a minha afirmação de já ter entrado em diversas polémicas relativas a esta questão dos plurais de nomes. Se assim não for peço-lhe desculpa pela explicação que se segue, mas se for esse o caso, talvez lhe evite também alguma perda de tempo.
Pareceu-me claro que, do que eu acabara de afirmar nessa mensagem, se depreenderia facilmente que essas polémicas não tiveram lugar neste fórum; obviamente referia-me a situações ocorridas noutros contextos, uma vez que tinha acabado de informar que não me lembrava de ter visto esse uso (que eu considero indevido) em tópicos deste fórum. Como é óbvio também, não vou descrever-lhe as circunstâncias em que ocorreram essas polémicas, uma vez que não tiveram o carácter público que têm as trocas de mensagens deste fórum. Apenas as referi para clarificar a minha atitude relativamente a essa questão.
Cumprimentos,
António Bivar
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Caro António Bivar,
Não ligue a este utilizador.
Também já entrou em polémica comigo. Não se identifica... Enfim
Eu, sinceramente, imagino quem seja....
Cumprimentos,
GMG
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro Senhor,
Eça de Queiroz escreveu, como toda a gente sabe: "Os Maias".
Com consideração,
GMG
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro Nuno,
Eu também dizia os Tabordas, os Sarafanas, os Geadas, etc., etc..
No entanto, soube que há pessoas no Alentejo de apelido Geadas que são descendentes de pessoas da Beira Baixa de apelido Geada. A partir daí, habituei-me a pensar nos Geada da Beira Baixa e nos Geadas do Alentejo. Dá jeito.
Cumprimentos,
António G. Pereira
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As armadilhas do plural e singular
As armadilhas do plural e singular
Como sabem existe o apelido “Basto” e também o apelido “Bastos”.
Seguindo a regra correcta, se eu fizer um artigo sobre a família Basto, direi “Genealogia dos Bastos”, mas se eu escrever o artigo sobre a família “Basto”, segundo a mesma regra direi também “Genealogia dos Bastos”.
Será que pelo título alguém sabe de que família se trata?
Não será mais correcto dizer “Genealogia dos Basto” e “Genealogia dos Bastos”?
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Meu caro António Bivar
Como é já costume concordo consigo, pelo que, sem mais, deixo expresso o aval e, pela primeira vez, retiro do seu apelido o acento do i ! Concordância e grande esforço para não persistir na asneira!
Um abraço
Maria Benedita
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro confrade 2910:
De facto a língua portuguesa (como todas as outras) conduz às vezes a ambiguidades; no caso que refere acho que é possível encontrar outras soluções, como seja intitular o artigo "Genealogia da família Basto". Se estivermos convencidos de que é incorrecto dizer "os Basto" parece-me que será mais coerente mudar ligeiramente o título do artigo. Apesar de tudo noutras línguas há ambiguidades mais surpreendentes; em italiano "nipote" tanto significa "neto" como "sobrinho"!
Cumprimentos,
António Bivar
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Caro GMG:
Obrigado pela sua mensagem, mas fiquei (e continuo) curiosíssimo com o discurso desse nosso misterioso confrade (pelo meu lado não faço ideia quem seja, mas não é esse o objecto fundamental da minha curiosidade).
Cumprimentos,
António Bivar
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RE: Os nomes e o respectivo plural.
Cara Maria Benedita:
Muito obrigado pela sua mensagem e pela omissão do acento!
Um abraço,
António Bivar
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro António Bívar
Estamos certamente a assistir a um caso de evolução linguística bem patente no caso do abandono da concordância do feminino. Ninguém hoje chama a uma senhora, por exemplo de “senhora Guerreira” ou “senhora Cardosa” ou “Pacheca” como se escrevia antigamente.
Também sou da opinião do falecido Marquês de Abrantes e de muitos outros autores, certos nomes só se podem distinguir por um ser singular e outro plural, por isso defendo que os apelidos de família devem ser usados na sua grafia original, sem qualquer concordância directa. Eu própria escrevia quando falava do meu apelido “os Pintos” até receber um e-mail de um senhor galego de apelido “Pintos”, perguntando-me se tinha dados sobre esta família galega. Tive que explicar ao senhor que os “Pinto” portugueses são uma coisa e os “Pintos” galegos são outra.
