Haplogrupos R1a e R1b em Portugal

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Haplogrupos R1a e R1b em Portugal

#385397 | suebiking | 16 oct 2017 16:57 | In reply to: #230698

Caro Rafael Ribeiro de Oliveira, a minha resposta pode ser um pouco tardia visto o senhor ter postado este tópico em 2009 mas visto que, já estudei bastante o assunto, posso-lhe dar uma resposta completa e bem fundamentada apesar de que ainda existem algumas dúvidas acerca de subclasses desses haplogrupos.

Quanto ao R1b presente entre 55% a 60% dos portuguese, a sua origem é bastante variada devendo-se dividir em quatro classes para melhor se compreender.
As quatro classes principais de R1b em Portugal são, por ordem de frequência absoluta são as subclasses DF27,L21,U152,U106.
No que diz respeito às subclasses DF27 e L21, estas devem ter sido introduzidas pelos diferentes grupos celtas que habitavam o território português desde os galaicos no norte até aos celtici no extremo sul, sendo que os lusitanos apesar de não se ter a certeza absoluta se seriam celtas, sabe-se que eram indo-europeus e provavelmente carregavam as mesmas linhagens que os celtas.
Devo ainda dizer que a maior frequência de ambas as linhagens se encontra no norte do país, particularmente no Entre-Douro-e-Minho, sendo o L21 especialmente mais alto nessa zona que no resto do país, quanto ao DF27 a sua frequência vai decrescendo conforma se ruma mais a sul.
A subclasse U106 é tipicamente germânica e em território português as maiores frequências observadas de cerca de 6% a 10% estão na zona do Minho em particular, provavelmente por causa da forte instalação do povo suevo nos vales dos rios Cávado e Lima e na zona norte do concelho de Braga (capital dos suevos), se bem que a freguência no resto do país nunca é inferior a 2%.
A subclasse U152 é tipicamente celta mas difere da DF27 e da L21 porque provavelmente se expandiu mais tarde a partir da zona alpina onde se encontrava o centro da cultura celta( Hallstat), a subclasse U152 é comum em todo o país sendo mais comum no norte do país em geral e no Alentejo, convém dizer ainda que apesar de ser originalmente celta, esta subclasse é fortemente itálica e com certeza os romanos que se fixaram em Portugal a possuiriam em elevado número, assim sendo, o grande pico de linhagens U152 no Alentejo pode ser explicado pela presença dos Celtici e pela grande fixação dos romanos nesta região do país, acontecendo o mesmo no Norte do país mas com menor importância.
Devo ainda dizer que existem outras linhagens de R1b que não pertencem a nenhuma das subclasses acima descritas e que numeram nos cerca de 5% sendo essas linhagens provavelmente trazidas na sua maioria pelos romanos tendo em conta o pico de novo no Alentejo e a sua frequência mais-ou-menos homogenea no resto do país.

Quanto ao R1a, esta linhagem está presente em apenas cerce de 2% a 3% dos homens portugueses e a sua origem é na sua maioria germânica havendo ainda algumas linhagens de origem eslávica que formam trazidas pelos visigodos que apesar de serem um povo germanico, quando chegaram a Portugal já se encontravam um pouco hidibrizados. De novo a maior frequência destas linhagens é no Norte de Portugal na antiga provincia do Minho, de novo provavlmente graças aos suevos, sendo homogenea no resto do pais.

O acontecimento que mais provavelmente causou esta homogeneidade de linhagens com maior frequência no Norte do país foi a invasão moura e a subsequente reconquista cristã.
De facto, examinando a história sendo que são poucas as fontes desse período e alguns factos deixados para especulação, podemos afirmar quase com certeza que a população do Norte do país, especialmente a norte da linha do Douro foi muito pouco afetada pela conquista dos mouros tendo sido pouco o tempo que esta região na época do sul da galiza esteve sob dominio islamico desde muito poucos anos da zona de Braga para Norte para cerca de 150 no vale do Douro ( a conquista definitiva deu-se em 867 apesar da o vale do douro não ser nem dos fidalgos cristaos do norte nem dos senhores mouros do sul, estando num estado relativo de terra-de-ninguém, uma situação que desde já pode ser comparada ao Faroeste do século XIX americano.
Nesta medida, com a Reconquista, enquanto que a população do Norte se manteve estável, o sul islâmico sofreu grandes despovoamentos, seguidos de povoamentos e vice-versa o que com certeza causou um impacto enorme na população do sul do país.
Graças à reconquista, a população portuguesa foi homogeneisada tendo hoje em dia os portugueses e espanhois pouca diversidade genética se compararmos com o caso por exemplo dos alemães ou italianos.

Espero que a minha resposta tenha esclarecido o senhor Rafael e também qualquer outra pessoa que tivessa a mesma dúvida, e peço desde já desculpas se me alonguei e divaguei um pouco, Obrigado

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