Atentamente,
Óscar Caeiro Pinto
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro António Bívar
Será que se “incomoda” com estes títulos?
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=750
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=83
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=82
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=385
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=1134
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=373
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=376
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=119
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=38
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=194
http://www.guardamor.com.pt/livro.php?id=218
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caríssimos,
O português pode de facto gerar ambiguidades várias e, concordo, a prática pode muito.
Os dicionários já vão aceitando Túlipa e Tulipa, e não tarda muito Dióspiro e Diospiro, Cadáver e Cadavér, Púdico e Pudico.
Mas para já a regra (de gramática) ainda vai sendo essa.
Os Pintos serve para o plural de Pinto e de Pintos.
Atentamente, nuno de m.
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Renovação.
Escreveu Andrieux: “Défiez-vous des gens qui disent qu’il faut renouveler la langue ; c’est qu’ils cherchent à produire avec des mots, des effets qu’ils ne savent produire avec des idées".
Como este pensamento se ajusta aos renovadores de hoje que ocultam, debaixo de expressões novas, não só a ausência de idéias, mas também a míngua de conhecimentos e de raciocínio. Essas expressões, com que pretendem renovar a língua, são quase sempre servilíssimas, inúteis e hediondas traduções literais de expressões peregrinas. É inglês, castelhano e francês à vista sem necessidade.
A este pontapear e cuspir no cadáver em que se tornou a língua portuguesa, junta-se Ciberlíngua com as suas respostas contraditórias, o seu “conluio” e protecção a alguns que escrevem na rubrica “Ensino”, que por mais asneiras gramaticais que cometam, ficam a salvo das chamadas de atenção do cidadão comum, que por mais razão que tenha, é censurado e discriminado, pois, fica impedido de ver os seus comentários publicados, escritos num formulário intitulado, “Perguntar e Comentar”. E, quando pergunta qual o motivo de tal proibição, não obtém resposta.
É ver em que se transformou o programa “Cuidado com a Língua”, num contador de historinhas do nascimento e evolução de alguns vocábulos, apresentado com recursos a cachopices e fantochadas! É assim que se pretende captar e estimular o interesse pelo nosso idioma! É com processos destes que se dignifica e respeita um dos nossos patrimónios fundamentais! “Exaequare dicta factis”.
A língua portuguesa só é traiçoeira para aqueles que nunca a estudaram convenientemente, não conhecendo, por isso, as suas regras e normas. Regras e normas estas cada vez mais desprezadas e menosprezadas: é como um regressar às “escritas e dialectos” tribais. Estamos num mundo em decomposição acelerada onde nada escapa. Destruir é fácil e acessível a qualquer um!
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro Óscar Caeiro Pinto:
Desculpe não o ter identificado pelo "nick"! é bem possivel que essa evolução se dê e já hoje se assiste a esse uso em alguns casos; mas sinceramente não consigo encontrar motivo suficientemente forte para abandonar conscientemente o acordo gramatical. Julgo que o abandono desse acordo no caso dos femininos resultou de se ter perdido a consciência do significado ou função original dos apelidos com origem em alcunhas (só esses ou equivalentes passavam ao feminino); além disso o acordo de género aplicava-se a cada indivíduo levando a que conforme o género "o mesmo" apelido tivesse duas versões. Logicamente deveria ser assim, pois a alcunha consistia precisamente em identificar alguém através de um adjectivo ou substantivo comum que, naturalmente, na maioria dos casos, teria uma versão masculina e outra feminina, mas esbatida essa origem e radicado o apelido como "marca familiar abstracta" a partir de certa altura terá começado a "soar mal" usá-lo com duas versões. No entanto devo dizer que ainda encontrei um uso semelhante (ainda que raramente) no século XIX e para mais associado a uma "novidade" que foi a adopção do apelido do marido pelas senhoras casadas; assim tenho uma trisavó Ana Rosa da Fonseca, de solteira, a qual depois de casada com um José Alexandre por vezes assinava "Ana Rosa da Fonseca Alexandrina"!
Quanto aos plurais dos apelidos, no entanto, têm sido usados até à actualidade e não têm a "desvantagem" de levar à existência de duas versões do mesmo apelido nos nomes dos diversos detentores, conforme o género. Acho que podemos comparar o "abuso de linguagem" que consiste na unificação, quanto ao género, dos apelidos derivados de alcunha, com o outro "abuso de linguagem" que consiste em tratar como alcunhas os apelidos derivados de solar, eliminando a preposição. A linguagem comum usa naturalmente estas simplificações que a tornam menos "pesada", mas no caso da omissão dos plurais não me parece que se tenha lá chegado naturalmente, tratando-se mais de uma opinião "doutrinal". É a justificação dessa "doutrina" que não consigo aceitar, pois quanto a mim, para além de ferir as regras gramaticais, vai no sentido de tornar ainda menos clara a origem e função original dos apelidos; ou seja, acho que não presta um bom serviço ao conhecimento. Parece-me muito ténue a vantagem de permitir distinguir, mesmo quando usados no plural, alguns apelidos parecidos, em confronto com a desvantagem da incoerência gramatical e das outras que referi.
Em resumo, quanto a mim, idealmente, manter-se-iam os femininos nos apelidos derivados de alcunha (como se usou durante séculos) e ter-se-ia o cuidado de referir os de solar com a preposição correspondente (neste caso não se poria a questão dos femininos ou plurais); como a linguagem corrente consagrou já há bastante tempo a omissão daqueles femininos e há muito que tolera que se usem os nomes de solar (ou mesmo os títulos) como alcunhas (o que não é propriamente erro, mas, mais propriamente, "familiaridade de trato"), não vejo razão para "nadar contra a corrente" o que soaria até a pedantismo. No entanto, como a mesma linguagem corrente tem continuado (a meu ver coerentemente) a utilizar os plurais dos apelidos quando é gramaticalmente devido, acho que não devemos favorecer uma alteração que vem mais "baralhar" que esclarecer a história dos próprios apelidos.
Uma nota acerca dos apelidos duplos; observando os "usos correntes" noto que quando determinado apelido duplo começa a ser entendido como uma unidade "inseparável" o plural passa a fazer-se como se se tratasse de palavra composta. Assim julgo que sempre se admitiu (com incoerência gramatical, é certo) dizer "os Côrte-Reais" e "os Castello Brancos", mais que "os Côrtes-Reais" ou os "Castellos Brancos", nomes que resultaram desde o início, num caso de uma alcunha "dupla" e no outro de um nome geográfico duplo pré-existente, e também já se diz os "Pinto Bastos" e não os "Pintos Bastos", mas diz-se com igual naturalidade "os Souzas Calharizes" mais que "os Souza Calharizes" ou "os Souza Calhariz", porque este último identificador nunca foi propriamente usado como nome duplo de família. Em alguns casos as razões de se usar um ou outro plural serão puramente "eufónicas"; assim acho que se usa frequentemente a versão, a meu ver mais correcta, "os Marinhos Falcões", apesar de ser apelido duplo que remonta ao século XVI, talvez porque soe melhor ou porque neste caso seja mais fácil associar as palavras aos significados originais.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Renovação.
Caro confrade "quemteavisateuamigoé":
Não posso estar mais de acordo consigo quanto aos princípios que expõe (e agradeço-lhe a citação que aqui deixa, que acho excelente). Não estou a par do que se passa na Ciberlíngua ou no programa que refere mas pelo que tenho visto noutras instâncias posso imaginar aquilo a que se refere.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Eça escreveu "Os Maias" ou "Os Maia"?
Caro Óscar Caeiro Pinto:
De facto, "incomodo-me" com quase todos e francamente acho pena que este "uso" se esteja a generalizar, pelos motivos que expus na minha mensagem abaixo... Alguns, no entanto, parecem-me não entrar exactamente na mesma "série", nomeadamente quando o título não tem o famigerado artigo plural seguido do nome no singular.
Cumprimentos,
António Bivar
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro António Bívar
Quando fala em apelidos de solar certamente quer dizer de origem toponímica ou geografia.
Diz a determinada altura e passo a transcrever que a “função original dos apelidos com origem em alcunhas (só esses ou equivalentes passavam ao feminino)”
Refere também
“quanto a mim, idealmente, manter-se-iam os femininos nos apelidos derivados de alcunha (como se usou durante séculos) e ter-se-ia o cuidado de referir os de solar com a preposição correspondente (neste caso não se poria a questão dos femininos ou plurais)”.
Mas, apelidos com origem toponímica, geografia ou de solar também foram usados na sua forma feminina!
Por exemplo o apelido “Cardoso” retirado da quinta e honra de Cardoso, portanto de solar. Certamente que nas suas pesquisas já encontrou uma senhora chamada Fulana “Cardosa”?
Também já encontrei os apelidos Brito, Araújo, Macedo e Azevedo, todos de “solar”.
Exemplos retirados da TT
Catarina Brita Paiva (Registo Geral de Mercês, Chancelaria de D.Afonso VI, liv.12, fl.316v)
Processo de João Batista Nogueira e Maria Luísa Araúja 31/05/1794 - 05/06/1794
Processo de Guiomar Maceda 07/09/1641 - 11/02/1642
Maria do Carmo Azeveda
Atentamente
ÓCP
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RE: Renovação.
Como é que se cumprimenta uma senhora? Com um aperto de mão rápido e seco ou de maneira delicada e demorada? Beijando-lhe a mão ou fingindo que se lhe beija a mão? - Se calhar será melhor fazer-lhe uma vénia, ou talvez dar-lhe um beijo na cara. Mas fingindo que se lhe beija a cara, simulando o beijo com um ligeiro encosto de cabeças? Com dois beijos, um de cada lado da cara? Ou fazendo um sorriso sem nenhum toque? Sem nenhum gesto, mas soltando um som como: -olá, como está, tudo bem?; Sem nenhum som, nem vénia, mas com um ligeiro piscar de olhos?
Dizem que na Foz só se dá um ligeiro beijo no ar. Na zona das Antas simula-se um beijo de cada lado.
E como é que se cumprimenta um homem?
Convinha, se calhar, acordar e legislar sobre a forma conveniente dos portugueses se saudarem para não haver esta proliferação de sinais equívocos e possivelmente estigmatizantes e denunciadores de estatuto social.
Pelo menos os funcionários públicos deveriam ter um código de conduta, nomeadamente na escolha do vestuário. Saias para as mulheres, calças para os homens. O uso de sapatilhas, (ou será melhor dizer os ténis ?) só seriam aceitáveis fora das horas de trabalho. A roupa e o material de trabalho não deveria exibir nenhuma marca, a não ser que fosse um sinal, que divulgasse algum feito ou prestasse homenagem à História do país como por exemplo: Pedro Alvares Cabral, Padeira de Aljubarrota ou Magalhães.
O que é que isto tem a ver com apelidos, minudências gramaticais ou mesmo com o acordo ortográfico? - Tudo.
Os costumes mudam conforme critérios muito subtis de exercícios de poder. A coacção não é a arma mais eficaz. Um mundo de gente imita os anglo-saxónicos por sua livre e espontânea vontade. Produtos que alisam o cabelo e que branqueiam a pele têm imenso sucesso mesmo no meio de populações cultas. Não são as leis e as regras que fazem uma língua. A língua, isto é, a expressão dos usos e costumes, é que determina as regras.
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RE: Renovação.
"Como é que se cumprimenta uma senhora? Com um aperto de mão rápido e seco ou de maneira delicada e demorada? Beijando-lhe a mão ou fingindo que se lhe beija a mão? - Se calhar será melhor fazer-lhe uma vénia, ou talvez dar-lhe um beijo na cara. Mas fingindo que se lhe beija a cara, simulando o beijo com um ligeiro encosto de cabeças? Com dois beijos, um de cada lado da cara? Ou fazendo um sorriso sem nenhum toque? Sem nenhum gesto, mas soltando um som como: -olá, como está, tudo bem?; Sem nenhum som, nem vénia, mas com um ligeiro piscar de olhos?
Dizem que na Foz só se dá um ligeiro beijo no ar. Na zona das Antas simula-se um beijo de cada lado.
E como é que se cumprimenta um homem?
Convinha, se calhar, acordar e legislar sobre a forma conveniente dos portugueses se saudarem para não haver esta proliferação de sinais equívocos e possivelmente estigmatizantes e denunciadores de estatuto social."
Tanta coisa se podia dizer.... E falando em sapatilhas? Será melhor dizer "ténis"! Realmente aqui no Porto há cada coisa...
Com os melhores cumprimentos,
GMG
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro Óscar Caeiro Pinto:
Sim, quando referi "de solar", o que eu dizia também se pode aplicar a essa situação mais abrangente (portanto nem sempre historicamente "de solar" no sentido próprio, mas mais geralmente de origem toponímica); aliás também poderíamos incluir nessa categoria, para efeitos gramaticais, alguns apelidos com origem em nomes de devoção ("dos Reis", "da Conceição", etc.).
A frase que destacou quanto ao que eu consideraria ideal referia-se ao que eu em teoria acharia mais correcto e não exactamente ao que considero que se praticou exactamente. Por exemplo, as referências no plural a apelidos de origem toponímica só muito raramente mantinham a preposição, desde épocas recuadas; acho que só quando se pretendia "solenizar" é que se se dizia "os de Sousa" ou "os de Albuquerque" (como ainda hoje se pode dizer com essa intenção), mas geralmente dir-se-ia "os Almeidas" ou "os Albuquerques".
Os casos que refere de femininos são comparáveis à situação que considerei de se passar por vezes a usar apelidos de origem toponímica como se de alcunhas se tratasse (o que justifica também o uso do plural nesses casos), quer seja sistematicamente (tanto no plural como no singular, como aconteceu no caso dos "Cardosos", "Pereiras", etc.) quer seja apenas fortuitamente, como nos exemplos que cita do uso de "Araúja", Brita", "Maceda", que me parecem apesar de tudo excepções ao uso que julgo ser mais comum de manter a preposição (no singular) e consequentemente não passar ao feminino. Devo dizer que no Alto Minho, por exemplo, nunca encontrei no feminino nenhum dos apelidos que habitualmente são precedidos de preposição ao passo que os outros sistematicamente eram postos no feminino, pelo menos até ao século XVIII ("Marinha", "Falcoa", "Coelha", etc., mas "Maria de Araújo", Francisca de Brito", etc.); já no Algarve (Martim Longo) encontrei mesmo "Medeira" ou "Mideira" como feminino de "Medeiros" ou "Mideiros" onde por vezes se usava mesmo "de Medeiros". Ou seja, passava-se ao feminino mesmo com a necessidade de primeiramente "sigularizar"! É verdade que por vezes a própria versão masculina do nome também aparecia "no singular" e sem preposição ("Medeiro" ou "Mideiro"), o que explica talvez a versão feminina.
Não posso afirmar que se trate propriamente de tendências regionais pois nunca fiz um estudo sistemático deste fenómeno, mas a impressão com que fiquei foi que, por exemplo, os párocos das freguesias de Monção e Melgaço foram em geral muito respeitadores das "regras onomásticas", desde que existiram assentos paroquiais.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro António Bivar
Parece que os primeiros apelidos em Portugal derivam de alcunhas, logo seguidos de perto pelos toponímicos. Os patronímicos na Idade Media ainda não constituíam um nome de família, estes fixaram-se mais tarde (Séc.XIV a XVI). Os apelidos de devoção ditos religiosos são já muito tardios, séc. XVIII.
José Mattoso no seu livro "Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros" escreve sobre os apelidos derivados de alcunhas e a questão do "solar"
"Convém fazer também referências às alcunhas, que, como se sabe, deram igualmente origem a nomes de famílias. O seu carácter pessoal é muito claro. Derivam de características físicas, de hábitos ou comportamentos, de feitos ou acções que impressionaram os contemporâneos. Existiram sempre mesmo entre nobres (...) procedentes ou de filhos segundos ou até de antigos cavaleiros vilãos nobilitados. Sinal de que não era fácil a estes indivíduos marginalizados pelas estruturas da sucessão unilinear manterem posições sociais destacadas. Se o conseguiam era à custa do seu valor pessoal. Por isso transmitiam a alcunha e não o nome do lugar adquirido. De resto eles muitas vezes também não permaneciam no mesmo lugar: enriqueciam aqui, viviam além, mandavam os filhos para vários lugares. Daí que a ligação com os ascendentes se fizesse pela alcunha e não pelo solar de origem “.
Atentamente
Óscar Caeiro Pinto
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro Óscar Caeiro Pinto:
Tenho de facto ideia que os apelidos no sentido de nomes "gentílicos", trasmitidos numa linha de descendência, como existiam na Roma republicana com regras bastante estritas (depois bastante deturpadas ao longo época imperial), terão "reaparecido" em Portugal e noutros países europeus em parte como expressão de domínios patrimoniais. Na documentação o mesmo indivíduo aparece por vezes ao longo da vida com designações diferentes conforme a evolução patrimonial resultante de heranças, casamentos, etc., pelo que durante algum tempo terá coexistido esse uso mais "fluido" com um sentido já mais "familiar" e transmissível do apelido. Se não me engano o apelido que mais cedo aparece na documentação portuguesa já com características de designação de uma linhagem é o dos Senhores da Casa "de Sousa"; em paralelo terão também surgido linhagens em que se fixou uma alcunha de algum antepassado mais marcante ou cuja própria alcunha por alguma razão ficou mais na memória, mas sempre supus que as que deram origem a apelidos historicamente recenseados não fossem especialmente mais antigas que alguns dos apelidos "de solar".
Os patronímicos, de facto, durante muito tempo foram os únicos distintivos que se apunham ao nome próprio, até que séculos depois, se foram fixando como apelidos (ou seja foram desviados da sua função própria); mais uma vez também aqui haverá particularidades regionais. No Alto Minho, mas também na Beira Alta, encontrei ainda o uso do patronímico com a sua função primitiva (indicação do nome do pai) já em princípios do século XVII, o que é bastante tardio.
Tenho observado que na transmissão do apelido, aparentemente tão anárquica em Portugal, muitas vezes não se optava pelo que pareceria o apelido mais sonante; tenho visto Senhoras designadas apenas com um patronímico de alguma avó quando por exemplo o pai ou algum outro avô usava um apelido genuinamente "ilustre". Esse fenómeno torna ainda mais aliciante a genealogia portuguesa. Assim vemos surgir do nada "Furtados de Mendonças", "Abreus", etc. que mais tarde se vê provirem de uma "Maria Nunes" ou de uma "Isabel Vaz" que descendia genuinamente daquelas linhagens mas usava apenas o patronímico, ou já ligado à linhagem ou de alguma outra avó que se pretendia homenagear.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Renovação.
Senhor GMG
Trunca-me a mensagem a ponto de ela ficar sem sentido.
O mais importante era: “Os costumes mudam conforme critérios muito subtis de exercícios de poder”… “Não são as leis e as regras que fazem uma língua. A língua, isto é, a expressão dos usos e costumes, é que determina as regras.”
Cita-me a que propósito? Para dizer que " Realmente aqui no Porto há cada coisa".
Qual é o interesse em participar neste fórum? Segundo o meu ponto de vista, é por ser um lugar onde todos têm uma oportunidade para troca de opiniões, divulgar assuntos, informar e esclarecer.
A vida já é muito complicada, porquê tanta hostilidade?
Com os melhores cumprimentos
Fernando Pinto Coelho
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RE: Renovação.
Citei-o no sentido de constatar uma realidade... Não para o denegrir em aspecto algum. Não queira tomar isso como uma hostilidade da minha parte.
Cumprimentos,
GMG
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caros Confrades
Em primeiro lugar quero pedir desculpa por ir meter a minha foice em seara alheia.
E isto porque a minha formação se me permite tratar as máquinas por tu, obriga-me a tratar as palavras por “vossas excelências”.
Não quis no entanto de partilhar as minhas observações a respeito do uso dos apelidos.
Isto depois de ter lido mais de três mil assentos paroquiais relativos à freguesia de São Miguel de Machede no concelho de Évora.
Estes assentos cobrem um período que vai de 1580 a 1750.
Aquilo que vi leva-me a concluir que mais do que excepções à regra encontrei uma quase ausência de regras. Será talvez por esta razão que somos como povo tão “especiais”?
Vejamos: Apelidos usados nos géneros masculinos e femininos.
Caeiros e Caeiras, Calados e Caladas, Cardosos e Cardosas, Carvalhos e Carvalhas, Chaveiros e Chaveiras, Coelhos e Coelhas, Dordios e Dordias, Fialhos e Fialhas, Galegos e Galegas, Galvões e Galvoas, Gatos e Gatas, Giões e Gioas, Godinhos e Godinhas, Janeiros e Janeiras, Morenos e Morenas, Pachecos e Pachecas, Pegados e Pegadas, Perdigões e Perdigoas, Pinheiros e Pinheiras, Pintos e Pintas, Ramalhso e Ramalhas, Rebelos e Rebelas, Rebochos e Rebochas, Ribeiros e Ribeiras, Rosados e Rosadas, Salvados e Salvadas, Tassalhos e Tassalhas, Silveiros e Silveiras e Zambujos e Zambujas.
E nestes encontraram por certo apelidos com origem em alcunhas, toponímicos e de solar sem “de”.
Encontrei também aqueles que independentemente da origem são usados sempre com a mesma grafia quer em homens ou mulheres.
Alvares, Alves, Anes, Antunes, Bentes, Fernandes, Roiz ou Rodrigues, etc.
É que parece que a nossa língua isso não permite.
Depois temos os apelidos adaptados dos nomes próprios e aqui encontrei curiosidades.
Assim os Franciscos dão Franciscas, os Lourenços dão Lourenças, os Simões dão Simoas, mas já João, Manuel, Luís, Jorge e muitos outros não mudam consoante o género, isto é foram sempre transmitidos ao longo das gerações tanto para homens como para mulheres.
Por fim outra curiosidade é o apelido Piteira que parecia passível de ser usado no masculino, Piteiro nunca foi encontrado.
Para terminar uma referencia ao meu apelido Banha, aqui verificamos que quer ele seja derivado de alcunha, de topónimo ou de outra coisa qualquer a verdade é que foi sempre transmitido com a mesma grafia tanto para homens como para mulheres, talvez porque Banho não é o masculino de Banha.
Cumprimentos,
Henrique de Melo Banha.
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RE: As armadilhas do plural e singular
Caro Henrique de Melo Banha:
Apesar da relativa anarquia acho que podemos detectar alguma coerência nesses usos; quanto à origem ser ou não toponímica, desde o momento em que se omite a preposição no uso do apelido este passa a ser tratado como provindo de alcunha. Os Cardosos e Pereiras com origem nos respectivos "solares" históricos quase desde a origem abandonaram a preposição.
As excepções em que não há passagem ao feminino, mesmo que o nome a isso se prestasse, não são talvez assim tantas e mesmo assim encontram-se por vezes as duas formas; dos apelidos iguais a nomes próprios que cita como não dando origem a femininos, no caso de Luís encontrei pelo menos um caso de passagem a "Luisa" e quanto a João e Manuel curiosamente a partir de certa altura passaram a ser usados também na forma masculina por senhoras em nomes duplos (como Maria João e Maria Manuel) talvez porque a versão masculina fosse muito mais frequente que a feminina. Pelo menos no caso de "Manuel", nome, segundo julgo, quase inexistente em Portugal até ao século XVI, raramente encontrei Manuelas até certa altura, mesmo quando já se tinha divulgado a versão masculina (afinal Manuel é quase sinónimo de "Salvador").
Os patronímicos propriamente ditos (com a terminação correspondente), de facto nunca tiveram em português versão feminina, ao contrário do que se passa em línguas nórdicas ou eslavas.
Finalmente mais uma curiosidade no sentido contrário: encontrei uma filha de um "dos Santos" apelidada de "Santa"! mais uma vez parece-me uma excepção relativamente rara (nunca encontrei uma "dos Reis" apelidada de "Rainha", ainda que o estatuto de santidade fosse teoricamente infinitamente superior ao das soberanas - talvez porque os Reis Magos fossem homens...).
Cumprimentos,
António Bivar
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